LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

3º Trimestre de 2004

 

Título: Colossenses — A perseverança da Igreja na Palavra nestes dias difíceis e trabalhosos

Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima

 

 

Lição 3: A preeminência da pessoa de Cristo

Data: 18 de Julho de 2004

 

TEXTO ÁUREO

 

E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência(Cl 1.18).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Conhecer a Cristo através das Escrituras é indispensável para a nossa firmeza na fé, a constância no amor e a sempre viva esperança do que nos está reservado no céu.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Jo 10.30

Jesus e o Pai são um

 

 

Terça — Jo 14.9

Quem vê a Cristo vê o Pai

 

 

Quarta — Hb 1.3

Cristo, o resplendor da glória de Deus

 

 

Quinta — 1Co 15.20

Cristo, o primeiro dentre os mortos

 

 

Sexta — Ef 1.22

Cristo é a cabeça da Igreja

 

 

Sábado — Ap 1.8

Jesus, o Alfa e o Ômega

 

HINOS SUGERIDOS

 

148, 198 e 244 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Colossenses 1.13-20.

 

13 — Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor,

14 — em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados;

15 — o qual é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;

16 — porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.

17 — E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele.

18 — E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência,

19 — porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse

20 — e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.

 

PONTO DE CONTATO

 

Quantas vezes preocupamo-nos com o que iremos comer, beber e vestir. Algumas vezes, até esquecemo-nos de que servimos a um Deus Todo-Poderoso que criou o céu e a terra. E não somente isto, mas também sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder. Se o Senhor cuida deste mundo tão complexo com plena eficácia, quanto mais ele fará com nossa vida. Confie na superioridade do seu Deus.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Identificar a supremacia absoluta de Cristo sobre todas as coisas criadas.
  • Compreender o poder de Cristo como o Sustentador do universo.
  • Demonstrar que Cristo é o agente da criação.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

No capítulo primeiro da carta aos Colossenses, encontramos um dos mais belos hinos de exaltação e reconhecimento da preeminência de Cristo, o qual é apresentado como o Senhor do Universo, o Deus eterno, o Criador supremo e absoluto, o sustentador, o preservador e o primogênito de toda a criação. Também é reconhecido como o Soberano, Senhor e líder da Igreja; o primeiro a vencer a morte para sempre. Através do sacrifício vicário de Jesus, nós, que éramos inimigos de Deus, fomos redimidos e reconciliados com Ele. Tudo isso para que apresentemo-nos diante do Pai, “santos, irrepreensíveis e inculpáveis”. Assim acontecerá se permanecermos “fundados e firmes na fé” que nos é ensinada na Bíblia Sagrada.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Leve para a sala de aula folhas de papel sulfite e lápis. Peça aos alunos que escrevam sobre o significado de Jesus para cada um. Dê alguns minutos e escreva a seguinte questão no quadro-de-giz: “Por que Jesus é superior a tudo e a todos?”. Solicite alguns voluntários para emitir sua opinião. Motive a participação dos alunos mais tímidos. Discuta com eles a respeito deste assunto e conclua à luz da Bíblia.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

O texto bíblico desta lição tem as características de um hino de exaltação e glorificação a Cristo. Na verdade, ele pode até ser considerado um “hino bíblico doutrinário” do Novo Testamento.

Com o intuito de dinamizar e enriquecer o estudo, usaremos no comentário as próprias subdivisões do texto, na forma de hino, e delas extrairemos preciosas lições para a nossa nutrição e edificação espirituais nestes dias tão difíceis que precedem a volta de Cristo. Esperamos que esta lição desperte todos os partícipes do culto que é devido a Deus.

 

I. ESTRUTURA DO HINO

 

1. Primeira estrofe (1.15,16). Nesta estrofe, Jesus é apresentado como o Senhor do universo, o Criador supremo e absoluto.

a) Ele é “a imagem do Deus invisível”. Aqui, Jesus se identifica com o Pai em sua perfeição, infinitude, imensidade, glória e poder. Ele expressa a glória de Deus (2Co 4.4). Como podemos ver, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, deu a devida e decisiva resposta aos gnósticos. Jesus Cristo não é simplesmente uma pessoa criada por Deus, mas Ele é Deus, plenamente distinto na substância de Deus (1.19; 2.9; Rm 9.5; Hb 1.8). Jesus é o Filho de Deus eternamente gerado. O Novo Testamento confirma a condição divina de Jesus com várias outras referências (Jo 1.1,14; Jo 20.28; 1Tm 2.5).

b) “O primogênito de toda a criação”. A expressão “primogênito” fez com que os hereges, adeptos de Ário, no quarto século d.C, entendessem e divulgassem erroneamente que Jesus não poderia ser divino, uma vez que fora gerado pelo Pai. A heresia ariana dizia que Jesus era um ser criado, e por isso não tinha a mesma natureza de Deus. O texto de João 1.3 mostra com clareza que Jesus é o agente primeiro da criação, e não produto dela. Atualmente, existem seitas heréticas que incorrem no mesmo desvio teológico. É o caso dos russelitas que afirmam ser Jesus “um deus” e não Deus.

c) “Nele foram criadas todas as coisas” (1.16,17). Esta elevadíssima expressão doutrinária e científica, dada por Deus por meio do apóstolo Paulo, apresenta Jesus como “o agente” (Alfa) e o “objeto” da criação (Ômega — Ap 1.8): “tudo foi criado por Ele e para Ele”. Não apenas algumas coisas foram criadas por Ele, mas “todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis”.

