LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

1º Trimestre de 2004

 

Título: A pessoa e a obra do Espírito Santo

Comentarista: Eurico Bergstén

 

 

Lição 10: O fruto do Espírito é o amor

Data: 07 de Março de 2004

 

TEXTO ÁUREO

 

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três; mas a maior destas é a caridade(1Co 13.13).

 

VERDADE PRÁTICA

 

O evangelho de Jesus Cristo está sintetizado na prática do amor a Deus e ao próximo, o amor é a maior virtude do fruto do Espírito e imprescindível à vida do crente.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — 1Jo 4.7-12

Deus é amor

 

 

Terça — Rm 8.5-7

A inclinação da carne e do Espírito

 

 

Quarta — Cl 3.5-10,12-15

Santidade e amor fraternal

 

 

Quinta — Rm 13.8-10; Gl 5.14

O cumprimento da lei

 

 

Sexta — Ef 4.22-32; 5.1-4,8-11

O andar em Espírito

 

 

Sábado — Jo 13.35

A marca distintiva do crente

 

HINOS SUGERIDOS

 

290, 358 e 441 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Gálatas 5.16-25.

 

16 — Digo, porém: Andai em Espírito e não cumpríreis a concupiscência da carne.

17 — Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis.

18 — Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.

19 — Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,

20 — Idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

21 — Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.

22 — Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

23 — Contra essas coisas não há lei.

24 — E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.

25 — Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

 

PONTO DE CONTATO

 

Reproduza no quadro-de-giz ou numa cartolina o gráfico abaixo. Leia algumas passagens bíblicas para que seus alunos comprovem que o amor sempre deve ser seguido de ação.

 

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Citar as razões porque o amor deve ser cultivado pelo cristão.
  • Descrever as diferentes propriedades do fruto do Espírito.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

O amor é a essência de Deus e nele estão fundamentadas todas as outras virtudes do fruto do Espírito. Esse amor é sublime porque não busca proveito próprio em detrimento de outrem. É condescendente, é generoso, não é imprudente ou precipitado, sente prazer na felicidade alheia, não é instável, é digno, tem prazer na justiça e na verdade, é longânimo, suporta as situações adversas, é obediente, pacífico, espera e confia. O Criador deseja que cada um de nós busque esse amor porque foi assim que Ele nos amou. Não havia razão, nem merecimento, nem dívida dEle para conosco; Ele simplesmente nos amou. Esse amor, assim como todos os outros “gomos” do fruto do Espírito, deve ser o ideal de todos os crentes em Cristo, que romperam definitivamente com a carne e agora têm seus passos dirigidos pelo Espírito Santo.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Reproduza o gráfico abaixo numa cartolina ou no quadro-de-giz. Leve alguns dicionários para a sala de aula e distribua entre os alunos. Eles deverão encontrar o significado das palavras abaixo. Solicite alguns voluntários para escreverem a resposta no quadro e faça uma comparação entre o caráter do crente que anda em Espírito e o que não anda. Se você puder fazer o cartaz, pendure-o no mural da sala após o término da aula.

 

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, fé, mansidão, temperança! Que bom seria todo crente possuir todas estas virtudes, e viver em um ambiente onde elas predominassem! Seria o céu aqui na terra. Mas, é exatamente isto que o Espírito quer produzir em nós; trabalhando o nosso caráter para que nos tornemos cada vez mais semelhantes a Jesus, em cuja personalidade pura e maravilhosa, o fruto do Espírito se manifestava de modo pleno.

 

I. O FRUTO DO ESPÍRITO É O AMOR

 

1. O amor é a essência da natureza de Deus. Deus é amor, e o amor é de Deus (1Jo 4.7,8). O amor de Deus é: universal, infinitamente abrangente (Jo 3.16); sacrificial (1Jo 4.9,10; Ef 5.2); imerecido (Rm 5.8); misericordioso (Ef 2.4-5); perene (Rm 8.35); fortalecedor (Rm 8.37); incompreensível (Ef 3.19). O amor de Deus nos corrige (Hb 12.6), nos prova (Tg 1.12), nos atrai (Jr 31.3).

