Lições Bíblicas CPAD

Jovens

 

 

1º Trimestre de 2016

 

Título: Justiça e Graça — Um estudo da Doutrina da Salvação na carta aos Romanos

Comentarista: Natalino das Neves

 

 

Lição 10: O jovem e a consagração

Data: 6 de Março de 2016

 

 

TEXTO DO DIA

 

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional(Rm 12.1).

 

SÍNTESE

 

O culto que agrada a Deus não é mecânico e rotineiro, mas o culto espiritual, que é oferecido no dia a dia da vida do crente.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — Rm 12.1

O culto a Deus não pode ser uma simples rotina

 

 

TERÇA — Rm 12.2

O jovem não pode ser moldado pelo mundo

 

 

QUARTA — Hb 10.3

O sacrifício do Antigo Testamento era limitado

 

 

QUINTA — 1Jo 5.19

O mundo jaz no maligno

 

 

SEXTA — Pv 23.7

A maneira como vemos o mundo

 

 

SÁBADO — Rm 12.1,2

Uma mente renovada

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • EXPLICAR a necessidade do cuidado com o corpo para a consagração a Deus;
  • DESCREVER a importância da renovação da mente para o crente não ser moldado pelo padrão do mundo.

 

INTERAÇÃO

 

Caro(a) professor(a), de forma geral em nossas igrejas, quando se ouve algum comentário a respeito do texto bíblico de Romanos 12.1,2, a ênfase é dada para a liturgia do culto, destacando o culto onde há bastante movimento com o culto mais racional e intelectual. Nesta lição iremos perceber que o ensino de Paulo vai além, desmistificando a cultura do Antigo Testamento de que o único local para oferecer o culto a Deus é no Templo. Paulo esclarece que o culto deve ser espiritual e oferecido em todo momento e envolve todas as áreas do ser humano. Portanto, o nosso culto de domingo começa logo após o seu encerramento, ou seja, não tem fim. Devemos estar constantemente oferecendo-nos como culto espiritual a Deus, assim poderemos verdadeiramente experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor(a), a lição de hoje abre espaço para que você trabalhe algumas questões pouco comentadas e ensinadas em nosso meio, mas que são fundamentais para a vida cristã bem-sucedida. O primeiro tema é a respeito da mordomia do corpo (primeiro tópico), subtópico 3, a consagração do corpo a Deus. Em geral os crentes não recebem orientações a respeito da necessidade de termos uma alimentação saudável e dos cuidados que devemos ter com a nossa saúde. Infelizmente, nas cantinas e comemorações de nossas igrejas, geralmente não há muitas opções saudáveis, como por exemplo, frutas e sucos naturais. A falta de cuidado com o corpo tem consequências terríveis. Os problemas de saúde impedem que as pessoas trabalhem em prol do Reino de Deus. Outro tema importante e com respeito a identificação da vontade de Deus. Muita vezes, o fazer a vontade divina está cercado de misticismo, prejudicando muitos crentes.

 

TEXTO BÍBLICO

 

Romanos 12.1,2.

 

1 — Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.

2 — E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Nesta lição, vamos refletir a respeito de como você pode consagrar um culto racional a Deus, como pode ter uma mente renovada e como pode experimentar qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus.

 

I. A CONSAGRAÇÃO DO CULTO RACIONAL

 

1. Consagrando o corpo como sacrifício vivo. No Antigo Testamento, a liturgia tinha como uma das práticas principais o sacrifício de animais. Estes rituais serviram para apontar para Cristo e encobrir os pecados, mas não eram eficazes para removê-los (Hb 10.3,4). As pessoas justificadas passam a ter acesso ao sacrifício único e perfeito realizado por meio de Cristo, porém, isso não elimina a liturgia e a consagração a Deus, pelo contrário, exige-se uma consagração autêntica e não simplesmente algo mecânico e repetitivo. Paulo esclarece como entrar em comunhão com Deus, uma vez que os antigos rituais não eram mais necessários. O culto agora deveria ser realmente espiritual, onde o adorador entrega sua própria vida, seguindo o exemplo de Jesus, o corpo do crente passa a ser o lugar de encontro e da comunhão, lugar privilegiado na adoração, o templo do Espírito Santo (1Co 3.16; 6.19).

