Título: O sofrimento dos justos e o seu propósito
Comentarista: Claudionor de Andrade
Lição 5: Ainda reténs a tua integridade?
Data: 02 de Fevereiro de 2003
“Julga-me, SENHOR, conforme a minha justiça e conforme a integridade que há em mim” (Sl 7.8).
O Cristianismo é a religião da integridade. Os que o professam têm a obrigação de agir com inteireza de caráter quer na vida particular, quer na social e espiritual.
Segunda — Sl 15.2
A sinceridade é a característica do crente
Terça — Sl 25.21
A sinceridade guarda o crente
Quarta — Pv 2.7
A sinceridade é escudo para o crente
Quinta — Pv 19.1
A sinceridade é melhor que a riqueza
Sexta — 1Co 5.8
A sinceridade é alimento
Sábado — Tt 2.7
O crente deve ser um exemplo de sinceridade
Jó 31.1,2,16-18,23-28.
1 — Fiz concerto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?
2 — Porque qual seria a parte de Deus vinda de cima, ou a herança do Todo-Poderoso desde as alturas?
16 — Se retive o que os pobres desejavam ou fiz desfalecer os olhos da viúva;
17 — ou sozinho comi o meu bocado, e o órfão não comeu dele
18 — (porque desde a minha mocidade cresceu comigo como com seu pai, e o guiei desde o ventre da minha mãe);
23 — Porque o castigo de Deus era para mim um assombro, e eu não podia suportar a sua grandeza.
24 — Se no ouro pus a minha esperança ou disse ao ouro fino: Tu és a minha confiança;
25 — se me alegrei de que era muita a minha fazenda e de que a minha mão tinha alcançado muito;
26 — se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, caminhando gloriosa;
27 — e o meu coração se deixou enganar em oculto, e a minha boca beijou a minha mão,
28 — também isto seria delito pertencente ao juiz; pois assim negaria a Deus, que está em cima.
Há quem diga que era mais fácil ser um crente fiel nos dias de Jó que nos de nosso tempo. Entretanto, sabemos que as dificuldades de se manter uma vida santa diante de Deus sempre foram as mesmas. A pureza de Jó era consequência de um conceito de vida, da convicção de que “o temor do Senhor é a sabedoria” (28.28). O patriarca não só absteve-se da contaminação pela luxúria, adultério, imoralidade e corrupção de seus dias como também manteve-se íntegro em seus pensamentos mais íntimos (vv.1,7,9). E nós, que esforço temos feito nesse sentido?
Após esta aula, seu aluno deverá estar apto a:
Uma das expressões com que Deus define o caráter de Jó é integridade. Em todos os aspectos de sua vida, Jó não permitiu que houvesse brecha. Mesmo estando em condição vil, ele não cedeu à tentação, não perdeu a fé e não se deixou influenciar pelos constrangimentos. Além disso, voltou o olhar para si mesmo tentando encontrar uma resposta.
Tão diferente do que vemos hoje, quando é muito comum transferir responsabilidades, em todos os níveis, à semelhança de Adão que não titubeou em acusar Eva ao ser questionado por seu pecado: “A mulher que tu me deste…”. Avaliar a própria conduta deve ser primordial em meio à provação. Se for pecado, busque arrependimento. Se for tentação, resista.
Inicie a aula estabelecendo paralelos entre os termos integridade e corrupção. Peça aos alunos que relacionem características de um indivíduo íntegro e um corrupto. Anote no quadro-de-giz e discuta com eles sobre a atualidade do tema. Busque exemplos na Bíblia e no cotidiano que ilustrem o assunto. Leve-os a entender que é tênue a linha que separa os dois lados. O agente que pode desestabilizar o indivíduo é a tentação. A chave que pode sustentá-lo é a fé. Deixe claro que qualquer ser humano está sujeito a provações, porém, Deus não o deixará ser tentado além do que pode suportar. No momento certo Ele diz: Basta!
INTRODUÇÃO
“Ainda reténs a tua integridade?”. Embora ciente de que a integridade do patriarca não lhe era um mero ornamento, mas algo inerente ao caráter, a esposa de Jó queria saber se, apesar de todas aquelas provas, conservava ele a perfeição moral e espiritual (Jó 2.9).
