Título: Colossenses — A perseverança da Igreja na Palavra nestes dias difíceis e trabalhosos
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 1: Uma igreja ameaçada pelas heresias
Data: 04 de Julho de 2004
“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição” (2Pe 2.1).
O antídoto contra as heresias é o ensino derivado da sã doutrina da Palavra de Deus.
Segunda — Sl 119.105
A Palavra de Deus é luz contra as heresias
Terça — Sl 119.113
Devemos amar a lei do Senhor
Quarta — Sl 119.118
O Senhor aborrece os que desprezam sua Palavra
Quinta — Sl 119.127
O mandamento do Senhor é como ouro refinado
Sexta — Sl 119.128
O que ama os preceitos do Senhor aborrece a falsa vereda
Sábado — Sl 119.130
A exposição da Palavra ilumina o crente
42, 322 e 375 da Harpa Cristã
Colossenses 2.16-23.
16 — Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,
17 — que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.
18 — Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão,
19 — e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.
20 — Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo,
21 — tais como: não toques, não proves, não manuseies?
22 — As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens;
23 — as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne.
Mais um trimestre inicia-se. Estudaremos sobre a Epístola aos Colossenses cujo objetivo era advertir acerca de uma heresia que ameaçava a igreja em Colossos. Você, como mestre, exerce um papel fundamental na Igreja do Senhor Jesus: ensinar o evangelho puro e genuíno. Seus alunos precisam de base sólida para não se deixar levar pelos ventos de doutrina que estão soprando sobre a igreja dos dias atuais. A responsabilidade é sua.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
A Epístola à igreja de Colossos, provavelmente fundada por Epafras, discípulo e colaborador de Paulo, demonstra a preocupação do apóstolo, mesmo preso, em preservar a fé genuína desse rebanho. Eles estavam sendo ameaçados por algumas heresias: gnosticismo, culto aos anjos, ascetismo, esoterismo e negação da superioridade de Cristo. A cidade de Colossos tinha certa importância em virtude de seu centro comercial; era um lugar onde ideias e religiões se cruzavam. Uma filosofia herética, que igualava Jesus aos seres angelicais, começou a infiltrar-se na igreja, logo, a ênfase desta epístola é ratificar a supremacia de Cristo.
Neste trimestre, estudaremos o livro de Colossenses. Para que seus alunos consigam compreender melhor o contexto histórico da carta, leve para a sala de aula um Atlas Bíblico, ou um mapa antigo, onde eles possam visualizar a cidade de Colossos; um atlas contemporâneo que mostre a região em que ela se encontraria provavelmente hoje. Escreva no quadro-de-giz ou faça um bonito cartaz com as principais informações acerca da cidade, encontradas no comentário desta lição. Se você puder, deixe o mapa pendurado no mural da sala.
INTRODUÇÃO
Este trimestre tem por tema a Epístola de Paulo aos Colossenses, e esta primeira lição inclui elementos históricos e informativos referentes a este livro e à igreja em Colossos. As lições seguintes abordarão progressivamente os ensinos bíblicos contidos na epístola. Para que se tenha uma visão doutrinária do livro e também uma ideia das heresias que ameaçavam a igreja em Colossos, esta lição antecipa alguns versículos que serão também estudados em outras lições do trimestre em foco.
I. A CARTA DE PAULO
A Epístola aos Colossenses faz parte das chamadas “cartas da prisão”, ao lado de Efésios, Filipenses e Filemom.
1. Lugar de origem. As evidências internas da carta indicam que foi escrita quando o apóstolo se encontrava preso, em Roma, por causa do evangelho.
2. Autoria. Os versículos 1.1 e 4.18 demonstram que foi Paulo o seu autor.
3. Período em que foi escrita. Tudo indica que a carta foi escrita em torno de 62 d.C.
4. O propósito da carta. Um cuidadoso exame da epístola mostra que o seu propósito original foi advertir a igreja em Colossos contra as heresias que ameaçavam solapar a fé dos cristãos daquela região.
