LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

3º Trimestre de 2004

 

Título: Colossenses — A perseverança da Igreja na Palavra nestes dias difíceis e trabalhosos

Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima

 

 

Lição 4: O mistério do Evangelho

Data: 25 de Julho de 2004

 

TEXTO ÁUREO

 

Aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória(Cl 1.27).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Deus revelou suas verdades eternas para que o homem, tendo acesso à verdadeira sabedoria em Cristo, não permaneça nas trevas.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — At 9.16

Padecendo por Cristo

 

 

Terça — 2Co 12.7

O espinho na carne

 

 

Quarta — 1Pe 4.13

Participando das aflições de Cristo

 

 

Quinta — 2Co 11.23-28

Sofrendo pelo evangelho

 

 

Sexta — 1Co 2.9

As coisas que o olho não viu

 

 

Sábado — Tg 3.13-17

A falsa e a verdadeira sabedoria

 

HINOS SUGERIDOS

 

46, 330 e 378 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Colossenses 1.24-29.

 

24 — Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja;

25 — da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus:

26 — o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos;

27 — aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;

28 — a quem anunciamos, admoestando a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo;

29 — e para isso também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente.

 

PONTO DE CONTATO

 

Paulo sofreu muito pelo evangelho de Cristo. Não teve sua vida por preciosa. Entregou-se plenamente à obra de Deus e perseverou nisto até o fim. E você? O que tem feito pelo Reino de Deus? Tem se dedicado com esmero ao ensino das Sagradas Escrituras? Prepara-se antecipadamente para ministrar suas aulas na Escola Dominical? Não esqueça o que diz a Bíblia: “Se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7).

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Explicar o mistério do evangelho.
  • Descrever o sofrimento e o regozijo de Paulo.
  • Apontar a eficácia da Palavra de Deus.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Paulo encaixava-se exatamente no perfil necessário à execução da árdua missão de anunciar o evangelho aos gentios — instruído, intrépido, cheio do Espírito Santo. Por isso, obteve tanto sucesso. Com o mesmo empenho com que perseguia os cristãos, este homem entregou-se à causa divina. Não teve sua vida por preciosa porquanto sabia que as provações desta vida contribuem para o próprio aperfeiçoamento e não podem ser comparadas “com a glória que em nós há de ser revelada”. Apresentava-se como servo de Cristo e cumpria plenamente este papel. Sabia que sua obrigação era proclamar o mistério do evangelho: Jesus. Assim como o Messias veio ao mundo para servir e dar sua vida em resgate de muitos, Paulo também estava a serviço da Igreja. Esses exemplos foram deixados a fim de o crente aprender que não importa qual seja seu título ou encargo ministerial, somos todos servos. Ainda hoje, Deus busca quem deseja consagrar-se a Sua obra. A missão não é fácil, demanda muito esforço, compromisso e diligência, todavia, não podemos reter esta mensagem que “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Reproduza a tabela abaixo no quadro-de-giz ou numa cartolina. Pergunte aos alunos quais sofrimentos o apóstolo Paulo enfrentou. Peça-lhes que escrevam a resposta na tabela. Depois confira em 2Co 11.23-28.

 

OS SOFRIMENTOS DE PAULO POR AMOR DO EVANGELHO

 

Açoites

Prisões

Perigos de morte

Apedrejamento

Naufrágio

Fome, sede, etc.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Nesta lição, percebemos quão dedicado e incessante foi o ministério de ensino da Palavra nos primórdios da Igreja Cristã. Paulo, verdadeiro ministro de Cristo, empenhava-se ardorosamente neste mister. Com zelo de Deus, o apóstolo dos gentios sofria pelas almas que conseguia ganhar para seu Mestre. Em quaisquer circunstâncias, pessoalmente, ou por escrito, não cessava de ensinar e orientar seus filhos na fé. Não foi diferente com os colossenses. Mesmo indiretamente, Paulo os discipulou, quer por intermédio de Epafras quer através de suas abençoadas epístolas.

Oremos com fervor e perseverança para que Deus levante, a exemplo de Paulo, mais obreiros, e capacite-os no ministério da Palavra. A lição desta semana salienta como Deus usou Paulo para tornar conhecido o “mistério de Cristo”.

 

I. O SOFRIMENTO E O REGOZIJO DE PAULO

 

1. Cumprindo as aflições de Cristo (1.24). “Regozijo-me agora no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo”. Note que o sofrimento de Paulo era no corpo: “na minha carne”. O que Paulo disse acerca de seus martírios, já havia sido revelado a Ananias em uma visão: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9.15,16). De fato, Paulo, em várias situações e circunstâncias, conheceu o que é padecer pelo nome de Cristo.

Atualmente, há igrejas, sem qualquer fundamento bíblico, que proclamam uma tal de “teologia da prosperidade”, ensinando que o crente quando sofre está em pecado ou com falta de fé. Mas o apóstolo Paulo sofreu muito como cristão. Pedro, outro mártir de Cristo assegurou-nos: “[…] mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que, também, na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis” (1Pe 4.13).

