LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS

 

 

4º Trimestre de 2016

 

Título: Em Espírito e em verdade — A essência da adoração cristã

Comentarista: Thiago Brazil

 

 

Lição 11: A forma do culto

Data: 11 de Dezembro de 2016

 

 

TEXTO DO DIA

 

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional(Rm 12.1).

 

SÍNTESE

 

Deus criou todas as coisas ordenadamente. Nada veio do caos, tudo que existe tem uma razão de ser; assim também no culto ao Senhor necessitamos de princípios básicos de organização.

 

AGENDA DE LEITURA

 

SEGUNDA — 1Co 11.34

A necessidade de ordem no culto

 

 

TERÇA — 1Tm 2.8

A oração e o culto a Deus

 

 

QUARTA — Ef 5.19

O louvor como parte de nosso culto

 

 

QUINTA — Cl 3.16

A pregação da palavra como um momento do culto

 

 

SEXTA — 2Co 9.13

A administração de ofertas no culto

 

 

SÁBADO — Cl 2.18

Cuidado com os falsos cultos

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • DEFINIR e problematizar o conceito de liturgia;
  • ANALISAR o problema envolvendo a liturgia entre os coríntios;
  • APRESENTAR os desafios envolvendo a liturgia na Igreja atual.

 

INTERAÇÃO

 

Caro(a) educador(a), o tema da lição de hoje requer muita atenção devido algumas características específicas: 1) Cuidado para não transformar sua aula numa discussão muito técnica, desinteressante e longe da realidade de seus alunos; 2) Evite expor publicamente qualquer liderança de sua igreja local, ressalte sempre aos educandos que os fundamentos de nossa discussão são gerais e impessoais; 3) Incentive a participação de seus alunos de modo positivo, solicitando-os a sugestão de ações que podem tornar a liturgia de sua igreja algo mais dinâmico e próximo à realidade da comunidade. As sugestões organizadas podem, por exemplo, ser implementadas inicialmente nos cultos ou atividades realizadas sobre a liderança dos jovens. Que ao final de sua aula, os corações de seus educandos estejam voltados a desenvolver estratégias para abençoar efetivamente a igreja local, superando todo tipo de exageros ou desregramentos.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Você vai precisar de um aparelho de reprodução de vídeos; seleção de vídeos. Apresente aos seus alunos fragmentos de vídeos nos quais ocorram procedimentos louváveis ou reprováveis para que depois eles possam apontar quais os erros e acertos de cada vídeo (diante da impossibilidade de apresentação dos vídeos, que em último caso podem ser apresentados no próprio celular do educador, crie algumas situações através das quais os alunos possam fazer a análise sugerida). Ao final da discussão, promova um momento de reflexão a respeito da necessidade de organização do culto a Deus para que se evite exageros ou distorções.

 

TEXTO BÍBLICO

 

1 Coríntios 14.26-33.

 

26 — Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27 — E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.

28 — Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.

29 — E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.

30 — Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.

31 — Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.

32 — E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.

33 — Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.

 

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

 

INTRODUÇÃO

 

Nesta lição, estudaremos questões como: existe uma liturgia ideal? Liturgia, formalismo e fanatismo; culto à forma X culto a Deus. Estudaremos a respeito da natureza, necessidade e lógica da liturgia, compreendida como conjunto de procedimentos públicos que orientam o culto a Deus.

 

I. LITURGIA

 

1. O que é liturgia? O termo “liturgia” é derivado de um vocábulo do mundo político da Grécia Antiga, que foi incorporado ao contexto religioso. Definia-se como leiturgía o trabalho que um cidadão exercia em benefício da coletividade. Tal atribuição não era percebida como um encargo, mas com uma honra. Ações como serviço militar, responsabilidade em cargos políticos, construção de bens públicos, todos eram concebidos como leiturgía. Quando introduzida no campo religioso a palavra passou a designar a organização dos elementos cúlticos com a finalidade de prestar adoração e louvor a Deus de forma coletiva e saudável. Em o Novo Testamento textos como 2 Coríntios 9.12; Filipenses 2.17 e Hebreus 8.6, utilizam o termo que é traduzido, respectivamente, como administração, serviço, ministério. Pode-se assim notar que a liturgia não tem um fim em si mesma, mas tem como objetivo contribuir para que cada elemento do culto cumpra seu papel principal, que é colaborar na adoração.

2. Quem precisa de liturgia? Se vivemos em comunidade é natural que em determinado momento surjam as divergências. Elas não são necessariamente fruto do pecado ou da influência de Satanás, mas produto de nossas singularidades. Essa natureza multifacetada da humanidade repercute no corpo de Cristo, assim como nos ministérios que exercemos nele (Ef 4.11; Rm 12.6-8). Diante dessa condição própria da humanidade, o desenvolvimento de um conjunto de princípios para a organização do culto é absolutamente necessário. Sem um ordenamento mínimo qualquer organização humana torna-se caótica, até mesmo a adoração a Deus. Deste modo, por melhores que sejamos ou mais espirituais que nos achemos, todos necessitamos de limites e sinais que nos apontem até onde podemos ir.

