LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 2003

 

Título: Mordomia Cristã — Servindo a Deus com excelência

Comentarista: Elienai Cabral

 

 

Lição 2: A importância da mordomia cristã

Data: 12 de Outubro de 2003

 

TEXTO ÁUREO

 

E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus(Rm 12.2).

 

VERDADE PRÁTICA

 

A administração sábia e eficiente dos bens que Deus nos outorgou implica conhecermos, biblicamente, os propósitos da Sua vontade para conosco.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — 1Pe 1.17

Devemos viver a vida no temor de Deus

 

 

Terça — Lc 1.74,75

Devemos viver a vida no serviço de Deus

 

 

Quarta — Rm 14.8; Fp 1.21

Devemos viver a vida para Deus

 

 

Quinta — Rm 12.18; Hb 12.14

Devemos viver a vida na paz

 

 

Sexta — 1Ts 5.15

Devemos viver a vida na prática do bem

 

 

Sábado — 1Co 16.13; Ef 5.15

Devemos viver a vida com cuidado

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Colossenses 3.1-11.

 

1 — Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.

2 — Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra.

3 — Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.

4 — Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória.

5 — Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria;

6 — pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;

7 — nas quais também, em outro tempo, andastes, quando vivíeis nelas.

8 — Mas, agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca.

9 — Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos;

10 — e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.

11 — onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos.

 

PONTO DE CONTATO

 

A única maneira pela qual podemos administrar com eficiência a riqueza que Deus nos confiou, seja ela no campo emocional, social, material ou espiritual é aplicando nossos recursos segundo a matemática de Deus. Qual será o rendimento diário para um investimento em perdão? O que aconteceria se utilizássemos nossas economias de conhecimento (intelectual) para adquirirmos cotas de ações de sabedoria? Quanto lucraríamos se colocássemos em depósito um montante de compaixão somada a certa quantidade de misericórdia, com rentabilidade menor que 1% (ao dia, ao mês, ao ano…) já que as circunstâncias de mercado podem nos ser pouco favoráveis? Às vezes somos tentados a pensar, da mesma forma que aquele servo indolente. Usamos nossa lógica para nos convencer de que nossa utilidade está em promover a maravilha da multiplicação, quando, na verdade, Deus quer apenas a nossa pequena porção de farinha e azeite porque operação de maravilhas é Ele quem realiza. Medite nisto.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, seu aluno deverá estar apto a:

 

  • Identificar o objetivo da doutrina da mordomia.
  • Explicar o propósito divino na vida de Pedro e de Paulo.
  • Compreender a razão do tribunal de Cristo.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Zelo, fidelidade e diligência estão intrinsecamente ligados ao exercício da mordomia a qual reúne os aspectos material e espiritual na experiência cotidiana da vida cristã.

Onde quer que se encontre, o crente deve levar em conta em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça. Deus nos criou com propósitos definidos mas esta realização depende de nós.

Executar a vontade de Deus requer disposição, confiança e obediência. Precisamos buscar a Deus para conhecermos sua vontade.

Assim como o senhor da parábola dos talentos voltou para pedir contas, nós igualmente, um dia, estaremos perante o Tribunal de Cristo. Portanto, é dever de cada crente viver e agir segundo o propósito divino e administrá-lo de forma a receber a aprovação “bem está servo bom e fiel […]”. Você está preparado para isto?

