Título: Colossenses — A perseverança da Igreja na Palavra nestes dias difíceis e trabalhosos
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 7: As heresias e o culto aos anjos
Data: 15 de Agosto de 2004
“Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão” (Cl 2.18).
A falsa humildade leva o crente a tornar-se um fanático, dominado por ensinos sem base nas Escrituras Sagradas.
Segunda — Mc 7.7
Doutrinas que são mandamentos de homens
Terça — Mt 17.21
O jejum que liberta
Quarta — At 15.20
Abstendo-se das contaminações
Quinta — 1Co 6.3
Haveremos de julgar os anjos
Sexta — Rm 13.12
Rejeitemos as obras das trevas
Sábado — 2Pe 3.18
Crescendo em Cristo Jesus
75, 88 e 235 da Harpa Cristã
Colossenses 2.16-23.
16 — Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,
17 — que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.
18 — Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão,
19 — e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.
20 — Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo,
21 — tais como: não toques, não proves, não manuseies?
22 — As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens;
23 — as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne.
Talvez a palavra mais apropriada para a Igreja atual seja: Vigiai. Observa-se um retorno aos rituais antigos, à imposição de regras descabidas e a um fardo antibíblico que nos faz esquecer do principal aspecto do cristianismo — a transformação de vida. Cuidado com o legalismo, fuja da hipocrisia, seja santo em toda a sua maneira de viver. As pessoas identificam-no como crente apenas por sua aparência ou por suas atitudes também? Reflita com sua turma.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Os falsos mestres achavam que para ser salvo era necessário obedecer às leis cerimoniais e às “doutrinas que são mandamentos de homens”. Agiam como o fariseu da parábola de Jesus que se achava justo e admirava seus atos, que, na verdade, era apenas sua obrigação como crente. Além disso, sua postura refletia a falta de consciência de sua natureza pecaminosa, e, por conseguinte, de sua precisão da graça de Deus. Quando confiamos em nossa própria justiça, anulamos o sacrifício de Jesus, porque Ele veio ao mundo para que não mais cumpríssemos rituais que eram apenas “sombras das coisas futuras”. A verdadeira doutrina da salvação consiste num ato de fé na morte e ressurreição de Cristo que possibilita o acesso à graça divina. E, a legítima santidade busca o aperfeiçoamento do homem interior sem, contudo, desprezar o exterior.
Reproduza a tabela abaixo no quadro-de-giz e exponha seu conteúdo à turma.
INTRODUÇÃO
Os crentes de Colossos estavam sendo alvo dos hereges que, a pretexto de humildade, ou de santidade, queriam obrigá-los a ficar sob o jugo de ordenanças carnais, forjadas para manter seus seguidores presos aos seus ensinos. Em lugar da verdadeira doutrina que tem origem no Evangelho de Cristo, os hereges procuram sobrecarregar os incautos e crédulos com “doutrinas que são mandamentos de homens” (Mc 7.7).
I. EXORTAÇÃO CONTRA O ASCETISMO GNÓSTICO (2.16,17)
1. Combatendo ordenanças falsas. Após a solene proclamação da vitória de Cristo e de seus servos sobre os poderes malignos, Paulo confronta de modo direto os falsos ensinos sobre o ascetismo gnóstico. O jejum era tido como uma prática supervalorizada como parte do culto aos poderes cósmicos que, segundo eles, deram origem ao universo. Assim, Paulo, negando o valor desses falsos ensinos, exorta os colossenses a que não se deixasse levar por tais argumentos.
Sob o ponto de vista genuinamente cristão, a abstenção de alimentos, em determinadas ocasiões, tinha e continua a ter seu sentido proveitoso como recurso auxiliar espiritual nos momentos de oração e devoção a Deus. No Antigo Testamento, há exemplos notáveis de homens de Deus que recorreram ao jejum buscando vitória nas grandes lutas. No Novo Testamento, vê-se também a importância do jejum como recurso auxiliar à oração (Mt 17.21; At 10.30).