2. Consagrando o corpo em santidade. O apóstolo orienta o crente a oferecer o corpo como sacrifício vivo, mas ele acrescenta que deve ser um corpo santo. No AT a santidade era preocupação dos sacerdotes. O povo era responsável por levar o sacrifício a ser oferecido, mas era o sacerdote que o oferecia, ele que deveria tomar as precauções previstas na lei mosaica, tanto para quem oferecia como para o sacrifício em si (Êx 28.1-4; Lv 4.3; 21; 23.12; Hb 8.7,8). Devido à sua limitação, o sacrifício deveria ser repetido várias vezes (Hb 10.3). Na nova aliança, o crente não precisa mais de intermediário, pois cada crente possui um sacerdócio santo para oferecer o sacrifício espiritual e agradável a Deus (1Pe 2.5). O crente passa a adorar a Deus por meio de seu próprio corpo, de forma integral (corpo e alma). Oferecer um corpo santo é oferecer corpo e alma de forma exclusiva (separada) para Deus, o culto espiritual.

3. Consagrando o corpo de forma agradável a Deus. Deus se interessa pelo interior das pessoas, onde está o verdadeiro eu, mas é inegável que o interior reflete no exterior. Desse modo, como devemos cuidar do templo do Espírito Santo?

Esta lição é um bom momento para refletirmos sobre a mordomia do corpo, para que possamos consagrá-lo a Deus de forma agradável. Dentre vários cuidados, pode ser citada a alimentação saudável (Pv 23.2; Gl 5.22,23). Alguns crentes levam uma vida desregrada e quando as consequências deflagram no corpo eles correm para Deus, como se Ele tivesse obrigação de curar. No entanto, devemos oferecer o melhor ao nosso corpo para que estejamos prontos para o serviço do Mestre. Isso é agradável a Deus.

 

 

Pense!

 

“Cristianismo não é apenas ir à igreja aos domingos. É viver 24 horas por dia com Jesus Cristo” (Billy Graham).

 

 

Ponto Importante

 

O crente na nova aliança não precisa mais oferecer sacrifícios de animais, mas deve apresentar seu corpo como sacrifício vivo, seguindo o exemplo de Cristo.

 

 

II. A RENOVAÇÃO DA MENTE (v.2a)

 

1. A mente renovada não se acomoda ao padrão estabelecido pelo sistema dominante do mundo (v.2). A cultura tem um poder expressivo na formação da cosmovisão e no comportamento das pessoas. O sistema dominante do mundo, que segundo a Bíblia “jaz no maligno” (1Jo 5.19), tem seus meios para manter sua ideologia e controle sobre o comportamento das pessoas. A educação, a mídia, a televisão, os jornais, entre outros meios de comunicação tornaram-se ferramentas eficazes para moldar o pensamento dominante de acordo com os interesses do poder dominante. Por isso, o crente deve estar atento, conhecendo a Bíblia e mantendo uma vida de comunhão com Deus para ser influenciado pelas coisas que são de cima (Jo 3) e não pelas forças que dominam o mundo secular, sem Deus. Os jovens pela sua rede de relacionamentos estão mais expostos a esta influência, dessa forma precisam ser fortes para influenciar e não serem influenciados.

2. A mente renovada pelo Espírito Santo (v.2). Só o Espírito Santo por meio da Palavra é capaz de renovar a nossa mente, mas esse processo não acontece de forma passiva. O Espírito Santo nos auxilia, mas nós temos de querer e buscar uma mente renovada permanentemente. Antes do Evangelho, a mente da pessoa é alimentada pela sua natureza pecaminosa, mas depois do Evangelho, sua mente deve se ocupar das coisas de Deus (Fp 4.8), pois recebe o poder de discernir as coisas espirituais (1Co 2.14-16). As maiores batalhas espirituais acontecem no campo da mente. O Espírito Santo orienta o ser humano sobre a vontade de Deus. A diferença é que a pessoa que ainda não se rendeu a Deus não dá ouvidos ao Espírito Santo e procura agir de acordo com sua vontade, buscando ter vantagem em tudo. Jesus disse que onde estiver o tesouro do ser humano ai estará também o seu coração e sua mente (Mt 6.21-24).