II. COLOSSOS — UMA CIDADE IMPORTANTE
Colossos situava-se na região sul da Frígia, no vale do rio Lico, afluente do rio Meandro, região hoje pertencente à Turquia ocidental. Situava-se na importante via comercial romana que, partindo de Éfeso, se dirigia para o Oriente através da Frígia. Nos seus primórdios, graças ao seu movimento comercial, Colossos foi uma cidade importante em termos religiosos e culturais. Na época do apóstolo Paulo, no entanto, a referida cidade foi ultrapassada por Laodiceia situada a uns 16 km rio abaixo. Ver Cl 2.1; 4.13,15,16. Segundo a História, Colossos foi devastada por um terremoto em 61 d.C, e nunca mais foi reconstruída.
III. A IGREJA EM COLOSSOS
1. Sua fundação. Não se sabe ao certo quando a igreja de Colossos foi fundada. O livro de Atos, que relata as viagens missionárias de Paulo e seus auxiliares, não registra nenhuma visita sua àquela comunidade. Epafras, natural de Colossos, discípulo e colaborador de Paulo, é apontado como o fundador da igreja. Ver 1.7-9; 4.12,13.
2. Como o evangelho chegou a Colossos. Tudo indica que o apóstolo Paulo providenciou a evangelização dos colossenses a partir de Éfeso, durante seu prolongado ministério nessa cidade, tempo esse em que ele se dedicou a evangelizar a província da Ásia por aproximadamente três anos (At 19.10; 20.31). O primeiro portador da mensagem da salvação, o pregador das boas novas, foi sem dúvida, Epafras, natural da cidade (1.7-9; 4.12,13). Mas o portador da carta deve ter sido Tíquico, também companheiro de ministério do apóstolo (4.7,8), tendo em vista a detenção do próprio Epafras com o apóstolo em Roma (Fm v.23).
IV. AS HERESIAS COLOSSENSES
1. Gnosticismo. Trata-se de uma filosofia herética, de cunho religioso, que se propõe a explicar todas as coisas por meio da gnosis (conhecimento). “São dogmas do gnosticismo: as (falsas teorias) da emanação, a queda, a redenção e a mediação exercidas por inúmeras potências celestes, entre a divindade e os homens. Relaciona-se o gnosticismo com a cabala, o neoplatonismo e as religiões orientais” (Dicionário Aurélio). Diferentes e sutis modalidades do gnosticismo continuam a surgir com roupagem religiosa através dos tempos, enganando a muitos, inclusive gente culta e importante. Hoje, as versões modernas dessa heresia são difundidas através da Teosofia, da Logosofia e de movimentos assemelhados como é o caso da Nova Era, ou Era de Aquário. Essa heresia muito perturbou a igreja de Cristo durante os dois primeiros séculos da era cristã. O gnosticismo é combatido e refutado em pelo menos oito livros do Novo Testamento: Colossenses, 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito (epístolas pastorais); 1, 2 e 3 João e Judas. O gnosticismo colossense é, a seguir, exposto em resumo como prevenção para a igreja atual, uma vez que ele continua a existir no mundo sob diversas formas de corrupção da sã doutrina bíblica, mas também apresentando ensinos totalmente falsos concernentes a Deus, ao mundo visível e ao invisível, ao homem e sua constituição, seu destino, seu futuro, etc.
2. Cultos aos anjos (2.15,18). Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal (editado pela CPAD), o grupo herege de Colossos enfatizava a adoração de anjos, chamados “principados”, “potestades”, etc. Os gnósticos deram grande ênfase a pretensos seres angelicais, a que chamavam de aeons , os quais, segundo eles, seriam emanações de Deus; eles adoravam os anjos, e os consideravam mediadores e salvadores. Para eles, Cristo não passava apenas de mais um “aeon”. O apóstolo Paulo combateu esses ensinos em sua carta, como se vê nos versículos 1.13,15-17; 2.9,10,15,18,19 que serão estudados mais adiante. Em nossos dias, inclusive no presente momento, vê-se que o culto aos anjos está em moda. E, em algumas igrejas que se declaram evangélicas, está havendo uma herética supervalorização da pessoa e do papel dos anjos.
