Título: Ética Cristã — Confrontando as questões morais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 5: O cristão e o planejamento familiar
Data: 5 de Agosto de 2002
“Examinai tudo. Retende o bem” (1 Ts 5.21).
Para o cristão, ter ou não ter filhos, não é apenas uma questão biológica, mas uma decisão que envolve fé, amor e obediência aos princípios de Deus para a família.
Segunda - Pv 17.6
Coroa dos velhos são os filhos
Terça - Gn 15.2
Um pai, pedindo filhos
Quarta - Gn 17.15,16
Promessa de filhos
Quinta - 1 Sm 1.7
O choro da mulher estéril
Sexta - 1 Sm 1.10,11
Um filho dado a Deus
Sábado - Lc 1.31
Um filho especial
Gênesis 1.27,28; 30.1,22,23 e 1 Coríntios 7.5.
Gênesis 1
27 - E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28 - E Deus os abençoou e Deus lhes disse:Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a;
Gênesis 30
1 - Vendo, pois, que não dava filhos a Jacó, teve Raquel inveja de sua irmã e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morro.
22 - E lembrou-se Deus de Raquel, e Deus a ouviu, e abriu a sua madre.
23 - E ela concebeu, e teve um filho, e disse: Tirou-me Deus a minha vergonha.
1 Coríntios 7
5 - Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e, depois, ajuntai-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência.
Imagine um mundo sem a presença de crianças! Comece a aula conversando com sua turma sobre a alegria que a presença de um bebê traz à família. Fale também sobre as responsabilidades que estão implícitas nesta chegada. Educação, saúde, boa alimentação, desprendimento para dar atenção, carinho e todo cuidado que o bom desenvolvimento de um ser humano exige. Os pais não podem ser egoístas, pois criar filhos implica em estar pronto para mais dar do que receber.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Controle de natalidade tem sido assunto polêmico ao longo dos últimos anos. Em alguns casos, as divergências envolvem até mesmo o Estado, tornando-se um problema de governo. Países populosos como China e Índia utilizam medidas restritivas com relação à concepção por motivos óbvios: O desenvolvimento socioeconômico é pequeno em relação ao crescimento populacional. Há um grande contingente de pessoas e pouco alimento. Quando Deus disse crescei e multiplicai, não determinou quantidade. O que gera maior constrangimento? Viver dignamente com poucos filhos, ou tê-los em grande quantidade e não poder sustentar? As responsabilidades pertinentes ao casamento incluem o planejamento familiar.
Promova um debate com toda a classe ou divida-a em grupos sob a orientação do mestre. Ao professor cabe orientar e supervisionar o debate de tal maneira que permita a participação de todos e que não haja nenhuma forma de agressividade nas palavras. A participação de cada aluno deverá ter sempre o objetivo de contribuir com a classe e jamais o de sobrepor-se às ideias dos outros.
O debate se divide em:
1. Apresentação: Apresentação do tema, explicação e objetivos do debate. O professor deverá nomear um moderador.
2. Participação: Cada aluno apresenta sua contribuição pessoal, dizendo o que pensa do assunto. É o início do debate.
3. Argumentação: É o momento de cada aluno apresentar o motivo do seu ponto de vista.
4. Discussão: É a troca de argumentos. A discussão tem a finalidade de chegar à verdade ou elucidar dificuldades.
5. Conclusão: É feita em primeiro lugar pelo líder do grupo e depois apresentada à classe, se esta está dividida em grupos. O professor ouvirá cada líder e dará a conclusão final.
introdução
Há opiniões radicais dos que se opõem tenazmente a qualquer método ou tipo de limitação de filhos por um casal crente. De outro lado, há os liberalistas temerários, que não veem qualquer restrição ética concernente ao dito assunto. Os moderados procuram com humildade e temor de Deus aprender a discernir o certo e o errado sobre o assunto pela Bíblia e a busca da vontade específica do Senhor. Com muito respeito, santo temor e sinceridade, desejamos abordar o tema, esperando contribuir para o alargamento da visão sobre esse tão necessário e pouco estudado tema da ética cristã.
I. CONCEITOS FUNDAMENTAIS
1. Controle da natalidade. “É o conjunto de medidas limitadoras, de emergência, incluindo legislações específicas, que o governo de um determinado país adota para atingir metas demográficas restritivas, (isto é, populacionais) consideradas indispensáveis ao desenvolvimento socioeconômico. Isso ocorre por exemplo, na China e na Índia, onde a população é excessiva em relação aos recursos econômicos”.
2. Planejamento familiar. É o exercício da paternidade responsável, e a utilização voluntária e consciente por parte do casal, do instrumento necessário ao planejamento do número de filhos e espaçamento entre uma gestação e outra.