3. A mente renovada transforma o modo de vida (v.2). Enquanto as pessoas sem Deus vivem de acordo com o padrão estabelecido pelo mundo, os crentes devem viver uma vida de forma que tudo o que fizerem seja para a glória de Deus (1Co 10.31). O que se espera de uma pessoa que teve um encontro com Cristo é que viva de maneira digna, (para não ser oprimido pela sua própria consciência), e que seja irrepreensível. Essa recomendação não é para o crente se excluir do mundo, rejeitar os amigos, se isolar dos relacionamentos, mas mudar a conduta, demonstrando o impacto do Evangelho em sua vida. Apesar da natureza corrompida e de viver em um mundo que “jaz no maligno”, o crente precisa ter uma vida consagrada a Deus. A maneira como vemos o mundo interfere na maneira como agimos (Pv 23.7), por isso devemos seguir a vida no Espírito, a fim de que tenhamos “força, amor e moderação” (2Tm 1.7), sendo fiel a Deus independente das circunstâncias (Fp 4.11-13).

 

 

Pense!

 

“O que mais precisamos hoje em dia não é de mais Cristianismo, e sim de mais cristãos verdadeiros” (Billy Graham).

 

 

Ponto Importante

 

O crente não deve amoldar-se ao mundo.

 

 

CONCLUSÃO

 

Nesta lição nos aprendemos que atualmente muitas pessoas ainda têm o templo como o local mais importante de adoração (cultura do AT), mas Paulo derruba esse conceito e diz que o culto espiritual que agrada a Deus é contínuo na vida do crente. A renovação da mente vem com a conversão, mas como um processo, uma luta constante contra a natureza decaída do ser humano. O crente precisa fazer uma entrega completa para ser trabalhado pelo Espírito Santo (Rm 8.1-4).

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

GABY, Wagner Tadeu dos Santos. As doenças do Século. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.
TRASK, Thomas E.; GOODALL, Waide I. Um retorno à Vida Santificada. In: De volta para a Palavra: Um chamado à autoridade da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001, p.187-205.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. A justificação pela fé elimina a necessidade de consagração? Explique.

Não. Os justificados passam a ter acesso ao sacrifício único e perfeito realizado por meio de Cristo, porém isso não elimina a liturgia e a consagração a Deus, pelo contrário, exige-se uma consagração autêntica e não simplesmente algo mecânico e repetitivo.

 

2. Segundo a lição, qual foi função dos sacrifícios do Antigo Testamento?

Os sacrifícios do AT serviram para apontar para Cristo e encobrir os pecados, mas não eram eficazes para removê-los (Hb 10.3-4).

 

3. Segundo a lição, o que se espera de uma pessoa que teve um encontro com Cristo?

O que se espera de uma pessoa que teve um encontro com Cristo é que viva de maneira digna, para não ser oprimido pela sua própria consciência, ser irrepreensível.

 

4. Uma pessoa justificada tem sua mente renovada automaticamente e de forma permanente? Explique.

Só o Espírito Santo por meio da Palavra é capaz de renovar a nossa mente, mas esse processo não acontece de forma passiva. O Espírito Santo nos auxilia, mas nós temos que querer e buscar ter uma mente renovada permanentemente.

 

5. O crente tem como discernir o que é agradável a Deus? Qual a base bíblica?

Sim. A Bíblia nos exorta a aprender como discernir o que é agradável a Deus em Efésios 5.10.

