Título: Colossenses — A perseverança da Igreja na Palavra nestes dias difíceis e trabalhosos
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 8: Evidências da nossa união com Cristo
Data: 22 de Agosto de 2004
“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus” (Cl 3.1).
A nossa nova vida com Cristo exige cuidado, vigilância, oração e disciplina interior.
Segunda — Ef 2.1
Mortos em ofensas e pecados
Terça — 1Co 2.14
O homem natural
Quarta — Fp 3.19
As coisas terrenas
Quinta — 1Co 2.13
As coisas espirituais
Sexta — Jo 1.14b
A glória do Unigênito do Pai
Sábado — 1Jo 3.2
Seremos semelhantes a Cristo
77, 145 e 146 da Harpa Cristã
Colossenses 3.1-11.
1 — Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
2 — Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra;
3 — porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
4 — Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória.
5 — Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria;
6 — pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;
7 — nas quais também, em outro tempo, andastes, quando vivíeis nelas.
8 — Mas, agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca.
9 — Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos
10 — e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
11 — onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos.
A Bíblia diz que temos a mente de Cristo (1Co 2.16). Então, você deve submeter toda informação que tente penetrar nela à avaliação do Senhor (2Co 10.5). Muitas vezes teremos que dizer não para alguns pensamentos que procurarão invadir nosso intelecto, principalmente quando estes forem contrários à santidade de Deus. Cuidado! Com que você tem ocupado sua mente? Que tipo de conteúdo você está enviando para ela?
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Todos nós estávamos mortos em pecados, destituídos da glória de Deus, alienados do Pai, todavia, Cristo, ao morrer na cruz, garantiu uma nova vida para os que nEle cressem. Assim como Ele foi crucificado, também devemos crucificar diariamente nossa carne com suas concupiscências; morrer para o pecado. Da mesma maneira que Ele ressuscitou, precisamos nascer de novo; viver para Deus. E isso implica em um novo pensar, agir e sentir. Agora, não temos mais prazer em obedecer nossos desejos carnais, pelo contrário, nosso prazer está em cumprir a vontade de Deus. Trocamos as coisas materiais pelas espirituais. Nossas atitudes obedecem a um novo comando, olhamos a vida sob uma nova perspectiva. “… As coisas velhas se passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17).
Encontre figuras que retratem a prostituição, a impureza, a vil concupiscência e a avareza. Divida a turma em quatro grupos. Entregue uma figura para cada grupo. Cada qual deverá encontrar três referências bíblicas relacionadas a seu tema. Feito isso, três representantes do primeiro grupo se posicionarão diante da turma. O professor explicará o significado da palavra, escolhida pelo grupo, contido no comentário da lição. Depois dirá “O que a Bíblia tem a nos dizer acerca disso?”. Então, os alunos lerão textos relacionados.
INTRODUÇÃO
Paulo exortou os colossenses, não só a buscar, mas a pensar nas “coisas que são de cima” (v.2). A advertência bíblica está no imperativo: “Pensai”. Deus viu que a igreja em Colossos corria o perigo de uma catástrofe espiritual. Por isto, alertou-a por intermédio do seu servo Paulo. Como já vimos nas lições anteriores, os falsos mestres estavam estragando o rebanho em Colossos. Por que os dirigentes daquela igreja não davam um basta nisso fechando a porta para aqueles maus elementos? Por que os dirigentes das igrejas hoje também não tomam providências para resguardar o seu povo? E quando os próprios dirigentes estão comprometidos e carunchados? (Lc 11.35)
I. BUSCANDO AS COISAS QUE SÃO DE CIMA
1. Ressuscitados com Cristo (3.1). A Palavra enfatiza aqui a prioridade e a relevância da nossa ressurreição espiritual: “se já ressuscitastes com Cristo…”. Isso necessariamente nos leva ao que está dito em Cl 2.20: “Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo…”. Em um sentido, os crentes estão “mortos com Cristo”; em outro, diz que eles já ressuscitaram com Cristo. Isto não é contraditório. Antes da conversão, havia um pecador, vivo para o mundo, mas morto para Deus (cf. Ef 2.1); depois da conversão, ressurge um pecador, vivo para Deus, e morto com Cristo para o mundo.