3. Negavam a supremacia de Cristo. Para eles, Cristo não era o verbo divino encarnado. Para os gnósticos, a carne é inerentemente má. Logo, não faria sentido um “aeon”, ou espírito, contaminar-se com a matéria tornando-se carne. Negavam assim a encarnação de Cristo como o mediador entre Deus e os homens. Preparavam assim o terreno para o surgimento do Anticristo (1Jo 4.3; 2Jo v.7). Negavam o papel salvífico de Cristo como o único redentor da humanidade perdida no pecado e na incredulidade. Para eles, havia muitos salvadores. Isso era ensino satânico oposto ao que afirma a Bíblia em Jo 3.16; 14.6; 1Tm 2.5. Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, defendeu a fé cristã através de textos da epístola como 1.13-23; 2.6,9,10 (que serão comentados nas lições seguintes).
4. Ascetismo (2.16,23). Doutrina antibíblica que valoriza a vida moral e espiritual (ascese) em detrimento das coisas materiais. Para os gnósticos, toda a matéria deve ser de alguma maneira destruída inclusive o corpo humano. Assim, havia dois caminhos que levariam a essa destruição da matéria. Uma, seria através da ascese, que ensinava a abstinência de determinados alimentos e o celibato. Outra, seria através de um procedimento oposto: a licenciosidade. Apregoavam aqueles hereges: quanto mais o homem abusar do corpo, através de orgias sexuais, de bebedeira, e de vícios escravizadores e destruidores, melhor para a destruição da carne, e isso não traria qualquer prejuízo espiritual!
Ao que tudo indica, os gnósticos de Colossos escolheram a via da ascese, ou da abstinência dos alimentos e do casamento para se “santificarem”. Hoje, há muitas pessoas que por ignorância ou ensinos pervertidos adotam esse tipo de comportamento, mesmo em igrejas evangélicas. Mas a Bíblia vê o corpo humano de modo bem diferente. “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo?…” (1Co 6.19,20). O corpo do crente, solteiro ou casado, deve ser consagrado ao Senhor para que Ele o use como sua habitação aqui para darmos um bom e santo testemunho dEle. Paulo usou os textos de Cl 2.14,16,17,20-23 para combater esse tipo de atitude e de procedimento.
5. Esoterismo (2.8). Isso tem a ver com coisas ocultas. Em Colossos, havia uma mistura de conceitos teológicos, demonológicos e astrológicos. Ali, num ambiente esotérico, havia o culto à deusa Cibele “a grande mãe da fertilidade”. O termo stoicheia , que eles usavam, incorpora o sentido desse misticismo dos gnósticos: “elementos animados da natureza”. Para eles a matéria não é inanimada. Ela tem vida. Os astros seriam entidades vivas, com espíritos extraterrenos. É o que se vê, hoje, no Movimento da Nova Era, que considera a Terra como uma deusa, um ser vivo — a deusa Gaia (de geo — terra) a quem prestam culto. A Astrologia ocultista, por sua vez, como ramificação do espiritismo, propaga os horóscopos ensinando que os astros governam os destinos das pessoas desde o seu nascimento. Paulo mostrou, na epístola em estudo, que é Cristo quem governa o homem e todas as coisas, inclusive os astros; e, que os cristãos não são guiados por astros, nem por “princípios básicos do mundo” (1.16-18,27,28; 2.8-10).
CONCLUSÃO
Os falsos ensinos do gnosticismo surgidos em Colossos e que ainda hoje são propalados no mundo, vinham do espírito do Anticristo já lançando as bases do engano que se avultará no final dos tempos para enganar o mundo e, até, os escolhidos se lhe for possível. Hoje, a ameaça das heresias continua. E o meio para vencê-las é o mesmo: a ortodoxia da Palavra de Deus.