 

SUBSÍDIO I

 

“Uma coisa é crer na mensagem do Cristianismo; outra coisa é ser um cristão. Uma coisa é crer que Jesus é o Filho de Deus, que morreu e ressuscitou ao terceiro dia; outra coisa é fazer dEle o Senhor da sua vida. Uma coisa é citar passagens bíblicas; outra coisa é viver de acordo com a Palavra de Deus. [...] Jesus espera que os seus seguidores dêem muito fruto. Para darem frutos, os ramos (cristãos) devem estar ligados à videira (Jesus).

[...] Para vivermos uma vida justa e consistente, precisamos examinar de contínuo os nossos corações. Quando o nosso coração ou a nossa mente estão envolvidos com pensamentos pecaminosos, estes podem facilmente transformar-se em desejo ardente. Uma vez que estamos emocionalmente envolvidos, em geral agimos de acordo com os nossos pensamentos. É em nosso coração ou mente que a batalha é travada. Precisamos buscar a Deus de todo o nosso coração. Quando agimos dessa forma, o Espírito Santo nos lembra do que precisamos fazer para vivermos uma vida que seja agradável ao Senhor” (TRASK, Thomas E.; GOODALL, Waide I. Um retorno à Vida Santificada: De volta para a Palavra: Um chamado à autoridade da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2001, pp.187-205).

 

SUBSÍDIO II

 

“‘Rogo-vos, pois, irmãos’ é um apelo sentido e desejoso de alguma coisa. Depois de Paulo haver apresentado os pontos doutrinários acerca da salvação para gentios e judeus, agora se preocupa em exortar a igreja quanto aos deveres cristãos. A expressão ‘rogo-vos, pois irmãos’ é um convite especial, em vista de tudo o que Deus é capaz de fazer por seu povo.

‘...pela paixão de Deus’. Este trecho é, em outras versões, traduzidos por ‘misericórdia’. A salvação é baseada nessa misericórdia de um Deus grandioso e justo, cuja ação mediadora, na vida do crente, possibilitou a nossa salvação. É, por ela e por causa dela, que Paulo apela: ‘...que apresenteis vossos corpos’.

12.1 ‘... que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus’. Que podemos entender por ‘apresentar vossos corpos’? É através do corpo e dos seus membros que a nossa natureza interior se manifesta. O apelo de Paulo é um apelo à consagração. O ato de consagrar alguma coisa implica em dedicar e separar essa coisa.

Oferecer os nossos corpos em sacrifício vivo implica em reconhecer que Deus está pronto a abençoar. Porém, quando o apelo vem com ‘apresenteis’ indica o que o crente pode fazer para cumprir e fazer o que Deus quer que faça. A consagração envolve dois atos: o de Deus e o nosso. O nosso ato é apresentar-nos; o de Deus é tornar-nos aptos para pôr em prática a sua vontade” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça. 8ª Edição. RJ: CPAD, 2005, pp.134,135).

 

SUBSÍDIO III

 

“12.1 ... ‘sacrifício vivo’. Não significa um sacrifício físico literal, mas espiritual. No AT os sacrifícios eram literais. No NT, a ordem dos sacrifícios cotinua, mas dentro de uma pespectiva espiritual.

12.1 ... ‘que é o vosso culto racional’. Isto é nossos atos e serviços a Deus devem ser feitos conscientemente. A palavra culto aparece no original grego latreio que significa serviço. O termo ‘racional’ é o mesmo que razoável, inteligente, isto é, que saiba o que está fazendo, para que e como fazer esse culto. Não significa que devamos cultuar a Deus dirigidos pela nossa mente, mas devemos dispor a nossa mente para que o Espírito Santo dirija e oriente o nosso culto a Deus.

12.2 ... ‘e não vos conformeis com este mundo’. A que se refere? A palavra mundo no grego é kosmos, que significa: ordem de coisas; sistema. A palavra século no grego é aion e significa ‘o pensamento predominante da época’. Os dois termos ‘mundo’ e ‘século’ estão interligados nos significados. Porém, o conselho de Paulo: ‘É não vos conformeis com este mundo’ significa não entrar na forma do mundo, mas na forma de Deus. A forma do mundo é o sistema espiritual satânico que domina o mundo das criaturas humanas” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça. 8ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.135).