2. Combatendo a guarda obrigatória de dias especiais (2.16). A guarda de dias de festas sagradas, ao lado dos sacrifícios requeridos na lei mosaica foram, com justiça, observados antes da vinda de Cristo. Eram parte do culto e dos sacrifícios na Antiga Aliança, como “sombra das coisas celestiais” (Cl 2.17; Hb 8.5), ou “uma alegoria para o tempo presente” (Hb 9.9), ou, ainda “a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas” (Hb 10.1), isto é, a realidade prefigurada por eles, temo-la em Cristo. Tendo a Cristo, temos tudo o que carecemos. O cristão não precisa, pois, ficar preso a tais ordenanças, que eram sombras, ou tipos de Cristo, o antítipo, ou a realidade trazida à história. A vida do crente em Cristo é liberta de qualquer calendário escravizante, inclusive da guarda dos sábados, que era um concerto especial de Jeová com seu povo Israel (Êx 31.13; Dt 5.12; Ez 20.12). Os cristãos guardam o domingo apenas como dia de descanso semanal. Nesse dia, o primeiro da semana, o Senhor Jesus (que é também o “Senhor do sábado”, Lc 6.5) ressuscitou (Mc 16.1-8). Os cristãos primitivos conheciam esse dia como “o dia do Senhor” (Ap 1.10). A própria palavra “domingo” significa “dia do Senhor”.
II. COMBATENDO AS FALSAS ORDENANÇAS (2.18)
1. A falsa humildade. Os hereges utilizavam o pretexto da humildade para escravizar as pessoas, dominando-as “a seu bel-prazer” a fim de mantê-las sob suas rígidas regras ascéticas. Trata-se, pois, de falsa humildade, hipocrisia desses falsos mestres. A genuína humildade é uma das virtudes principais que nos resguarda do orgulho, da soberba e da presunção. A Bíblia inteira fala do valor da humildade para a vida espiritual. O crente humilde é sempre cheio da graça de Deus (Pv 3.34; Tg 4.6).
2. O herético culto aos anjos. Os crentes de Colossos estavam sendo induzidos a adotarem um culto estranho, de natureza mística e esotérica. Era o “culto aos anjos”. Como se sabe, pela Palavra de Deus, os anjos são seres celestiais, criados por Deus, a quem são atribuídas diversas missões. Mas os anjos não são perfeitos, nem merecem adoração ou culto.
Conforme Cl 2.18, esse tal “culto dos anjos”, incluía uma mistura de falsos ensinos judaicos com ideias ou doutrinas pagãs. Era um culto que escravizava. O culto a Deus é libertador. Nos dias presentes, o “culto aos anjos” está de volta. Lamentavelmente, há igrejas que entraram por esse caminho, atribuindo aos anjos uma missão que Deus não lhes determinou. Os anjos podem aparecer, sim, em ocasiões especiais. Não existe base bíblica para se afirmar que eles estão por aí, a dirigir culto e revelar “segredos” de Deus. Toda a revelação necessária e suficiente para que o homem e a Igreja saibam como relacionarem-se com Deus já nos foi transmitida através das Sagradas Escrituras.
3. As falsas visões (2.18). Paulo alertava os colossenses a que não se deixassem dominar por ninguém sob o manto da falsa humildade, os quais “metem-se em coisas que não viram”. Era uma manifestação da falsa humildade com o orgulho espiritual, com base em “revelações”. Uma mistura de legalismo com ocultismo. Jesus definiu bem quem são os que se interessam por coisas ocultas, misteriosas e secretas ensinando que quem faz o mal não vem para a luz (Jo 3.19,20). Os verdadeiros crentes em Jesus são libertos dessas falsas revelações que só têm um único objetivo: afastar as pessoas do verdadeiro culto a Deus.
III. “MORTOS COM CRISTO” (2.19,20)
1. Uma nova vida em liberdade. Os falsos mestres de Colossos não estavam ligados “à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus”. Toda heresia tem essa origem: o desligamento da “Cabeça”, que é Cristo.
2. Vencendo o legalismo escravizante. As ordenanças não se limitavam à observância de dias santificados, ou às práticas alimentares. Ordens e comandos eram dados em termos de “não toques, não proves, não manuseies” (2.21). É evidente que a vida cristã tem suas regras de conduta, suas normas a serem observadas em termos de usos e costumes, mas só devem ser consideradas e obedecidas se tiverem comprovada base nas Sagradas Escrituras. O equilíbrio é indispensável quanto a normas e recomendações.
3. Santidade aparente. O apóstolo demonstrou que aquelas ordenanças, ou exigências, tinham “na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade” (2.23), mas não tinham o valor espiritual que os falsos mestres alegavam. No máximo, o que poderiam ter era algum valor “para a satisfação da carne”, ou seja, tais ordenanças não passavam de meios e formas de apresentar um comportamento que satisfizesse os interesses humanos e carnais dos mestres hereges. A verdadeira santidade volta-se para Deus.
