Título: Os ensinos de Jesus para o homem atual
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 4: Jesus e a solicitude pela vida
Data: 23 de Abril de 2000
“Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir” (Mt 6.25a).
A fé em Jesus previne o crente contra a ansiedade e desfaz os seus efeitos danosos a saúde emocional.
Segunda — Gn 42.21
Colhendo ansiedade
Terça — Lv 26.36
Pavor proveniente da desobediência
Quarta — Pv 12.25
A solicitude angustiosa abate o coração
Quinta — Ez 12.18
Comendo com receio
Sexta — Mt 6.25
Ansiosos quanto à vida
Sábado — Fp 4.6
Não viver inquietos
Mateus 6.19,24-26,28,31-33.
19 — Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam.
24 — Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
25 — Por isso, vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta?
26 — Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
28 — E, quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam.
31 — Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos?
32 — (Porque todas essas coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas;
33 — Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.
Que lição nos quer passar o Mestre quanto à ansiosa solicitude? É natural vivermos sob constante preocupação e ansiedade? Por mais penoso que pareça devemos entender que a solicitude nasce na falta de fé. Onde começa a solicitude, aí termina a fé. Se Deus providencia o sustento até para os mais pequeninos seres viventes, como não providenciará o sustento para o homem, criado à sua imagem e semelhança?
O Todo-Poderoso prometeu tomar providências para nosso alimento, vestuário e demais necessidades. Ele não nos criou para nos deixar às custas do destino. Tudo o que acontece no universo físico, irracional ou racional está sob seu controle e providência. O Senhor dos céus e da terra é um Pai amoroso que tem cuidado de nós; que não somente preserva o mundo que criou, como também provê as necessidades das suas criaturas.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Que lição nos quer passar o Mestre quanto aos tesouros terrestres? Certamente Jesus não condena as riquezas adquiridas honestamente, quer pelo trabalho, quer pela prudente economia, quer por herança. É fato, porém, que não é possível ter visão espiritual, se nossos olhos naturais buscam ansiosamente os tesouros terrestres e tendo seu coração nas coisas materiais.
O grande princípio para a vida humana estabelecido pelo Senhor, é: “buscai primeiro o seu Reino e a sua justiça e todas as coisas vos serão acrescentadas” (v.33). A razão da existência do homem é buscar, servir e glorificar a Deus. O Reino de Deus deve ter a primazia na vida do homem porque não se trata de reino humano, material ou filosófico, mas é um reino espiritual, santo, justo e eterno. Quando nos aferramos na busca do seu Reino, Ele mesmo providencia todas as coisas que necessitamos para a nossa subsistência e felicidade.
No texto em estudo (vv.25-34) Jesus apresenta oito razões pelas quais devemos evitar a ansiedade quanto à vida física.
Divida a classe em grupos de dois ou três alunos cada. Depois peça-lhes que leiam novamente o texto e alistem essas razões. Dê, no máximo, 5 minutos para a realização desta tarefa.
As listas deverão conter sucintamente o seguinte conteúdo:
1. A vida humana é mais que a parte física e, por isso, merece mais consideração do que os desejos pelas coisas físicas podem fornecer (v.25).
2. Deus que cuida dos animais inferiores, como as aves, que não fazem provisão alguma para si mesmas, certamente cuidará de nós (v.26).
3. A ansiedade não altera as condições da vida e nem aumenta a sua duração (v.27).
4. Deus que outorga vestes às flores, que nem sabem raciocinar, certamente que providenciará as necessidades de seus filhos (v.28).
5. Em relação a ansiedade pelas coisas físicas os seguidores de Cristo devem ter uma atitude diferente da dos gentios (v.32).
