Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

2º Trimestre de 2004

 

Título: Família Cristã — Eu e a minha casa serviremos ao Senhor

Comentarista: Eliezer de Lira e Silva

 

 

Lição 10: A ansiedade pelas coisas temporais

Data: 6 de junho de 2004

 

TEXTO ÁUREO

 

Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína(1Tm 6.9).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A ambição e a cobiça, por serem formas de auto-adoração, afastam o homem de Deus e dos seus valores, comprometendo a estabilidade da família.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — 1Tm 6.7

Os bens terrenos permanecerão aqui

 

 

Terça — 1Tm 6.8

Satisfazendo-se com o essencial

 

 

Quarta — 1Tm 6.10

As consequências do amor ao dinheiro

 

 

Quinta — Fp 4.11-13

Suportando qualquer situação

 

 

Sexta — Pv 30.8,9

Nem pobreza nem riqueza

 

 

Sábado — Mt 6.19-21

Mais vale um tesouro no céu

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Mateus 8.25-34.

 

25 — Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?

26 — Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

27 — E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?

28 — E, quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam.

29 — E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.

30 — Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé?

31 — Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos?

32 — (Porque todas essas coisas os gentios procuram). Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas;

33 — Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.

34 — Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

 

PONTO DE CONTATO

 

Faça o seguinte teste com sua turma: Imagine-se em casa. Simultaneamente, seu bebê começa a chorar, o telefone toca e você percebe que a torneira da cozinha goteja. O que fazer então? (Neste momento, professor, dê tempo à turma para que elaborem suas respostas). O bebê representa a família; o telefone, a vida profissional; a torneira, as finanças. As respostas determinarão o que é prioritário para cada um. Quais são suas prioridades? Ao tomar uma decisão, em que você pensa primeiro? Deus está em primeiro lugar? Permita que os alunos expressem suas opiniões e conclua lembrando-lhes que Deus deve ter primazia em todas as circunstâncias.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Conceituar e estabelecer a diferença entre os termos ambição e cobiça.
  • Ressaltar que o amor ao dinheiro é identificado na Bíblia como idolatria.
  • Exemplificar com personagens da Bíblia as consequências da ambição e da cobiça.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

O que mais causa ansiedade nas pessoas é o demasiado apego aos bens materiais, à riqueza, principalmente ao dinheiro. Jesus deixou bem claro que ninguém pode, ao mesmo tempo, servir a Deus e às riquezas. Servir às riquezas é colocarmos nelas nossa esperança, segurança, fé e felicidade imaginando que somente elas são capazes de garantir nosso futuro. É óbvio que Cristo não quis dizer que é errado o cristão tomar providências para suprir suas futuras necessidades materiais. O que Ele realmente reprova é a preocupação angustiosa e a dedicação exclusiva às coisas terrenas que podem tornar-se ambição, cobiça e, o que é pior, falta de fé no cuidado e amor de Deus.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Faça o seguinte teste com seus alunos: Você é um consumidor compulsivo?

1. Quando vai ao shopping, você é vencido por apelos publicitários mesmo que não queira?

2. Quando um produto mais avançado do que o seu é lançado no mercado, você faz de tudo para comprá-lo?

3. Normalmente você utiliza o que compra somente em um período inferior a seis meses?

4. Você já se arrependeu de haver comprado alguma coisa que não precisava?

5. Você é do tipo que não pode ver escrito na porta de uma loja a palavra “promoção” que entra para comprar algo, mesmo que não esteja precisando, afinal, “está tão barato”!?

Se todas ou a maioria de suas respostas forem “sim”, você é um consumidor compulsivo. Se não, parabéns! Você consegue manter seu impulso consumista sob controle.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Hoje, estudaremos os malefícios causados pelo homem quando dominado pela ambição e pela cobiça, isto é, por desejos desmedidos de riquezas, posição social, fama e proeminência. Isto, normalmente, decorre da busca incessante do ter em detrimento do ser, trazendo muitas vezes males irreparáveis à família.

