Título: Mordomia Cristã — Servindo a Deus com excelência
Comentarista: Elienai Cabral
Lição 6: A mordomia da alma
Data: 09 de Novembro de 2003
“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7).
A alma humana é dotada de poderes inatos como inteligência, emoção e livre-arbítrio, o que a torna altamente responsável.
Segunda — Dt 11.13
Servir ao Senhor de toda a nossa alma
Terça — 1Rs 8.48
Conversão a Deus de toda a alma
Quarta — Dt 4.29
Buscar ao Senhor de toda a nossa alma
Quinta — Sl 23.3
A restauração da alma
Sexta — Sl 35.9
A alma alegre no Senhor
Sábado — Sl 42.5,11
A alma cansada e abatida
Gênesis 2.7; Deuteronômio 6.5; Salmos 16.10; 41.4; 42.1-6.
Gênesis 2
7 — E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
Deuteronômio 6
5 — Amarás pois o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu poder.
Salmos 16
10 — Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.
Salmos 41
4 — Eu dizia: Senhor, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti.
Salmos 42
1 — Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
2 — A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?
3 — As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: onde está o teu Deus?
4 — Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão; fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor; com a multidão que festejava.
5 — Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença.
6 — Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; portanto lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde os hermonitas, desde o pequeno monte.
Uma das faculdades da alma, estudada nesta lição, é a vontade. Por ela somos impelidos a agir motivados pela razão ou pelo impulso. Associado à vontade está o arbítrio que permite ao homem decidir segundo sua própria consciência.
Como administradores de nossas consciências temos liberdade, delegada por Deus, de escolher o caminho que desejamos trilhar. Distinguir o bem do mal está embutido neste direito. Como salvos, segundo afirma o apóstolo Paulo, “não somos de nós mesmos”. Sendo assim, devemos viver inteiramente submissos ao Eterno: servindo, adorando, amando, perdoando, orando, trabalhando, construindo, cultuando, contribuindo, auxiliando, cantando, exortando, aconselhando, ensinando, compartilhando […] tudo segundo sua vontade, se quisermos cumprir sua Palavra que diz: “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens” (Cl 3.23).
Após esta aula, seu aluno deverá estar apto a:
A alma se expressa por meio do corpo e abriga três faculdades principais: o intelecto, a vontade e o sentimento. Nos salmos de Davi, observamos o quanto somos inconstantes. Alguns dias anelamos imensamente pela presença de Deus; outros, sequer reservamos um instante a sós com Ele. Alegrias e tristezas, abatimento e vigor, dúvidas e certezas, se intercalam frequentemente. Como Pedro, num momento caminhamos sobre o mar, em outro quase nos afogamos. Às vezes, no mesmo dia, alternamos pelo menos três vezes nossos desejos. É impressionante como nossas prioridades são invertidas em tão curto espaço de tempo, o que era imprescindível torna-se dispensável. Este elemento tão instável necessita de que suas faculdades estejam submetidas a Deus, para que nada, nem ninguém nos possa separar do amor de Deus e permitir que percamos a vida eterna.
Nesta lição, você poderá contar esta história ou fazer uma pequena encenação. Um dia uma menina sonhou que sua alma estava sendo leiloada. O primeiro lance oferecido foi o das drogas, “altas viagens” sem sair do lugar, e muitos amigos “legais”; o segundo, foi o da fama: festas, aplausos, capas de revistas e reconhecimento de todos; o terceiro, foi o do dinheiro: carros zero, roupas de grife, mansões e os mais belos homens e mulheres aos seus pés; O leiloeiro impressionado com o lance já ia bater o martelo, quando Jesus surge, no meio de todos, e diz que oferece sua própria vida por aquela alma. Não havendo maior lance, Ele leva a alma. É muito importante que seu aluno saia da aula consciente de que sua alma foi comprada por um preço muito alto e que Jesus pagou este preço porque nos ama.