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Traga uma figura grande de uma igreja e outra de um globo terrestre ou então desenhe no quadro de giz (A figura da igreja representará a Igreja e a do globo representará o mundo). Cole as figuras no quadro de giz. Escreva em tiras de papel as obras da carne citadas na leitura bíblica: prostituição, impureza, glutonaria, avareza, ira, cólera, malícia, maledicência, palavras torpes, etc. Depois distribua entre os alunos. Leia em voz alta e conforme elas forem citadas os respectivos alunos devem se levantar e colar as tiras no “mundo”. Quando terminar, peça aos alunos que visualizem a “forma do mundo” e a “forma da igreja” para que eles percebam a diferença. Fale sobre a responsabilidade que temos em conservar a nossa vida santa, como corpo de Cristo, para que resplandeçamos (façamos a diferença) neste mundo de trevas.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

A doutrina da mordomia cristã tem suas origens no Antigo Testamento. No cristianismo bíblico, a prática da mordomia cristã evidencia o senhorio de Cristo, uma vez que Ele é Senhor sobre todas as coisas criadas (Fp 2.9-11; Cl 1.16-19; At 2.36). O conhecimento e a prática da doutrina da mordomia pelo cristão desenvolve nele os conceitos bíblicos dessa doutrina e motiva-o a dedicar-se cada vez mais à causa do Senhor e à prática do bem em relação aos seus semelhantes, sua família, seu trabalho e sua igreja local.

 

 

I. MORDOMIA DO PONTO DE VISTA CRISTÃO

 

Mordomia no sentido comum, secular e popular tem má conotação. Mas, no sentido cristão, é, como já vimos, a administração dos bens de outrem. Ela implica, de igual modo, responsabilidade de administrar os nossos próprios bens espirituais, morais e materiais, segundo o supremo ideal de vida, que é Cristo (Cl 3.4; Jo 13.15; 1Jo 2.6). De fato, toda a vida de Cristo e seus ensinos devem ser a base imutável da mordomia cristã. Vejamos alguns ensinos bíblicos para os que desejam administrar sabiamente sua vida sobre a terra.

1. A mordomia cristã reúne o espiritual e o material na experiência cotidiana. Na verdade, toda nossa vida, tanto na esfera física ou material, como na espiritual, tem a ver com Deus. Cada atividade da nossa vida é preciosa para Deus, pois pertencemos a Ele. No trabalho, no escritório ou na fábrica, na vida pública, no lar ou viajando, não podemos separar as duas coisas. Cada pensamento, cada olhar, cada movimento nosso, tudo, enfim, que se passa conosco, está patente aos olhos de Deus. Sua imanência torna-o presente em tudo o que fazemos. Não podemos separar, neste aspecto, atividades religiosas e atividades seculares. Em todo o tempo a mordomia cristã implicará em sabermos colocar o reino de Deus em primeiro plano (Mt 6.33).

2. A mordomia cristã desenvolve o senso de responsabilidade com a vida. A Bíblia nos exorta: “Não sejais vagarosos no cuidado” (Rm 12.11). O crente deve, pois, com a graça de Deus e o poder do Espírito Santo ser sempre zeloso, fiel e diligente em suas atividades na igreja. O crente precisa também administrar a sua vida, de modo geral, espiritual e material com elevado senso de responsabilidade. Desmazelo e desorganização na vida material e espiritual são próprios de quem não conhece e nem pratica a mordomia cristã. Segundo os ensinos das Sagradas Escrituras, atitudes como pontualidade no cumprimento dos deveres materiais e sociais e honestidade no trabalho e no trato com as pessoas são valores morais basilares na administração da vida.

3. A mordomia cristã inclui prestação de contas. Na parábola denominada O mordomo infiel, Jesus relatou a história de um mordomo fraudulento que usava de astúcia para tirar proveito para si em detrimento dos outros. Porém, o senhor daquele servo infiel exigiu dele “prestação de contas” (Lc 16.2). Jesus incriminou os religiosos fariseus por sua hipocrisia e corrupção no trato das coisas sagradas e seculares que eles administravam. Nós, filhos de Deus, como seus servos, compareceremos um dia perante o Tribunal de Cristo para recebermos segundo o que tivermos feito neste mundo (2Co 5.10; Rm 14.12; Mt 16.27; Lc 14.14; Ef 6.8).

