Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

3º Trimestre de 2010

 

Título: O Ministério Profético na Bíblia — a voz de Deus na Terra

Comentarista: Esequias Soares

 

 

Lição 12: O tríplice propósito da profecia

Data: 19 de Setembro de 2010

 

TEXTO ÁUREO

 

Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação(1 Co 14.3).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Através do dom de profecia, o Espírito Santo desenvolve e fortalece a fé dos crentes, despertando-os espiritualmente e confortando-lhes a alma.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda - 1 Co 12.7

A manifestação do Espírito Santo é para o que for útil

 

 

Terça - 1 Co 13.8-10

O dom de profecia cessará na vinda de Jesus

 

 

Quarta - 1 Co 14.6

A importância do dom de profecia

 

 

Quinta - 1 Co 14.22-25

O dom de profecia é um sinal para os infiéis

 

 

Sexta - 1 Co 14.26

Os dons espirituais são para a edificação da Igreja

 

 

Sábado - 1 Co 14.31

O dom de profecia é para consolação

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

1 Coríntios 12.4-10; 14.1-5.

 

1 Coríntios 12

4 - Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

5 - E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

6 - E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

7 - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

8 - Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;

9 - e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;

10 - e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

 

1 Coríntios 14

1 - Segui a caridade e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar

2 - Porque o que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios.

3 - Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação.

4 - O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja.

5 - E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas; mas muito mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação.

 

INTERAÇÃO

 

Na lição de hoje o assunto é acerca do tríplice propósito da profecia, baseado no texto de 2 Coríntios 14.3. No versículo 4, o apóstolo Paulo explica que o dom de línguas edifica somente o emissor, ou seja, é estritamente individual. Enquanto o dom de profecia tem o caráter coletivo e busca o crescimento do Corpo de Cristo integralmente. Apesar de as línguas estranhas serem legítimas, jamais devem ser proibidas (v.39), o apóstolo incentiva a prioridade na busca pelo dom de profecia, visando à edificação de todo o corpo.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Identificar o contexto de desordem na igreja de Corinto.
  • Explicar a importância do amor no uso dos dons.
  • Conscientizar-se de que o uso dos dons deve ser em favor do coletivo.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor, introduza a aula de hoje perguntando aos alunos o conceito de dons espirituais. De acordo com as respostas, use o tópico I, que tratará sobre o conceito do assunto. As seguintes sugestões também poderão ser úteis ao longo da aula:

  •   No tópico II, faça um resumo dos caps. 12 e 14 (esses capítulos tratam exclusivamente dos dons). Em seguida, aborde o capítulo 13 enfatizando a presença proposital deste capítulo entre os dois acerca dos dons;

  •   Esclareça o impacto que esse assunto teve na comunidade, onde a desordem e a jactância pelos usos dos dons demonstravam o desprezo geral do amor ao próximo;

  •   Na conclusão da lição, reafirme o tríplice propósito da profecia (edificar, exortar e consolar), que serve como um meio seguro de atestar a veracidade dela.

 

COMENTÁRIO

 

introdução

 

Palavra Chave

Dons espirituais: [Do lat. donum + spirituale] dádiva, presente relativo ao espírito. Recurso extraordinário que o Senhor Jesus deixou a disposição da igreja.

 

A profecia, em si mesma, é uma revelação divina, pois trata-se de um oráculo vindo da parte de Deus. Quem profetiza está falando em nome do Senhor e, portanto, transmitindo ao povo a vontade divina. Os dons espirituais são para a edificação, exortação, consolação e santificação da Igreja.

 

I. OS DONS ESPIRITUAIS

 

1. A situação em Corinto. Ao falar sobre os dons espirituais em 1 Coríntios 12 a 14, o apóstolo Paulo não introduz nenhum ensino novo na Igreja; a manifestação dos dons já era bem comum no meio do povo de Deus. Mas, posto que ocorresse abuso na prática dos dons espirituais, devido à inexperiência daquela igreja, que ainda enfrentava problemas de altivez espiritual (4.7,18) e dissensão (11.18), entre outros, o apóstolo foi constrangido e inspirado pelo Espírito a escrever aos irmãos coríntios, para que tais distorções fossem corrigidas.

Paulo trouxe um ensino muito importante sobre o assunto, esclarecendo as manifestações sobrenaturais do Espírito Santo. Ele conscientiza a igreja que todos os que receberam dons espirituais do Senhor podem e devem administrá-los com sabedoria, prudência e humildade.