3. Quais os fundamentos de uma liturgia. O primeiro fundamento da liturgia é o louvor a Deus. Tudo o que acontece no culto deve exaltar e bendizer ao Pai, logo, se algo é realizado sem tal finalidade deve ser suprimido da devoção coletiva. A segunda razão de ser da liturgia é a coletividade, isto é, tudo que envolve o processo de organização do culto deve visar o bem comum, jamais o interesse individual. Por isso, gostos e preferências particulares precisam ser deixados de lado. O culto é organizado para glória de Deus e alegria de todos os adoradores (Sl 32.11; 68.3). O terceiro elemento da liturgia é a organização; a aplicação da liturgia deve permitir que participação no culto seja inteligível a todos. Não há nada indiscernível ou misterioso no culto; tudo o que acontece deve promover uma adoração racional.

 

 

II. O PROBLEMA DO CULTO EM CORINTO

 

1. Corinto, uma igreja de excessos. A igreja em Corinto espelhava a comunidade na qual estava inserida: cheia de exageros e imoderação (1Co 4.8; 5.6). Não que aquela comunidade fosse apenas um reduto de pecados — apesar deles existirem (1Co 5.1,2; 8.12) —, mas, ao contrário, a graça de Deus fora derramada ali de modo especial (2Co 7.4; 8.7; 9.8,14). Aquela igreja transbordava em bênçãos de Deus (1Co 1.7), esse talvez fosse o “bom problema” em Corinto: havia tantos dons, bênçãos, milagres e ministérios, que se iniciou ali um choque de atuações e serviços; enquanto alguns eram abençoados, outros eram atribulados (1Co 14.17). Foi algo tão sério que a comunidade chegou a partidarizar-se em torno de algumas lideranças — as quais por sua vez possuíam características ministeriais e carismáticas diferentes (1Co 3.1-6). Diante desse abençoado, mas problemático, excesso de dádivas, o que fazer?

2. A adoção de uma liturgia para edificação coletiva. Havia muitos talentos entre os coríntios (1Co 14.26). Por isso, para o desenvolvimento espiritual de todos, era necessário a adoção de um plano litúrgico para que as celebrações em Corinto fossem edificantes para todos. Logo, deveria haver espaço para tudo, do louvor ao falar em línguas, passando pela profecia e pelo discernimento de espírito. Um conceito chave, entretanto, era a ordem, de modo que cada um, a partir de seu próprio relacionamento com Deus e no desenvolvimento de sua adoração, deviam colaborar, individualmente, para o estabelecimento de um bom ambiente de louvor a Deus. A desculpa de que o momento da adoração nos conduz ao descontrole é inválida.

3. O princípio do amor na estruturação da liturgia. Paulo deixa bastante claro que todas as regras comunitárias, operações sobrenaturais, normas coletivas e manifestações espirituais precisam ser mediadas pelo amor (1Co 12.31). Nada deve ser feito por revanchismo, sentimento de humilhação do próximo, ou narcisismo (1Co 14.36). Cada cristão daquela comunidade tinha o privilégio de exercer seus dons e ministérios, desde que levasse em conta que a existência desses era para a glória de Deus e serviço à comunidade. Sem a devida conciliação entre dons/ministérios e amor, a bênção de Deus pode tornar-se inválida (1Co 14.19,23). Não existe culto sem a manifestação de Deus, as operações espirituais sem a mediação do amor tornam-se puro exibicionismo e espetáculo que somente atrapalham o culto e afastam a glória de Deus.

 

 

III. LITURGIA, FORMALISMO E EXIBICIONISMO

 

1. O culto a Deus X o culto ao culto. A história é dinâmica, assim como o desenvolvimento do povo de Deus. Durante o curso do desenvolvimento do plano divino sobre a terra, o Senhor vem se utilizando de diversas estratégias para auxiliar o seu povo no louvor: orientou a construção do Tabernáculo e do Templo. Exigiu sacrifícios de animais e agora pede sacrifícios de louvor (Hb 13.15). Se com Israel e a Igreja Primitiva as formas de cultuar a Deus mudaram é natural que em nossas comunidades algo também se altere, sem contudo, a essência ser perdida.

2. Formalismo. Formalismo é uma observância estrita a regras e formas, e isso em algumas igrejas vem se tornando um problema no momento do culto. Em alguns lugares, o culto é tão mecânico que sua previsibilidade engessa a adoração. Em outros casos, uma pessoa pode até não andar realmente de acordo com os padrões de Deus, mas se ela seguir o formalismo do culto, pode até ministrar a adoração. Isso é errado! Pois, os adoradores verdadeiros, mais do que seguir regras, seguem uma vida de obediência a Deus. Não existe fervor nas orações, que já se tornaram vãs repetições. A forma como o culto é apresentado é muito mais importante que o Deus que se pretende adorar. Ir à igreja tornou-se uma tradição.

