Título: Ética Cristã — Confrontando as questões morais
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 7: O cristão e o divórcio
Data: 18 de Agosto de 2002
“Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério” (Mt 19.9).
O divórcio não tem de Deus aprovação, sendo apenas por Ele permitido em casos extremos.
Segunda - At 15.20
Abstendo-se da prostituição
Terça - 1Co 5.1
Grande imoralidade
Quarta - Gn 19.26
Cidades prostituídas
Quinta - Mt 15.19
Coração impuro
Sexta - Mt 19.3
A pergunta dos fariseus
Sábado - Ml 2.14
A infidelidade conjugal
Oseias 5.1-7.
1 - Ouvi isto, ó sacerdotes, e escutai, ó casa de Israel, e escutai, ó casa do rei, porque a vós pertence este juízo, visto que fostes um laço para Mispa e rede estendida sobre o Tabor.
2 - Os transviados têm descido até ao profundo, na matança; mas eu serei a correção de todos eles.
3 - Eu conheço Efraim, e Israel não se esconde de mim; porque, agora, te tens prostituído, ó Efraim, e se contaminou Israel.
4 - Não querem ordenar as suas ações, a fim de voltarem para o seu Deus; porque o espírito da prostituição está no meio deles, e não conhecem o SENHOR.
5 - A soberba de Israel testificará, pois, no seu rosto; e Israel e Efraim cairão pela sua injustiça, e Judá cairá juntamente com eles.
6 - Eles irão com as suas ovelhas e com as suas vacas, para buscarem o SENHOR, mas não o acharão: ele se retirou deles.
7 - Aleivosamente se houveram contra o SENHOR, porque geraram filhos estranhos; agora, a lua nova os consumirá com as suas porções.
Considere junto à turma, razões que levam ao divórcio. Faça retrospectiva considerando motivos anteriores a ele. Quais as razões que levaram ao casamento, por exemplo? Indague de alguns alunos o que os motivou a unirem-se a outra pessoa. Mantenha a questão no nível individual. Cada um deverá falar dos seus motivos.
Tem sido cômodo focalizar a discussão do divórcio apenas na questão da separação, sem considerar que muitas vezes suas raízes estão aprofundadas em escolhas indevidas, feitas muito antes e que, certamente, não perpassaram pela vontade de Deus.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Existe uma grande resistência em relação ao divórcio. Resistência compreensível. Quando você ouvir que o divórcio não é de Deus, acate. Não é mesmo! Divórcio significa desunião, separação, e estas coisas não fazem parte da natureza divina. Como explicar então, ao longo da existência humana, e mais intensamente em nossos dias, tanto deboche com relação ao casamento? Seria o caso de refletir profundamente sobre o que Jesus disse ao ser inquerido pelos fariseus: “O que Deus ajuntou não separe o homem”. Duas pessoas ao casarem-se, fazem votos, perante testemunhas, de viverem unidas até que a morte as separe. Por que três meses depois, ou um ano, ou dez, ou vinte, um deles vem a arrepender-se? Certamente existe um mentiroso na história, ou os interesses escusos de alguém não foram satisfeitos plenamente.
Para o estudo desta lição utilize o método denominado “explosão de ideias” ou “tempestade cerebral”. É o método de estudar um problema no qual os membros do grupo sugerem, em tempo limitado, todas as possíveis soluções que lhes vem à mente, limitando-se apenas a sugerir, deixando para depois a avaliação. Este método deve ser usado em conexão com outros métodos visando os seguintes objetivos:
a) Encorajar o pensamento criativo.
b) Encorajar a participação de todos os alunos.
c) Determinar possíveis soluções para problemas.
d) Encorajar a apresentação de novas ideias.
e) Criar um ambiente cordial e sentimento fraternal no grupo.
introdução
Na sociedade em geral, o divórcio tem gerado polêmicas. Nesta lição, queremos partilhar o que temos apreendido da Palavra de Deus, com relação a esse assunto, que tem preocupado muitas famílias e a liderança cristã. Vale salientar que já é grande o número de divorciados no meio evangélico, e que esses raramente se preocuparam em considerar o assunto segundo a Bíblia na época apropriada. Há uma lei maior acima da Constituição sobre o divórcio — A Bíblia, que a Igreja precisa considerar e à ela ater-se.