2. Conceito (vv.4-6). Estamos diante de um assunto de extrema relevância para a edificação da Igreja e, por essa razão, ninguém deve desconhecer o tema ou sentir-se como os coríntios — ignorantes (12.1). A expressão grega que aparece em 1 Coríntios 14.1 é traduzida como “as coisas espirituais” e, no versículo 4, o apóstolo Paulo chama de charisma — dom — ou de ministério, no versículo 5, e de operação, no versículo 6. Isso revela a diversidade dessas manifestações, todavia, sempre mostrando que a fonte é uma só: Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que formam a Santíssima Trindade (12.4-6). As manifestações dos dons não devem ser usadas para ostentação, como vinha acontecendo em Corinto, pois “a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (12.7).

3. A lista dos dons e uma ilustração. Os versículos da Leitura Bíblica em Classe mencionam nove dons: palavra da sabedoria, palavra da ciência, fé, dons de curar, operação de maravilhas, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas e interpretação de línguas. Havendo intérprete, as línguas podem até ser uma forma de manifestação profética, cf. 14.5. Outros dons aparecem no versículo 28 e em Romanos 12.6-8.

Em seguida, a Bíblia ressalta que o Espírito opera segundo a sua vontade na distribuição desses dons (12.11). Ainda nesse mesmo capítulo (vv.12-27), o apóstolo ilustra o uso desses dons na Igreja, comparando a sua boa e ordeira utilização ao corpo humano, no qual cada membro tem uma função diferente e, mesmo assim, um depende do outro, sendo todos igualmente importantes. Na Igreja, que é o corpo de Cristo — “vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular” (v.27) —, não deveria ser diferente. O capítulo 12 encerra-se, ensinando aos crentes a buscarem os “melhores dons”. Nesse momento, Paulo introduz o tema do capítulo seguinte, o amor, que ele chama de “caminho mais excelente” (12.31).

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

 

Os dons espirituais devem ser administrados em prol da edificação da igreja, fato que não estava ocorrendo em Corinto.

 

 

II. A IMPORTÂNCIA DO AMOR

 

1. A relação entre a caridade e os dons (14.1). A maneira como Paulo escreve parece indicar que havia em Corinto uma competitividade na busca e utilização dos dons espirituais entre os crentes desta igreja (12.29,30). O capítulo 14 inteiro trata de dois deles: línguas e profecia. Em torno de ambos, havia muita indisciplina no culto.

Os coríntios tinham de entender que é Deus quem concede os dons, e cada um desses tem a sua importância no Corpo de Cristo. Portanto, eles não tinham de que se gloriar. Paulo, entretanto, incentiva os crentes a buscar os dons espirituais: “Segui a caridade e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (14.1). A busca pelos dons, porém, deve ser feita com amor, não tendo como motivação a disputa; tudo tem de ser feito com decência e ordem.

2. A nulidade dos dons sem caridade. Os dons espirituais devem ser buscados com zelo e colocados em prática com amor. Profetizar, ou exibir qualquer das manifestações do Espírito Santo sem a prática do amor em nada resulta, afirma o apóstolo em 1 Coríntios 13.1-3.

3. A perenidade do amor. O amor é mais importante que os dons espirituais, pois ele nos acompanhará até mesmo no céu, ao passo que os dons espirituais são transitórios (13.8-10,13). Eles cessarão com o fim das atividades da Igreja de Cristo na terra.

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

 

Os dons devem ser administrados sob o alicerce do amor, pois enquanto aqueles são transitórios, este é eterno.

 

 

III. O DOM DE PROFECIA (14.3)

 

1. Edificação. Todas as profecias devem ser devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar confusão à igreja nem abalar a fé dos mais fracos. Há certos grupos que, sem o conhecimento do pastor, reúnem-se em casas e põem-se a profetizar segundo o seu bel prazer, com o intuito de manipular a fé dos imprudentes. Não podemos esquecer-nos de que um dos principais objetivos da profecia é a edificação dos fiéis.

2. Exortação. A palavra original aqui para “exortação” é paraklēsis, de onde procede o substantivo parákletos — “defensor, advogado, intercessor, auxiliador, consolador, conselheiro” — que Jesus empregou para referir-se ao Espírito Santo (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7). O referido termo também é empregado para o próprio Cristo e traduzido por “advogado” (1 Jo 2.1). Todos esses significados revelam a missão da profecia, pois o Espírito inspira o profeta a animar, despertar, alertar e falar palavras de encorajamento tanto à Igreja como a alguém em particular.

