Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

1º Trimestre de 2005

 

Título: O Fruto do Espírito — A plenitude de Cristo na vida do crente

Comentarista: Antonio Gilberto

 

 

Lição 13: Frutificação Espiritual: Contra isso não há lei

Data: 27 de março de 2005

 

TEXTO ÁUREO

 

Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há lei(Gl 5.22,23).

 

VERDADE PRÁTICA

 

O cristão, que produz o fruto do Espírito, deve saber que não há lei restritiva sobre isso.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Gl 5.16

O antídoto contra as concupiscências da carne

 

 

Terça — Rm 7.5

A natureza pecaminosa produz fruto para a morte

 

 

Quarta — Rm 6.14

O pecado não tem domínio sobre quem está sob a graça de Deus

 

 

Quinta — Gl 5.25

Viver no Espírito é andar conforme a doutrina bíblica

 

 

Sexta — Rm 8.14

Os filhos de Deus deixam se guiar pelo Espírito de Deus

 

 

Sábado — Rm 6.22

O fruto espiritual conduz à santificação do crente

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Romanos 12.9-18; Gálatas 5.16-18,22-25.

 

Romanos 12

9 — O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.

10 — Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.

11 — Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor;

12 — alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;

13 — comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;

14 — abençoai aos que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis.

15 — Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.

16 — Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos.

17 — A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas perante todos os homens.

18 — Se for possível, quando estiver em vós, tende paz com todos os homens.

 

Gálatas 5

16 — Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.

17 — Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.

18 — Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.

22 — Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

23 — Contra essas coisas não há lei.

24 — E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

25 — Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Explicar o conceito bíblico de liberdade cristã;
  • Estabelecer a diferença entre liberdade em Cristo e escravidão da lei;
  • Citar o fruto do Espírito.

 

PONTO DE CONTATO

 

Professor, chegamos ao final de mais um trimestre! Durante esses encontros dominicais, nossos alunos foram abençoados por Deus através do ensino de diversos temas bíblicos edificantes. Quantos momentos agradáveis passamos com a classe! Fomos instrumentos nas poderosas mãos do Pai para exortar, consolar e edificar os amados filhos de Deus. Algumas vezes, sem que os alunos percebessem, comparecemos diante deles atribulados, preocupados. Em outros momentos, enfermos, com necessidades materiais não supridas. Não foi fácil perseverar ante as adversidades enfrentadas neste trimestre. Mas graças ao nosso Deus, cumprimos a nossa missão. Na tristeza, desfrutamos da alegria; na tribulação, mostramo-nos pacientes e perseverantes; na tempestade, usufruímos da mais profunda paz. Ensinamos porquanto primeiramente aprendemos com o Espírito Santo a ser como Cristo.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

A carta de Paulo aos Romanos foi considerada o principal livro do Novo Testamento e o mais puro Evangelho pelo reformador Martinho Lutero. O impacto que as palavras desta carta causaram no “Cisne de Eisleben” fê-lo afixar na capela de Wittemberg suas “noventa e cinco teses”. Outros estudiosos e fiéis têm encontrado semelhante conforto e segurança salvífica ao estudar os temas doutrinários contidos em Romanos.

A pergunta crucial encontrada nos capítulos seis e sete é: “Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum” (Rm 6.15). Ser livre do jugo da lei não significa que o crente pode fazer o que lhe apraz, todavia, antes, implica ser escravo da graça: “mas agora libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a vida eterna” (Rm 6.22). É ser transportado do Diabo para Deus, do pecado para a santidade, das obras da carne para o fruto do Espírito, da morte para a vida eterna (Rm 6.16-23). Há diversas leis bíblicas que condenam o pecado em todas as suas dimensões, no entanto, não há qualquer restrição à manifestação do fruto do Espírito.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Professor, como já é de seu conhecimento, a ilustração de um tema possibilita múltiplas aprendizagens, pois o aluno não assimila a matéria apenas por aquilo que ouve, mas também pelo que vê, apalpa, etc. Por exemplo, quantos sentidos seriam despertados através do uso de uma simples fruta para ilustrar o ensino do fruto do Espírito! Por isso, nesta última lição, reproduza o desenho abaixo no quadro de giz. Explique resumidamente a importância de cada virtude do fruto do Espírito. Se for possível, leve tangerinas ou laranjas, ou qualquer outra fruta de sua região semelhante a estas, para ilustrar melhor a aula.

 

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

A vontade de Deus é que sejamos cristãos frutíferos, isto é, que manifestemos as virtudes de Cristo diariamente, assim como os ramos apresentam as qualidades da videira à qual estão ligados. Isso só é possível com a presença e o domínio soberano do Espírito Santo em nós. Há na Bíblia leis contra muitas coisas, porém não há nenhuma contra o fruto do Espírito e sua abundância no crente.

