Título: Sermão do Monte — A transparência da vida cristã
Comentarista: Geremias do Couto
Lição 12: A transparência da vida cristã
Data: 17 de junho de 2001
“Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.16).
Aqueles que agem de forma fraudulenta dentro da casa de Deus não conseguem prolongar suas ações por muito tempo porque a transparência da vida cristã expõe os frutos do seu caráter.
Segunda — Mt 24.45-51
O fruto da fidelidade
Terça — Sl 40.1-4
O fruto da confiança
Quarta — Pv 12.28
O fruto da justiça
Quinta — 1Co 6.12
O fruto da temperança
Sexta — Sl 23
O fruto da bondade
Sábado — Mt 25.14-21
O fruto da dedicação
Mateus 7.15-20.
15 — Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.
16 — Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
17 — Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus.
18 — Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons.
19 — Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
20 — Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
Esperamos que até aqui os objetivos das lições deste trimestre tenham sido alcançados.
Nesta penúltima lição, estudaremos sobre a transparência da vida cristã, ou seja, como o crente pode viver autenticamente o evangelho de Cristo. Este assunto é tão importante para o cristianismo que Jesus tratou de incluí-lo pouco antes de terminar seu magistral discurso.
Para que seus discípulos entendessem essa importante verdade espiritual, Jesus utilizou-se de um exemplo bastante comum e conhecido pelos seus ouvintes: a árvore e seus frutos. Não é a aparência que diz se a árvore é boa ou má, mas sim os frutos que ela produz.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
De que modo se manifesta a ética enganosa entre os crentes? Quais são as suas características? Como identificar os verdadeiros cristãos?
Nesta parte do Sermão, o Mestre enfatizou a existência dos falsos profetas e mostrou aos seus discípulos, de forma bem prática, que tais enganadores podem até estar entre o povo de Deus. Todavia, apesar de serem hipócritas (vestidos de aparente religiosidade), astutos (usam linguagem enganosa) e opressores (mantém um jugo pesado sobre as pessoas), não conseguirão enganar por muito tempo, pois, serão reconhecidos pelos seus frutos.
A verdadeira ética se observa pela procedência (boas árvores) e pela qualidade dos resultados (bons frutos) através da transparência nas relações e na vida cristã. Verdadeiros crentes e falsos profetas, nas palavras de Jesus, serão conhecidos pelos seus frutos.
Transcreva para o quadro de giz o esquema abaixo. Depois divida a turma em dois grupos (A e B). O Grupo A deverá complementar a lista das características da ética enganosa e o grupo B, deverá também complementar a lista das características da ética verdadeira. Conceda-lhes 5 minutos para relerem o ponto I e II da lição. Ao cabo do tempo determinado para a participação de ambos os grupos, reúna todas as informações e conclua falando da necessidade de o crente ter sempre uma ética sincera em seus relacionamentos.
INTRODUÇÃO
Esta é a penúltima desta série de lições do Sermão do Monte. Chegamos ao ponto em que o Senhor põe à prova a transparência da vida cristã, deixando claro que nem tudo que reluz espiritualidade é sinônimo de vida cristã autêntica. Para Ele há uma forma bastante evidente pela qual os verdadeiros cristãos são conhecidos: os frutos. Este é o foco do assunto de hoje.
I. A SUTILEZA DA ÉTICA ENGANOSA
1. É hipócrita. Inicialmente, de forma bastante elucidativa, o Senhor adverte contra os falsos profetas que buscam adentrar o seu aprisco vestidos de aparente religiosidade, mas com o coração envolto nos tentáculos da falsidade (v.15). Parecem-se com ovelhas, mas são lobos devoradores.
Utilizam-se sutilmente da ética enganosa, para não dizer situacionista, com o propósito de apresentarem-se como verdadeiros santos, mas não passam de arautos da mentira religiosa. Assim, um dos recursos dessa falsa ética cristã é a hipocrisia, que foi a principal característica dos religiosos contemporâneos de Jesus (ver Mt 23.13-23).
São capazes de expressar a mais absoluta sinceridade, enquanto pelas costas apunhalam ovelhas indefesas que caem em suas armadilhas. Mas na aparência continuam os mesmos religiosos fervorosos e éticos, os quais, até serem desmascarados, permanecem iludindo a boa fé dos demais.
