LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

2º Trimestre de 2001

 

Título: Sermão do Monte — A transparência da vida cristã

Comentarista: Geremias do Couto

 

 

Lição 13: Como tomar posse do Reino de Deus

Data: 24 de junho de 2001

 

TEXTO ÁUREO

 

Entrai peia porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela(Mt 7.13).

 

VERDADE PRÁTICA

 

O Reino de Deus em nossa vida só pode ser aceito ou rejeitado. Aquele que preferir a última opção, só lhe restará o reino das trevas.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — At 28.23

A Igreja proclama o Reino

 

 

Terça — 2Pe 1.3-11

Os salvos são súditos do Reino

 

 

Quarta — Lc 13.18-30

A porta de entrada do Reino

 

 

Quinta — Hb 12.28

A sólida segurança do Reino

 

 

Sexta — Rm 14.17

Experimentando a vida do Reino

 

 

Sábado — Ef 2.1-10

Vivendo a graça do Reino

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Mateus 7.13,14,21-29.

 

13 — Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;

14 — E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.

21 — Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus,

22 — Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?

23 — E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.

24 — Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha.

25 — E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.

26 — E aquele que ouve estas minhas palavras e não as cumpre compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.

27 — E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.

28 — E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou de sua doutrina.

29 — porquanto os ensinava com autoridade e não como os escribas.

 

PONTO DE CONTATO

 

Enfim, chegamos à última lição do trimestre. Você tem notado interesse em seus alunos durante as aulas? Tem sido sincero com eles em relação ensino? Como está seu desempenho como professor? E concernente ao estudo do Sermão do Monte você tem alcançado seus objetivos?

Nesta lição estudaremos acerca do que devemos fazer para nos apossarmos do Reino de Deus. No presente texto Jesus asseverou, em suas últimas orientações, que a busca do Reino eterno deve ser o grande objetivo de nossas vidas. Ter interesse no Reino implica tomar decisões; assumir princípios e buscar vivê-los aqui na terra, compromisso que nem todos querem assumir.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Aceitar que a posse do Reino de Deus se dá mediante a nossa disposição de entrar pela porta estreita que conduz ao caminho apertado.
  • Compreender que a justificação mediante esforços pessoais é como a casa construída sobre a areia, que se desmorona quando vem a tempestade.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Jesus encerrou o Sermão do Monte de forma sublime descrevendo aos discípulos o caminho pelo qual eles deveriam trilhar para terem acesso ao Reino eterno.

Após a exposição dos requisitos para a vida no Reino, Ele conclamou seus ouvintes à decisão: eles poderiam optar pelo caminho largo ou estreito; produzir maus ou bons frutos; edificar na areia ou na rocha. Fica claro, através dos ensinos do Mestre, que não existe meio-termo. A vida cristã é negar-se a si mesmo, é o caminho da cruz, da disciplina, da santidade e, às vezes, do sofrimento.

Jesus advertiu sobre as consequências de ambas escolhas: o céu para quem seguir o caminho estreito, e a perdição para os que andarem no caminho largo. Além disso, o Senhor apontou a maneira correta de se construir para a vida eterna: sobre a Rocha, que é o próprio Cristo.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Reserve um tempo no final da aula para fazer a avaliação do trimestre. Faça um questionário contendo treze perguntas que envolvam o conteúdo de cada lição.

Você pode aproveitar algumas perguntas dos questionários sugeridos na última página de cada lição ou elaborar outras. A recapitulação das lições anteriores é de suma importância neste momento. Pois, através desta ação docente, você estará estabelecendo “elos” para garantir a integração das partes (cada tema) com o todo (o estudo completo do Sermão do Monte).

Para a avaliação desta última lição peça a seus alunos que leiam o subponto 2 do 2º ponto principal da lição e respondam:

1) Os falsos profetas, de fato, operam maravilhas? Se não, por que entre eles, às vezes, acontecem intervenções sobrenaturais.

2) O que é mais importante: estar comprometido com a ética do Reino ou viver uma aparente espiritualidade?

Dê a seus alunos, individualmente, a oportunidade de responderem estas perguntas e exporem suas ideias. Anote todas as respostas no quadro de giz e, a seguir, promova um rápido debate.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

A última parte do Sermão do Monte é como o grande final da apresentação de uma orquestra: sublime e apoteótico. Após estabelecer os princípios gerais que caracterizam o Reino de Deus e demonstrar que eles são mais do que simples regras formais e legalistas, pois apontam para o despojamento do coração, o Senhor conclui de forma magistral o seu discurso, enfatizando que a busca do Reino de Deus deve ser o grande objetivo de nossa vida.