 

I. O QUE É AMBIÇÃO?

 

1. Definição. De modo geral, ter ambição é desejar ardentemente alcançar um objetivo ou objeto, não importando as consequências éticas deste desejo.

2. Aspecto negativo da ambição. Este aspecto da ambição fundamenta-se na teoria de que a felicidade está na aquisição de poder, status e riquezas. Jesus em seus ensinamentos assegurou-nos exatamente o contrário: o maior tesouro que o homem pode ter é a salvação de sua alma (Mt 16.26). Não há paz baseada simplesmente na acumulação de bens materiais. Porque, quanto mais a pessoa tem, mais preocupada e insegura ela fica por mantê-los. Feliz é o homem que deposita sua confiança no Senhor (Jr 17.7,8).

A ambição leva o homem a esforçar-se sem limites para obter bens, conforto e luxo. Faz com que ele quase sempre ponha o amor em segundo plano e sacrifique a dignidade de toda a família, às vezes, humilhando-a, constrangendo-a e provocando total desestrutura do lar.

É dever do cristão prover as necessidades do lar e propiciar oportunidades de crescimento para sua família, mas sem perder de vista o equilíbrio e a sensatez na aquisição daquilo que Jesus qualifica como necessário (Mt 6.25-34). Jamais podemos esquecer de que tudo que nos é dado provém das mãos do Todo-Poderoso. Portanto, a Ele seja a honra, o poder e a glória para sempre!

3. Ambição x Amor. A ambição torna o homem um egoísta, modifica seus valores e transforma a maneira de agir com seus semelhantes: antes, os tratava com dignidade e respeito, mas agora, como meios de se conseguir as coisas. Isso contraria a essência do cristianismo que é o amor (Mt 22.37-40). Os ambiciosos sequer consideram as questões éticas, uma vez que a ética é a ciência que norteia o comportamento humano. Quando se chega a este ponto, certamente, o amor de Deus derramado pelo Espírito Santo não arde mais nos corações (Rm 5.5).

Os crentes ambiciosos são péssimos exemplos para os filhos, principalmente para os adolescentes, cujo caráter está em formação e que invariavelmente confrontam os valores aprendidos com as atitudes dos pais. É importante lembrar que os pais são os principais referenciais dos filhos, quer positivo, quer negativo (2Rs 15.34; 21.19-21).

 

II. O QUE É COBIÇA?

 

1. Definição. Cobiça é um desejo impetuoso, violento e desequilibrado de adquirir bens materiais. Ela difere da ambição apenas por ser mais forte e mais nociva. Enquanto a ambição restringe-se ao desejo veemente e sôfrego de possuir bens materiais, a cobiça inclui até a tentativa de apossar-se do que pertence ao próximo. Neste padrão de conduta, qualquer sacerdote do lar está fadado a uma desventura inicialmente pessoal e, depois, pelo fato de ser o chefe da família, ensejar o sofrimento de todos os outros membros. A cobiça promove a alienação de Deus, a opressão, a traição, a desonestidade e todo tipo de crueldade contra o próximo. A partir daí entra no coração do homem o orgulho, a arrogância, a presunção e a altivez de espírito. Deus abomina tais coisas (Pv 16.5; Tg 4.6,16).

2. Amor pelo dinheiro. A Bíblia diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1Tm 6.10). Nem todo o mal do universo decorre do amor ao dinheiro, mas deste perverso sentimento surge toda a espécie de males. A cobiça ao dinheiro conduz o homem à dívida, às pendências, ao roubo, à desonra, à intemperança, ao egoísmo, à fraude e, até, ao homicídio.

Não é o dinheiro em si que está em questão, mas o amor ao dinheiro. É o desejo desenfreado de adquiri-lo que leva o homem ao pecado, visto que não se faz praticamente nada sem ele.

É importante ressaltar que o excessivo apego ao dinheiro é identificado na Bíblia como idolatria.