2. O amor do homem para com Deus tem que resultar de uma escolha (Mt 6.24). Esse amor tem sua origem na experiência do perdão dos pecados (Lc 7.42-47). É sério, como o compromisso de uma noiva frente a seu noivo (2Co 11.2), e se expressa através da obediência (Jo 14.15,21). O nosso amor se evidencia quando amamos o próximo; também, é através do amor que Deus é visto em nós (1Jo 4.11,12).

Mateus 5.43-48 nos mostra que devemos amar como Deus ama. Como Deus ama? Ele faz com que o sol se levante sobre maus e bons, e que a chuva desça sobre justos e injustos. Devemos ter uma atitude positiva, uma atitude de boa vontade para com todos, inclusive para com os oponentes, desejando a todos o melhor, e orar por todos. Devemos nos alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram. Não se trata de sentimentalismo humano. É uma forma de viver como filhos do Pai que está nos céus.

3. O amor ao próximo se demonstra com ações. Tudo o que somos e fazemos deve estar saturado de amor (1Co 16.14) . O amor promove o crescimento do corpo de Cristo (Ef 4.16). Os que servem na obra de Deus devem servir em amor (2Co 12.15). O amor na vida do crente deve ser exemplar (1Tm 4.12; 2Tm 3.10). O amor deve dominar o sentimento dos crentes em relação àqueles que presidem sobre eles (1Ts 5.12,13).

 

II. AS DIFERENTES PROPRIEDADES DO FRUTO DO ESPÍRITO

 

1. Amor. É a fonte divina de onde emanam todas as virtudes espirituais. Deus é amor (1Jo 4.8). Nós o amamos porque Ele derramou o seu amor em nossos corações (Rm 5.5). Este amor deve sempre aumentar (1Ts 3.12; 1Ts 4.9,10; Hb 13.1). O amor é a evidência da salvação (1Jo 3.14; 1Jo 4.7). Pela operação do Espírito, este amor aparece como fruto em nossas vidas. Por amor ao Senhor, queremos fazer a sua vontade (Jo 14.15,23; 15.10,14; 1Jo 5.2,3); cumprir a lei da liberdade (Tg 1.25; Rm 8.4; 13.7-10); agradar a Deus em tudo (2Co 5.9; Rm 14.18). O amor é o elo que determina o aperfeiçoamento dos crentes (Cl 3.14; 2.2), e ajuda-os a amar até seus inimigos e orar por eles (Lc 23.34; At 7.60; Lc 6.27-30; Rm 12.20).

2. Alegria. Faz parte da perfeição divina. O reino de Deus é alegria (Rm 14.17). Jesus se alegrou (Lc 10.21; Hb 12.2) e foi ungido com o óleo da alegria porque amou a justiça e aborreceu a iniquidade (Hb 1.9). Esta alegria nasce no crente como uma obra da graça (2Co 8.1,2). O evangelho, a mensagem do amor de Deus, é uma mensagem de alegria (Lc 2.10). A mensagem da salvação produz alegria (At 13.47,48).

Alegria e Espírito Santo andam juntos (At 13.52; 1Ts 1.6; Sl 16.11). A íntima comunhão com Jesus torna este gozo completo (Jo 15.11).

3. Paz. “Os ímpios não têm paz” (Is 48.22), mas nós, os que temos crido, temos paz como um rio (Is 48.18). Deus é Deus de paz (Fp 4.9; 2Ts 3.16). O Espírito vivifica em nós a obra de Jesus, o Príncipe da paz, que pagou por esta paz a própria vida (Is 53.5; Ef 2.14; Cl 1.19,20). Podemos desfrutar a paz em três dimensões:

a. Paz com Deus. O sangue da cruz de Cristo preparou a paz (Cl 1.20). A paz de Deus deve dominar em nossos corações (Cl 3.15). O reino de Deus é paz (Rm 14.17). Se andarmos em Espírito, a paz com Deus será constante.

b. Paz com o próximo. O crente pode viver em paz com todos os homens (Rm 12.18; 1Ts 5.13; Hb 12.14), pois ele é dominado pela paz (Cl 3.15). Deus derribou o muro de separação, […] fazendo a paz (Ef 2.14,15). O crente dominado pela paz de Deus, cheio do fruto do Espírito, é um pacificador (Mt 5.9; Pv 15.18; 16.14).

c. Paz interior. A paz de Deus guarda os nossos corações e os nossos sentimentos em Cristo Jesus (Fp 4.7).