2. Segunda estrofe (1.17,18a). Nessa estrofe, temos uma das maiores revelações da preeminência de Cristo no que se refere à Criação como seu autor e sustentador e de igual modo diante da Igreja.

a) “E ele é antes de todas as coisas”. Na primeira estrofe, vimos que, em Cristo, foram criadas todas as coisas. Aqui, sua preeminência concernente à criação é mais uma vez enfatizada. Podemos também notar, neste texto bíblico, que a excelência de Cristo está acima do tempo (Ele é eterno, auto existente), e de tudo o que foi criado “por ele” e “para ele”.

b) “E todas as coisas subsistem por ele”. Aqui fica claro que Cristo é o autor, sustentador e preservador de todas as coisas criadas. Pelo seu poder, o universo se mantém em seu funcionamento seguro, por meio das leis preciosas e imutáveis da mecânica celeste; a órbita dos astros, as estações do ano, os ciclos biológicos, os ecossistemas e tudo mais, se mantêm, graças ao poder providente e sustentador de Cristo, o Senhor do Universo.

c) “E ele é a cabeça do corpo da igreja”. Esta expressão demonstra que Cristo é soberano, Senhor e líder supremo da Igreja. Para os gnósticos, o universo é um tipo de corpo, governado por uma cabeça. Contudo, Jesus é o Logos divino, que exerce o seu senhorio sobre o corpo, que é a Igreja. Ele é o sustentador do universo, mas da Igreja, Ele é a cabeça, e somente ela é o seu Corpo. Ver Ef 1.22,23.

3. Terceira estrofe (1.18b-20). Cristo é o princípio, o primeiro a vencer para sempre a morte por sua deidade e por ser o nosso eterno redentor.

a) Jesus “é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência”. Na Bíblia, Jesus é o Alfa, o princípio de tudo (Ap 1.8). É nesse sentido que Ele é chamado “primogênito”, e não no comum, humano. E quanto aos fiéis que morrem, a Bíblia assegura: “Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem” (1Co 15.20 — grifo acrescentado). Sendo Ele o “primogênito da criação”, é também o “primogênito dentre os mortos”. É sua a sobre-eminência em tudo.

b) “E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus”. Nesse texto, vê-se que Cristo efetuou a redenção do homem, cumprindo a promessa divina feita no Éden, por ocasião da Queda, quando Deus Pai afirmou que “a semente da mulher” haveria de ferir a cabeça da serpente (Satanás).

 

II. PASSADO, PRESENTE E FUTURO DO CRISTÃO

 

1. O passado dos colossenses como descrentes (1.21). Paulo fez questão de lembrar-lhes sua situação antes de conhecerem a Cristo.

2. A nova vida dos colossenses salvos. Aqui, a intenção do apóstolo era despertar aqueles crentes para sua nova e bendita condição diante de Deus. Não eram mais perdidos nem inimigos do evangelho. Eram salvos, redimidos e reconciliados com Deus por meio de Jesus Cristo.

3. A finalidade da reconciliação com Deus (1.22b). Na segunda lição deste trimestre, estudamos acerca do perfil cristão dos colossenses. No texto em apreço, Paulo reforça a necessidade de se manter aquele perfil. Ele assevera que Deus proveu a reconciliação com o objetivo de os colossenses serem apresentados diante dEle, “santos, irrepreensíveis e inculpáveis”. Se não houver mudança e transformação de vida no pecador que se diz convertido, ele permanecerá vivendo nas trevas do pecado (2Co 5.17).

4. A continuação da reconciliação (1.23). Os gnósticos, com suas horrendas heresias, eram implacáveis. Eles proclamavam “um outro evangelho”, uma doutrina diferente, carregada de “novidades”. Paulo preocupava-se com a vida espiritual dos colossenses e sabia como o ser humano é atraído por “coisas novas”, “diferentes”. Por isso advertiu-lhes que, para continuarem reconciliados com Deus, deveriam permanecer “fundados e firmes na fé”. Hoje, inúmeros crentes, nas igrejas, são atraídos por diversos modismos religiosos tais como “novas visões”, “novas unções”, etc.