II. VISÃO GERAL À LUZ DA BÍBLIA
1. Determinação divina (Gn 1.28). Deus criou o homem de modo especial dizendo: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gn 1.26,27). “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a” (Gn 1.27,28). Este foi o primeiro mandamento dado ao homem pelo Criador após criar o ser humano, masculino e feminino. Entretanto, Deus não deu um multiplicador. Logo, ter um filho ou dois já é multiplicação. No Antigo Testamento, não ter filhos era constrangedor (1 Sm 20).
2. A natalidade no Antigo Testamento.
a) Filhos, uma bênção de Deus. No Antigo Testamento, ter filhos era algo sagrado, uma bênção de Deus. Sara, esposa do patriarca Abraão, sendo estéril, sentiu-se frustrada, recorreu a um ato desesperado oferecendo sua serva ao marido para que este tivesse um filho com ela, como sendo esse filho do casal. Isso resultou em sérias e perpétuas complicações, quando se considera que em Abraão e Sara estava implícita a linhagem do futuro Messias (Mt 1.1). Abraão, sentindo-se infrutífero quanto à sua descendência, disse ao Senhor: “Senhor Jeová, o que me hás de dar, pois ando sem filhos...” (Gn 15.2). Em resposta, o Senhor mandou que ele olhasse para as estrelas e lhe disse: “Assim será a tua semente...” (Gn 15.5; Ler Gn 17.15,16).
b) Não ter filhos era sinal de infelicidade. Sendo Raquel estéril, disse a seu marido: “Dá-me filhos, senão morro” (Gn 30.1). Quando Deus abriu sua madre, ela exclamou: “Tirou-me Deus a minha vergonha” (Gn 30.23). Ana, mulher de Elcana, também é exemplo do sofrimento e amargura de uma mulher estéril (Ler 1Sm 1.7,10,11,20).
c) Ter família numerosa era sinal de bênção. Ana teve Samuel e mais cinco filhos (1Sm 2.21). Os filhos eram considerados presentes ou prêmios da parte do Senhor, como diz o salmista: “Eis que os filhos são herança do Senhor e o fruto do ventre o seu galardão” (Sl 127.3).
3. A natalidade no Novo Testamento.
a) A natalidade enaltecida. “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher...”. Maria ouviu do anjo: “Salve, agraciada! O Senhor é contigo! Bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1.28); “Eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filha, e por-lhe-ás o nome de Jesus” (Lc 1.31). Que mistério tão grande! “O plano da salvação, previsto antes da fundação do mundo, incluía uma mulher, uma mãe, um ventre, um seio materno” (Lima, p.158).
b) Ter filhos, uma bênção de Deus. Zacarias, esposo de Isabel, não tinha filhos, pois sua mulher era estéril. Deus enviou o anjo Gabriel para informar a este sacerdote de avançada idade que ele seria pai: “Terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento” (Lc 1.14). As crianças foram abençoadas por Jesus. Ele colocou um menino no meio das atenções (Mt 18.2,4); recebeu crianças trazidas pelos pais, toucou-lhes brandamente, abençoando-as (Lc 18.15-17).
III. UMA ABORDAGEM ÉTICA DA LIMITAÇÃO DE FILHOS
1. O cristão e o controle da natalidade. Há países que punem os pais, se nascer mais de um filho. Faraó, após a morte de José, decretou um controle da natalidade para que não nascessem filhos homens entre o povo de Israel no Egito: “E o rei do Egito falou às parteiras hebreias (das quais o nome de uma era Sifrá, e o nome da outra, Puá) e disse: Quando ajudardes no parto as hebreias e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas, se for filha, então viva” (Êxodo 1.15,16). E Deus invalidou aquela medida cruel.
2. O cristão e o planejamento familiar. No Novo Testamento, não há referência expressa a ter ou não muitos filhos. Mas os filhos são galardão do Senhor. “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão. Como flechas nas mãos do valente, assim são os filhos da mocidade” (Salmo 127.3). Para ter filhos, cremos que o casal deve orar muito, para que nasçam debaixo da bênção de Deus. E, para não tê-los, deve orar muito mais, para não contrariar a vontade de Deus. Devem ser considerados os fatores de saúde, alimentação e educação (espiritual e secular), pois não é justo que se tragam filhos ao mundo para vê-los subnutridos, mal-educados e malcuidados. Isso não é amor.
Orientação quanto à natalidade. Aspectos a serem considerados:
a) A vontade de Deus. De uma maneira geral, o casal, pela união sexual, poderá gerar filhos. É a vontade permissiva do Senhor. Como filhos de Deus, no entanto, devemos estar, acima de tudo, sujeitos à vontade diretiva do Senhor. Ele nos guia pelo seu Espírito (cf. Rm 8.14). “Para ter filhos, o cristão deve buscar, por fé, a direção de Deus e não apenas depender do instinto sexual”.
b) Alimentação, saúde e educação digna. Da concepção ao parto, o novo ser precisa ser bem alimentado, de modo a não desenvolver-se com deficiências orgânicas que ocasionam danos por toda a vida. Se um casal gera um filho doente, por subnutrição, ou doença da mãe, vai fazê-lo sofrer. Filhos mal educados tendem a se converter em pessoas prejudiciais à sociedade e, em escândalo para a igreja do Senhor. Isso não glorifica a Deus. Em 1 Timóteo 5.8, lemos: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1 Tm 5.8). Esse cuidado tem seu começo na gestação.
c) A abstenção permitida. A Bíblia admite a abstenção sexual do casal, “por mútuo consentimento”, para que ambos se dediquem melhor à oração, num período de tempo (1Co 7.4,5).