 

 

II. A MORDOMIA CRISTÃ VALORIZA A VIDA HUMANA

 

Desde que o homem pecou, vive a perguntar (isto é, o homem natural): “Por que estou aqui?”; “Qual a razão da minha existência?”; “Qual o sentido da minha vida?”; “Por que existo?”. Independente de cor, etnia, “status social”, estas perguntas estão na mente de cada pessoa. O autêntico cristão não faz tais perguntas, pois, vivendo na luz de Cristo, ele sabe que tudo isto está relacionado ao seu papel de servo e mordomo do Senhor. Mas, quanto ao incrédulo, sua mente obscurecida pelo pecado, nada vê, nem entende, daí essas perguntas milenares sem razão de ser.

1. Para todas as coisas Deus tem um propósito. O que aprendemos na Bíblia é que Deus nos criou com propósitos definidos, mas a realização feliz dos mesmos dependerá de nós. O pecado preteriu o alvo do propósito divino, mas Jesus Cristo veio para restaurar o homem ao plano divino original; por isso, Ele se constitui no supremo ideal de vida para o homem (Cl 1.28; 2.10). Toda a vida de Cristo e seus ensinos constituem a base principal para a realização desse propósito.

2. O propósito de Deus para a nossa vida. Deus quer que cumpramos nosso papel consoante o seu propósito divino. Temos nisto o exemplo de dois grandes apóstolos: Pedro e Paulo. Ambos foram chamados para pregar o Evangelho de Cristo e estabelecer a igreja na terra. Porém, cada qual tinha um propósito diferente. Pedro compreendeu que o propósito de Deus para sua vida era o de ser um líder entre os cristãos judeus, e convencê-los de que Deus estava agregando à igreja os gentios (At 10). Paulo, por outro lado, estava convicto de que o propósito de Deus em seu ministério era o de levar o Evangelho às terras gentias (Gl 2.7,8). Cada crente deve viver e agir segundo o propósito divino para a sua vida e procurar administrá-lo de forma a não estar em falta no dia do Tribunal de Cristo.

 

 

III. A MORDOMIA CRISTÃ HUMANA SEGUNDO A VONTADE DIVINA

 

A Bíblia fala da oração para que o crente seja cheio do conhecimento da vontade do Senhor (Cl 1.9). A mordomia cristã requer do cristão disposição, confiança e obediência na execução da vontade de Deus para a sua vida.

Há pelo menos três modos de identificar a vontade divina e administrá-la em nossa vida.

1. A vontade absoluta de Deus (Rm 8.28-30). É a sua soberana e imutável vontade, que não pode ser alterada. É aquela vontade que envolve todos os detalhes do universo e está oculta ao conhecimento humano. É aquela vontade que segue o seu curso estabelecido dentro daquilo que Deus determinou. Se reconhecermos Sua vontade absoluta, não discutiremos como Ele a realiza, porque Ele é o Oleiro e nós somos o barro. Ele é a Videira, nós somos apenas os ramos. Ele é o Senhor, nós, os seus servos. Se é Ele quem está no comando, nós apenas fazemos o que Ele nos ordena fazer, e mesmo assim fazemos tudo imperfeito, incompleto. Ora, se entendermos a vontade absoluta de Deus, também, entenderemos que a mesma é santa, justa e boa.

2. A vontade permissiva de Deus. Refere-se ao poder de Deus de permitir, como e quando Ele quiser, algum evento, positivo ou negativo. Por exemplo: Deus permite ao homem a livre escolha, mas não aprova o pecado. O homem pode escolher pecar, mas Deus o previne e o julga pelo pecado que cometer. Deus é Santo, portanto o pecado será sempre abominável perante os seus olhos. Muitas vezes, o crente passa por privações que Deus permite. Não que Ele tenha prazer no sofrimento do seu servo, mas Ele o permite para que o crente aprenda as lições da vida espiritual que lhe faltam. Deus tem o poder de fazer prevalecer a sua vontade e impedir qualquer ação contrária seja de quem for. Porém, Deus em sua onisciência, sabedoria e providência nem sempre interfere. Ele pode, sim, permitir ou não o que Ele quiser, conforme a sua perfeita justiça e retidão, para salvar, corrigir, alertar e assim por diante (2Cr 32.21; Sl 81.12,13; Os 4.17; At 14.16; Rm 1.24,28).