I. O DIVÓRCIO NO ANTIGO TESTAMENTO
A lei de Moisés prescreve as razões para o divórcio em termos tão gerais que torna-se difícil explicar os motivos que o justificam. Vejamos:
1. Motivos que ensejavam o divórcio.
a) “Por qualquer motivo”. Lemos em Deuteronômio 24.1: “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia, ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão, e a despedirá da sua casa”. Não era por infidelidade, pois a adúltera teria que ser morta, e não divorciada (Ler Lv 20.10; Dt 22.20-22). O Talmude (coletânea de interpretações da lei pelos rabinos) explica que “coisa feia” era o homem ver algo em sua esposa que não lhe agradava. Neste caso, a separação poderia ocorrer por motivos banais, injustificáveis.
b) Casamento misto. Neste caso, o próprio Deus determinou o divórcio ou o repúdio às esposas estranhas à linhagem de Israel, no retorno do exílio babilônico (ver Ed 9 e 10; Ne 13.23).
2. Carta de divórcio. A carta de divórcio era um documento legal, fornecido pelo marido à mulher repudiada. Esta, então, ficaria livre para casar-se de novo: “ele lhe fará escrito de repúdio e lho dará na sua mão, e a despedirá da sua casa” (Dt 24.1b). A mulher repudiada, por apresentar “coisa feia”, ou “coisa indecente”, recebia, humilhada, “o escrito de repúdio”; no entanto, podia “se casar com outro homem” (Dt 24.2).
A Lei de Moisés prescreve duas situações em que o homem não podia conceder o divórcio à esposa: 1) quando sua esposa fosse acusada falsamente de pecado sexual pré-marital pelo marido (Dt 22.13-19); e 2) quando um homem desvirginasse uma jovem, e o pai dela o compelisse a desposá-la (Êx 22.16,17; Dt 22.28,29).
II. O DIVÓRCIO NOS EVANGELHOS
Conforme a narrativa dos evangelhos, especialmente o de Mateus, os fariseus queriam colocar Jesus num dilema, forçando-o a responder sobre algo que implicaria ter ele um conceito muito rigoroso ou muito frouxo sobre o difícil tema do divórcio. Jesus, porém, estava ciente de suas maldosas intenções. Eles maliciosamente indagaram: “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” (Mt 19.3b). Antes de dar-lhes uma resposta imediata e direta, o Mestre relembrou-lhes a verdade das Escrituras enfatizando o propósito da criação de dois sexos que era a solidariedade, a estabilidade e a felicidade da raça humana mediante a união física do homem e da mulher. Ele disse: “Portanto, deixará o varão seu pai e sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24). Nessa união (apego), não são dois, mas uma só carne, e concluiu: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mt 19.6). Considerando que o propósito de Deus exigia que o homem e a mulher fossem uma só carne, qualquer ruptura no casamento contraria a vontade de Deus.
Insatisfeitos, os fariseus fazem uma pergunta suplementar: “Então, porque mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?” (Mt 19.7). Note-se que a pergunta inicial não questionava o divórcio em si, mas se ele era lícito por qualquer motivo. Eles queriam dizer que o Mestre estava contrariando a lei ao questionar a decisão de Moisés. Jesus explicou que Moisés permitiu dar carta de repúdio às mulheres, por causa da dureza dos corações, o que os tornava insensíveis. Moisés visou proteger as mulheres do abandono pelos maridos de coração duro, o que as exporia à prostituição e à miséria. Com a carta, estariam livres para uma outra união. Entretanto, Jesus quis externar sua doutrina, de “caráter permissivo” acrescida de uma exceção. Ao invés de satisfazer o desejo dos fariseus, que admitiam o divórcio por qualquer motivo, o Mestre disse: “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério” (Mt 19.9). A palavra grega para prostituição é porneia , que aparece 26 vezes no Novo Testamento, significando prostituição, incastidade, fornicação, adultério, imoralidade.
III. O DIVÓRCIO NAS EPÍSTOLAS
1. Morte para a lei (Rm 7.1-3). Há quem use essa passagem como argumento contrário ao divórcio. Aqui, o apóstolo Paulo se dirige aos judeus crentes (“pois falo aos que sabem a lei”), mostrando-lhes que não mais estão sujeitos à lei, pois, a exemplo de uma mulher viúva, estão livres para outro casamento, isto é, para pertencer a outro, que é Cristo. O texto, na realidade, não trata do divórcio.