 

I. A LEI E A LIBERDADE CRISTÃ

 

1. A Liberdade da Escravidão. Por que temos leis? Imagine como seria sua comunidade se não houvesse leis? Certamente, cada um faria o que bem quisesse, sem pensar nos direitos de ninguém.

A lei do Antigo Testamento não evitava que as pessoas procedessem erroneamente, contudo, através dela podiam distinguir entre o certo e o errado. A decisão para obedecer ou desobedecer à lei era individual. Se alguém escolhesse desobedecer à lei, teria de arcar com as inevitáveis consequências.

Deus sabia que o homem, devido ao pecado inato em sua natureza, não podia por seu próprio esforço cumprir a lei divina. Deus, pois, estabeleceu a oferta de sacrifícios como expiação pelo pecado. No devido tempo, Jesus veio e cumpriu toda a lei ao oferecer-se de uma vez por todas como nossa expiação. Ele estabeleceu uma nova aliança entre Deus e o homem, através da qual somos perdoados mediante a graça de Deus pela fé no Salvador Jesus. Ver Lc 2.10,11; Gl 4.4-6. Agora não estamos sob a escravidão do antigo pacto. Por Cristo, somos libertos da lei (Jr 31.31-34).

2. A Lei de Liberdade. Os cristãos, pela fé em Cristo, estão sob o novo concerto, portanto, livres da observância dos ritos cerimoniais e dias especiais relacionados ao antigo. A nova aliança, mediante o sangue de Jesus, é uma aliança de liberdade, justiça e vida (Mt 26.28). Em Gálatas 6.2, o evangelho é chamado “a lei de Cristo”, a lei da liberdade para servirmos a Deus e não ao pecado.

 

II. UM DESENVOLVIMENTO PROGRESSIVO

 

O fruto do Espírito é a obra espontânea do Espírito Santo dentro de nós, ou melhor, é o crescimento gradual da vida e natureza de Jesus Cristo no crente. Mediante o Espírito Santo, o caráter de Jesus pode ser contemplado em você no trabalho? Na rua? Na igreja? No culto? No lar? Na escola? No lazer? Nos relacionamentos? (Ver 1Pe 1.15,16). Qual a sua reação diante das provações? (Rm 12.12).

Este modo de viver santo e honesto realiza-se no crente à proporção que o Espírito Santo controla e influencia sua vida. O propósito deste estudo é encorajá-lo a buscar este desenvolvimento progressivo.

Quem anda em Espírito, não cumpre os desejos da carne, pelo contrário, o seu principal anelo é viver como Jesus, agir como Ele, e refletir o seu caráter.

 

III. UM RETROSPECTO DO FRUTO DO ESPÍRITO

 

No intuito de concluirmos o estudo deste trimestre, revisaremos cada qualidade do fruto do Espírito.

1. Amor. A primeira virtude do fruto do Espírito é o amor divino ou ágape , o qual é abnegado, profundo e constante; sua maior expressão encontra-se em Deus e no ato de Cristo na cruz. É paciente, benigno e altruísta. Alegra-se com a verdade. Não é invejoso, imprudente, orgulhoso, arrogante ou rude, e nem se ira facilmente. Tudo espera, tudo suporta, tudo crê (1Co 13). Reparou que muitas definições de outras dimensões do fruto espiritual aplicam-se ao amor?

2. Alegria. Esta característica é uma graça divina cujo resultado é satisfação, deleite tranquilo e contentamento no Espírito. É proveniente da fé em Deus e não é afetada pelas circunstâncias da vida. Alegramo-nos por causa da salvação e das bênçãos que a seguem. Há um forte elo entre o sofrimento e a alegria, pois esta concede-nos força para suportar aquele.

3. Paz. A paz outorgada pelo Espírito Santo implica tranquilidade, quietude, unidade, harmonia, segurança, confiança, abrigo e refúgio. É um senso de bem-estar espiritual, e a convicção de que Deus supre todas as nossas necessidades. A Bíblia nos exorta a fazer o melhor que pudermos para viver em paz com todos, a buscar a paz e a segui-la. A paz com os homens também requer que sejamos pacificadores.

4. Paciência. Esta virtude trata da longanimidade, calma e autodomínio. Paciência é a perseverança ou a capacidade de suportar as circunstâncias adversas. É manifestada nos atributos de Deus conforme descritos em Êxodo 34.6 — misericordioso, piedoso, tardio em iras, beneficente, verdadeiro, perdoador.

5. Benignidade. A pessoa que manifesta a benignidade possui uma disposição graciosa, a qual abrange ternura, compaixão e brandura, e flui da pureza interior. Ela nos predispõe a fazer o que é bom. A benignidade está estreitamente associada à bondade, isto é, à prática de ações benignas.

