LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

1º Trimestre de 2004

 

Título: A pessoa e a obra do Espírito Santo

Comentarista: Eurico Bergstén

 

 

Lição 7: Línguas estranhas — Diferença entre o sinal e o dom

Data: 15 de Fevereiro de 2004

 

TEXTO ÁUREO

 

Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer(1Co 12.11).

 

VERDADE PRÁTICA

 

O dom de línguas é concedido pelo Espírito Santo conforme sua vontade, soberania e propósito, já o sinal, é dado a todos os que receberem o revestimento do seu poder.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — 1Co 14.12-17

A importância de buscar o dom de interpretação de línguas

 

 

Terça — 1Co 14.26

O propósito principal dos dons espirituais

 

 

Quarta — 1Co 14.4

A diferença entre a finalidade das línguas estranhas e da profecia

 

 

Quinta — 1Co 12.11,30

O Espírito Santo concede os dons conforme sua soberana vontade

 

 

Sexta — 1Co 14.1; 12.31

Buscando os dons com zelo

 

 

Sábado — At 20.28

O Espírito Santo é quem constitui o dirigente de igreja

 

HINOS SUGERIDOS

 

177, 232 e 437 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

1 Coríntios 12.7-11,28-31; 14.26,27.

 

1 Coríntios 12

7 — Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

8 — Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;

9 — E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;

10 — E a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

11 — Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

28 — E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.

29 — Porventura, são todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores de milagres?

30 — Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?

31 — Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente.

 

1 Coríntios 14

26 — Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27 — E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.

 

PONTO DE CONTATO

 

Reflita com sua turma sobre a diferença entre sinal e dom. Leia 1Co 12.8-10. Analise os dons ali enumerados e sua aplicação na Igreja. Considere que é improcedente procurar as línguas por si só. O objetivo do crente deve ser buscar a pessoa do Espírito Santo, e o sinal será acrescentado.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Definir a palavra dons.
  • Estabelecer a diferença entre dons espirituais e dons ministeriais.
  • Relacionar os dons expostos em 1 Coríntios 12.8-10.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Dom corresponde em grego à palavra charis que quer dizer graça. O que recebemos de Deus não provém de mérito ou capacidade humana. É concedido para edificação do Corpo de Cristo e deve ser utilizado segundo a orientação e direção dadas por Ele.

As línguas, para aquele que fala é um sinal da presença de Deus nele. Para o incrédulo, um sinal do poder sobrenatural, mesmo que não seja compreendido. E, quando compreendido, uma confirmação da Palavra para crentes e incrédulos.

“É errôneo pensar que o Espírito Santo torna o crente sem pecado, perfeito ou algo parecido. A verdade bíblica é a de que, em seguida ao batismo com o Espírito, haja uma grande porcentagem de santificação pessoal ainda necessária no crente, e isso se processa à medida que os filhos de Deus agora continuem a andar em Espírito. O batismo com o Espírito Santo é concedido sob o arrependimento e a remissão dos pecados. O propósito do batismo é o poder para testemunhar (At 1.8), concedido de várias formas pelo Espírito”.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Leve para a sala de aula lápis e folhas de papel. Distribua estes materiais entre seus alunos. Relacione todos os dons espirituais no quadro-de-giz e faça as seguintes perguntas: Você possui algum dom? Qual? Qual você gostaria de ter? Por quê? Em que esse dom poderia ser útil à igreja? Dê aos alunos alguns minutos para responderem. Eles deverão formar duplas e trocar suas folhas. Solicite alguns voluntários, para lerem a resposta de seu companheiro, se este não se importar, é claro. Conclua com uma oração, cada irmão orará pelo seu par. Oriente a turma de forma que ninguém fique sem companheiro. Atente para os mais tímidos e forme uma dupla com alguém, caso necessário.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Na lição anterior, vimos que o falar em línguas estranhas é um sinal dado por Deus a todos os que recebem o batismo com o Espírito Santo, como uma evidência inicial e objetiva do recebimento desta bênção. Mas a Bíblia também fala de línguas estranhas como um dom do Espírito. Veremos nesta lição a diferença entre estas duas modalidades de língua estranha, isto é, a língua estranha como evidência do recebimento do batismo com o Espírito Santo, e o dom espiritual de línguas.