2. Aos casais crentes (1Co 7.10). “Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”. Esta passagem refere-se aos “casais crentes”, os quais não devem divorciar-se. Essa é a “regra geral”. Se não houver algum dos motivos permissivos (Mt 19.9 e 1Co 7.15), não há qualquer justificativa para o casal se divorciar, mas em caso de desarmonia, buscar o caminho da reconciliação.
3. Aos casais mistos (1Co 7.12,13). “Mas, aos outros, digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe”. Mas, há casos em que a convivência do crente com o descrente (ou desviado), torna-se uma verdadeira escravidão. Não deve partir do fiel a iniciativa da separação, mas se o cônjuge descrente quiser a separação, o crente não pode ficar “sujeito à servidão” (v.15). Após o tal divórcio, o cristão fica livre para casar-se de novo. “Nesse caso, o crente fiel já não está escravizado aos seus votos conjugais” (Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD).
CONCLUSÃO
A igreja deve, buscando ao Senhor, sempre ajudar a salvar os casamentos em perigo, enquanto procura desestimular o divórcio.
Complexo: Confuso, complicado, intricado.
Contumaz: Que ou quem tem contumácia — grande teimosia,
obstinação, afinco, pertinácia.
Exílio babilônico: Em 606 antes de Cristo, o rei Nabucodonosor
(e seu exército) invadiu e destruiu Jerusalém e o Templo de Salomão e
levou Judá para o cativeiro, na Babilônia, inclusive Daniel, o
profeta. Setenta anos depois (536 aC.) deu-se o retorno.
Lícito: Conforme a lei, legal; justo, admissível,
permissível.
Linhagem: Genealogia, geração, estirpe, família.
Perspectiva: Aspecto sob o qual uma coisa se apresenta; ponto
de vista.
Polêmico: Debate oral; questão, controvérsia.
Repúdio: Rejeitar, repelir, recusar; abandonar, desamparar.
Analisando o Divórcio à Luz da Bíblia. Ezequias Soares,
CPAD.
Ética: As Decisões Morais à Luz da Bíblia. Arthur F.
Holmes, CPAD.
Mulheres Ajudando Mulheres. Fitzpatrick & Cornish (eds.), CPAD.
1. De acordo com Dt 24.1, quando o homem podia divorciar-se da esposa?
R. Quando não achasse “graça em seus olhos”, “porneia achar coisa feia”.
2. Que era a “carta de divórcio”?
R. Era um documento legal, fornecido à mulher repudiada, a qual ficava livre para casar de novo.
3. Para Jesus, qual a exceção que permite o divórcio?
R. A prática de infidelidade prostituição, ou infidelidade conjugal.
4. A quem se dirige Paulo em Romanos 7.1-3?
R. Aos judeus crentes.
5. Defina a palavra repudiar.
R. Rejeitar a esposa legalmente; repelir, recuar, abandonar, desamparar.
Subsídio Bibliológico
“O divórcio foi aprovado pela Lei 6.516, de 26/12/1977. Está previsto no artigo 226 da Constituição Federal do Brasil. Isso não significa que a igreja seja obrigada a admitir o divórcio por qualquer motivo, salvo as pessoas que só conheceram a Jesus quando já estavam nessa situação (Jo 6.37). Surge, por isso, a necessidade de a igreja legislar sobre o assunto, uma vez que o Senhor Jesus lhe conferiu essa autoridade (Mt 16.19; 18.16-18). As igrejas, ministérios e convenções devem estabelecer critérios, criando comissões para deliberar sobre o divórcio. Trata-se de um assunto extremamente complexo.
Há muito poucas referências ao divórcio nos primeiros séculos do Cristianismo. Alguns dos pais da Igreja, Agostinho, por exemplo, considerou o casamento um sacramento. Com base nessa visão é que a Igreja Católica, ainda hoje, não permite o divórcio.
Os reformadores não consideravam o casamento como um sacramento; tinham uma visão mais voltada para a Bíblia, e não para a longa tradição da Igreja Católica. A Igreja Anglicana apresenta dois relatórios: O Casamento, o Divórcio e a Igreja, de 1971, e um outro, de 1978: O Casamento e a Tarefa da Igreja. Segundo a Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, esses relatórios recomendavam que a Igreja da Inglaterra relaxasse sua regra rigorosa, atual, de que nenhuma pessoa com cônjuge ainda vivo pode se casar na igreja, embora pessoas divorciadas, que tenham permissão para tal, possam ser admitidas à Santa Comunhão” (Analisando o Divórcio à Luz da Bíblia. CPAD, pp.53,54).