3. Desprezo pelos valores espirituais. Uma das primeiras consequências perceptíveis na vida do cristão que entra pelo caminho da cobiça é o afastamento dos valores espirituais. Quando ele se encontra num estado de dependência, não consegue mais discernir o conceito de necessidades reais, ou seja, ele as cria para satisfazer seus desejos incontroláveis de posse. O homem se esquece de Deus e passa a depositar sua confiança nos valores materiais. Aos poucos sua fé vai sendo minada e destruída, uma vez que ela está relacionada ao invisível, imaterial (Hb 11.1).

 

III. CONSEQUÊNCIAS DA AMBIÇÃO E DA COBIÇA

 

1. Ló. A ruína da família de Ló teve início em função do apego desenfreado aos bens materiais (Gn 13.6). Enquanto Abraão, demonstrando fé em Deus e altíssimos valores éticos, abriu mão daquilo que lhe era de direito e concedeu a seu sobrinho a prioridade de escolha, Ló não hesitou em optar pelos campos mais férteis, que lhe traria melhores condições de crescimento material. A ambição desmedida torna o homem cego e inconsequente. Ló não consultou a Deus nesta tomada de decisão. Ele se esqueceu do princípio divino de que o melhor para o homem é aquilo que traz benefício à sua alma. Assim, ele partiu com sua família para as paragens de Sodoma e Gomorra, cidades de homens maus e grandes pecadores contra o Senhor (Gn 13.13).

Chegando à Sodoma, instalou-se na cidade e se deixou influenciar pelos valores daquela sociedade pecadora. De fato, Ló enriqueceu com a posse de muitos bens (Gn 14.12; 13.5; 19.3). No entanto, estas riquezas não garantiram a segurança da sua família (Gn 19.6-13). Diante de tudo isso, Deus ainda estava interessado na preservação da família de Ló a ponto de arrancá-la daquela ímpia cidade (Gn 19.16). Todavia, sua esposa estava com o coração nos prazeres de Sodoma, disto resultando sua morte.

2. Acã. Este também se deixou levar pela cobiça. Josué havia dado uma ordem: “… guardai-vos do anátema, — toda a prata, e o ouro, e os vasos de metal e de ferro são consagrados ao Senhor; irão ao tesouro do Senhor” (Js 6.18,19). Entretanto, quando Acã viu uma capa babilônica entre os despojos, cobiçou-a e desconsiderou esta ordem. Não só tomou-a para si, como também duzentos siclos de prata e cinquenta siclos de ouro, cujo destino exclusivo era a Casa do Senhor. Como consequência dessas atitudes irresponsáveis, pereceu com sua família e todos os seus bens (Js 7.1-26).

3. Ananias. Lucas registra um fato que não se constitui modelo para nenhum chefe de família. Trata-se de Ananias que, de comum acordo com sua mulher, resolveu vender uma propriedade e reteve parte do preço, levando aos pés dos apóstolos apenas uma parte do dinheiro. Esta atitude retrata a cobiça enraizada no seu coração, comprovada pelo uso do verbo reter (a mesma palavra utilizada, na Septuaginta, no trecho de Js 7.1, quando Acã reteve parte do despojo consagrado). Neste caso, infelizmente, a ambição, a cobiça e a avareza triunfaram sobre a verdade. O resultado foi a morte (At 5.1-10).

 

CONCLUSÃO

 

Baseado no que estudamos, concluímos que nenhum empreendimento que comprometa o bem-estar espiritual, a integridade e a estabilidade da família deve merecer qualquer atenção do homem e da mulher cristãos. O Senhor perguntou ao rico insensato: “… esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será?” (Lc 12.20).