2. É astuta. Outra característica dessa ética enganosa empregada pelos “lobos devoradores” é a astúcia. A melhor forma de compreendê-la, para não cair nesta cilada, é estar atento aos termos com sentido ambíguo que eles utilizam. Deste modo, dizem propositadamente uma coisa que comporta várias interpretações para que possam adequar-se àquela que melhor servir aos seus vis propósitos.
Desde o Éden Satanás emprega a astúcia para enganar o homem, torcendo a própria Palavra de Deus a seu favor (Gn 3.1-5). Até mesmo Jesus, na tentação do deserto, não ficou livre de sofrer as pressões dessa arma maligna usada pelo inimigo na tentativa de fazer-lhe desistir da cruz (ver Mt 4.1-11).
3. É opressora. O Senhor também advertiu que os pregoeiros da ética enganosa, isto é, os falsos profetas têm perfil opressor — são lobos devoradores — porque o seu objetivo é destruir o povo de Deus. Esta opressão se caracteriza, entre outras coisas, pela falta de amor, pelo desinteresse em restaurar o ferido, pela indisposição em alimentar o rebanho, pela atitude voluntária de não afastar as ovelhas do perigo e pela negligência de não buscar a que se perdeu (ver Ez 34.1-31).
Aos falsos profetas não interessa uma igreja saudável, que possa estar sempre em condições espirituais de curar-se, quando a doença lhe sobrevêm. Por isso só se preocupam em disseminar heresias com aparência de verdade, assim como o joio se assemelha ao trigo. Contra os tais, a palavra do Senhor é radical: “Acautelai-vos” (v.15). Paulo segue também na mesma linha: “Destes afasta-te” (2Tm 3.1-5).
II. COMO SE QUALIFICA A VERDADEIRA ÉTICA
1. Pela procedência. A verdadeira ética do cristianismo, comprometida com os absolutos da fé cristã, qualifica-se, em primeiro lugar, pela procedência. Para tanto, o Senhor ilustrou o tema lançando mão da botânica para mostrar que o autêntico arauto da verdade assemelha-se à boa árvore que produz bons frutos (vv.16-18).
Em outras palavras, é preciso que se examine a fonte do ensino para que não sejamos enganados pela aparência. O fruto pode parecer palatável, mas torna-se necessário avaliar se a “botânica do Espírito” já qualificou aquela “árvore” como de boa procedência para que seja, então, reconhecida como frutífera.
2. Pela qualidade dos resultados. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o Senhor também evidencia que a verdadeira ética do cristianismo revela-se autêntica pela qualidade dos resultados. Ou seja, não pela aparência dos frutos, mas pelo fato de serem essencialmente bons para nutrir a vida.
Assim, por mais que alguns tentem esconder-se atrás da capa da falsa religiosidade, fica também claro que a vida cristã é transparente. Os que agem de forma fraudulenta dentro da casa de Deus não conseguem prolongar suas ações por muito tempo porque logo a má qualidade de seus frutos será exposta pela “botânica do Espírito”.
Ananias e Safira se constituem em fortes exemplos de como Deus agiu, nos primórdios do Cristianismo, para dar nitidez ao que significa o compromisso com a verdade do evangelho (At 5.1-10). Eles não foram julgados pelo valor da oferta, mas por tentarem enganar o Espírito, passando para a Igreja uma falsa ideia de desapego aos bens materiais. O princípio implícito no fato determina que a fraude religiosa não perdura entre o povo de Deus.
III. CONSEQUÊNCIAS DA PRATICA DA ÉTICA ENGANOSA
1. Perda dos referenciais absolutos. A prática da ética enganosa traz consequências desastrosas. A primeira delas é a perda dos referenciais absolutos. Este é o grande dilema dos dias atuais, pois Satanás, subvertendo uma verdade fora de contexto, conduz sutilmente a sociedade à rejeição dos conceitos do que é certo ou errado, afirmando que cada um tem o direito de fazer a sua opção de conduta pessoal à luz da sua própria ética. A mesma tática empregada no Éden.
O pior é que muitos líderes religiosos esposam a mesma ideia, pondo o rebanho de Deus sob a vulnerabilidade dos ataques satânicos, pois a fé fica desguarnecida e sujeita a todo vento de doutrina pelo engano de homens astuciosos (Ef 1.14).