2. Sofrimento pela Igreja (1.24b). Paulo afirmou que, na sua carne, cumpria “o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja”. O que seria cumprir “o resto das aflições de Cristo”? Em Romanos 8.18,28,29 e em outras passagens afins, vemos que as provações desta vida, se não são provocadas por nós, contribuem para sermos “conformes à imagem de seu Filho”. Ver também Jo 16.33; 1Pe 2.20,21. Se o cristão deve ser “conforme a imagem” de Jesus, precisa passar, também, por algum tipo de sofrimento. Paulo, escrevendo aos Gálatas declarou: “Desde agora, ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus” (Gl 6.17). Certamente, ele referia-se às marcas do sofrimento infligido pelos inimigos da causa sacrossanta do Senhor.

 

II. O MINISTRO DE CRISTO (1.25)

 

1. O ministro nos tempos bíblicos. Hoje, quando se ouve o termo “ministro”, a ideia que logo nos vem à mente é a da função ocupada pelos grandes dignitários da nação como “ministro da Fazenda”; “ministro do Planejamento”; “ministro da Defesa”; etc. Contudo, quando Paulo declara que foi “feito ministro” (v.25), a conotação era bem diferente. No original, ministro significa servo, diácono, servidor, serviçal, auxiliar, ajudante. O termo é diakonos , de onde vem diakonia , o mesmo que serviço, ministério. Essas palavras, no sentido original, estavam sempre voltadas para a ideia de serviço, de servir (Lc 10.40; 17.8; 22.27; At 6.2).

2. O ministro nas igrejas atuais. A palavra “ministro”, atualmente, assumiu um outro sentido. Refere-se àquele que é líder na comunidade cristã. Diferencia-se do diácono propriamente dito, que, na prática, é o obreiro que auxilia os dirigentes. Na realidade, nós, obreiros do Senhor, devemos ter a mentalidade de diáconos, ou seja, de que não passamos de servos do Senhor a serviço de seus servos, de sua Igreja. Neste sentido, nada justifica, para os obreiros do Senhor, sejam pastores, evangelistas, presbíteros ou diáconos, demonstrar altivez, orgulho, presunção ou jactância, no exercício do ministério (diakonia). Somos todos servos. Nada mais. Não importa o nosso encargo ministerial. Jesus deu o exemplo. Ele não veio para ser servido, mas para servir (Mt 20.25-28).

 

III. O MISTÉRIO QUE ESTEVE OCULTO (1.26,27)

 

1. O mistério manifestado (1.26b). No Novo Testamento, a palavra mistério aparece muitas vezes; a maior parte delas nas epístolas paulinas. Aqui, Paulo anuncia aos irmãos de Colossos que aquele “mistério que esteve oculto”, “agora, foi manifesto aos seus santos” (1.26b). Em Romanos 16.25,26, o apóstolo fala da “revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto”. E em 1 Coríntios 2.7-10, Paulo reforça essa ideia quando se refere à “sabedoria de Deus, oculta em mistério”. “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus nos revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus”.

2. O mistério desvendado (1.27b). Como está declarado nos vv.26,27, este mistério “é Cristo em vós, esperança da glória”. Na Bíblia, um “mistério” é uma verdade encoberta que Deus na sua presciência, soberania e propósitos se compraz em revelar no devido tempo. Não tem nada a ver com ritos secretos de religiões e fraternidades antibíblicas, tenebrosas e embusteiras. Na verdade, o “mistério” era “entre os gentios”, mas, quanto aos crentes, “o mistério” estava neles: “Cristo em vós”, isto é, Cristo em todas as suas gloriosas riquezas, habitando através do Espírito Santo nos corações e vidas dos gentios salvos.

 

IV. O HOMEM PERFEITO (1.28)

 

1. Anunciando Jesus. Cristo, o “mistério” de Deus agora revelado, não poderia ficar confinado entre alguns homens, nações ou povos. Nos dias presentes, a Igreja do Senhor precisa anunciá-lo por toda parte e por todos os meios sem perda de tempo. A igreja tem, de igual modo, a missão de admoestar “a todo homem”, e ensinar “a todo homem, em toda a sabedoria”, para apresentar “a todo o homem perfeito em Jesus Cristo”. Mas, será possível que, aqui na terra, alguém seja perfeito? Certamente, Deus quer aperfeiçoar o homem, através do evangelho, para que o mesmo, uma vez salvo, chegue, um dia, “à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13). A sabedoria que aperfeiçoa o homem não é aquela adquirida nos bancos das escolas ou das faculdades. Mas é a que “vem do alto”. E esta, segundo a Palavra de Deus, é, “primeiramente pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia” (Tg 3.17).