 

I. DEUS CONCEDEU À SUA IGREJA DONS DO ESPÍRITO

 

Os dons espirituais são meios pelos quais o Espírito Santo revela o poder e a sabedoria de Deus, através de instrumentos humanos que os recebem e que os usam para o que for útil (1Co 12.7,11). A palavra dons corresponde à palavra grega charismata (plural), derivada da palavra charis que quer dizer graça. São, portanto, dons pela graça de Deus.

Assim como o batismo com o Espírito Santo, os dons espirituais são dádivas da graça de Deus, distribuídas conforme a vontade do Espírito (1Co 12.11) aos que já receberam o batismo com o Espírito Santo. Não se trata de uma manifestação de capacidade humana natural, de dotes ou talentos naturais aperfeiçoados pela operação do Espírito Santo, ou do resultado de um esforço pessoal. Não envolve qualquer merecimento humano. Mas os dons são dados como uma manifestação da graça de Deus. Os dons manifestam a presença de Deus na Igreja (1Co 14.25). Eles são dados para edificação, exortação e consolação da Igreja (1Co 14.3-5,12,26) visando ao aperfeiçoamento dos crentes. Os dons não são dados para serem usados quando e como o portador do dom achar necessário, oportuno e conveniente, mas para serem usados conforme a vontade e a direção de Jesus, a cabeça da Igreja (Ef 1.22).

Os dons relacionados em 1 Coríntios 12.8-10 são os seguintes: dom da palavra da sabedoria, dom da palavra da ciência ou do conhecimento, dom da fé, dons de curar, dom de operação de maravilhas, dom de profecia, dom de discernir os espíritos, dom de variedade de línguas, e dom de interpretação de línguas. Todos os dons são de grande valor, e merecem um cuidadoso estudo. Todavia, nesta lição, estudaremos apenas o dom de variedade de línguas, comparando-o com o falar em línguas estranhas como sinal do recebimento do batismo como Espírito Santo.

 

II. SEMELHANÇA ENTRE LÍNGUAS COMO SINAL E COMO DOM

 

Tanto as línguas estranhas como sinal do batismo com o Espírito Santo, como o dom de variedades de línguas, são operações miraculosas da graça de Deus. Em ambos os casos a pessoa fala uma língua que nunca aprendeu, nunca estudou, não conhece e que geralmente não é compreendida por quem fala nem por quem ouve. Pode ser uma língua dos homens (isto é, uma língua falada por algum grupamento humano), ou dos anjos (1Co 13.1).

 

III. DIFERENÇAS ENTRE LÍNGUAS COMO SINAL E COMO DOM ESPIRITUAL

 

1. Diferença no recebimento. Enquanto as línguas como sinal são concedidas a todos os que são batizados com o Espírito Santo (At 2.4; 10.46; 19.6), o dom de variedade de línguas não é dado a todos os que são batizados; tudo depende da soberania, do propósito e da vontade do Espírito Santo (1Co 12.11) e em resposta à busca zelosa do crente (1Co 12.31; 14.1). A Bíblia pergunta: “falam todos diversas línguas?” (1Co 12.30). Ora, sabendo nós que a vontade de Deus é que todos os crentes sejam batizados com o Espírito Santo, esta pergunta só pode referir-se ao dom de variedade de línguas.

2. Diferença na finalidade. As línguas estranhas como sinal não são dirigidas aos homens, isto é, não são dirigidas à Igreja, mas tão somente a Deus (1Co 14.2). A manifestação do dom de variedades de línguas é direcionada à Igreja. Por este motivo deve este dom sempre ser acompanhado de interpretação, quer seja esta dada pela própria pessoa que entregou a mensagem em línguas estranhas, quer seja dada por uma outra pessoa, para que a igreja receba edificação. “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na Igreja e fale consigo mesmo e com Deus” (1Co 14.28).

