LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

3º Trimestre de 2004

 

Título: Colossenses — A perseverança da Igreja na Palavra nestes dias difíceis e trabalhosos

Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima

 

 

Lição 9: Revestidos das virtudes cristãs

Data: 29 de Agosto de 2004

 

TEXTO ÁUREO

 

Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade(Cl 3.12).

 

VERDADE PRÁTICA

 

O crente fiel é aquele que anda vestido e revestido das virtudes cristãs, as quais o tornam diferente perante os olhos do mundo.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Jo 3.18

Quem crê nEle não é condenado

 

 

Terça — Jo 3.16

Deus amou o mundo

 

 

Quarta — Hb 12.14

A santificação é indispensável

 

 

Quinta — Mc 12.30

Amando a Deus de verdade

 

 

Sexta — Gl 6.10

Fazendo o bem a todos

 

 

Sábado — Fp 4.7

A paz que nos guarda

 

HINOS SUGERIDOS

 

111, 178 e 188 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Colossenses 3.12-17.

 

12 — Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade,

13 — suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.

14 — E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição.

15 — E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos.

16 — A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração.

17 — E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.

 

PONTO DE CONTATO

 

Antes de sair de casa, procuramos a roupa mais adequada ao lugar aonde vamos. Para cada ambiente, há um traje apropriado. Na vida cristã, dá-se o inverso. Nossa veste deve ser sempre a mesma: humildade, mansidão, misericórdia, amor, etc., independente de onde vamos. Quando você sai de casa, ao dar aquela última olhada no espelho, costuma dar uma conferida em suas vestes espirituais? Pense nisso.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Descrever os itens que compõem o vestuário espiritual do cristão.
  • Praticar o perdão e o amor.
  • Identificar o louvor que glorifica a Deus.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

A vestimenta revela muito sobre uma pessoa, seu estilo de vida, suas preferências, etc. Assim é o crente. Suas atitudes denunciam quem ele é. O próprio Jesus disse que se amássemos uns aos outros, seríamos reconhecidos como seus discípulos (Jo 13.35). Devemos ser identificados como filhos de Deus onde estivermos. Nosso agir, pensar e vestir deve revelar nossa fé. Quando submetemos cada aspecto de nossa vida a Deus, o Espírito Santo molda em nós o caráter cristão. Gradualmente, Ele produz em nós a natureza de Cristo que é caracterizada pela misericórdia, benignidade, mansidão, humildade, longanimidade, gratidão, e, principalmente, pelo amor. Se somos salvos, devemos viver de acordo com o manual de comportamento deste — a Palavra de Deus, que nos diz: “sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1Pe 1.15).

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Recorte três figuras de jornais ou revistas que representem ambientes distintos (trabalho, festa de casamento, parque, praia, casa, etc.). Cole-as no quadro-de-giz ou numa cartolina. De acordo com as figuras escolhidas, pergunte aos alunos qual a roupa mais adequada para ir a cada lugar. Depois, questione-os: “E se eu fosse ao parque de terno e gravata, estaria vestido apropriadamente?”. Faça perguntas semelhantes utilizando o seu material. Conclua dizendo que devemos andar trajados (externa e internamente) como servos de Deus.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Esta lição trata da vida cristã na esfera da sua edificação espiritual. Veremos pela Palavra de Deus o valor do perdão, da longanimidade e de outras importantes virtudes cristãs, que devem compor o “vestuário” espiritual do crente. O louvor e a adoração a Deus, mormente através do canto e da música são também abordados.

Certamente, na passagem bíblica desta lição, há importantes ensinos para as igrejas de hoje que primam pelos sãos princípios e doutrinas do Evangelho para, assim, darem um vibrante e convincente testemunho de nosso Senhor Jesus Cristo.

 

I. ELEITOS, SANTOS E AMADOS (3.12)

 

1. Eleitos de Deus. Os termos “eleitos” ou “escolhidos” tem no original um significado muito especial para a igreja de Deus. O referido termo nada tem a ver com o pleito eleitoral para escolha de candidatos ao exercício de cargos públicos. Assim como Deus elegeu Israel como seu povo natural no Antigo Testamento (Dt 14.2), Ele também escolheu um povo seu especial, zeloso de boas obras (Tt 2.14) — a sua Igreja, com uma vocação celestial (Hb 3.1). Afinal, como tornar-se eleito? É só receber a Cristo como o único e suficiente salvador pessoal.

A seguir, neste mesmo versículo, temos a identidade na nova vida em Cristo; a nova roupagem espiritual dos eleitos. Agora, chegamos às virtudes com as quais o crente deve estar revestido. Os salvos têm de ser santos. Se não forem santos, não são salvos (Hb 12.14; 1Pe 1.15). O cristão despojou-se das vestes vis do “velho homem” (v.9) e revestiu-se do traje santo do novo homem em Cristo. Não se trata apenas de eleição para salvação, mas igualmente para o serviço do Reino de Deus. O versículo 12 fala de “misericórdia, benignidade e longanimidade”, e isso tem a ver com o próximo.