2. “Buscai as coisas que são de cima” (3.1). O “homem natural” (1Co 2.14) é voltado para as “coisas da carne” (Rm 8.5), “as coisas do homem” (1Co 2.11), “as coisas pertencentes a esta vida” (1Co 6.3), ou ainda para as “coisas terrenas” (Fp 3.19). A Palavra de Deus nos exorta a buscar “as coisas que são de cima”. “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu” (1Co 2.9). São “as coisas de Deus” (1Co 2.11), “as coisas espirituais” (1Co 2.13), as bênçãos que acompanham a salvação, a paz de Deus, o seu amor, a sua bondade, a sua misericórdia, a sua graça; “a fé, a esperança e a caridade” (1Co 13.13), a cura divina, o batismo com o Espírito Santo, os dons espirituais, e tudo o que tem origem em Deus, em Cristo, e no Espírito Santo, consoante as Sagradas Escrituras. A palavra “buscar”, como aqui está no v.1, implica um esforço contínuo do crente, não apenas para descobrir e conhecer as coisas de Deus, mas para obtê-las.
3. “Pensai nas coisas que são de cima” (3.2). Pensar nas “coisas que são de cima” é oferecer a Deus o “culto racional” (Rm 12.1). É ocupar a mente com aquilo que agrada a Deus (Fp 4.8). “E não nas que são da terra”. O crente tem de escolher uma ou outra das duas coisas do v.2. As coisas do céu, ou as mundanas. Não há posição neutra para o crente. Sabemos de antemão que o apego às coisas mundanas é inimizade contra Deus (Tg 4.4).
II. A MANIFESTAÇÃO DO CRENTE EM GLÓRIA
1. Quando Cristo se manifestar (3.4). Jesus manifestou-se ao mundo em carne, como homem, envolto em humildade e sofrimento para nos salvar da perdição como nosso amoroso Redentor. “O verbo se fez carne” (Jo 1.14a). Porém, no dia de sua vinda em glória, a visão que todos terão dEle será algo indescritivelmente majestoso. Como na sua ascensão (At 1.11), Ele se manifestará em glória.
2. Os crentes glorificados. “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória” (3.4). Os crentes fiéis estarão naquele dia “com Ele em glória”. João resume de modo claro o que haveremos de ser quando Cristo se manifestar: “Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1Jo 3.2b).
III. VENCENDO AS “COISAS VELHAS” (3.5)
1. Mortificando os membros do corpo. Os membros do nosso corpo não têm condição de, por si, realizar o bem segundo Deus. No pecador inconverso, seus membros são inclinados às “concupiscências da carne”, às “paixões infames”, “no contrário à natureza”, à “torpeza”, ao “sentimento perverso”, e inumeráveis iniquidades e abominações (cf. Rm 1.24,26,29-32). Esses mesmos membros, no caso do crente, podem ser mortificados através da santificação (Rm 6.13,19).
2. Cinco pecados que destroem a vida do crente (3.5).
a) A prostituição. No original, esta palavra tem um amplo sentido, abrangendo todo tipo de pecado na área sexual, incluindo infidelidade conjugal, desvios e práticas sexuais aberrantes. É a mesma palavra utilizada por Jesus em Mateus 19.9. O mesmo termo aparece no catálogo de pecados da carne, em Gálatas 5.19 (Pornéia).
b) A impureza. É sinônimo de prostituição, mas pode ser entendida como intenção imoral, ou cultivo de pensamentos impuros, que dão origem à prostituição. Jesus ensinou que a origem do pecado está no coração (Mt 15.19). Antes da prática dos atos ilícitos, vêm os pensamentos maus.