Sim, ainda reténs a tua integridade? Como se haverá você diante dessa pergunta? Se chegou o momento de respondê-la, não vacile; aja com firmeza e determinação. De sua resposta, depende o seu destino eterno.
I. O QUE É A INTEGRIDADE
Exige o Todo-Poderoso sejam perfeitamente íntegros os seus filhos (Pv 14.2). Do justo Abel ao amoroso João, todos os santos da Bíblia porfiaram em cultivar um elevadíssimo caráter. Através de suas obras de justiça, mostraram eles que o homem de Deus tem de ser a maior referência moral numa sociedade que jaz no maligno (Hb 11.32,33).
1. A integridade. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, integridade é uma palavra que comporta os seguintes significados: inteireza, retidão, imparcialidade, inocência e pureza.
Na Versão Corrigida de Almeida, o termo sinceridade pode ser mais precisamente traduzido por integridade à luz do original. Apesar de esses termos serem sinônimos, o segundo (integridade) é mais enfático. Na língua portuguesa da época de Almeida, o termo mais corrente era o primeiro (sinceridade). Empregamos aqui integridade em virtude de sua expressividade e vigor, e por retratar, de maneira vivida, a postura daquele que jamais negocia a sua fidelidade ao Senhor.
2. A importância da integridade no caráter do cristão. No Salmo 15, descreve Davi o caráter do verdadeiro cidadão do céu que, de conformidade com as demandas divinas, tem de ser comprovadamente íntegro.
No Novo Testamento, as exigências não são menores. Ao proferir o Sermão do Monte, insta-nos o Senhor a sermos perfeitos como perfeito é o Pai Celeste (Mt 5.48). Como, porém, alcançar a perfeição daquEle que é a suma perfeição? De qualquer forma, somos exortados a ser imitadores de Deus (Ef 5.1).
Se não lograrmos o padrão estabelecido por Cristo no Sermão do Monte, jamais poderemos ser contados entre os seus discípulos (Jo 8.31).
Ainda reténs a tua integridade?
II. A INTEGRIDADE SEXUAL
Apesar de aqueles povos tolerarem a poligamia, Jó optou pela monogamia conforme a prescrição divina consignada em Gênesis 2.24. Tinha ele apenas uma mulher. Jamais aproveitou-se de seu poder econômico para montar um harém, ou sustentar secretamente uma concubina. Infelizmente, seu exemplo não seria seguido por outros piedosos varões como Abraão, Jacó, Davi e Salomão.
Seu ideal de pureza transcendia os costumes de seu tempo; o mais importante, para ele, era adorar a Deus na beleza de sua santidade.
1. O ideal de castidade de Jó. O patriarca possuía um padrão de castidade e pureza mui semelhante ao que o Senhor delineou no Sermão da Montanha: “Qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5.28). Ouçamos, agora, o que disse Jó quando protestava sua inocência: “Fiz concerto com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem?” (Jó 31.1).
Se o pecado tem início com um olhar lascivo, por que se deixar prender pela concupiscência dos olhos? (Pv 6.25; 1Jo 2.16). Não foi exatamente isso que instigou Davi, o homem segundo o coração de Deus, a cometer aquele grosseiro pecado? (2Sm 11.1-3).
2. A integridade sexual do filho de Deus. Alguns varões como Jó e José cumpriram de forma absoluta e completa o sétimo mandamento, apesar de haverem vivido num período anterior ao Decálogo (Êx 20.14). Mais tarde, em seus Provérbios, exorta-nos Salomão: “Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te prendas com os seus olhos” (Pv 6.25). Basta um olhar permissivo para o homem de Deus começar a perder a sua visão espiritual.
Se Jó fez uma aliança com os seus olhos, a fim de não pecar contra Deus, por que agiríamos doutra forma? (Mt 5.29). Muitas são as facilidades, hoje, para se deixar arrastar pela impureza sexual (Mt 24.12). Aí está a televisão com seus programas imorais; a internet com as suas armadilhas; a pornografia exposta nas bancas. Que tenhamos, pois, a mesma atitude do salmista: “Não porei coisa má diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se desviam; nada se me pegará” (Sl 101.3).
De todos nós exige o Senhor integridade sexual. O crente que se entrega ao adultério, à fornicação e à pornografia, jamais poderá firmar-se nos caminhos divinos.