INTRODUÇÃO
A alma pertence à parte imaterial do ser humano. Certos teólogos liberais influenciados por filósofos como Platão e Descartes, criaram a doutrina da dicotomia, isto é, que o homem consiste apenas de corpo e alma, como se alma e espírito fossem uma só coisa. Fiquemos com a Palavra de Deus! Ela nos basta!
Vejamos nesta lição algo da alma e suas relações com o mundo exterior. Como administrar a alma? Como guardá-la das ameaças? A mordomia da alma implica em administrar as suas fontes vitais que são a mente, a vontade e os sentimentos.
I. OS SIGNIFICADOS DA ALMA HUMANA
Podemos definir alma, primeiramente, como sendo a vida física e inteligente do ser humano, a saber, o ser vivente. Entretanto, ela possui outros significados:
1. Alma com o sentido de respiração da vida. No hebraico do Antigo Testamento a palavra nephesh (alma) significa respiração da vida (Gn 1.24; 2.7), ou vida física. Quando Raquel, esposa de Jacó, morreu, a Bíblia diz: “ao sair-lhe a alma” — nephesh — (Gn 35.18), subentende-se que se trata de vida física. Notemos que a “alma” do filho da viúva de Sarepta voltou a ele (1Rs 17.21,22).
2. Alma significando o sangue (Dt 12.23; Lv 17.14). O sangue representa a vida física, sem a qual não há possibilidade de o homem viver. O sangue é a fonte da vida física, tanto para o homem como para os animais. Por isso, num sentido estrito, a alma pode significar sangue.
3. Alma significando a pessoa física ou corpo. Alguns textos indicam a alma como pessoa física, no sentido de que o corpo é o tabernáculo da alma. É que a alma utiliza o corpo para as suas ações (2Co 5.1; 2Pe 1.13,14).
4. Alma significando o indivíduo. Isto é, a alma como personalidade, para dar distinção a cada pessoa. No latim, a palavra animus significa o ser pensante, racional. Cada alma distingue-se de outra pela individualidade (Rm 13.1).
II. A ADMINISTRAÇÃO DA ALMA COMO VIDA FÍSICA
A vida física do homem é representada por “respiração da vida” (nephesh) e pelo sangue que é a materialização da vida, por isso, a Bíblia denomina o ser humano de “alma vivente”. O sentido do termo alma na Bíblia não é o mesmo que sangue como afirmam certas seitas falsas. Quando a Bíblia diz que a alma está no sangue, como em Deuteronômio 12.23; Lv 17.14, isto apenas ressalta a importância do sangue, sem o qual o homem não pode viver, mas a alma propriamente dita, como componente imaterial do homem, não é o sangue. O corpo sem a vida física nada é e nada pode fazer.
1. Deus é o autor da vida, tanto física como espiritual (Gn 2.7; At 17.28). Toda a vida emana de Deus. Ele é a fonte. Jesus identificou-se como tal, dizendo: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11.25); “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6); “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10.10). O apóstolo Paulo confirmou esta fonte, que é Jesus, dizendo: “Nele foram criadas todas as coisas… Tudo foi criado por meio dele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste” (Cl 1.16,17). Satanás, o homicida, procura tirar nossa vida, de modo direto ou indireto (Jo 10.10; 8.44).
2. O homem é responsável pela preservação de sua vida física. O instinto de autopreservação visa a continuidade do ser humano. No ato da criação, diz a Bíblia, o homem foi feito “alma vivente”. Anteriormente discorremos sobre a mordomia do corpo como obra de Deus. Ele é o instrumento da alma, por isso, deve ser conservado sadio. Somos responsáveis pela vida, por isso devemos vivê-la sensata e inteligentemente (Ec 11.9,10). Várias passagens da Bíblia a definem como sendo limitada (Jó 7.1; 14.5), breve (Jó 14.1; Sl 89.47), como um breve pensamento (Sl 90.9), como a neblina instantânea (Tg 4.14). A despeito das limitações da vida por causa da queda dos nossos primeiros pais no Éden, devemos dar-lhe o devido valor. Ela deve ser vivida no temor de Deus (1Pe 1.17), na prática do bem (Ec 3.12) e no serviço de Deus (Lc 1.74,75).