Subsídio Teológico
“A carta foi endereçada ‘aos santos e irmãos fiéis em Cristo que estão em Colossos’, isto é, à congregação de crentes na cidade de Colossos. Naquele momento, Colossos era uma cidade de tamanho modesto na região Centro-Sul (Vale Lico) da província romana da Ásia (atual Turquia Ocidental), aproximadamente a 145 quilômetros das cidades costeiras gregas de Éfeso e Mileto no Mar Egeu. Apesar de ter conhecido tempos mais prósperos em séculos anteriores, Colossos, aos poucos, perdeu terreno para suas cidades vizinhas Laodiceia e Hierápolis (cf. 2.1; 4.13), desde que uma junção da estrada principal Norte-Sul/Leste-Oeste foi mudada para oeste de Colossos em direção a Laodiceia. Talvez fosse a menor das várias cidades para as quais Paulo escreveu cartas, embora o tamanho da cidade e da congregação nada tenha a ver com a importância da carta e de seu ensino para nós.
A Igreja em Colossos foi instituída por Epafras que era natural desta cidade e um dos cooperadores de Paulo. É muito provável que tenha sido fundada durante o período (três anos) do ministério de Paulo em Éfeso. Inicialmente, tudo estivera bem (veja a oração de ação de graças de Paulo, 1.3-8). Porém, com o passar do tempo, surgiram problemas. Os crentes de Colossos se envolveram com várias questões teológicas, especialmente ensinos novos e estranhos a respeito da pessoa de Cristo. Em comparação à proclamação apostólica original, estes ensinamentos subestimaram seriamente a pessoa e a obra de Cristo, levando, por conseguinte a várias práticas não cristãs de natureza tanto mística quanto legalista.
Embora o conteúdo exato da denominação ‘heresia colossense’ não esteja claramente exposto como desejaríamos, a questão era suficientemente importante para que Paulo compusesse uma grande refutação e a enviasse à Igreja em Colossos, mesmo antes do suposto retorno de seu representante, Epafras. Esta ‘refutação’, na realidade uma afirmação maravilhosa sobre a pessoa e a obra de Cristo, constitui o âmago da carta (principalmente 1.15; 3.4). A parte central é precedida pelas típicas orações de abertura de ação de graças e intercessão de Paulo (1.3-14), seguida por uma série de exortações edificantes concernentes ao verdadeiro viver cristão (3.5; 4.6), chegando a uma conclusão nas saudações finais (4.7-18)” (Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD, pp.1318,1319).
Afluente: Curso de água que deságua em outro curso de água, considerado principal, ou em um lago, contribuindo para lhes aumentar o volume.
Cabala: Filosofia esotérica judaica, cujo objetivo é decifrar o sentido oculto das Sagradas Escrituras.
Cunho: Marca, selo; feição, caráter, índole.
Emanação: Fluxo oriundo de Deus, submisso aos Seus desígnios, que deu origem aos céus e a terra.
Neoplatonismo: Caracterizava-se pelas teses da absoluta transcendência do ser divino, da emanação e do retorno do mundo a Deus pela interiorização progressiva do homem.
Pretenso: Que pretende ou supõe (qualquer coisa); suposto, fictício.
Propalar: Tornar público, divulgar, espalhar, publicar, propagar.
Solapar: Arruinar, destruir, demolir.
Epístolas Paulinas — Myer Pearlman, CPAD.
1. Quais são as chamadas “cartas da prisão” do apóstolo Paulo?
R. Efésios, Colossenses, Filipenses e Filemom.
2. Qual foi o propósito original da Carta aos Colossenses?
R. Advertir a igreja em Colossos sobre as heresias que ameaçavam solapar a fé dos cristãos daquela região.
3. Que é gnosticismo?
R. Filosofia herética, de cunho religioso, que se propõe a explicar todas as coisas por meio da gnosis (conhecimento).
4. Que é ascetismo?
R. Doutrina antibíblica que valoriza a vida moral e espiritual (ascese) em detrimento das coisas materiais.
5. O que os gnósticos diziam da matéria?
R. A carne e inerentemente má.