3. O perigo da falta de ordem. Semelhante a comunidade em Corinto, em várias igrejas a abundância de dons, que deveria ser um sinal de bênção, tem se tornado motivo de tribulação. Em alguns lugares há tanto louvor que não é possível ter pregação da Palavra; já em algumas comunidades o momento da oferta tornou-se o centro do culto, ocupando a maior parte do tempo. Como faz falta uma boa e genuína liturgia nestes lugares.

 

 

CONCLUSÃO

 

A importância da liturgia para o desenvolvimento da adoração a Deus é algo que devemos continuamente reconhecer. Todos somos capazes de perceber quando a programação de um culto está mal elaborada ou simplesmente não existe; isto porque essa irresponsabilidade afeta coletivamente o louvor que se pretende apresentar ao Senhor. Busquemos a Deus com fervor, mas sempre numa perfeita organização.

 

ESTANTE DO PROFESSOR

 

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012.

 

HORA DA REVISÃO

 

1. Explique com suas palavras o que é liturgia.

Resposta pessoal. (Sugestão: O conjunto de procedimentos públicos que orientam o culto a Deus).

 

2. Por que a organização do culto por meio de uma liturgia se faz tão necessária?

Para que se evite discórdia no momento do culto a Deus, pois somos todos seres únicos e por isso diferentes uns dos outros.

 

3. Quais os três fundamentos que justificam a natureza da liturgia?

Adoração, coletividade e organização.

 

4. Por que a igreja em Corinto enfrentava problemas se ela era abundante em dons e ministérios?

Porque lhe faltava organização na administração dos dons, isto é, na liturgia.

 

5. Que perigos corremos quando não se adota uma liturgia básica para cultuar a Deus?

Exageros e excessos de um lado; manipulação, controle personalista e formalismo do outro.

 

SUBSÍDIO I

 

“O formalismo cansa a Deus

O culto levítico fora instituído, a fim de que Israel adorasse a Deus de forma verdadeira e amorosa (Lv 20.7). Os seus vários sacrifícios, oferendas e oblações deveriam ser subentendidos como figuras dos bens futuros (Hb 10.11). Infelizmente, os israelitas passaram, com o decorrer do tempo, a adorar a própria adoração. Acabaram por considerar o culto superior ao cultuado. E isso trouxe-lhes consideráveis prejuízos. Haja vista o que aconteceu à serpente de bronze (Nm 21.8; 2Rs 18.4). Na vida dos judeus, cumprira-se o que, certa feita, afirmou Charles Montesquieu: ‘A maior ofensa que se pode fazer aos homens é tocar nas suas cerimônias e nos seus usos’. De tal maneira o formalismo contagiou os judeus que, no tempo de Jeremias, passaram eles a considerar o Templo do Senhor como mais importante que o Senhor do Templo (Jr 7.4). Achavam que, apesar de suas iniquidades, os sacrifícios e oblações, que pensavam eles endereçar ao Altíssimo, ser-lhes-iam mais do que suficientes para torná-los aceitáveis diante de Deus (Jr 3.1-15). Como estavam enganados! [...] Assim é o cristianismo nominal” (ANDRADE, Claudionor, de. Fundamentos Bíblicos de um Autêntico Avivamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2004. p.128).

 

SUBSÍDIO II

 

O espírito do profeta e o Espírito do Senhor. Precisamos fazer a nossa parte, a fim de que o Espírito realize a dEle. E isso está relacionado com a liturgia, conjunto dos elementos que compõem o culto cristão (At 2.42-47; 1Co 14.26-40; Cl 3.16). Embora seja possível liturgia sem culto, não há culto sem liturgia (Is 1.11-I7; 29.13; Mt 15.7-9; 1Co 11.17-22). A parte litúrgica compreende diversas partes do culto: oração (At 12.12; 16.16); cânticos (1Co 14.26; Cl 3.16); leitura e exposição da Palavra de Deus (Rm 10.17; Hb 13.7); ofertas (1Co 16.1,2); manifestações e operações do Espírito Santo (1Co 14.26-32); e bênção apostólica (2Co 13.13; Nm 6.23-27). Tomando como base o livro de Atos dos Apóstolos e as Epístolas (At 2.1-4; Ef 5.19; Cl 3.16), vejamos como era o culto, nos tempos do Novo Testamento. A promessa da efusão do Espírito (Jl 2.28) cumpriu-se no dia de Pentecostes (At 2.16-18), quando os que estavam reunidos foram ‘cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem’ (At 2.1-4). Essa experiência pentecostal repetiu-se em outras ocasiões: At 8.14-20; At 9.17; At 10.44-48; At 19.1-7” (GILBERTO, Antonio. Teologia Sistemática Pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008, p.208).