3. Os hábitos da vida devem ser disciplinados. A vida física, para ser saudável e aprazível, depende muito dos cuidados que devemos ter para conosco. Todo crente deve educar-se, no sentido de evitar os maus hábitos quanto à alimentação, higiene pessoal, descanso para o corpo, etc. Diz a Escritura: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1Co 6.12).
4. Prestaremos conta da nossa vida perante o Senhor. Todas as obras feitas através do corpo serão julgadas na eternidade. Como crentes, nossas obras serão julgadas no Tribunal de Cristo após o arrebatamento dos vivos e a ressurreição dos mortos (2Co 5.10). Os ímpios também prestarão contas um dia, ante o grande Trono Branco, no Juízo Final (Ap 20.11-15).
III. A ADMINISTRAÇÃO DA ALMA COMO PERSONALIDADE
A alma não cessa de existir após a morte do corpo. A imagem e semelhança de Deus no homem refere-se à sua parte imaterial composta de alma e espírito. A parte material (o corpo) foi criada, porém, a parte imaterial foi-lhe outorgada através do sopro divino tornando-o “alma vivente”. A parte imaterial se originou no homem mediante um ato de transmissão, da parte de Deus e não por um ato de criação, como se vê em Gênesis 2.7.
As palavras imagem e semelhança consistem, principalmente, nas características racionais e morais do homem. Não se trata de imagem e semelhança físicas, mas sim espirituais, porque Deus é Espírito (Jo 4.24). Por imagem moral entende-se a capacidade outorgada por Deus aos homens para pensar, raciocinar, escolher livremente.
IV. A ADMINISTRAÇÃO DAS FACULDADES DA ALMA
A mordomia da personalidade abrange três faculdades principais da alma humana, que são: O intelecto, a vontade e o sentimento (afetividade e emoções).
1. A mordomia do intelecto. É a parte da alma humana que pensa, raciocina, decide, julga e conhece. Não devemos confundir o cérebro, que é o órgão físico e palpável, com intelecto.
Diretamente ligados ao intelecto estão a imaginação, a memória e a razão. Esses valores precisam ser administrados pelo homem com zelo e temor de Deus. Caso contrário, tornam-se agências de Satanás contra o reino de Deus.
a) Imaginação. Com ela, o homem idealiza e projeta. A Bíblia fala da geração corrompida dos dias de Noé, salientando que a sua imaginação era má “perante os olhos de Deus” (Gn 6.5). Vivemos num século onde a imaginação tem resultado em inventos fantásticos. Entretanto, não podemos fugir do fato de que a imaginação é, também, utilizada para o mal da sociedade.
b) Memória. Através dela, o homem armazena no cérebro os fatos passados e presentes. Retém ideias e conhecimentos adquiridos.
c) Razão. A razão capacita o homem a pensar, julgar e compreender a relação entre as coisas, distinguir o verdadeiro do falso e o bem do mal (Fp 4.8).
2. A mordomia da vontade. A. H. Strong escreveu sobre a vontade: “Vontade é a aptidão da alma para fazer escolha, e para dirigir suas atividades subsequentes de acordo com a escolha feita”. A vontade não é absoluta, isto é, não age sozinha. Há sempre um poder superior sobre ela. Ela não é algo independente na personalidade humana. A vontade humana está interligada às outras faculdades da alma, como o sentimento e o intelecto.
Paulo, quando falava das suas próprias experiências, dizia: “Pois o querer está em mim” (Rm 7.18). Ele falava da faculdade da vontade da sua alma. O motivo para a ação da vontade era o bem, porém, para praticá-lo, ele precisava estar sob a força do Espírito.
A “carne” age como uma força de persuasão contrária aos motivos da justa vontade (Rm 7.19).