É bom esclarecer que a doutrina da eleição, como aqui é apresentada, nada tem a ver com o calvinismo ou com a predestinação absoluta que vem sendo ensinada por alguns teólogos tendenciosos. Para maiores esclarecimentos, leia 1Pe 1.2 e 1Pe 2.9.

 

II. O REVESTIMENTO DO CRISTÃO (3.12)

 

Paulo indica aos colossenses uma lista de peças do vestuário espiritual que o crente em Jesus deve ter sobre si:

1. Entranhas de misericórdia. Na linguagem do texto bíblico, isso alude a um coração profundamente compassivo como o de Jesus, conforme vemos em Mt 9.36; 14.14; 15.32; 20.34; Hb 4.15. Paulo exortava os colossenses a terem compaixão dos outros, do íntimo do seu ser. Sem dúvida, o crente em Jesus deve ser uma pessoa que ama não apenas de palavra, de lábios, ou exteriormente, mas do íntimo do seu ser (Lc 10.33; 1Jo 3.18).

2. Benignidade. É outro item da indumentária espiritual do cristão. É também listada entre os “gomos” do fruto do Espírito (Gl 5.22). É a qualidade daquele que só faz o bem. Na vida cristã, fundamentada no amor, só pode haver lugar para a prática do bem. Nosso amor ao próximo deve ir além das palavras (Tg 2.15,16). Diz a Bíblia: “façamos o bem a todos” (Gl 6.10). Fazer o mal aos outros é desvio de conduta; é prevaricação contra Cristo, que nos manda amar até mesmo os nossos inimigos (Mt 5.44).

3. Humildade. É parte do perfil de quem deseja servir ao Senhor (At 20.19); tudo, na vida do crente, deve ser feito com humildade (Fp 2.3; 1Pe 5.5); Deus dá “graça aos humildes”, e os exalta (Tg 4.6,10). A humildade pode ser fingida (2.18,23). Os maiores no reino de Cristo não são os altivos, convencidos, soberbos, arrogantes, prepotentes, e, sim, os humildes como crianças (Mt 18.4).

4. Mansidão. É a qualidade daquele que é manso. O contrário de arrogância, violência, rebelião. A mansidão não deve ser vista como sinônimo de fraqueza. Aquele que é manso é suficientemente forte para suportar as afrontas, as agressões, sem reagir de modo violento. Ele sofre porque é forte. Não por ser covarde. Mansidão, na vida do crente fiel, não é fruto de fraqueza moral, mas é “fruto do Espírito” (cf. Gl 5.22).

5. Longanimidade. Na prática, é a paciência com perseverança para suportar as ofensas. Ela está sempre vinculada à esperança (1Ts 1.3). Não é paciência no sentido corriqueiro. A longanimidade é verificada na hora da provação, quando se é afrontado, ofendido. Dificilmente, alguém suporta afrontas sem reagir. Se estiver cheio do Espírito Santo e revestido com esse importante item da compostura espiritual, o crente salvo tudo suportará por amor a Cristo.

 

III. SUPORTANDO-VOS E PERDOANDO-VOS (3.13)

 

1. Se algum tiver queixa contra outro (3.13). A Bíblia nos exorta que, havendo queixas entre irmãos, o caminho não é agir pela carne, e pela justiça humana sob a alegação de “direitos humanos”, mas pelo Espírito, suportando e perdoando uns aos outros (3.13). Tal atitude deve ser em amor (Ef 4.2). Perdoar é difícil; mais difícil ainda é pedir perdão quando a carne reina. Mas, com a graça de Deus e sob a unção do Espírito Santo, o crente humilha-se e obedece a Palavra.

2. O sobretudo cristão (3.14). “Revesti-vos”. Vemos na figura usada por Paulo, que o vestuário espiritual envolve três fases: A primeira, quando ele diz que o cristão vestiu-se do novo, e que se renova (3.10); a segunda, quando exorta a igreja para que se revista das virtudes aqui estudadas (3.12); e a terceira, quando ele ensina: “E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição” (3.14). Ou seja, sobre o vestido inicial, e sobre o seu revestimento, ainda deve o crente sobrepor a caridade (o amor), que é o vínculo da perfeição. É a caridade o “sobretudo” que une todas as outras peças do vestuário espiritual, não permitindo que nenhuma delas fique frouxa, ou venha a cair. É “o vínculo da perfeição”.

 

IV. PAZ E GRATIDÃO (3.15)

 

1. A paz de Deus. Quando alguém aceita a Cristo, experimenta a verdadeira paz. É aquela paz de que Jesus falou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14.27). É a “paz de Deus que excede a todo o entendimento” (Fp 4.7). A “paz com todos” é indispensável para a salvação, ao lado da santificação (Hb 12.14). A Bíblia nos ensina aqui que fomos chamados em um corpo para vivermos na paz de Deus (3.15). Não é uma paz qualquer, a meu modo a seu modo; não é uma paz forçada, armada ou votada, mas “a paz de Deus”. Essa paz deve dominar os nossos corações, sendo o árbitro nos momentos de dúvidas e incertezas.

