Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

2º Trimestre de 2009

 

Título: 1 Coríntios - Os problemas da Igreja e suas soluções

Comentarista: Antonio Gilberto

 

 

Lição 1: Corinto - Uma Igreja fervorosa, mas não espiritual

Data: 05 de Abril de 2009

 

TEXTO ÁUREO

 

"E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo" (1Co 3.1).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Uma igreja espiritualmente sadia é aquela em que o viver e o agir de seus membros são equilibrados pelo Espírito e pela Palavra de Deus.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda - 1Co 13.1-14.1

O amor de Deus é a virtude cristã por excelência, acima dos dons

 

 

Terça - 1Co 13.2,13

O amor de Deus fluindo no crente é a prova da espiritualidade

 

 

Quarta - At 1.4,5; 2.1-4

O recebimento do batismo com o Espírito Santo

 

 

Quinta - 1Co 12.1,31; 14.1

A busca dos dons espirituais

 

 

Sexta - 1Co 5.9-13

A disciplina biblicamente corretiva

 

 

Sábado - 1Co 3.1; 13.11

Infantilidade e maturidade do crente

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

1 Coríntios 3.1-9.

 

1 - E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo.

2 - Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis;

3 - porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?

4 - Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apolo; porventura, não sois carnais?

5 - Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?

6 - Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.

7 - Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.

8 - Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho.

9 - Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.

 

INTERAÇÃO

 

Estimado professor, neste segundo trimestre de Lições Bíblicas, estudaremos a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios. Trata-se de treze valiosas lições que examinam os principais capítulos e temas da epístola. Durante as ministrações dominicais, analisaremos as preciosas doutrinas e os problemas eclesiásticos enfrentados pela comunidade cristã de Corinto. O autor destes estudos, Pr. Antonio Gilberto, é teólogo, membro da Casa de Letras Emílio Conde e Consultor Teológico da CPAD. O estudo minucioso destas lições além de edificar, exortar e consolar a igreja, também trará um interesse ainda maior pelo exame das Epístolas Paulinas e de todo o Novo Testamento. Deus o abençoe rica e poderosamente!

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Descrever o contexto histórico-cultural da igreja coríntia.
  • Explicar os problemas da igreja de Corinto.
  • Refletir a respeito do equilíbrio entre espiritualidade e razão.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Caro professor, a igreja de Corinto recebeu um epistolário de quatro cartas do apóstolo Paulo. Desta coleção, resta-nos apenas duas, 1 e 2 Coríntios. A primeira carta fora escrita durante a longa permanência de Paulo em Éfeso (1Co 5.9). A segunda (1 Coríntios), na primavera de 55 d.C., após a festa de Pentecostes (1Co 16.8). A terceira é mencionada em 2Co 2.3-9 e 7.8; e a quarta, (2 Coríntios), foi escrita no outono de 56 d.C. Antes de ministrar a presente lição, faça um esboço geral da epístola, usando a síntese da página seguinte.

 

1 Epístola de Paulo Aos Coríntios

 

Título:
1 Coríntios

Autor:
Paulo (1.1)

Data:
55 d.C., após a festa de Pentecostes (1Co 16.8)

Tema:
A solução doutrinária dos conflitos internos da igreja

Propósito:
Corrigir e solucionar, através da doutrina, os problemas teológicos, litúrgicos, eclesiásticos e familiares da igreja local

Estrutura:
I. O Problema do Partidarismo (1-4)
II. Problemas da Falta de Moral (5-6)
III. Respostas aos Diversos Problemas Locais (7-16)

Características:
Uma epístola que procura corrigir diversos problemas locais:
divisão (1-4); pecado (5-6); divórcio (7); carne sacrificada e festas pagãs (8-10); adoração cristã (11); dons e desordem litúrgica (12-14); ressurreição (15); coletas (16).

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Palavra Chave

Espiritualidade: Termo que descreve as piedosas disciplinas e santas virtudes da vida cristã integral.

 

Todo crente, inclusive obreiros, professores e alunos da Escola Dominical que quiserem entender a dinâmica da vida de uma igreja deve ler na íntegra a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios. A diversidade de situações e fatos da igreja coríntia é o suficiente para uma ampla visão dos problemas e virtudes de uma congregação genuinamente cristã. Não existe igreja local perfeita, entretanto, Corinto se destaca por um fator agravante no comportamento daqueles irmãos: o excesso em muitas áreas, como se vê em 1 Coríntios 4.14-16; 5.6; 8.7,9; 10.21,32; 11.13-16, 20-22,30; 14.23, 32-34,40. Excetuando a pessoalidade da carta (saudações e lembranças), os ensinos doutrinários desta epístola são permanentes e, portanto, aplicáveis à igreja atual.