III. A INTEGRIDADE SOCIAL
Jó era um homem que levava a sério a integridade e a justiça sociais (Jó 31.16-18). Infelizmente, não são poucos os cristãos que fazem de sua vida uma infundada e cômoda dicotomia. Hipócrita e impiamente, alegam que não têm por hábito misturar a sua vida social com a espiritual. Todavia, as Sagradas Escrituras desconhecem este binômio. O que o crente é, na igreja, deve também sê-lo na vida particular (1Co 10.32).
1. O que é a integridade social. É a inteireza com que cumprimos nossos deveres como membros de uma sociedade política e juridicamente organizada. Isto implica na observância rigorosa e ética das leis, jamais procurando casuísmos, ou brechas jurídicas, para descumpri-las.
2. Em que consiste a integridade social do crente. Não deve o crente limitar-se a observar as leis; tem de transcendê-las em seu cumprimento, praticando a justiça requerida nas Sagradas Escrituras. Se nos limitarmos a guardar formalmente as leis dos homens, como nos haveremos ante as demandas de Deus? A maioria dos ímpios assim não age? Eles o fazem com medo das penalidades terrestres; fazemo-lo, contudo, pois esperamos as recompensas eternas. Além de observar as leis, cumpre-nos amparar os órfãos, socorrer as viúvas e assistir os mais necessitados (Tg 1.27). Portanto, se a nossa justiça não exceder a dos filhos deste mundo, jamais seremos considerados filhos de Deus (Mt 5.20).
Tem você praticado a justiça? Tem sido correto com os seus empregados? Tem se importado com os mais carentes? Lembre-se: Deus tudo vê, e exige sejamos corretos em toda a nossa maneira de ser e existir.
IV. A INTEGRIDADE ESPIRITUAL
O que é a integridade espiritual? É a fé no Deus Único e Verdadeiro e na salvação que nos providencia Ele por intermédio de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Amado e Unigênito Filho. A integridade espiritual implica em se confiar plenamente em Deus, e consultar-lhe a vontade através da Bíblia Sagrada que é a sua inspirada, inerrante e infalível palavra.
1. A confiança de Jó. Embora rico, o patriarca jamais pôs a sua esperança no ouro; sabia que este, apesar do brilho, não pode garantir-nos a verdadeira felicidade. Ele mesmo o confessa: “Se no ouro pus a minha esperança ou disse ao ouro fino: Tu és a minha confiança” (Jó 31.24).
A confiança de Jó tinha como eixo a sua fé no Todo-Poderoso. Fiasse ele em suas riquezas, não poderia haver resistido àquelas intempéries. Pois, num só dia, desapareceram-lhe todos os haveres; foi lançado literalmente na indigência material. E se espiritualmente não fosse rico? Como sua esperança estivesse centrada em Deus, pôde se haver com paciência e coragem em todos aqueles transes.
2. Consultava única e exclusivamente a Deus. Jó não consultava nem as estrelas nem se dava aos sortilégios tão comuns naqueles dias. Sabia ele que a resposta certa vinha do Senhor como ele mesmo o diz: “Se olhei para o sol, quando resplandecia, ou para a lua, caminhando gloriosa; e o meu coração se deixou enganar em oculto, e a minha boca beijou a minha mão” (31.26,27).
Se você necessita da resposta divina, consulte a Bíblia Sagrada. Não se deixe prender pelos sortilégios nem pelos que dizem conhecer o futuro, nem pelos inovadores e falsificadores da Palavra de Deus. Se entregamos o nosso passado a Deus, e se Ele está presente em nosso presente, por que lhe não confiar, também, o futuro?
CONCLUSÃO
Você ainda retém a sua integridade? Ou já se conformou com este mundo? Os que o rodeiam podem atestar-lhe a idoneidade moral e espiritual? Sua vida é um protesto contra o pecado? Ou um aval para as coisas que vêm ocorrendo neste século que jaz no maligno?