As línguas estranhas como sinal podem ser usadas de modo ilimitado quando o crente estiver dirigindo-se a Deus, seja em seus momentos a sós com Deus, seja quando estiver com outros crentes para culto e adoração. Já o uso do dom de variedade de línguas deve ser disciplinado. A Bíblia diz: “E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete” (1Co 14.27). Aqui se trata do dom de variedade de línguas. Há crentes que não se submetem a esta ordem da Palavra, pois dizem que o poder de Deus opera neles tão poderosamente que não têm condições de se conter, de modo que muitos deles falam línguas ao mesmo tempo e sem que haja intérprete. Mas não é isto o que a Bíblia ensina. “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1Co 14.32). É portanto um sinal de meninice, de falta de maturidade espiritual quando durante o culto ouvem-se línguas estranhas em alta voz, sem que haja interpretação, seja a partir do púlpito, seja entre a congregação. Esses que ignoram o ensino da Bíblia, inclusive obreiros, logo colherão os resultados negativos disso. Geralmente os crentes que assim fazem têm também desgoverno noutras áreas da vida.

Também não é sinal de grande espiritualidade gritar em línguas estranhas durante um culto. A Bíblia diz: “fale consigo mesmo e com Deus” (1Co 14.28). Como foi dito acima, a Palavra de Deus não endossa o argumento de alguns, de que o poder é tão grande que não é possível controlar-se. As línguas estranhas não são resultado de um êxtase, mas da operação do Espírito de Deus em conjunto com o espírito do homem. E, acima de tudo, deve-se obedecer a Palavra de Deus. Portanto, se não houver intérprete, deve o crente estar calado na igreja, falando apenas consigo e com Deus (1Co 14.28). “Doutra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes?” (1Co 14.16). A única exceção dá-se quando Deus quer usar um crente para entregar uma mensagem em língua estranha para alguém que esteja presente no culto e que entenda aquela língua sem necessidade de intérprete, como aconteceu no dia de Pentecostes; neste caso, Deus orientará o crente para que o seu propósito se cumpra.

3. Diferença das línguas estranhas na sua finalidade. Vimos na lição anterior as bênçãos de falar em línguas estranhas no batismo com o Espírito Santo. Essas línguas estranhas como sinal são para a edificação do crente o qual se dirige a Deus em mistérios (1Co 14.2). O dom de variedade de línguas é sempre para proveito da congregação e para a edificação da igreja. Por isso, Paulo dizia que falava mais línguas que todos os demais (1Co 14.18), mas preferia falar na igreja cinco palavras em sua própria inteligência e assim poder instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida (1Co 14.19). Paulo queria sempre a edificação da igreja e sabia que ela não seria edificada se não houvesse interpretação.

O dom de variedade de línguas acompanhado do dom de interpretação de línguas é equivalente a uma profecia (1Co 14.5), transmitindo para a igreja edificação, exortação e consolação. O que fala em línguas estranhas deve orar para que possa interpretá-la (1Co 14.13). O dom de variedade de línguas é um sinal para os infiéis (1Co 14.22). Quando um descrente ouve uma mensagem em uma língua que é estranha para quem está entregando a mensagem, mas conhecida para aquela pessoa, e a seguir ouve a correta interpretação dada por uma pessoa que não conhece a língua que está interpretando, glorifica a Deus reconhecendo tratar-se de um grande milagre. Numerosos fatos ocorridos nesse particular poderiam ser relatados ilustrando o que acaba de ser dito.

 

IV. O DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS DEVE SER JULGADO

 

“E falem dois ou três profetas e os outros julguem” (1Co 14.29). Deus ordena que as mensagens entregues à igreja sejam provadas à luz da Palavra de Deus a fim de evitar que pessoas carnais venham a imitar os dons e trazer mensagens falsas, causando transtorno no meio da igreja. A igreja deve provar “se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1Jo 4.1).