c) O apetite desordenado. Pode ser traduzido como “paixão lasciva” e tem o significado de paixões violentas que dominam a mente dos pecadores. São as “paixões infames”, a que Paulo se refere em Rm 1.26, no que se relaciona ao homossexualismo ou a outros tipos de desejos sexuais imundos, tenebrosos e compulsivos, o mesmo que concupiscência (1Ts 4.5).
d) A vil concupiscência. É o desejo maligno, de ordem sexual, que avassala a mente dos que não oram e não vigiam e são dominados pelo Tentador. O termo também se refere a qualquer tipo de desejo ilícito e condenável com relação a qualquer coisa. Várias referências aludem a esse tipo de pecado, a saber, os “desejos da mocidade” (2Tm 2.22); “as concupiscências do engano” (Ef 4.22).
e) A avareza. É literalmente, “o desejo incontido e desordenado de ter mais”, de ter muitas posses, de modo insaciável. A avareza, como a Bíblia deixa claro aqui, é uma forma de idolatria. Ver 1Tm 6.10.
3. Por estas coisas vem a ira de Deus (3.6,7). Deus não tem ao culpado por inocente (Ex 34.7; Nm 14.18). O Senhor é vingador de todas estas coisas (1Ts 4.6). A Bíblia adverte que a ira de Deus vem sobre os filhos da desobediência. Esse tipo de comportamento, dominado pelo pecado, pertencia ao passado daqueles crentes, antes da sua conversão: “nas quais também, em outro tempo, andastes, quando vivíeis nelas” (3.7). Assim deve ser também com os crentes de hoje. Os padrões de Deus não mudam. Quem vive praticando tais pecados traz escândalo para o Evangelho.
IV. COMO ANDAR NA NOVA VIDA (3.8-11)
1. Despojando-se de tudo (3.8). O verbo “despojar-se” no original tem o sentido de “ficar livre de”, despir-se de um velho vestuário, de uma roupa antiga e inadequada. A Bíblia diz mais que o crente deve despojar-se de dois outros tipos de pecados:
a) Pecados internalizados. São pecados que agem na mente. Os crentes em Jesus, pois, devem despojar-se da ira que se constitui numa impaciência contra alguém, misturada com aborrecimento ou ódio (Ef 4.26; 1Tm 2.8); da cólera, que é uma forma exacerbada de ira, explosiva, sem controle (Gl 5.20; Ef 4.31); e, da malícia; é uma palavra com sentido amplo, podendo referir-se a “malignidade”, “vício”, “depravação” (1Co 5.8; Ef 4.31).
b) Pecados verbalizados. Os cristãos devem despojar-se da maledicência; refere-se a qualquer tipo de expressão verbal contra Deus e, também, contra os homens (Mt 27.39; Mc 15.29; Rm 2.24); devem evitar as palavras torpes, ou seja, a linguagem indecente, as palavras obscenas, feias, vergonhosas. No v.9, é citada a mentira; os mentirosos não têm parte nos céus (cf. Ap 21.8); lábios mentirosos são abomináveis a Deus (Pv 12.22).
2. Vestidos do novo homem (3.9-11). O crente em Jesus tem uma nova e santa roupagem espiritual. Assim, ele acrescenta no v.10: “e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”; refere-se ao “novo” homem, regenerado por Cristo (Rm 13.14) para ser conformado à sua imagem (cf. Rm 8.29).
3. Cristo é tudo em todos (3.11). Nele, não há distinção de raça (nem “grego nem judeu”), nem de condição religiosa (“circuncisão ou incircuncisão”), de caráter social (“servo ou livre”), ou cultural (“bárbaro” — não falavam o idioma grego, ou “cita” — tribos selvagens); somente na Igreja, há um nivelamento entre os homens. No culto a Cristo, lado a lado, podem assentar-se o soldado e o general; o aluno e o professor; o pobre e o rico; o letrado e o iletrado; o negro e o branco; se assim não for, não se pode falar em cristianismo. Pois “Cristo é tudo em todos”.