 

CONCLUSÃO

 

Conhecer a Cristo profundamente, bem como a sua preeminência sobre todas as coisas é fator de segurança para que os crentes permaneçam firmes e fundamentados na fé cristã. Sem esse conhecimento bíblico e espiritual, os movimentos heréticos podem ludibriar os crentes desprevenidos e despreparados.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“‘O pensamento humanista, moderno e secular, está ligado à teoria da evolução’. Basicamente, tal teoria defende que todas as coisas que vemos no mundo que nos rodeia apareceram por acaso, e isso implica a exclusão de toda e qualquer participação divina. Em contraposição, as Escrituras declaram que a ordem, a diversidade, a complicada interdependência e beleza do mundo natural foram criadas por um Deus vivo e auto existente e que, na criação, houve a participação direta do Filho, conforme é descrito por Paulo […].

[…] Um dos argumentos defendidos por Tomás de Aquino em sua Suma Teológica, quando aborda as cinco vias que conduzem a Deus, é o da Ordem do Mundo. A prova da ordem do mundo (ou, segundo Tomás de Aquino, o argumento das causas finais) se apoia no princípio da finalidade e toma a seguinte forma: A organização complexa, objetivando um fim, exige uma inteligência ordenada. Esta prova parte do princípio da ordem universal, através da qual é demonstrado o supremo poder pessoal que existe no Filho de Deus. Essa ordem é evidente: considerado no seu conjunto, o universo nos aparece como uma coisa admiravelmente ordenada, em que todos os seres, todos os elementos, por mais diferentes que sejam, contribuem para o bem geral do universo. Jamais uma estrela, planeta ou cometa entraram na órbita dos outros. A natureza obedece rigidamente às leis estabelecidas por Deus. O universo não ultrapassa qualquer limite além daquilo que lhe foi prescrito. ‘Todo este complexo de seres e coisas encontra-se orientado e sustentado pela palavra do seu poder’” (Comentário BíblicoEpístola aos Hebreus. CPAD, pp.23,24).

 

“‘No princípio era o Verbo’. Esta expressão nos leva de volta a Génesis 1.1, onde se lê: ‘No princípio criou Deus os céus e a terra’. João nos informa que, na época da criação, o Verbo já existia: ‘E o Verbo estava com Deus’, existia em relacionamento com Deus, o que sugere a eterna comunhão entre o Pai e o Filho, sendo um quanto à sua natureza, são, porém, distintos quanto às suas personalidades. O Verbo é da mesma natureza do Pai, ou seja, divino.

A palavra do homem é o modo dele se exprimir, de se comunicar com outras pessoas. Pela sua palavra, faz conhecido seus pensamentos e sentimentos; pela sua palavra, dá ordens e efetua a sua vontade. A palavra que ele fala transmite o impacto do seu pensamento e caráter. Um homem pode ser conhecido de modo completo pela sua palavra, e até um cego pode conhecê-lo perfeitamente assim. Ver a pessoa não daria muitas informações, quanto à sua personalidade, a alguém que não a tivesse ouvido falar. A palavra da pessoa é seu caráter recebendo expressão. Da mesma forma, a ‘Palavra de Deus’ (ou ‘Verbo de Deus’, expressão que a tradução bíblica em português emprega quando se trata de uma referência direta a Jesus Cristo na sua vida terrena) é sua maneira de exprimir sua inteligência, vontade e poder. Cristo é aquele Verbo, porque Deus revelou sua atividade, vontade e propósito através dele, e porque é por meio dele que Deus entra em contato com o mundo. Nós nos exprimimos por meio de palavras; o Deus eterno se exprime através de seu Filho, que é ‘a expressa imagem de sua pessoa’ (Hb 1.3). Cristo é o Verbo de Deus porque revela Deus, demonstrando-o pessoalmente. ‘Ele não somente traz a mensagem de Deus — Ele é, pessoalmente, a mensagem de Deus’” (Comentário Bíblico de João. Myer Pearlman, CPAD, pp.7,8).

 

GLOSSÁRIO

 

Cosmo: O Universo.

Deidade: O mesmo que divindade; elenco dos atributos absolutos e incomunicáveis que tornam Deus o Ser Supremo por excelência.

Imensidade: Extensão ilimitada; o espaço imenso; o infinito.

Incorrer: Ficar incluído, implicado ou comprometido; incidir; ficar sujeito a.

Preeminência: Primazia, superioridade; grandeza, excelência.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

Comentário BíblicoEpístola aos Hebreus. Severino Pedro da Silva, CPAD.

Comentário Bíblico de João. Myer Pearlman, CPAD.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Qual o significado de ser Cristo “a imagem do Deus invisível”?

R. Ele se identifica com o Pai, em sua perfeição, infinitude, imensidade, glória e poder.

 

2. Por que “todas as coisas subsistem” por Jesus?

R. É uma afirmação de que Cristo é sustentador e preservador da criação.

 

3. Como entender que Cristo “é a cabeça do corpo da igreja”?

R. Porque Ele e o soberano, o Senhor e o líder supremo da Igreja.

 

4. Qual o meio pelo qual Cristo fez a paz?

R. “Pelo sangue da sua cruz”.

 

5. Quais as condições para que os colossenses permanecessem reconciliados com Deus?

R. Se permanecessem “fundados e firmes na fé”.