4. Longanimidade. É ter “ânimo longo”, ao invés de “ânimo precipitado” (Pv 14.29). Noutras palavras: muita e contínua paciência. Deus é longânimo (Nm 14.18), e Deus é também chamado Deus de paciência (Rm 15.5). Longanimidade é uma característica de Deus (Rm 2.4; Rm 9.22). Longanimidade é também tolerância. Paulo reconhecia que foi salvo por causa da paciência de Jesus Cristo (1Tm 1.16). A paciência ajuda o crente nas suas relações com seus irmãos (Ef 4.2), e no seu serviço para Deus (2Co 6.6; 2Tm 4.2). Muitos de nós somos facilmente irritáveis quando encontramos oposição ou maldade, mas o Espírito quer vencer esta fraqueza em nosso temperamento.

5. Benignidade. É uma virtude que nos dá condições de tratarmos os outros com carinho e meiguice. É a característica de uma pessoa boa, amável, que não quer magoar ou causar dor a outrem. Lucas 6.35 fala do Pai que é benigno até para com os ingratos e maus e que, como seus filhos, devemos proceder igualmente.

Agrada a Deus que nos nossos relacionamentos a benignidade seja percebida pelos outros como favos de mel (Pv 16.24).

6. Bondade. É a prática do bem. Uma coisa é querer o bem, desejá-lo; outra, é realizá-lo. Deus é a fonte da bondade porque Ele é bom (Sl 106.1; Ed 3.11), e dele procede toda boa dádiva (Tg 1.17). Barnabé, cheio do Espírito Santo, nos deixou um brilhante exemplo ao conduzir o recém-convertido Paulo à igreja, quando outros ainda desconfiavam dele (At 9.25,26). Quem possui esta característica em sua vida é feliz (Pv 14.14); é uma bênção para outros (Rm 15.14), e alcança o favor de Deus (Pv 12.2). Na eternidade ficará manifesto que Deus dá valor à bondade (Mt 25.23).

7. Fé. Fé não é só crer e confiar firmemente. É também lealdade, fidelidade. Deus é fiel, (1Co 1.9; 1Ts 5.24; 2Co 1.18), Jesus é fiel (Ap 19.11). A sua fidelidade permanece para sempre (2Tm 2.13): na chamada (1Co 1.9), no perdão (1Jo 1.9), quando somos tentados (1Co 10.13), e na santificação (1Ts 5.23,24). A fidelidade é uma força em nossas relações com Deus e diante da sua Palavra (At 5.29; Jo 14.23). Sejamos fiéis em tudo e receberemos a coroa da vida (Ap 2.10).

8. Mansidão. É uma virtude amorosa, pela qual temos condições de nos conservarmos pacíficos, com serenidade e brandura, sem alterações, quando nos deparamos com coisas adversas, irritantes, perturbadoras, malevolentes, desagradáveis. Fala de uma força invencível, mas sob controle. É como um cavalo cheio de força e de energia, mas totalmente sob controle do cavaleiro. Até poderíamos lutar pelos nossos direitos, mas entregamos nossa causa nas mãos do Senhor. E há também aqueles que só veem seus “direitos”, e nunca seus deveres. “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra“ (Mt 5.5). A Bíblia fala da mansidão de Cristo (2Co 10.1). Os profetas falaram da sua mansidão (Is 53.7; Zc 9.9; Mt 21.5). Ele se conservou manso diante de seu traidor (Mt 26.50), e curou a orelha do servo do sumo sacerdote que integrava o bando que tinha ido prendê-lo (Lc 22.51). Jesus disse: “Aprendei de mim, que sou manso” (Mt 11.29). Ele ensinou mansidão (Lc 6.27-29). No serviço para Deus a mansidão é um aspecto muito importante (2Tm 2.25; Tt 3.2; Ef 4.2; Gl 6.1; 1Pe 3.15).

9. Temperança, domínio próprio, autocontrole. Serve de freio no momento da tentação quando o nosso velho homem quer ceder à tentação, às paixões, às coisas ilícitas (Tg 1.14,15). O fruto do Espírito nos dá o domínio para refrearmos a nossa inclinação carnal. A vontade de Deus pode às vezes significar que precisamos nos privar de algo, e o domínio próprio aceita a privação — a vontade de Deus é mais importante (Mt 10.37-39). Quando o Espírito flui do crente o domínio próprio, a carne, o mau humor ou as concupiscências não determinam o que ele faz ou que deixa de fazer, mas ele tem vitória sobre todas estas coisas.