6. O Pai celestial conhece perfeitamente a nossa necessidade (v.32).
7. A busca do Reino de Deus e de sua justiça, por si mesma, garante o recebimento das coisas menos importantes (v.33).
8. A ansiedade por sua própria natureza é inútil e só acrescenta maior dose de sofrimento à vida diária (v.34).
INTRODUÇÃO
Certo pensador disse que “a ansiedade começa onde termina a fé; e a fé termina onde começa a ansiedade”. A solicitude recorrente é sinônimo de cuidado e preocupação. Ela tem sido responsável por grande parte dos problemas espirituais e emocionais de muitos crentes. Segundo Mc Millen, médico evangélico, 90% das enfermidades são de origem emocional e a ansiedade contribui para seu agravamento. Diante disso, os ensinos de Jesus são poderosos para evitarmos as causas e efeitos da ansiedade.
I. A SOLICITUDE QUANTO A TESOUROS PERECÍVEIS
1. Traça, ferrugem e ladrões (v.19). Jesus disse: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam”. Os “tesouros na terra” são as coisas consideradas pelos homens de valor absoluto, tomando o lugar das coisas que Deus tem para nós. Ler 2Co 4.18. Os bens da terra estão sujeitos ao desgaste, à deterioração. Hoje, a traça e a ferrugem pode ser a desvalorização do dinheiro, seja pela inflação (aumento constante, geral e sistemático dos preços), seja pela desvalorização cambial, em relação a uma moeda forte estrangeira, como é o caso do Real perante o Dólar, ou um confisco monetário, como ocorreu no Brasil, num determinado “plano econômico”. Além disso, literalmente, os bens terrenos são cobiçados pelos ladrões e isso causa ansiedade.
2. O coração no tesouro (v.21). O Mestre disse: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Há quem volte o seu coração totalmente para as coisas desta vida, ou seja, preocupa-se somente em conseguir e acumular muitos bens, principalmente dinheiro. A avareza é idolatria (Cl 3.5a). “…o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males” (1Tm 6.10a). O coração no tesouro significa colocar pensamentos, emoções, sentimentos, energias e habilidades, voltados inteiramente para coisas desta vida. (Ler 2Co 4.8).
II. TESOUROS NO CÉU
1. Nem ladrão, nem inflação. Jesus ensina como sermos verdadeiros milionários ou bilionários do céu, recomendando que devemos ajuntar “tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam”. Aquilo que mandamos para lá está seguro, imune a qualquer desgaste. A preocupação com a segurança, aqui, na terra, é geral. Contudo, no céu, a “Nova Jerusalém”, para onde vão os salvos, nem sequer há luz nem grades, porque “o Cordeiro é a sua lâmpada” (ver Ap 21.23,25,27). Os bens entesourados no céu estão seguros.
III. COMO NÃO VIVER ANSIOSO
1. Não servir a dois senhores (v.24). Jesus disse: “Ninguém pode servir a dois senhores”, sob pena de se dedicar a um e desprezar o outro, e aduziu: “Não podeis servir a Deus e a Mamom”. Tudo isso tem um sentido espiritual. Na verdade, Jesus queria dizer que se alguém queria segui-lo, não poderia voltar-se para outro deus. Mamom é palavra aramaica, que significa riquezas, as quais, para muitos, são um deus. Ou se confia em Deus, ou nas riquezas. Uma atitude exclui a outra. Tentar acomodar-se, numa vida dúbia, buscando servir ao Senhor e às riquezas desta vida, é um engano gerador de solicitude.
2. Não andar cuidadosos:
a) Quanto à vida (v.25). A vida é dom de Deus (1Sm 2.6). É um milagre que se repete a cada nascimento de um novo ser. E na sucessão de seus momentos, com o passar dos anos, vão surgindo problemas, dificuldades e apreensões. Isso faz parte do viver na terra. Entretanto, a inquietação ou solicitude jamais resolverão os problemas. Pelo contrário, só os agravarão. Por isso, Jesus ensinou que não devemos andar ansiosos quanto à vida. É melhor viver como o salmista: “O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?” (Sl 27.1b).
b) Quanto ao alimento. O Senhor exorta a não andarmos cuidadosos pelo que havemos de comer ou beber (v.25b) e indaga: “Não é a vida mais do que o mantimento...?”. Esse ensino é reconfortante. O alimento e a água são elementos essenciais, indispensáveis mesmo à sobrevivência do ser humano sobre o planeta. A falta de pão e de água causam desespero a populações inteiras, que vivem em regiões desérticas. A seca no Nordeste e em outras regiões do nosso País, causam muita preocupação, principalmente aos mais pobres. Mas o servo de Deus não precisa se desesperar, deixando-se dominar pela ansiedade.