 

I. O REINO DAS TREVAS E O REINO DE DEUS

 

1. As duas portas. A partir de uma linguagem que emprega diferentes metáforas com o mesmo propósito, o Senhor ilustra as duas únicas alternativas possíveis ao homem quanto à sua vida presente e futura. A passagem em apreço fala, inicialmente, de duas portas (v.13): uma estreita (ver Jo 10.9), outra larga, deixando evidente que a maioria dos homens opta pela segunda.

Sob o ponto de vista da lógica, a razão é simples. É bem mais fácil entrar por uma porta ampla do que submeter-se a estreiteza de um espaço por onde é difícil passar (cf. Mt 10.24). Que o digam aqueles que já visitaram o Egito e tentaram caminhar por aquela via estreita de uma das três principais pirâmides para conhecer uma das tumbas dos faraós. Nem todos são capazes!

2. Os dois caminhos. Outra metáfora aponta para dois caminhos com as mesmas características (vv.13,14): um espaçoso, outro apertado. A ênfase, aqui, é para os poucos que conseguem entrar e prosseguir a caminhada, salientando, assim, que tomar posse do Reino de Deus implica em assumir os seus princípios e buscar vivê-los aqui na terra, compromisso que nem todos querem (Jo 6.60-69).

Vale, neste caso, a mesma lógica. Quanto mais difícil o processo em busca de um objetivo, poucos são os que se propõem a persegui-lo em virtude do elevado nível de disciplina exigido. O apóstolo Paulo soube exemplificar de forma bastante lúcida essa verdade, utilizando a figura do atleta corredor, onde os profissionais desse esporte se impõem uma disciplina rigorosa para serem os mais rápidos em busca da almejada premiação (ver 1Co 9.24,25). Mas poucos chegam ao pódio por faltar-lhes disposição para obterem suficiente preparo físico.

3. Os dois alicerces. Aproxima metáfora fala de dois alicerces: um a rocha firme, outro a areia movediça (vv.24,26). Qualquer pessoa de bom senso há de convir que a firmeza e a profundidade do alicerce são fundamentais para a solidez e a grandeza da construção. Só os insensatos, como definiu Jesus, seriam capazes de edificar sem levar em consideração a qualidade do terreno e dos fundamentos da obra.

As três metáforas, portanto, indicam o tipo de atitude que as pessoas assumem diante do Reino de Deus e os seus consequentes resultados. Deixam, também, claro que não existe uma terceira via pela qual possamos encontrar um meio-termo que satisfaça as nossas necessidades espirituais. O Reino de Deus nos impõe de forma radical a decisão de aceitá-lo ou rejeitá-lo. Aquele que preferir a última opção, só lhe restará o reino das trevas.

 

II. A GARANTIA DA POSSE DO REINO DE DEUS

 

1. A entrada pela porta estreita. Assim, a garantia da posse do Reino de Deus se dá pela nossa disposição de entrar pela porta estreita que conduz ao caminho apertado (Lc 13.24). Não obstante o elevado padrão que ele propõe, o Sermão do Monte não pode ser avaliado como um compêndio de regras para nos impor um fardo maior do que podemos carregar e, desta maneira, tornarmo-nos ainda mais cansados do que estávamos antes de receber o Evangelho. Seria contradizer o próprio ensino do Mestre (ver Mt 11.28-30).

Os princípios deste magistral discurso nos apontam os referenciais do Reino, salientando (vale a pena repetir) que eles vão além do exterior e descem ao coração, que simboliza o centro de nossos sentimentos e vontades, onde Cristo está entronizado.

2. O compromisso com a ética do Reino. Por isso o Senhor destaca que a aparente espiritualidade de alguém não significa essencialmente compromisso com a ética do Reino (vv.21,23). Pronunciar o seu nome e agir sob sua autoridade não é a garantia de que haja vínculo com o Senhor da obra, pois uma pessoa pode estar falando por Ele e, ao mesmo tempo, não produzir os bons frutos que qualificam a procedência e pelos quais se conhece a “boa árvore”.

Aqui o Senhor se reporta aos falsos profetas mencionados na lição anterior que se declaram arautos do Altíssimo, realizam milagres e maravilhas, mas não terão parte no Reino porque praticam a iniquidade. Neste ponto, surge uma questão: por que acontecem essas intervenções sobrenaturais, se tais homens não vivem na verdade?

O inimigo é capaz de feitos extraordinários com o propósito de enganar e tentar confundir as pessoas que vivem de um lado para outro em busca de “espetáculo espiritual” (cf. At 16.16-19). Assim, para Deus o que prevalece é o compromisso com os princípios do Reino, e não os aparentes sinais exteriores de espiritualidade.

3. A construção sobre o sólido alicerce. Eis a razão pela qual o Senhor compara os que ouvem a sua palavra “e as pratica” a quem constrói sobre o sólido alicerce da rocha (vv.24,25). À luz da Bíblia, é coerente a interpretação de que esta rocha refere-se ao próprio Senhor (ver 1Co 3.10,11).