2. O preço do ministério evangélico (1.29). Para apresentar “todo homem perfeito em Cristo”, Paulo afirma que trabalhava. Os termos usados são bem enfáticos: “e para isto também trabalho”, ou “me afadigo”, dando ideia de um grande esforço, que demanda todas as forças físicas, mentais e espirituais. Paulo era um obreiro incansável, lutador, dedicado de tempo integral à pregação do evangelho: “combatendo segundo a sua eficácia” (de Cristo), ou “esforçando-me”, segundo a eficácia de Cristo. Escrevendo aos filipenses, assegurou-lhes: “porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Se Deus é o que opera tudo em nós, não podemos orgulhar-nos de nada que fazemos para Ele. A Ele pertence toda a glória, toda a honra e todo o louvor.

 

CONCLUSÃO

 

Paulo foi feito ministro de Cristo para anunciar aos santos o mistério que esteve oculto nas eras passadas da eternidade. Esse mistério foi revelado, como sendo Cristo, a esperança da glória, entre os salvos, que recebem a sua mensagem. No v.23, assim como em Efésios 3.7, declarou: “fui feito ministro”. Paulo não se fez a si mesmo tal obreiro; ele foi feito por Deus. Nesse sentido, Jesus prometeu em Mateus 4.19: “Eu vos farei pescadores de homens”. Somente através do ensino da Palavra de Deus, de modo claro e fiel, o homem pode entender, pelo Espírito Santo, as verdades sublimes do evangelho. A revelação não é para todos, mas para os que creem segundo as Escrituras.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Teológico

 

“A comissão dada a Paulo era apresentar ‘a palavra de Deus’ (Cl 1.25). Mas, qual era a mensagem anunciada nesta ‘Palavra de Deus’? Paulo responde esta questão nos versículos 26 e 27. A essência está contida na última frase destes dois versículos: ‘Cristo em vós, esperança da glória’ uma das declarações cristológicas mais conhecidas de Paulo, simples em sua formulação, porém profunda em suas implicações. Seu rico conteúdo merece um destaque.

Não deve nos causar surpresa que o âmago da mensagem de Paulo fosse: ‘Cristo’. Afinal, foi Cristo quem mudou radicalmente sua vida. Antes de seu encontro com Cristo na estrada para Damasco, Paulo foi um zeloso crente em Deus e na religião de seus antepassados. Mas como resultado deste encontro, percebeu que sua perspectiva prévia sobre a vida e a religião fora inadequada e equivocada. Agora entendia que aquEle a quem vinha perseguindo era de fato seu Salvador! Daí por diante, dedicou-se a pregar somente a Cristo e este crucificado (1Co 2.2). Sua identificação com Cristo era tão completa, que sentia que apenas viveria se Cristo vivesse nele (Gl 2.20).

No entanto, Paulo não desejava que o relacionamento que desfrutava com Cristo fosse somente para si. Pelo contrário, o Cristo que pregava era ‘Cristo em vós’ — o termo ‘vós’ referindo-se aos ‘santos’ (isto é, aos crentes), a quem Deus escolheu para tornar conhecidas ‘[…] as riquezas da glória deste mistério’. E que ‘mistério’ glorioso era este que ‘esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e, agora, foi manifestado aos seus santos?’. Era que Cristo, como a ‘esperança da glória’, também foi tornado conhecido ‘entre os gentios’ — um ponto deixado muito mais claro em Efésios 3.2-6 […].

Seguindo esta linha de interpretação, falar de Cristo como a ‘esperança da glória’ é falar dEle como a garantia dos crentes de participarem da ‘glória de Deus’ (GNB; cf. Cl 3.4). Os colossenses foram reconciliados com Deus por intermédio de Cristo? Tinham Cristo em si mesmos? Poderiam então estar certos de compartilhar a ‘glória’ futura com Ele. Esta era uma mensagem que valia a pena pregar!” (Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD, pp.1333-1335).

 

GLOSSÁRIO

 

Dignitário: Aquele que exerce cargo elevado, que tem alta graduação honorífica, que foi elevado a alguma dignidade.

Empáfia: Orgulho vão; soberba, altivez, embófia; páfia.

Jactância: Vaidade, ostentação, gabo; orgulho, arrogância; altivez.

Presciência: Qualidade de quem sabe com antecipação; de quem prevê o futuro.

Rito: As regras e cerimônias que se devem observar na prática de uma religião.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Qual a alegria que Paulo sentia em sua alma?

R. Saber que seu cuidado e amor pelos colossenses redundavam em sua edificação e firmeza, livrando-os da ação maligna das heresias.

 

2. A que se referia Paulo ao dizer que cumpria na carne “o resto das aflições de Cristo”?

R. Certamente queria referir-se às marcas do sofrimento em sua missão.

 

3. Qual o significado da palavra diácono no tempo de Paulo?

R. Significava servo ou ministro.

 

4. Qual era o mistério que Paulo pregava?

R. Cristo, esperança da glória.

 

5. A que se refere a expressão o “homem perfeito em Cristo”?

R. Ela se refere a uma perfeição relativa ou à maturidade que o crente pode ter na sua vida, em comunhão com o Senhor.