Jesus disse: “Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta” (v.26). De fato, não se vê passarinhos mortos de fome por aí, quando eles estão em liberdade. Jesus, indagou se os homens não teriam muito mais valor que passarinhos? Com isso, quis estimular a fé em “Jeová Jiré”, o Senhor que provê todas as coisas. No mesmo texto, Ele diz: “Não andeis, pois, inquietos dizendo: Que comeremos ou que beberemos?” (v.31). Ler Sl 37.25; Mt 6.11; 1Ts 2.9; 1Co 4.12.
c) Quanto ao vestuário (v.28). Deus fez o homem, no Éden, sem vestimentas como conhecidas hoje. Entretanto, com o pecado, a natureza foi transtornada e Deus teve que cobrir a nudez dos pecantes. De lá até hoje, é necessário o uso do vestuário, seja por causa do clima, seja por causa do pudor, exigido por Deus. Mas o vestido é um bem de consumo, que custa dinheiro. E muitos passam a preocupar-se com isso, ficando ansiosos. Jesus chamou a atenção para os discípulos, e mandou que eles olhassem para “os lírios do campo” e observassem “como eles crescem”, sem trabalhar para isso.
Acrescentando que “nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”. Concluindo, o Senhor assegurou que se Deus veste a erva, quanto mais haveria de vestir as pessoas!
3. Não andar inquietos (vv.31,32a). Jesus disse que a preocupação com a comida e o vestido é própria dos gentios (v.32a). E afirmou que o Pai celestial sabe que necessitamos de todas essas coisas, ou seja, da integridade do corpo, do alimento e do vestuário, símbolos dos bens de primeira necessidade. Para evitar a ansiedade, o ensino geral da Bíblia corrobora as orientações de Jesus, conforme Sl 55.22; Fp 4.6,7; 1Pe 5.7. Nenhuma ansiedade resiste a uma campanha de oração e jejum, feita pelo crente fiel, em meio às lutas próprias da vida.
4. O Reino de Deus em primeiro lugar (v.33). É valorizar as coisas relativas a Deus, à Igreja, acima das coisas terrenas. É cuidar da evangelização, das missões, do discipulado, da ajuda aos necessitados, da libertação dos oprimidos pelo Diabo e tudo o mais que diz respeito ao domínio de Deus. Notemos que essa busca não deve ser irracional, a ponto de alguém deixar de cuidar da família, do cumprimento dos deveres, para só viver nas reuniões da igreja local. É antes de tudo, uma prioridade espiritual. Devemos lembrar que o Reino de Deus começa em nossa casa (ler 1Tm 5.8).
5. A justiça de Deus em primeiro lugar (v.33). O Senhor não nos manda só trabalhar em prol do seu reino, mas, também, buscar a sua justiça. Jesus deu o exemplo, no cumprimento de “toda a justiça” (Mt 3.15), e ensinou que a nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.20). Assim, devemos viver em justiça e santidade, a começar pelo relacionamento com os familiares, com os amigos e irmãos, demonstrando que vivemos segundo a justiça de Deus perante os descrentes. Isso fala da integridade que deve marcar o testemunho cristão, não só diante dos líderes da igreja, mas diante do mundo (vide Fp 2.12,13).
