Título: Hebreus — “... os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes”
Comentarista: Elinaldo Renovato
Lição 1: Cristo, o resplendor da glória de Deus
Data: 1 de Julho de 2001
“O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas” (Hb 1.3).
A revelação de Deus aos homens teve sua plena expressão através de seu Filho, Jesus Cristo, não restando mais qualquer revelação sobre a sua vontade para com a humanidade.
Segunda - Sl 96.6
Glória e majestade diante de Deus
Terça - Rm 11.36
Glória a Cristo eternamente
Quarta - 2 Co 4.4
Jesus, imagem e glória de Deus
Quinta - Ef 3.21
A Cristo, glória na igreja
Sexta - 1 Tm 3.16
Jesus, recebido em glória
Sábado - Ap 4.11
Jesus, digno de receber glória
Hebreus 1.1-6.
1 - Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho,
2 - a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.
3 - O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou se à destra da Majestade, nas alturas;
4 - feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.
5 - Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?
6 - E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.
Neste trimestre estudaremos a Epístola aos Hebreus que, entre outros assuntos importantes, enfoca a pessoa de Cristo como “o resplendor da glória de Deus”. Sua superioridade é destacada de forma magistral: excede a Moisés, Arão, Melquisedeque, os profetas e os anjos. Ademais disso, o presente tratado, ao alertar os destinatários da carta quanto aos desvios e a apostasia, estabelece as bases da verdadeira adoração, da fé e da comunhão com Deus.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
A Epístola aos Hebreus compara Jesus Cristo com o Antigo Pacto, e o apresenta como o cumprimento de todas as promessas messiânicas. Tal comparação visa demonstrar a superioridade de Cristo sobre tudo quanto o Antigo Testamento tem a oferecer. O tema que percorre a carta do princípio ao fim é: “Jesus Cristo é superior a ...”. Ele é superior aos anjos, aos profetas, ao sacerdócio levítico e etc. É descrito como o Criador de todas as coisas, resplendor da glória e imagem de Deus; aquele que tudo sustém com o seu poder, que nos purificou de todo o pecado e está assentado à destra de Deus.
Utilizando o quadro abaixo, dê aos seus alunos as diferenças entre os três tipos de mensageiros citados nesta lição: os profetas, os anjos e o Senhor Jesus. O quadro o ajudará a demonstrar a superioridade de Jesus não apenas como portador da mensagem definitiva, mas também como o Senhor de todas as coisas.
introdução
A epístola aos Hebreus contém alguns enigmas. Não esclarece quem foi seu autor; a quem foi realmente destinada, nem a data em que foi escrita. No primeiro século, os chamados pais da Igreja não esclareceram tais detalhes. Clemente de Alexandria e Orígenes entenderam que Paulo escrevera Hebreus. No Século II, Tertuliano discordava da autoria paulina, e cria que Barnabé era o autor da epístola. Agostinho, de início, julgou que fosse Paulo mas, depois, afirmou que ela era anônima. Martinho Lutero sugeriu que a carta poderia ter sido escrita por Apolo (At 18.24). Quanto à data, os estudiosos situam-na entre 68 a 70 d.C. Com relação aos destinatários da carta, Hebreus deve ter sido inicialmente dirigida a judeus helenistas convertidos ao Cristianismo. O propósito deste comentário não é discutir tais pormenores, pois a resposta só teremos no céu, quando nos encontrarmos com o escritor. É fundamental que nestas lições sobre a Epístola aos Hebreus, vejamos a pessoa de Jesus Cristo como o resplendor da glória de Deus, o Salvador perfeito.
I. DEUS FALOU DE MODO DEFINITIVO
1. A antiga revelação. No versículo primeiro, o escritor assevera que, “antigamente”, Deus falou “muitas vezes, e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas”. Moisés foi um profeta especial. No Salmo 103.7, lemos: “Fez notórios seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel”. Na galeria dos profetas, destacam-se Isaías, que recebeu a revelação do nascimento, vida, ministério, morte e ressurreição do Messias; Jeremias, Ezequiel, Daniel, Joel, Malaquias, e outros, foram instrumentos da revelação, não só para Israel, mas para a Igreja e para o mundo. (Ver 1 Pe 1.12.)
2. Deus falou de muitas maneiras (v.1b). Nas páginas do Antigo Testamento, vemos que Deus não falou de modo uniforme pelos profetas. A uns, como a Moisés, Ele falou direto, “cara a cara”; a outros, como Daniel, falou por sonhos; a Jonas, em voz audível, e por meio do vento, do mar e do peixe. Por esses meios, Deus se revelou de modo progressivo, nas diversas dispensações, até que chegasse “...a posteridade, a quem a promessa tinha sido feita” (Gl 3.19), e a posteridade era Cristo.