 

I. O CONTEXTO DA ÉPOCA

 

1. Propósito da epístola. Ao ser informado dos muitos e graves problemas dos crentes de Corinto, Paulo escreveu-lhes uma carta, não para envergonhá-los, mas para admoestá-los como filhos amados (1Co 1.11). O propósito do apóstolo era tríplice: 1) Exortá-los a mudar sua conduta (desunião, imoralidade, processos judiciais, culto escandaloso, etc.; 2) Doutriná-los sobre assuntos gerais e comuns da vida cristã (matrimônio, amor ao próximo, a consciência e a liberdade cristã); e 3) Explanar a doutrina fundamental da ressurreição de Cristo e corrigir os falsos ensinos. Também doutrinar sobre o arrebatamento da Igreja por Cristo, começando com a ressurreição em glória dos mortos salvos, e a transformação dos vivos e sua transladação para o céu.

2. Ser cristão em meio a um povo ímpio. Ser crente em Corinto, uma cidade afundada no pecado, era um grande desafio. Ali, ninguém sabia o que é ser um santo de Deus. Porém, ser ímpio, fornicário, beberrão, ladrão, enganador, imoral, assassino, pervertido sexualmente, viciado, idólatra, era normal. Havia, inclusive, a “prostituição cultural” em que o templo dedicado a Afrodite reunia mil sacerdotisas prostitutas que ofereciam religiosamente seus corpos à luxúria e aos demônios.

Nestes últimos dias antes da volta de Cristo, o pecado sob todas as formas, avoluma-se por toda parte, como um rolo compressor. Esta é uma das causas de haver tantos crentes frios espiritualmente: "E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará" (Mt 24.12).

 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

 

Os Principais propósitos da epístola são: explanar a doutrina da ressurreição, doutrinar acerca da vida cristã integral, e exortar os crentes contra os pecados na igreja local.

 

II. O FERVOR RELIGIOSO E A ESPIRITUALIDADE

 

1. Fervor e espiritualidade. Os crentes de Corinto tinham dons espirituais (1.7), mas muitos eram imaturos, insubmissos, ignorantes da doutrina reveladora dos dons, além de carnais. Em uma igreja é possível haver crentes fervorosos, que gostam de movimento e agitação sem, contudo, haver espiritualidade real, advinda do Espírito Santo. Às vezes o que parece fervor espiritual é mais emocionalismo, resultante de motivações e mecanismos externos. Tal fervor é passageiro, ao passo que a verdadeira espiritualidade está intimamente relacionada ao exercício da piedade e da vida cristã consagrada (Ef 4.17-32).

O crente experiente na fé pode ser “fervoroso no espírito” (Rm 12.1,2,11). Todavia, é preciso compreender que essa maturidade cristã não vem primeiramente pelo exercício dos dons ou pelo tempo de conversão.

2. Dons espirituais sem o fruto do Espírito (Gl 5.22; Ef 5.9). Havia abundância de dons na igreja de Corinto (1Co 1.7), todavia não eram utilizados de forma equilibrada, visando o progresso da obra do Senhor. Os crentes exerciam os dons para demonstrar níveis de maturidade e de santificação, tornando-se assim, carnais (1Co 3.1), ignorantes (1Co 12.1) e meninos (1Co 14.20).

Não são os atos miraculosos realizados e os diversos dons espirituais (ver Mt 7.22) exercidos que identificam os autênticos servos de Deus, mas os seus frutos. É o fruto que revela a natureza da árvore. O que atesta a autenticidade de um cristão não é primeiramente o que ele faz, mas o que ele é ante a Palavra de Deus (Mt 5.13-16). Os dons têm a ver com o que fazemos para Deus. O caráter cristão com o que somos para Ele.

3. O culto e a utilização dos dons na igreja. Os dons não se destinam a realização individual ou manipulação seja do que for, mas servem para o desenvolvimento, crescimento, amadurecimento e edificação do corpo de Cristo (1Co 14.3-5,12,26). Os principais elementos de um culto espiritual encontram-se em 1 Coríntios 14.26.