 

CONCLUSÃO

 

Contra estas coisas não há lei. (Gl 5.23), isto é, nada na lei fala contra amor, paz, alegria, etc. Por isso se andarmos em Espírito estamos livres da lei. Nesta atmosfera de liberdade é maravilhoso viver. E o fruto do Espírito em nossa vida serve de bênção para as pessoas que nos cercam.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“O tema principal de Gálatas não é a justificação pela fé, embora pareça predominar. O fato é que o propósito da justificação pela fé é o andar no Espírito […].

[…] A palavra grega ágape é mais frequentemente usada no tocante ao amor (‘caridade’) com grande lealdade, visto no seu grau mais elevado como uma revelação da própria natureza de Deus. É o amor inabalável, concedido livre e gratuitamente. O amor é o âmago em cada um desses textos bíblicos (Rm 12.9-21; 1Co 13; Ef 4.25—5.2). Realmente, o amor é o princípio ético, a força motivadora e a metodologia correta para todos os ministérios. Sem o amor, há pouco benefício ao próximo e nenhum para quem exerce o dom. Os desentendimentos surgem, e a Igreja fica dividida; as pessoas saem magoadas. O amor forma o alicerce para o ministério com os dons e o contexto em que estes devem ser recebidos e entendidos […].

[…] A maturidade espiritual ajuda-nos a ter bons relacionamentos com as pessoas. Passamos a compreendê-las melhor e a reconhecer a melhor maneira de ministrar a elas. Devemos esforçar-nos para alcançar a união. As pessoas, ao observarem o nosso caráter e conduta, passarão a ter confiança em nós. A Igreja Primitiva escolheu seus sete primeiros diáconos com base na sua ‘boa reputação’ (At 6.3). Uma boa reputação confirmada pelo próximo é crucial à plena liberação do Espírito no ministério aos outros e ao crescimento da Igreja.

O fruto é a maneira de se exercer os dons. Cada fruto vem acondicionado no amor, e qualquer dom, mesmo na sua mais plena manifestação, nada é sem o amor. ‘Por outro lado, a plenitude genuína do Espírito Santo forçosamente produzirá também frutos, por causa da vida renovada e enriquecida da comunhão com Cristo’. Conhecer o amor, poder e graça de Deus, inspiradores de reverente temor, deve fazer de nós vasos de bênçãos cheios de ternura. Não merecemos os dons. Nem por isso Deus se nega a nos revestir de poder. E passamos a ser obreiros do Reino, prontos para trazer a colheita. Subimos a um novo domínio” (Teologia Sistemática — Stanley M. Horton. CPAD, pp.488,493).

 

GLOSSÁRIO

 

Essência: Aquilo que constitui a natureza das coisas; substância.

Ilícita: Proibido pela lei; ilegítimo; contrário à moral e/ou ao direito.

Perene: Que não acaba; perpétuo, imperecível, eterno.

Presidir: Dirigir como presidente; exercer funções de presidente; reger, governar.

Serenidade: Brandura; paz, tranquilidade.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

A Existência e a Pessoa do Espírito Santo. Severino Pedro da Silva, CPAD.

A Caminho da Maturidade. Ismael dos Santos, CPAD.

A Doutrina do Espírito Santo. Stanley M. Horton, CPAD.

Comentário BíblicoEfésios. Elienai Cabral, CPAD.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Mencione quatro características do amor de Deus.

R. Universal, sacrificial, imerecido e misericordioso.

 

2. O que fazemos por amor ao Senhor?

R. Por amor ao Senhor, queremos fazer a sua vontade, cumprir a lei da liberdade e agradá-lo em tudo.

 

3. Cite as três dimensões da paz que podemos desfrutar.

R. Paz com Deus e com o próximo, e paz interior.

 

4. O que é mansidão?

R. É uma virtude amorosa, pela qual temos condições de nos conservarmos pacíficos, com serenidade e brandura, sem alterações, quando nos deparamos com situações adversas.

 

5. Em que situações a temperança pode ser útil?

R. Serve de freio no momento da tentação quando o nosso velho homem quer ceder à tentação, às paixões e às coisas ilícitas.