Assim, posso afirmar com absoluta segurança que o resumo do Sermão do Monte consiste em estar com a nossa vida centrada em Cristo, o fundamento inabalável, para que tomemos posse do Reino de Deus e procuremos, em nossa limitada natureza humana, viver a sua ética neste mundo, submetendo a Cristo todas as nossas fraquezas.

 

III. CONSEQUÊNCIAS DO DESPREZO AO REINO DE DEUS

 

1. Entrada pela porta espaçosa. Por último, o Senhor mostra as consequências daqueles que desprezam o Reino de Deus, preferindo a porta espaçosa do mundanismo, de ilicitude e das facilidades antibíblicas e anticristãs.

2. Construção sobre o movediço alicerce. Este são os que, ao invés de ouvir e praticar as palavras do Senhor, constroem sobre o movediço alicerce da areia, de modo que, ao primeiro sinal da tempestade, a casa desmorona e joga por terra todas as esperanças (vv.26,27).

O conceito, aqui, é o de justificar-se pelos próprios esforços através da autoconfiança, à semelhança dos fariseus que se estribavam em si próprios como os grandes guardiães da lei mosaica, mas estavam cheios de peçonha mortal. Infelizmente, para os que assim prosseguem, sem mudar de rota e firmar os seus passos em Cristo, o fim deles é a perdição (v.13).

 

CONCLUSÃO

 

Os ouvintes de Cristo o compreenderam e se admiraram de sua doutrina (v.28). Mas houve um detalhe, entre outros, que para eles distinguiu esse discurso: o Mestre “ensinava com autoridade e não como os escribas” (v.29). Quero concluir reafirmando (por ser extremamente importante esta verdade) que a diferença estava no fato de que, enquanto Cristo apontava essencialmente para a mudança de coração, os fariseus insistiam na letra e na exterioridade da lei sempre para condenar, nunca para restaurar. E nós, como estamos sendo avaliados?

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Bibliológico

 

“‘Aquele que faz a vontade de meu Pai’ (Mt 7.21). Jesus ensinava enfaticamente que cumprir a vontade do seu Pai celestial é uma condição prévia essencial para a entrada no reino dos céus (cf. vv.22-25; 19.16-26; 25.31-46). Isto, no entanto, não significa que a pessoa pode ganhar ou merecer a salvação mediante seus próprios esforços ou obras. Isto é verdadeiro pelas seguintes razões:

(1) O perdão divino o homem obtém mediante a fé e o arrependimento, concedidos pela graça de Deus e a morte vicária de Cristo por nós (ver 26.28 nota; Lc 15.11-32; 18.9-14).

(2) A obediência à vontade de Deus, requerida por Cristo, é uma condição básica conducente à salvação, mas Cristo também declara ser ela uma dádiva ligada à salvação dentro do reino. Embora seja a salvação uma dádiva de Deus, o crente deve buscá-la continuamente; recebê-la e evidenciá-la mediante uma fé sincera e decidido esforço. Esse fato é visto na oração dominical (6.9-13) e nas muitas exortações para que o crente mortifique o pecado e se apresente a Deus como sacrifício vivo (cf. Rm 6.1-23; 8.1-17; 12.1,2)” (Bíblia de Estudo Pentecostal,CPAD, p.1399).

 

GLOSSÁRIO

 

Apoteótico: Glorioso.

Apreço: Valor em que é tida alguma coisa, consideração, estima.

Compêndio: Resumo de doutrinas, síntese.

Despojamento: Espólio, privar da posse, despir.

Estreiteza: Qualidade de estreito, apertado.

Ilicitude: Qualidade de ilícito, ilegal.

Lúcida: Resplandecente, brilhante.

Metáfora: Emprego de palavra com significado diferente do que ela designa.

Peçonha: Malícia, maldade.

Salientar: Tornar bem visível, distinto.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Mencione as diferentes metáforas empregadas pelo Senhor para ensinar sobre as atitudes de cada um diante do Reino de Deus.

R. As duas portas, os dois caminhos e os dois alicerces.

 

2. Que tipo de ilustração empregou o apóstolo Paulo para falar sobre a importância da disciplina na vida cristã?

R. O atletismo.

 

3. Que proposta fez o Senhor em Mateus 11.28-30?

R. A proposta de um jugo suave e um fardo leve.

 

4. À luz da Bíblia, pode-se interpretar que a rocha mencionada na leitura em classe:

R. b) ao próprio Senhor.

 

5. O aspecto que distinguiu o discurso de Jesus do ensino dos escribas foi que ele:

R. a) ensinava com autoridade.