CONCLUSÃO
As falsas religiões utilizam-se de regras e mais regras para escravizar seus adeptos. O cristão, no entanto, já foi liberto da escravidão do mundo visível e do jugo do mundo invisível por nosso Senhor Jesus Cristo.
Subsídio Bibliológico
“A frase ‘pelo comer, ou pelo beber’ provavelmente se refere às leis judaicas relacionadas aos alimentos. As festas mencionadas são os dias santos judaicos celebrados anual, mensal (lua nova) e semanalmente (o sábado). Essas cerimônias distinguiam os judeus de seus vizinhos pagãos. A falha em observá-las poderia ser facilmente notada por aqueles que não perdiam de vista o que os outros faziam. Não devemos nos deixar ser julgados pela opinião dos outros porque Cristo nos libertou.
Paulo disse aos cristãos colossenses para não deixarem que outros criticassem sua dieta ou suas cerimônias religiosas. Em vez da observância exterior, os crentes deveriam enfocar a fé em Jesus Cristo. Nossa adoração, tradições e cerimônias podem nos ajudar a nos aproximarmos de Deus, mas nunca devemos criticar companheiros cristãos cujas tradições diferem das nossas. Mais importante do que a maneira como adoramos é que adoremos a Cristo. Não deixe ninguém julgá-lo. Você é responsável perante Cristo.
As leis, os dias santos e as festas do AT apontavam para Cristo, Paulo os chama de ‘sombras’ da realidade que estava por vir — o próprio Cristo. Quando Cristo veio, dispersou as sombras. Se temos a Cristo, temos o necessário para conhecer e agradar a Deus” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD, p.1678).
Subsídio Devocional
“Muitos há que restringem a graça apenas à salvação e põem o peso da santidade, como já observamos, num sistema carregado de ordenanças, muitas delas de natureza carnal, onde o que conta é o esforço humano para cumprir cada requisito previsto. O indivíduo foi salvo, mas agora, como bem definiu o apóstolo Paulo em Colossenses 2.20-23, precisa sobrecarregar-se de regras de homens que tornam o caminho mais estreito do que já é. A graça garante não só a salvação, mas também a vida de renúncia, pureza e justiça do Sermão do Monte.
Na epístola aos Romanos, considerada o evangelho da graça, todas as vezes que esse tema vem à tona, a graça aparece como a razão da vida de vitória do cristão (Rm 5.17,20,21).
A lei não nos leva a abandonar o pecado, mas a graça nos ensina que, ‘renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente’. A lei não admite que você falhe, mas a graça o abraça quando você comete um deslize contra os princípios da vida cristã expostos no Sermão do Monte. Graça não significa liberdade para viver pecando, mas a certeza de que ela não é bastante para suprir as nossas fraquezas com a força divina a fim de que evitemos o pecado. ‘Graça não é o passaporte para o desregramento moral, mas a certeza de que seremos perdoados todas as vezes que buscamos o seu refúgio diante do trono de Deus’” (Transparência da Vida Cristã. CPAD, p.29).
Adepto: Partidário, sectário, sequaz, prosélito.
Corroborar: Confirmar, comprovar, roborar.
Herege: Aquele que professa doutrina contrária aos artigos de fé aceitos pela comunidade dos fiéis.
Prefigurar: Figurar ou representar de antemão (coisa futura).
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
Transparência da Vida Cristã. Geremias do Couto, CPAD.
1. Por que os gnósticos incentivavam a abstenção de alimentos?
R. Porque fazia parte do culto aos poderes cósmicos que, segundo eles, deram origem ao universo.
2. Qual era o significado da observância de dias especiais?
R. Eram parte ao culto e dos sacrifícios na Antiga Aliança, como sombra das coisas futuras.
3. Como os gnósticos utilizavam a humildade?
R. Como pretexto para escravizar as pessoas, dominando-as “a seu bel-prazer”.
4. Que era o “culto aos anjos”?
R. O culto aos anjos era uma mistura de falsos ensinos judaicos com ideias e doutrinas pagãs.
5. Qual a diferença entre o culto aos anjos e o culto a Deus?
R. O culto aos anjos escravizava; O culto a Deus é libertador.