 

VOCABULÁRIO

 

Alienação: Ato ou efeito de afastar-se. Condição do homem após a sua queda no Éden.
Anátema: Fórmula usada para se executar a excomunhão nas sinagogas e nas igrejas primitivas; enfatiza uma maldição mais que acentuada.
Desventura: Falta de venturas; desgraça, desdita, infortúnio, infelicidade.
Ensejar: Propiciar, proporcionar.
Essência: Aquilo que constitui a natureza das coisas; ideia principal.
Idolatria: Amor excessivo por alguma pessoa ou objeto que suplanta o amor que se deve devotar, voluntariamente, ao único e verdadeiro Deus.
Minar: Corroer pouco a pouco; consumir, arruinar.
Proeminência: Superioridade; preeminência.
Sensatez: Qualidade de sensato; bom senso; cautela, prudência.
Siclo: Unidade de peso utilizada no Oriente antigo; moeda dos hebreus, de prata pura, e que pesava seis gramas.
Sôfrego: Ávido, sequioso, ambicioso; impaciente.
Status: Conjunto de direitos e deveres que caracterizam a posição de uma pessoa em suas relações com outras.
Valores: As normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduo, classe, sociedade, etc.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD.

 

EXERCÍCIOS

 

1. Defina ambição.

R. Ter ambição é desejar ardentemente alcançar um objetivo ou objeto, não importando as consequências éticas deste desejo.

 

2. Que é a cobiça?

R. É um desejo impetuoso, violento e desequilibrado de adquirir bens materiais.

 

3. Cite uma consequência da cobiça.

R. O afastamento dos valores espirituais.

 

4. Mencione três exemplos bíblicos de pessoas que se deixaram levar pela cobiça.

R. Ló, Acã e Ananias.

 

5. Qual a consequência da cobiça de Acã?

R. Ele, sua família e todos os seus bens pereceram.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Bibliológico

 

“Jesus disse que podemos ter apenas um mestre ou senhor. Vivemos em uma sociedade materialista, onde muitas pessoas servem ao dinheiro. Gastam toda a vida acumulando-o, mesmo sabendo que, ao morrer, não o levarão consigo. O desejo de certas pessoas pelo dinheiro e por aquilo que este pode comprar é muito superior a seu comprometimento com Deus e com os assuntos espirituais. Gastam muito tempo e energia, pensando no que têm armazenado (dinheiro e outros bens).

Não caia na armadilha materialista, ‘porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males’ (1Tm 6.10). Você pode dizer honestamente que Deus, e não o dinheiro, é o seu Senhor? Um bom teste é perguntar a si mesmo quem ou o que ocupa mais seus pensamentos, seu tempo e seus esforços.

Jesus contrastou os valores celestiais com os terrenos quando explicou que a nossa vida deve ser direcionada para coisas que não desaparecerão, que não podem ser roubadas ou consumidas e que nunca se desgastam.

Não devemos ficar fascinados por nossos bens, a fim de que eles não nos possuam. Isto significa que podemos ter de fazer alguns cortes se os nossos bens se tornarem excessivamente importantes para nós. Jesus exige uma decisão que nos permita viver satisfeitos com o que temos; para tanto, devemos escolher o que é eterno e duradouro.

Por causa dos efeitos maléficos da preocupação, Jesus recomendou que não fiquemos ansiosos por causa das necessidades que Deus promete prover.

A preocupação pode: (1) prejudicar a nossa saúde; (2) reduzir nossa produtividade; (3) afetar negativamente o modo como tratamos os outros; (4) diminuir nossa confiança em Deus. Quantos destes efeitos maléficos você está experimentando? Aqui está a diferença entre a preocupação e o interesse genuíno: a preocupação nos imobiliza, mas o interesse nos leva à ação.

Buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça significa priorizar Deus em nossa vida, de modo que nossos pensamentos estejam voltados para sua vontade, nosso caráter seja semelhante ao do Senhor, sirvamos e obedeçamos a Deus em tudo.

O que é realmente importante para você? Pessoas, metas, desejos e até objetos disputam lugar em nossa vida, qualquer um desses interesses pode ocupar rapidamente o lugar de Deus”. (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, pp.1228,1229).