 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

 

O fervor religioso e a espiritualidade cristã, resumem-se no equilíbrio entre os dons e o fruto do Espírito. É o fruto e não os dons, que autentica a verdadeira espiritualidade cristã.

 

III. A MISSÃO DISCIPULADORA DA IGREJA

 

Discipular é fazer de cada novo crente um autêntico e fiel seguidor de Jesus Cristo (Mt 28.19).

1. Quantidade e qualidade na igreja. Enquanto o crescimento quantitativo da igreja vem pelo novo nascimento (At 2.41-47), o qualitativo se dá pelo discipulado. Paulo, por causa da perseguição, não pôde passar tanto tempo em Corinto (At 18.11) quanto em Éfeso (At 19.8, 10; 20.31). Daí, a razão das grandes diferenças no tocante à conduta cristã dessas duas igrejas. O apóstolo foi um incansável discipulador, fortalecendo a fé dos novos crentes e edificando-os na doutrina do Senhor. Ver At 14.22; 15.36; 18.23; 1Ts 5.14.

2. Falsos crentes na igreja. Havia crentes na igreja de Corinto que não eram convertidos ao Senhor (1Co 15.34). O mesmo ocorreu com o povo de Israel quando Deus o tirou do Egito. As pessoas saíram, mas o "Egito" não saiu da vida de muitas delas. É que o "Egito" para sair do coração dos israelitas, dependia também deles e não só de Deus. É o caso do crente e o mundo com seus enganos, seduções e pecados (Tg 4.4; 1Jo 2.15-17). O problema de Israel foi pior, porque um povo estranho que não conhecia o Senhor saiu com eles do Egito (Êx 12.38). O mesmo aconteceu após a morte de Josué quando o povo de Deus se desviou (Jz 2.10).

Toda igreja tem na sua congregação muitos que não são nascidos de novo, inclusive na Escola Dominical (1Jo 2.19). O professor deve sempre em oração, cautela e sabedoria, verificar quais alunos de sua classe ainda não são salvos e conduzi-los a Cristo, o Salvador.

3. Ostentação - uma fraqueza entre os coríntios. Isto está muito claro no capítulo 4, versículos 8, 15 e 16 da epístola em estudo. Eles poderiam ter até dez mil professores na igreja (“em Cristo”, v.15), mas não tinham pais espirituais. Precisamos, sim, dos mestres, instrutores e guias, mas a partir de pais espirituais, que pelo Espírito Santo gerem filhos na fé para Deus.

Dez vezes na Primeira Epístola aos Coríntios aparece a pergunta “não sabeis?”, referente a ensinos básicos da fé cristã, a começar pelo capítulo 3, versículo 16. Os crentes de Corinto se envaideciam de tanto saber, mas desconheciam as coisas básicas da fé. Na Segunda Epístola, não ocorre a referida pergunta. Ao contrário, há no seu contexto várias declarações revelando que agora eles sabiam segundo Deus.

4. Coisas boas na igreja de Corinto. Fatos bons em Corinto, relatados logo no início da epístola:

a) Em Corinto, por ocasião da epístola, havia muitos crentes “santificados em Cristo” (1.2).

b) Paulo dava “graças ao meu Deus” pelos crentes de Corinto, apesar de seus problemas (1.4).

c) Paulo chama os crentes coríntios de “irmãos”, apesar de muitos deles, na Segunda Epístola, falarem mal da pessoa de Paulo e do seu ministério (1.10,11).

d) Os crentes de Corinto, de um modo geral, com suas fraquezas, defeitos, falhas e pecados, pertenciam a Cristo, porque foram salvos por Ele (1.30).

e) Os crentes de Corinto melhoraram à medida que o apóstolo e pai na fé, Paulo, os admoestava biblicamente (11.2). Paulo lhes escreveu outros tratados (2Co 10.9).

 

SINOPSE DO TÓPICO (III)

 

A igreja deve primar pela quantidade e qualidade de seus membros. Crentes que, apesar de inconversos, ostentam uma falsa espiritualidade através das manifestações dos dons, são embaraços na igreja local.