CONCLUSÃO
A nova vida com Cristo é uma vida de verdadeira liberdade, segundo as Escrituras. Nenhum poder humano, ou espiritual, pode escravizar o servo ou a serva de Deus. Mas, para garantir essa liberdade cristã, o cristão precisa pensar e buscar “as coisas que são de cima”. Ver Gl 5.1,13.
Subsídio Teológico
“A razão pela qual os colossenses devem buscar as coisas de cima é que foram ressuscitados com Cristo (3.1,2). Os versículos 3 e 4 dão duas razões por que devem colocar seus corações e mentes no reino eterno (observe a conjunção ‘porque’ no princípio do verso 3); envolve tanto uma perspectiva realizada como uma escatológica:
1) A primeira está claramente expressa no versículo 3: ‘Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus’. Esta é, essencialmente, a declaração resultante do versículo 1; Portanto, se já ressuscitastes com Cristo necessariamente implica ter morrido com Ele e, sob certo sentido, esta morte é uma experiência contínua, onde a vida do crente continua ‘escondida com Cristo em Deus’. Este ensino é o que se quer dizer por ‘escatologia percebida’. Os benefícios da morte e ressurreição de Cristo são uma realidade presente e contínua na vida dos crentes; Cristo é verdadeiramente a ‘vida’ de cristão (v.4).
2) Entretanto, há também uma dimensão futura para esta escatologia, conforme esclarecido no final do versículo 4. Está chegando o dia em que Cristo aparecerá e, então, os crentes de Colossos, cuja vida está, agora, escondida com Cristo, aparecerão, também, com Ele em glória. Levando em consideração aquela gloriosa vinda de Cristo e dos crentes juntamente com Ele, esta era mais uma razão para que os cristãos de Colossos cultivassem a perspectiva celestial, e, para que evitassem, a todo custo, o estabelecimento terreno dos desordeiros legalistas…
Ao destacar os imperativos éticos associados à vida em Cristo, Paulo enfoca inicialmente o contraste entre as ações do ‘velho homem’ (3.9) e do ‘novo homem’ (3.10), terminologia empregada novamente em Efésios 4.22,24 — embora o uso destas frases, tanto em Colossenses como em Efésios, já tivesse sido antecipado na carta anterior de Paulo aos Romanos (cf. Rm 6.4,6). Em Colossenses, as ações do ‘velho homem’ parecem ser as da natureza terrena (literalmente, dos ‘membros que estão sobre a terra’, 3.5), enquanto as ações do ‘novo homem’ são aquelas motivadas por uma mente que está atenta às ‘coisas que são de cima’ (3.1,2)” (Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD, pp.1351-1353).
Aberrante: Que aberra, que se desvia das normas, do padrão comum.
Abominação: Ação ou efeito de abominar; repulsão; coisa abominável.
Aludir: Fazer alusão; referir-se.
Avassalar: Imperar em; dominar; oprimir, cativar, seduzir; dominar.
Inconverso: Não convertido, não converso; inconvertido.
Infame: Que tem má fama; Que pratica atos vis, abjetos; torpe, baixo.
Obsceno: Que fere o pudor; impuro, desonesto.
Torpeza: Qualidade de torpe; procedimento ignóbil, indigno, torpe.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
A Mente Renovada Por Deus. Kimball Hodge, CPAD.
1. A que ressurreição se refere Paulo?
R. À ressurreição espiritual.
2. Que significa pensar nas “coisas que são de cima”?
R. É ocupar a mente com aquilo que agrada a Deus.
3. Quando os crentes serão manifestados em glória?
R. Quando Cristo se manifestar na sua vinda.
4. Sobre quem vem “a ira de Deus”?
R. Sobre os filhos da desobediência.
5. Como andar na nova vida?
R. Despojando-se do velho homem e vestindo-se do novo.