3. A última e definitiva revelação. Deus, “a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (v.1b). Essa afirmação é fundamental para a fé cristã. Primeiro, porque Deus falou. Segundo, porque nos falou “pelo Filho”. A revelação pelos profetas foi divina e progressiva. Eles, com convicção, diziam: “Assim diz o Senhor” (Êx 5.1; Is 7.7; Jr 2.5; Ez 3.11). A revelação pelo Filho, Jesus, é divina e superior, visto ser conclusiva e definitiva. Em Hebreus, vemos a melhor e mais perfeita comunicação do Altíssimo. Ele, nestes “últimos dias”, falou pelo seu próprio Filho, de modo completo, direto e definitivo (cf. Lc 21.33; Mc 13.31). Os ímpios não entenderam esta revelação: os espíritas dizem que o espiritismo é a “terceira revelação”, depois de Moisés e Cristo. Os adeptos da “Nova Era” dizem que virá a “Era de Aquários”, para substituir o Cristianismo. Com esse engodo, o Diabo engana os incrédulos, a fim de que sejam lançados no inferno (cf. Sl 9.17). Jesus é a última e definitiva revelação de Deus aos homens. Ele falou e está falado! “Cale-se diante dele toda a terra” (Hc 2.20). Nós cristãos, precisamos estar seguros, fundamentados na Palavra de Deus, para refutar toda e qualquer doutrina falsa, que apresente qualquer outra revelação divina.
II. O PERFIL MAJESTOSO DE CRISTO
1. Herdeiro de tudo e criador do mundo. No v.2, lemos que Deus constituiu Jesus como “herdeiro de tudo e criador do mundo”.
a) Todas as coisas foram feitas por Jesus. No evangelho segundo João (1.1), temos uma declaração profunda da divindade de Cristo, quando lemos: “Todas as coisas foram feitas por ele, e nada do que foi feito sem ele se fez”. Ele foi o agente de Deus na Criação, fazendo vir à luz as coisas criadas pelo poder do Espírito Santo.
b) Todas as coisas foram feitas para Ele. Jesus teve do Pai a outorga para criar todas as coisas, e também para ser o herdeiro de todas as coisas criadas. Paulo, escrevendo aos Colossenses, diz: “Tudo foi criado por Ele e para Ele” (Cl 1.16). O Diabo usurpou parte da criação, mas, na sua vinda, Jesus tomará posse de tudo o que lhe pertence por direito de criação, de autoria e por direito de herança.
2. Cristo, o resplendor da glória de Deus (v.3). Esta é uma revelação da maior transcendência. No Antigo Testamento, Deus manifestou a sua glória, em certas ocasiões, de modo terrível e aterrador. Em alguns momentos, a glória de Deus se manifestou sobre o povo de Israel, deixando-o atordoado. Ezequiel viu a glória de Deus junto ao rio Quebar de modo estranho e terrível. E concluiu, dizendo: “Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isso, caí sobre o meu rosto e ouvi a voz de quem falava” (Ez 1.1-28). Tudo isso que o profeta viu foi apenas a “semelhança da glória do Senhor”. Mas em Cristo, Deus revelou “o esplendor da sua glória”.
3. Cristo, “a expressa imagem” de Deus (v.3). Essa revelação, no texto, amplia a visão de Cristo, dada ao escritor. Mostra que Ele não é só o resplendor da glória de Deus, mas tem a mesma natureza, o mesmo caráter. O termo, no grego, para “expressa imagem” ou “a expressa imagem de seu ser” é charakter , que dá idéia de um carimbo, uma gravação, de gravura indelével. Sendo o Filho do Homem quanto à sua condição humana, Cristo apresentou-se ao mesmo tempo com a natureza do Pai, divina. Ele disse: “eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).
4. Cristo sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder (v.3). Jesus é o agente da criação de Deus. Sua palavra criadora teve efeito não apenas imediato, mas transformou-se em lei, executada no momento em que, como Deus, Ele disse: “Haja luz”; “haja uma expansão...”; “façamos o homem...” (Gn 1.1-26). O poder da palavra de Deus foi tão grande, que sua eficácia continua por todos os séculos. O salmista diz: “tu coroas o ano da tua bondade, e as tuas veredas destilam gordura” (Sl 65.11). No Gênesis, lemos: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão” (Gn 8.22). Devemos agradecer a Deus por todos os dias que despertamos, pois, vendo a luz do sol, sentindo o ar que respiramos, vendo as pessoas à nossa volta, cada animal que nasce, e cada ser humano que vem à luz, constatamos que isso é obra da criação de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo.