3. Consolação. A consolação pelo Espírito fortalece a fé, produz nova expectativa, renova a esperança e elimina os temores. Isso ajuda no fortalecimento e edificação da Igreja. Esse tríplice propósito do dom de profecia demonstra porque o apóstolo insiste e incentiva os crentes a buscarem essa dádiva celestial.

 

 

SINOPSE DO TÓPICO (III)

 

O propósito do dom de profecia é edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo.

 

 

CONCLUSÃO

 

Problemas no exercício do dom de profecia na igreja são recorrentes; existem desde os dias apostólicos. Isso, no entanto, não é motivo para se desprezar a manifestação do Espírito Santo. O apóstolo Paulo, que lidou com tais problemas, nunca deixou de incentivar a busca do referido dom. Por conseguinte, não devemos desprezar as profecias (1 Ts 5.20). Que o Senhor nos abençoe e conceda-nos graça para vivermos nos domínios inefáveis do Espírito. Contudo, que todas as coisas sejam feitas “com decência e ordem”, segundo a doutrina bíblica (1 Co 14.39,40).

 

VOCABULÁRIO

 

Carisma: gr. dom, graça, beneficio. O termo é usado para designar os dons distribuídos pelo Espírito Santo.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

HORTON, S. I & II Coríntios: Os problemas da Igreja e suas soluções. 1.ed. RJ: CPAD, 2003.
SOARES, G. Comentário de Gálatas. 1.ed. RJ: CPAD. 2009.

 

EXERCÍCIOS

 

1. O que de fato estava acontecendo na igreja de Corinto em relação à administração dos dons espirituais?

R. Abusos no uso dos dons na igreja de Corinto.

 

2. Por que o amor é mais importante do que os dons espirituais?

R. Porque, enquanto os dons são transitórios, o amor é eterno.

 

3. Qual o conceito de exortação?

R. Defensor, advogado, intercessor, auxiliador e conselheiro.

 

4. Quais são os benefícios que a consolação pelo Espírito produz?

R. Renovação de expectativas, esperança e eliminação dos temores.

 

5. Qual o tríplice propósito da profecia no Novo Testamento?

R. Edificação, exortação e consolação.

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

 

Subsídio Teológico

 

“O problema que Paulo precisou lidar era o abuso das línguas sem interpretação. Ele sabia que o Espírito quer usar a manifestação dos dons para edificar a assembléia local espiritualmente e em número. Assim, ele contrasta as línguas não interpretadas com a profecia. Quando as línguas não são interpretadas, só Deus as entende. Nesse sentido aquele que fala em línguas ‘não fala aos homens, se não a Deus’. (Por conseguinte, ninguém na congregação entende o que é dito ou aprende algo.) Ainda que o espírito humano seja suscetível ao Espírito de Deus, e o que fala em línguas esteja sendo edificado, tudo o que é dito permanece em ‘mistérios’ (verdades secretas, verdades do evangelho; cf. 1 Co 2.7-10; Rm 16.25).

Por outro lado, a profecia está na língua que as pessoas entendem e apresenta uma mensagem espontânea, dada pelo Espírito, que as edifica (as fortalece espiritualmente, desenvolve e confirma a fé), as exorta (despertando-as e ajudando-as a avançar em fidelidade e amor) e as consola (alegra, aviva e produz esperança e expectativa)”.

(HORTON, S. I & II Coríntios: Os problemas da Igreja e suas soluções. RJ: 1.ed. CPAD, 2003, pp.130-1)

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

 

Subsídio Teológico

 

O amor na vida cristã

“V22. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade. É notável a formulação desta frase em relação ao versículo 19. A mudança de ‘obras’ para ‘fruto’ é importante porque remove a ênfase do esforço humano. É significativo que Paulo use o singular ‘fruto’ e não o plural ‘frutos’.

Encabeçando a lista está ágape que aparece sempre ao final dos catálogos das virtudes e manifesta deste modo como princípio e fundamento de todas as demais virtudes. Este amor foi derramado em nossos corações com o Espírito Santo e se manifesta na fé enquanto amor ‘meu’. Ele dirige-se a Deus (Rm 8.28; 1 Co 2.9), a Cristo e ao próximo (Rm 13.8,10; Gl 5.13,14). O amor de Cristo Jesus está dentro dos nossos corações, tendo sido derramado pelo Espírito Santo que atua como força vital divina que funde todos os carismas, é invariável e permanente” (SOARES, G. Comentário de Gálatas. 1.ed. RJ: CPAD, 2009, p.134).