CONCLUSÃO
A ansiedade tem causado muitos males espirituais, emocionais e físicos a milhões de pessoas no mundo. Mesmo entre os crentes em Jesus, há os que se deixam dominar por fatores que causam ansiedade, fazendo com que a fé fique sufocada e anulada em suas vidas. Como vimos, nosso Senhor Jesus Cristo, em seus ensinos indicou-nos o caminho para vencermos a ansiedade, demonstrando que o Deus que cuida das aves e dos “lírios do campo”, cuida de nós com seu amor e cuidado. Para tanto, basta que nEle confiemos e busquemos o seu Reino e sua justiça em primeiro lugar.
Aduzir: Trazer, apresentar.
Cambial: Relativo ao câmbio; papel representativo de valor em
moeda estrangeira.
Confiscar: Apoderar-se ou apossar-se de, como em caso de
confisco.
Corroborar: Confirmar, comprovar.
Deterioração: Ato ou efeito de deteriorar-se; dano, ruína,
degeneração.
Dúbio: Duvidoso, incerto; ambíguo.
Imune: Não sujeito; isento, livre.
Pecante: Que ou quem peca habitualmente; pecador.
Pudor: Sentimento de vergonha, de mal-estar, gerado pelo que
pode ferir a decência, a honestidade ou a modéstia; pejo.
Solicitude: Afã ou empenho em atingir um objetivo; desejo de
atender a alguma solicitação da melhor forma possível; boa vontade;
atenção inquieta; cuidado constante.
1. Que é solicitude?
R. É sinônimo de ansiedade, inquietação.
2. De acordo com a lição, que são “tesouros na terra”?
R. São coisas a que os homens dão valor absoluto, tomando o lugar das coisas de Deus.
3. Por que Jesus ensinou que devemos ajuntar “tesouros no céu”?
R. Porque, lá, “nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam”.
4. Conforme a lição, que fazer para não ficar ansioso ou solicito?
R. Não andar inquietos e buscar o Reino de Deus e sua justiça, em primeiro lugar.
5. Em quais circunstâncias não devemos andar cuidadosos?
R. Quanto à vida, quanto ao alimento e quanto ao vestuário.
Subsídio Doutrinário
“A Bíblia identifica a busca insaciável e avarenta pelas riquezas como idolatria, a qual é demoníaca (1Co 10.19,20; Cl 3.5). Por causa da influência demoníaca associada à riqueza, a ambição por ela e a sua busca frequentemente escravizam as pessoas.
As riquezas são, na perspectiva de Jesus, um obstáculo, tanto à salvação como ao discipulado (Mt 19.24; 13.22). Transmitem um falso senso de segurança, enganam (Mt 13.22) e exigem total lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre os ricos vivem como quem não precisa de Deus. Na sua luta para acumular riquezas, os ricos sufocam sua vida espiritual (8.14), caem em tentação e sucumbem aos desejos nocivos (1Tm 6.9), e daí abandonam a fé (1Tm 6.10). Geralmente os ricos exploram os pobres (Tg 2.5,6). O cristão não deve, pois, ter a ambição de ficar rico (1Tm 6.9-11).
O amontoar egoísta de bens materiais é uma indicação de que a vida já não é considerada do ponto de vista da eternidade (Cl 3.1). O egoísta e cobiçoso já não centraliza em Deus o seu alvo e a sua realização, mas, sim, em si mesmo e nas suas possessões. O fato de a esposa de Ló pôr todo seu coração numa cidade terrena e seus prazeres, e não na cidade celestial, resultou na sua tragédia (Gn 19.16,26; Lc 17.28-33; Hb 11.8-10).
Para o cristão, as verdadeiras riquezas consistem na fé e no amor que se expressam na abnegação e em seguir fielmente a Jesus (1Co 13.4-7; Fp 2.3-5). (…)
Cada cristão deve examinar seu próprio coração e desejos: sou uma pessoa cobiçosa? Sou egoísta? Aflijo-me para ser rico? Tenho forte desejo de honrarias, prestígios, poder e posição, o que muitas vezes depende da posse de muita riqueza?” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1547).