Subsídio Teológico
“José exemplifica o que as Escrituras nos dizem para fazer quando uma tentação sexual agressiva nos encarar. Ele fugiu e escapou. As Escrituras relatam uma das conversas de José com uma esposa teimosa de seu senhor em Gênesis 39.8,9: ‘Porém ele recusou e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo e entregou em minha mão tudo o que tem. Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher; como, pois, faria eu tamanho mal e pecaria contra Deus?’. O segredo do sucesso de José contra a tentação foi que ele a viu através do ponto de vista de Deus. Ele entendeu que o adultério era ‘mau’ e iria romper a confiança de seu mestre. Ele também estava bastante ciente da presença e santidade de Deus. Ele sabia que o adultério é um ‘pecado’ contra Deus; portanto, ele escapou.” (Pureza Sexual: Como Vencer Sua Guerra Interior. CPAD, p.139).
Subsídio Teológico
“Atitudes falam mais alto do que mil palavras. Quando o nosso comportamento não condiz com o que falamos, de nada adiantam eloquência e verbosidade, porque o que fica é a marca do que fazemos. As palavras vão ao vento, mas os traços do nosso exemplo, bom ou ruim, permanecem. A falta de lisura e nitidez em nossas ações leva-nos à perda da credibilidade naquilo que propormos e à consequente ausência de relevância do ponto de vista da fé. Foi o testemunho de Eliseu que permitiu à sunamita identificá-lo como homem de Deus.
Nossos atos podem ser positivos ou negativos e sempre terão influência para o bem ou para o mal. Quanto mais a nossa vida é exposta ao público, os rastros de nossas ações terão número cada vez mais considerável de seguidores que, em muitos casos, não questionarão o que fazemos, mas copiarão o nosso modelo, tal é força do exemplo” (Transparência da Vida Cristã. CPAD, p.51).
Aval: Apoio moral ou intelectual.
Casuísmo: Conjunto de medidas que, no campo do direito e da moral, buscam beneficiar concretamente pessoas ou situações, sem aplicação de preceitos gerais.
Concubina: Mulher ilegítima.
Consignada: Afirmada, declarada, estabelecida.
Demanda: Reclame, exigência.
Delinear: Esboçar; descrever de modo sucinto; expor em linhas gerais.
Fiar: Esperar, acreditar, confiar.
Harém: Conjunto de mulheres legítimas, concubinas, parentas e serviçais de uma casa muçulmana.
Inerente: Ligado estruturalmente; que por natureza é inseparável de alguma coisa.
Intempérie: Os rigores das variações das condições atmosféricas (temperatura, chuvas, ventos, umidade); mau tempo.
Monogamia: Estado conjugal em que um homem desposa uma única mulher ou, uma mulher, um só marido.
Ornamento: Aquilo que ornamenta; ornato, adorno.
Poligamia: Estado de ter mais de um cônjuge ao mesmo tempo.
Porfiar: Fazer empenho; teimar, insistir; competir, concorrer.
Refugado: Posto de lado; desprezado.
Transe: Momento aflitivo; crise de angústia; ocasião perigosa, combate, morte.
Sortilégio: Malefício de feiticeiro; bruxaria; sedução exercida por dotes naturais ou por artifícios diabólicos.
Transcender: Ser superior a; exceder; ultrapassar, elevar-se acima de.
Decálogo: Assim chamados os Dez Mandamentos que, por intermédio de Moisés, o Senhor entregou a Israel.
Dicotomia: Divisão de qualquer coisa em duas partes. Na antropologia teológica, é a corrente que defende a natureza humana constituída de duas partes distintas: matéria e espírito, corpo e alma.
A Síndrome do Canto do Galo. Elienai Cabral, CPAD.
A Transparência da Vida Cristã. Geremias do Couto, CPAD.
Disciplinas do Homem Cristão. R. Kent Hughes, CPAD.
1. O que é integridade?
R. Inteireza, retidão, imparcialidade, inocência e pureza.
2. O que é a integridade sexual?
R. Um padrão de conduta casto, monogâmico, dos que não se entregam ao adultério, à fornicação, à lascívia e à pornografia.
3. O que é integridade social?
R. É a inteireza de caráter com que cumprimos nossos deveres como membros de uma sociedade política e juridicamente organizada.
4. O que é a integridade espiritual?
R. É a fé no Deus Único e Verdadeiro e na salvação por intermédio de Jesus Cristo.
5. Ainda reténs a tua integridade?
R. Resposta pessoal.