 

CONCLUSÃO

 

Devemos ser zelosos na busca tanto do batismo com o Espírito Santo (Ef 5.18), como na busca dos dons espirituais (1Co 12.31; 14.1,39) para o fortalecimento de nossas vidas individualmente e para o fortalecimento da igreja.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“No dia de Pentecostes, os discípulos estão orando e esperando, prontos para serem batizados com o Espírito. Uma de suas caraterísticas surpreendentes é a unidade. Lucas já descreveu que eles estão unidos em oração, sugerindo que eles têm uma mente e propósito (At 1.14). O dia de Pentecostes começa com eles todos reunidos no mesmo lugar (At 2.1) — muito provavelmente no templo onde se reuniam diariamente (Lc 24.53; At 2.46; 5.42). Devido ao contexto, eles não estão meramente no mesmo lugar, mas estão em comunhão uns com os outros. Seu verdadeiro senso de comunidade centraliza-se no conhecimento pessoal que têm do Cristo ressurreto e da devoção para com Ele.

Quando o dia de Pentecostes desponta, o tempo de orar e esperar terminou para estes cento e vinte discípulos. A princípio, há um som sobrenatural vindo do céu, como um vento violento. À medida que o som enche a casa (o templo) onde eles estão sentados, línguas como fogo pousam sobre os presentes. Sinais milagrosos introduzem o dia de Pentecostes como no monte Sinai (Êx 19.18,19), em Belém (Mt 27.51-53; Lc 23.44). O vento e o fogo enfatizam a grandeza da ocasião e são evidências audíveis e visíveis da presença do Espírito — o som do vento poderoso significa que o Espírito Santo está com os discípulos, e as chamas de fogo em forma de línguas que pousam em cada um deles são a manifestação da glória de Deus, acrescentando esplendor à ocasião.

Os relatos posteriores de enchimento com o Espírito em Atos não sugerem que o som do vento e as línguas de fogo ocorrem de novo. Estes sinais são introdutórios, somente para aquela ocasião. O sinal constante e recorrente da plenitude do Espírito em Atos é falar em outras línguas (At 10.46; 19.6). Pedro declara que Cristo derramou o que as pessoas vêm e ouvem (At 2.33). Falar em outras línguas — um sinal externo, visível e audível — marca a dotação dos discípulos com poder sobrenatural” (Comentário Bíblico Pentecostal — French L. Arrington e Roger Stronstad).

 

GLOSSÁRIO

 

Endossar: Passar para a responsabilidade de outrem; defender; apoiar.

Exceção: Desvio da regra geral.

Exortação: Ministração de palavras de ânimo e encorajamento; aconselhamento, persuasão.

Êxtase: Admiração de coisas sobrenaturais; pasmo, assombro; arrebatamento íntimo, enlevo, encanto.

Indouto: Não instruído, iletrado, inculto.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

Comentário BíblicoEfésios. Elienai Cabral, CPAD.

Nos Domínios do Espírito. Estevam Ângelo de Souza, CPAD.

Títulos e Dons do Ministério. Estevam Ângelo de Souza, CPAD.

1 e 2 Coríntios. Stanley M. Horton, CPAD.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. O que significa a palavra charismata?

R. Dons concedidos pela graça.

 

2. Qual a finalidade dos dons espirituais?

R. São meios pelos quais o Espírito Santo revela o poder e a sabedoria de Deus.

 

3. Relacione os dons espirituais de acordo com 1 Coríntios 12.

R. Dom da palavra da sabedoria; dom da palavra da ciência ou do conhecimento; dom da fé; dons de curar; dom de operação de maravilhas; dom de profecia; dom de discernir os espíritos; dom de variedade de línguas e dom de interpretação de línguas.

 

4. Qual a semelhança entre línguas como sinal e línguas como dom?

R. Em ambos os casos, a pessoa que fala nunca aprendeu e, quem ouve, geralmente, não compreende.

 

5. Como deve ser exercido o dom de variedade de línguas?

R. Quando houver interpretação.