6. Bondade. Esta característica é a prática ou expressão da benignidade — fazer o que é bom. Inclui servir aos outros e ser generoso. Pode ser afável e forte, mas também implica repreensão e disciplina com a finalidade de conduzir ao arrependimento e ao perdão.

7. Fidelidade. Esta é a qualidade de quem possui fé. Fidelidade está relacionada à probidade, integridade, fidedignidade, lealdade, honestidade e sinceridade. A fidelidade baseia-se em nossa confiança de que Jesus nos salva e em nossa absoluta rendição a Ele como nosso Senhor e Salvador. O indivíduo fiel é digno de crédito — age corretamente e cumpre suas promessas. É fiel na mordomia — realiza a obra de Deus de maneira diligente, porquanto reconhece que seu tempo, talentos e posses pertencem ao Senhor.

8. Mansidão. As três principais ideias deste aspecto são: submissão à vontade de Deus; suscetibilidade para aprender; e atenciosidade. A mansidão abrange o controle da raiva. As analogias de Cristo com o cordeiro, do Espírito Santo com a pomba e dos crentes com as ovelhas ilustram a importância desta virtude em nossa vida.

9. Temperança. A dimensão final do fruto do Espírito é a temperança ou autocontrole, isto é, o domínio sobre o ego. É ilustrada através do treinamento rígido e da disciplina de atletas dos antigos tempos, que se empenhavam em conquistar o prêmio (Hoje, isso acabou e os chamados atletas são apenas profissionais e não mais vocacionais). A temperança implica dominar as paixões sensuais e moderar os hábitos diários, ao invés de satisfazer os próprios desejos.

 

CONCLUSÃO

 

O fruto nônuplo do Espírito é uma necessidade para o cristão que deseja refletir a imagem de Cristo nestes últimos dias. Não somos apenas exortados por Jesus a carregar a cruz e a segui-lo, mas também a revestirmo-nos de seu caráter santo. Os atributos morais do Senhor se manifestam no crente à medida que este permanece ligado à Videira Verdadeira. Estas virtudes são produzidas pelo Espírito Santo — o Executivo divino das qualidades morais de Cristo no crente.

Em suma: ou o crente produz o fruto do Espírito, ou não tem fruto nenhum. Esse fruto é um só, com diferentes aspectos como já vimos. Um fruto não permanece na árvore mutilado, bichado e incompleto. É “o” fruto do Espírito segundo Gl 5.22.

 

VOCABULÁRIO

 

Intuito: Objetivo; intento; plano.
Predispor: Dispor com antecipação; preparar; preestabelecer.
Probidade: Honestidade; integridade; honradez.
Suscetibilidade: Qualidade de quem aceita modificações ou adquire novas qualidades; sensibilidade.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

HENRY, Matthew. Comentário bíblico de Matthew Henry. CPAD, 2002.

 

EXERCÍCIOS

 

1. O que Deus espera dos cristãos?

R. Que sejamos cristãos frutíferos, isto é, que manifestemos as virtudes de Cristo diariamente.

 

2. Quais são as nove virtudes do fruto do Espírito?

R. Amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e temperança.

 

3. Qual o principal anelo do crente que anda em Espírito?

R. É viver como Jesus, agir como Ele, e refletir o seu caráter.

 

4. Qual a primeira virtude do fruto do Espírito?

R. O amor.

 

5. Qual a dimensão final do fruto do Espírito?

R. A temperança ou o autocontrole.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“Vários fatores contribuíram para que o estado néscio dos cristãos gálatas se tornasse ainda mais grave. A doutrina da cruz lhes foi pregada, e a ceia do Senhor lhes era ministrada. Em ambas, Cristo crucificado e a natureza de seus sofrimentos lhes haviam sido expostos de modo pleno e claro. [...] Não são sábios aqueles que toleram ser desviados do ministério e da doutrina em que foram abençoados para o seu próprio proveito espiritual. Ah! Que os homens não se desviem da doutrina de Cristo crucificado, que é uma doutrina de importância absoluta, para ouvirem distinções inúteis, pregações puramente morais ou loucas imaginações! O deus deste mundo cegou o entendimento dos homens usando diversos homens e meios, para que aprendessem a não confiar no Salvador crucificado. Podemos perguntar de modo direto: Onde há o fruto do Espírito de modo mais evidente? Naqueles que pregam a justificação por meio das obras da lei, ou naqueles que pregam a doutrina da fé? Com toda segurança, nestes últimos” (HENRY, Matthew. Comentário bíblico de Matthew Henry. RJ: CPAD, 2002, p.983).