 

CONCLUSÃO

 

Fervor religioso sem maturidade espiritual pode gerar divisões, tal como ocorria entre os "profetas" da igreja de Corinto (1Co 14.26-40). Inversamente, o Senhor Jesus disse que os cristãos devem ser conhecidos pelo amor demonstrado entre si (Jo 13.35). Essa é a principal característica e marca de uma igreja espiritualmente madura e sadia (At 17.11). O segredo deste maravilhoso amor sempre derramado em nós é a livre e desimpedida ação do Espírito Santo em nosso ser (Rm 5.5).

 

VOCABULÁRIO

 

Envaidecer: Tornar vaidoso; encher de vanglória; enfatuar.

Judicial: Respeitante a juiz, a tribunais ou à justiça.

Maturidade: Fig. Perfeição, excelência, primor.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

HENRY, M. Comentário Bíblico: Novo Testamento, Atos a Apocalipse. RJ: CPAD, 2008.

STRONSTAD, R.; ARRINGTON, F. L. (orgs.) Comentário Bíblico Pentecostal. RJ: CPAD, 2004.

 

EXERCÍCIOS

 

1. Descreva dois propósitos da 1 Epístola aos Coríntios.

R. Explanar a doutrina da ressurreição, doutrinar acerca da vida cristã integral.

 

2. Cite algumas características ímpias da cidade de Corinto.

R. Havia fornicário, beberrão, ladrão, enganador, imoral, prostitutas, etc.

 

3. Explique a relação entre dom e caráter.

R. Os dons têm a ver com o que fazemos para Deus. O caráter cristão com o que somos para Ele.

 

4. Cite três virtudes na igreja de Corinto.

R. “Santificados em Cristo”; “irmãos”, “pertenciam a Cristo”.

 

5. Comente com suas palavras a respeito do equilíbrio entre dom, fruto e caráter.

R. Resposta Pessoal.

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO

 

Subsídio Histórico

 

“1 Coríntios: exposição e observações práticas

Corinto era uma das principais cidades da Grécia, localizada naquela divisão particular conhecida pelo nome de Acaia. Ela estava situada no istmo (estreito de terra) que unia o Paleponeso ao resto da Grécia, no lado sul, e possuía dois portos adjacentes, um no extremo do golfo de Corinto, chamado Lacaeum, não distante da cidade, de onde eles faziam comércio com a Itália e o Ocidente, o outro na extremidade do Sinus Saronicos, chamado Cencréia, a uma distância mais remota, de onde eles faziam comércio com a Ásia.

Com base nessa situação, não é de admirar que Corinto fosse um lugar de intenso comércio e prosperidade; e, como a afluência é adequada para produzir luxo de todos os tipos, nem é de admirar que um lugar tão famoso pela prosperidade e artes fosse infame pelos vícios. Ela era famosa de maneira específica pela fornicação, de tal maneira que mulher coríntia era uma expressão proverbial para uma prostituta, e korinthiazein, korinthiasesthai - agir como coríntia, é agir como prostituta, ou tolerar inclinações indecorosas”.

(HENRY, M. Comentário Bíblico: Novo Testamento, Atos a Apocalipse. RJ: CPAD, 2008, p.425).

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

A espiritualidade não é uma propriedade do caráter decaído do homem, mas uma virtude que se adquire, aprende e se vive diariamente através do fruto do Espírito Santo. Ela é oposta à carnalidade e ao mundanismo. É muito mais fácil identificar a verdadeira espiritualidade nos personagens bíblicos do que explicar o que eles entendiam acerca da vida teologal. Em Abraão, a espiritualidade é identificada como a fé (Gn 15.6). Em Jó, como paciência ou perseverança (Tg 5.11). Em Moisés, como mansidão e comunhão com Deus (Êx 33.11; Nm 12.3). Em Josué, como leitura diária e meditativa das Escrituras (Js 1.7,8). Em Davi, como contrição e adoração (Sl 51). Em Jeremias, como lágrimas torrenciais a favor dos patrícios rebeldes (Jr 9.1). Em Paulo, como obediência à vocação celeste (At 26.19). Em Dorcas, como boas obras (At 9.36). Em Barnabé, como cheio do Espírito (At 11.24). Fé, paciência, perseverança, mansidão, comunhão com Deus, leitura das Escrituras, contrição, adoração, lágrimas, obediência, boas obras e cheio do Espírito; estas são algumas virtudes teologais da espiritualidade cristã integral.

 

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15)