3. A mordomia do sentimento. É a correta direção e controle da parte afetiva do nosso ser. O pecado deturpou os sentimentos humanos escravizando-os e alterando seus valores reais. Ao homem regenerado, é dado um “novo sentimento”, isto é, nova capacidade de sentir, a começar pela manifestação do sentimento divino do amor de Deus derramado nos corações.
CONCLUSÃO
Nossa alma é um bem precioso que precisa ser preservada dos pecados que comprometem e, por fim, destroem a possibilidade de vida eterna com Deus.
Subsídio Teológico
“A alma, em sua essência é ambígua, cheia de contradições e conflitos. Podemos encontrar outro exemplo disso na questão das preferências da alma.
Notadamente, a alma varia nas suas preferências. Ela gosta de fazer ‘altares’ para seus ídolos e desfazê-los com a mesma rapidez que os produziu. A alma tem seus amores e inimigos, mas pode, de repente, promover um de seus inimigos como seu novo amor e um de seus amores como seu novo inimigo. Ela se apaixona facilmente por coisas e seres com a mesma intensidade com que os trai. A alma normalmente é vacilante, indefinida […].
[…] Quantos já não foram enganados pelos seus próprios sentimentos e impulsos? Quantas pessoas já não se enganaram com elas mesmas? Quando pensavam que se conheciam muito bem, as suas almas revelaram características nunca antes percebidas.
[…] Tanto faz reagirmos bem hoje como de repente agirmos tresloucadamente. Às vezes, sentimo-nos, aqui e agora, arrebatados, no vértice da vida, na parte superior da existência, para, momentos depois, nos sentirmos lançados num abismo, arrebentados, afundando-nos nas partes mais abissais, escuras e profundas do ser.
O profeta Jeremias, inspirado pelo Espírito Santo, já dizia no livro que leva o seu nome: ‘Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?’ (Jr 17.9).
[…] O maior obstáculo para a sua felicidade é você mesmo. Se você conseguir vencer a si mesmo, solucionar tudo por dentro, sagrar-se-á campeão nas batalhas de fora. Se você perde por dentro, não subsistirá diante do mal de fora. Esse é o ápice da crise” (Reflexões sobre a Alma e o Tempo. CPAD, pp.39,49,50).
Corrupção: Ato ou efeito de corromper; decomposição, putrefação.
Deturpar: Alterar, modificar, de maneira viciosa; adulterar.
Emanar: Provir, proceder, sair, originar-se; manar, dimanar.
Estrito: Que não comporta extensão ou analogia; preciso, restrito.
Faculdade: Aptidão inata; disposição, tendência, talento, dom.
Inato: Que nasce com o indivíduo; congênito, conato.
Personalidade: O elemento estável da conduta de uma pessoa; sua maneira habitual de ser; aquilo que a distingue de outra.
Persuasão: Ato ou efeito de convencer ou induzir.
Salientar: Tornar-se saliente ou notável; evidenciar-se, distinguir-se, sobressair.
Sentimento: Disposição afetiva em relação a coisas de ordem moral ou intelectual.
Subsequente: Que subsegue no tempo ou no lugar; imediato, ulterior, seguinte.
Vontade: Faculdade de representar mentalmente um ato que pode ou não ser praticado em obediência a um impulso ou a motivos ditados pela razão.
Reflexões sobre a Alma e o Tempo. Silas Daniel, CPAD.
Teologia Sistemática. Charles Finney, CPAD.
Teologia Sistemática. Stanley M. Horton, CPAD.
Métodos Criativos. Marlene LeFever, CPAD.
1. Além de vida física e inteligente, quais os outros significados que a alma possui?
R. Fôlego, o sangue, o indivíduo, pessoa física ou corpo.
2. Por que o corpo deve ser conservado sadio?
R. Porque ele é o instrumento da alma e somos responsáveis pela sua preservação.
3. Em que consistem as palavras “imagem e semelhança”?
R. Principalmente nas características racionais e morais do homem.
4. Quais são as principais faculdades da alma humana?
R. O intelecto, a vontade e o sentimento.
5. O que está diretamente ligado ao intelecto?
R. A imaginação, a memória e a razão.