3. A vontade preventiva de Deus. Diz respeito à ação de Deus para prevenir o homem de algum mal ou pecado (Gn 20.6; 31.24; Sl 19.13). Quando o crente mantém plena comunhão com Ele, é prevenido muitas vezes dos perigos que podem ameaçar a sua vida em todas as esferas.

 

 

CONCLUSÃO

 

Zelo, fidelidade e diligência devem caracterizar a mordomia cristã em todos os seus aspectos.

O servo fiel será recompensado na mesma proporção de seu empenho em cumprir as determinações divinas.

O Tribunal de Cristo será instituído para fins de apuração do cumprimento destas determinações executadas pelo crente na terra.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“Deus é bom e criou um mundo perfeito. Contudo, uma das coisas que torna os seres humanos (e os anjos) entidades inteligentes é a liberdade. Eles tinham a liberdade de escolher obedecer a Deus ou se distanciar dEle. E para se distanciar de Deus, a fonte de toda a bondade, era necessário criar o mal. O mal é criado pelo pecado.

A decisão de pecar foi tomada no reino espiritual por Satanás e outros anjos, seres inteligentes capazes de genuínas escolhas morais; o pecado então entrou no nosso mundo através das livres escolhas morais feitas pelos primeiros seres humanos, Adão e Eva. De lá, a praga espalhou-se por toda a história por causa das livres escolhas morais que os seres humanos continuam a fazer […].

[…] Entretanto, se Deus sabia de antemão que faríamos tal bagunça com as coisas, diz o cético, por que deixou que isso acontecesse? Por que nos criou com a capacidade de pecar? Pergunta justa. Mas pense com cuidado sobre o que isso significa. Para que Deus assegurasse que nós não pudéssemos pecar, ele teria de mexer no nosso livre-arbítrio — para nos criar não como seres humanos completos, mas como marionetes ou robôs programados para fazer somente o que Ele quisesse. Isso, porém, nos faria incapazes de amar a Deus ou a outro semelhante, pois o amor genuíno não pode ser coagido. Também, sem livre-arbítrio, não seríamos capazes de responsabilidade moral, criatividade, obediência, lealdade ou heroísmo. A única maneira pela qual Deus poderia criar seres que fossem completamente humanos era correr o risco de que eles usassem sua liberdade para escolher o mal.

 

GLOSSÁRIO

 

Basilar: Essencial, fundamental, básico.

Conotação: sentido figurado, ou subjacente, às vezes de teor subjetivo, que uma palavra ou expressão pode apresentar paralelamente ao sentido em que é empregada.

Etnia: Grupo biológico e culturalmente homogêneo.

Implicar: Tornar indispensável; demandar, requerer.

Outorgar: dar, conceder.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

A Mente Renovada por Deus. Kimball Hodge, CPAD.

Dicionário Teológico. Claudionor de Andrade, CPAD.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Qual a base imutável da mordomia cristã?

R. A vida de Cristo e seus ensinos.

 

2. Para que os justos deverão comparecer um dia perante Cristo?

R. Para receber recompensa, segundo o que tiverem feito neste mundo.

 

3. Qual o propósito divino na vida de Pedro e Paulo?

R. Pedro — ser um líder entre os cristãos judeus e convencê-los de que Deus estava agregando à igreja os gentios. Paulo — levar o Evangelho às terras gentias.

 

4. O que a mordomia cristã requer do crente?

R. Disposição, confiança e obediência na execução da vontade de Deus para a sua vida.

 

5. O que é a vontade absoluta de Deus?

R. É sua soberana e imutável vontade, envolve todos os detalhes do universo e está oculta ao conhecimento humano.