5. Cristo, o Salvador, fez a purificação dos nossos pecados (v.3). O escritor aos Hebreus recebeu a revelação da obra redentora de Cristo, como aquele que, pelo seu sangue, nos purifica de todo o pecado (cf. 1 Jo 1.7). As religiões feitas pelos homens e seus líderes não têm esse poder. Pelo contrário, as religiões orientais, como o Budismo, o Hinduísmo e o Islamismo, pregam uma salvação que pretende purgar os pecados, através de reencarnações, dum carma, ou de obras, levando o homem a crer na mentira da salvação efetuada pelo próprio homem. Com Cristo é diferente. Ele é o agente eficaz da salvação, remindo o homem que o aceita como Salvador.
6. Assentado à direita de Deus (v.3). Nos antigos impérios e reinos, o lugar de honra era ao lado do monarca, ou do imperador. A comunicação sobre a posição de Cristo, quando elevado aos céus, evoca essa metáfora. Após sua ascensão, Jesus foi recebido à direita de Deus (Mc 16.19); Estêvão viu Jesus à destra de Deus, no momento de seu martírio (At 7.55); (ver ainda Rm 8.34).
CONCLUSÃO
Alegremo-nos por não servirmos a um deus qualquer, produto da mente humana, ou da necessidade imanente de se acreditar em algo ou em alguém superior, como os indígenas e outros povos tidos como primitivos. O nosso Deus é o excelso Criador. O nosso Cristo é o Verbo Divino, o Salvador, que, cumprida sua missão, assentou-se “à direita da majestade nas alturas”.
Aterrorizador: Que aterroriza; pavoroso, aterrador,
aterrorizante.
Imanente: Que existe sempre em um dado objeto e inseparável
dele.
Indelével: Que não se dissipa, indestrutível.
Posteridade: Série de indivíduos procedentes da mesma
origem.
Progressivo: Que se vai realizando gradualmente.
Purgar: Tornar puro; purificar, limpar.
Refutar: Dizer em contrário; desmentir; negar.
Transcendência: O conjunto de atributos do Criador que lhe
ressaltam a superioridade em relação à criatura.
Usurpar: Apossar-se violentamente de, adquirir com fraude.
1. Por que Jesus é herdeiro de tudo?
R. Porque todas as coisas foram feitas por Ele e para Ele.
2. De acordo com a lição, como Deus falou na Antiga Aliança?
R. “Muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas”.
3. Como foi a revelação pelo Filho, Jesus?
R. Foi divina e superior, visto que foi conclusiva e definitiva.
4. Por que Cristo é a expressa imagem de Deus?
R. Porque tem a mesma natureza e caráter de Deus.
5. Por que Cristo sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder?
R. Porque a palavra que saiu de sua boca, no momento da criação, teve efeito não apenas imediato, mas transformou-se em lei.
Subsídio Teológico
“‘Falou-nos... pelo Filho’ (Hb 1.1,2). Estes dois primeiros versículos estabelecem o tema principal deste livro. No passado, o instrumento principal de Deus para sua revelação foram os profetas, mas agora Ele tem falado, ou se revelado pelo seu Filho Jesus Cristo, que é supremo sobre todas as coisas. A Palavra de Deus falada mediante seu Filho é final: ela cumpre e transcende tudo o que foi anteriormente falado da parte de Deus. Absolutamente nada, nem os profetas (v.1) nem os anjos (v.4) têm maior autoridade do que Cristo. Ele é o único caminho para a salvação eterna e o único mediador entre Deus e o homem. O escritor de Hebreus confirma a supremacia de Cristo ao enumerar dEle sete grandes revelações (vv.2,3).
‘Assentou-se à destra’ (1.3). Depois de Cristo ter efetuado o perdão dos nossos pecados mediante a sua morte na cruz, assumiu o seu lugar de autoridade à destra de Deus. A atividade redentora de Cristo no céu envolve seu ministério de mediador divino (8.6; 13.15; 1 Jo 2.1,2), de sumo sacerdote (2.17,18; 4.14-16; 8.1-3) de intercessor (7.25) e de batizador no Espírito (At 2.33)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pág.1899).
Subsídio Bibliológico
“Por designação divina, herdeiro de todas as coisas (1.1,2). Deus, desde a eternidade, predestinou seu Filho para ser Possuidor e Soberano de todas as coisas. Mas foi pela encarnação que Cristo alcançou o senhorio messiânico. Como resultado da encarnação, Ele veio tomar posse de algo antes não necessariamente disponível por sua condição de Filho. Era o seu direito de primogenitura, mas foi de sua humanidade, morte e ressurreição que surgiu o tipo de soberania que se tornou sua somente em razão de seu triunfo sobre o pecado na carne (v.3), e como resultado de sua identificação com os homens numa condição de irmandade. O senhorio messiânico não lhe poderia pertencer enquanto estivesse no seu estado pré-encarnado, visto ser uma questão relativa à função e não a poder e majestade inerentes. Em essência, sempre foi o ‘Filho de Deus’, mas isto não o fazia Messias; era necessário que se tornasse o ‘Filho do Homem’” (Comentário Bíblico Hebreus, CPAD, págs.116,117).