2. Sujeição ao julgamento divino. Mas o Senhor acrescenta à sua advertência uma sentença: “Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo” (v.19). Na Bíblia, fogo é, entre outros, símbolo de julgamento (cf. Mt 3.10-12; 1Ts 1.7-11). Isto prova que aqueles que subvertem a fé como profetas da ética enganosa não permanecerão para sempre na congregação dos justos (Sl 1.5).
Eles podem até insistir por um pouco de tempo, todavia não subsistirão, tanto pela má qualidade de suas ações, quanto pelo fato de que Deus, acima de tudo, traz o seu julgamento sobre a casa de Deus, sempre que se faz necessário, para extirpar o tumor do engano de entre o povo e, assim, os justos se manifestem (cf. 1Pe 4.12-19).
CONCLUSÃO
Por fim, o Senhor conclui deixando explícito que, apesar dos lobos que se transvestem de ovelhas, a transparência da vida cristã sempre prevalece, pois tanto os falsos profetas como os verdadeiros crentes são conhecidos pelos frutos que produzem (v.20; Jo 10.27).
Subsídio Doutrinário
“Cristo, depois de falar acerca dos dois caminhos, apresenta o contraste entre as duas classes de árvores: o crente que verdadeiramente tem a vida espiritual e o que tem somente a aparência. Há duas provas de qualidades de árvores: (1) pelo fruto (Mt 7.20; 15.19; Pv 4.23; Is 61.3; Gl 5.22,23). Uvas produzidas em lugares mais favoráveis são mais saborosas, mas não há sol, nem solo, que possam fazer o espinheiro produzir uvas. Não há esperança de reformação no mundo a não ser por meio de um coração novo. Note-se que não são somente as árvores com maus frutos, mas também àquelas sem fruto, que serão lançadas no fogo (Mt 7.19). (2) Pela doutrina. ‘Falsos profetas’ (v.15) são aqueles com doutrina diferente da de Cristo. Vede Mat. 24.11. Temos de julgar tanto pela doutrina como pelo fruto da vida.
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! (v.21): É sã doutrina chamar Jesus ‘Senhor’; os que o chamam ‘Senhor, Senhor!’ são muito pios. Mas nenhum dos dois, quando não estão acompanhados pela decisão sincera de fazer a vontade de Deus, satisfazem aquEle que olha para o coração.
Os falsos profetas não somente enganaram os homens, mas também enganaram-se a si mesmos. Enganaram-se acerca do seu talento para convencer; foram embriagados pela própria eloquência: ‘Não temos nós profetizado em teu nome’. Enganaram-se, também, em empregar o nome de Cristo, sem o espírito e amor de Cristo: ‘Em teu nome não expelimos demônios...?’.
Compare 1Co 13.2. O exemplo de alguns que fingiram-se servos de Deus, enquanto praticaram a iniquidade: Balaão (Nm 22). Judas, com poder para expelir demônios (Mt 10.4-8) mas traiu ao Mestre. Vede também Fp 3.2; Ap 2.20; Dt 13.1-5” (Espada Cortante, CPAD, pp.446,447).
Arauto: Emissário, mensageiro, pregoeiro.
Comportar: Permitir, admitir.
Disseminar: Difundir, divulgar, espalhar.
Ecumênico: Movimento que prega a unificação das igrejas protestante e católica.
Elucidativo: Aquilo que esclarece, explica.
Extirpar: Arrancar pela raiz, extinguir, destruir.
Indisposição: Desavença, zanga.
Multiplicidade: Característica do que abrange muitas coisas.
Palatável: Que é grato ao paladar ou gosto.
Perdurar: Durar muito, continuar a existir.
Transvestir: Transformar, transmudar.
1. Segundo o comentário, quais as três características da ética enganosa?
R. É hipócrita, astuta e opressora.
2. De que forma, entre outras, se revela a astúcia?
R. Através do uso de termos de sentido ambíguo ou que comporte vários significados para que o astuto possa adequar-se ao que melhor lhe convier.
3. Como se qualifica a verdadeira ética cristã?
R. Pela procedência e pela qualidade dos resultados.
4. Que casal foi punido pelo julgamento divino, nos primórdios da Igreja?
R. Ananias e Safira.
5. Na Bíblia, entre outros significados, de que o fogo é símbolo?
R. Julgamento divino.