3. O posicionamento cristão.
a) A limitação de filhos. A decisão de não ter filhos precisa ser submetida à soberana vontade de Deus. Não gerar filhos só porque a mãe não quer perder a esbelteza do corpo (por vaidade), porque a vida está difícil ou porque o casal não quer ter muito trabalho... Quem pensa em casar, deve antes preparar-se para isso, em todo o sentido.
b) O planejamento possível. Isto pressupõe uma paternidade responsável diante da lei de Deus, cujos preceitos, ética e moral devem ser conhecidos e observados. Tudo isso, pela fé, pois o que não é de fé é pecado (ver Rm 14.23). Ter filho, um após o outro, seguidamente, sem levar em conta suas implicações, pode não ser amor; e, sim, carnalidade desenfreada aliada à ignorância. O Livro Sagrado afirma que “tudo tem seu tempo determinado” (Ec 3.1). Além disso, nos é oportuna a seguinte ordem: “Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5.21). Para ter, ou não, filhos, o casal deve, acima de tudo, orar ao Senhor.
CONCLUSÃO
Os filhos são bênçãos do Senhor (Sl 127.3-5; 128.3,4) e não devem ser evitados por razões egoísticas e utilitaristas. A limitação de filhos por vaidade é pecado, mas por necessidade, como no caso de doença da mãe, e que lhe cause risco de vida, cremos ser moralmente justificável; mas isso depende da consciência de cada um diante de Deus, pois, como já foi dito, o que não é de fé é pecado (Rm 14.23).
Abstenção: Ação ou efeito de abster-se; privação, abstinência;
recusa voluntária de participar de qualquer ato.
Anticoncepcional: Que, ou substância que evita conceber ou
gerar o feto, no útero.
Método: Caminho pelo qual se atinge um objetivo; modo de
proceder, maneira de agir.
Restrição: Ato ou efeito de restringir-se; condicionante.
Tenazmente: Ação firme, obstinada, persistente, implacável,
pertinaz, inflexível.
Ética: As Decisões Morais a Luz da Bíblia. Arthur F. Holmes, CPAD.
1. Como era vista a concepção no Antigo Testamento?
R. Era algo sagrado, uma bênção de Deus.
2. Que disse Raquel por ser estéril?
R. “Dá-me filhos, senão morro” (Gn 30.1).
3. O que estava implícito quando Deus fez o homem, “macho e fêmea”?
R. A sexualidade, tendo o homem os órgãos e o instinto sexual, com plena capacidade reprodutiva.
4. No Antigo Testamento, o que significava não ter filhos?
R. Sinal de infelicidade.
5. Que diz 1 Tm 5.8?
R. “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel”.
Subsídio Teológico
“O potencial reprodutivo natural da sexualidade humana não se opõe à contracepção responsável, uma vez que, por natureza, nem todo ato sexual é reprodutivo. Ele significa que, primeiro, só num contexto marital a relação sexual é lícita, e, segundo, que a finalidade primordial do casamento é a geração de filhos. Esse potencial de paternidade deve ser exercido de modo responsável. Uma família grande demais, em um mundo superpovoado, seria irresponsabilidade, assim como seria irresponsável evitar espontaneamente constituir uma família sem ter em mente o propósito de Deus para o casamento. E em alguns casos, a finalidade primordial pode ser suplantada por outras responsabilidades morais” (Ética: As Decisões Morais à Luz da Bíblia. CPAD, p.132).
“Número de filhos. Este assunto parece não ser de muita importância para quem é apenas noivo, mas já tem causado seríssimos problemas na vida dos casados. Muitas vezes, este pormenor não é ventilado no noivado, e cada um tem dentro de si uma opinião formada. De repente, a moça imagina ter, quando casada, apenas um casal de filhos, e o rapaz pensa poder ter seis casais. E agora como fica?
Esta questão, quando analisada, poderá sofrer mudança, e esta deve acontecer durante o noivado.
Época de ter filhos. Quando, realmente, ele(a) desejará ter um filho? No primeiro ano? Após três anos? Quando? É muito importante ao jovem, que está próximo ao casamento, observar estas respostas nesta época. Esse assunto, que parece ser tão simples, se não for tratado com seriedade no noivado, poderá causar sérias complicações no relacionamento matrimonial” (Juventude em Crise. CPAD, p.71).