2. Sede agradecidos. Um dos maiores pecados contra Deus é a ingratidão. O mundo sem salvação é constituído de pessoas que, além de serem incrédulas, são sempre ingratas. Deus é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas (At 17.25). O apóstolo conclui sua exortação aos colossenses desejando que tenham paz e sejam agradecidos a Deus pelas bênçãos a eles dispensadas.

 

V. A PALAVRA DE CRISTO E O LOUVOR GENUÍNO (3.16)

 

1. O valor da Palavra de Cristo (v.16). Se não houver um exame individual cuidadoso das Escrituras Sagradas e seu constante ensino em nossas igrejas, muitos são levados pelas seitas. Em certas igrejas, há muito movimento, muita música, animação, festivais, celebrações, gritos, e até danças, mas pouca oração, pouca espiritualidade genuína e muito menos estudo da Palavra de Deus. Ela é lâmpada e luz (Sl 119.105). Sem dúvida alguma, somente pela Palavra de Cristo, habitando abundantemente no crente, com sabedoria (3.16), é que ele pode escapar das armadilhas falaciosas das seitas e das heresias e crescer espiritualmente (1Pe 2.2b).

2. O valor do louvor e adoração do crente. O preceito bíblico aqui é que os crentes devem ensinar e admoestar uns aos outros mediante o louvor. O livro de Salmos era o sacro hinário de Israel no culto do Senhor. Os Salmos eram cânticos quase sempre acompanhados de instrumentos musicais (Sl 150); “hinos”, possivelmente temos aqui uma referência a primitivos hinos da igreja, dirigidos a Deus, como em Atos 16.25. Os “cânticos espirituais” aqui mencionados, podem ser tanto hinos, em línguas estranhas, na inspiração e manifestação do Espírito Santo, como hinos compostos por compositores ungidos sob essa inspiração de Deus e solidamente baseados na Palavra, pois são cânticos para ensinar e admoestar na fé. Se um determinado cântico só contém poesia secular, folclore regional, sentimentalismo individual, ritmo da cidade ou interiorano, canção popular, e coisas semelhantes, então que não se diga que isso é hino “ao Senhor com graça no coração” (como diz o v.16). Cantar e tocar tais coisas na Casa do Senhor é algo descabido e impróprio. O louvor só glorifica a Deus se for baseado em Deus, nos feitos e fatos de Deus, na Palavra de Deus e se for voltado para Deus e somente para Ele. Em qualquer reunião ou “show” em que o centro das atenções é o cantor, o artista, o grupo vocal ou a banda, o louvor será falso e só servirá para gratificar a carne. Nesses ambientes, há muitos espectadores. Mas, no genuíno louvor cristão, o único espectador deve ser o Senhor Jesus Cristo.

 

CONCLUSÃO

 

O apóstolo Paulo sentiu da parte de Deus a necessidade de lembrar aos crentes de Colossos que eles eram pessoas especiais para Deus, em face de sua nova vida com Cristo, e que precisavam demonstrar isso perante o mundo, inclusive pelo fato de haver em volta deles um movimento herético sutil, sorrateiro, e perigoso. Não poderiam descuidar-se da condição de “santos e fiéis”, “santos e amados” do Senhor (1.2; 3.12)

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Devocional

 

“A bem-aventurança dos mansos nos conduz ao entendimento sobre a força da mansidão. Ela se contrapõe ao ódio, à violência e ao estilo agressivo das conquistas humanas. Parece um paradoxo, mas quando os de espírito brando despontam, mesmo em situações particulares, conseguem inibir atitudes que poderiam desaguar em conflitos e tragédias. Temos, por exemplo, a tendência natural de reagirmos às críticas, principalmente quando são improcedentes, respondendo no mesmo tom e eventualmente até com grosseria. Mas se tivermos o espírito manso, saberemos não só como nos portar em tais situações, mas quebraremos qualquer atitude hostil de quem nos ofende […].

[…] Misericórdia é o ato de ser compassivo com o próximo em seu estado de carência espiritual, moral e social. Ora, só chega a este passo quem é capaz de esvaziar-se, quebrantar-se, ter um espírito manso e amar a justiça. Apenas estes conseguem ser misericordiosos.

Em suas vidas aplicar-se-á a lei da semeadura e da colheita: por terem exercido a misericórdia, serão também por ela alcançados (Gl 6.7). Os misericordiosos sempre são capazes de estender a mão, mesmo que do outro lado a recíproca não seja verdadeira. ‘Estão sempre dispostos a dar uma nova oportunidade, ainda que não haja da outra parte qualquer manifestação de interesse […]’” (Transparência da Vida Cristã. CPAD, pp.32-35).

 

GLOSSÁRIO

 

Mormente: Principalmente, sobretudo.

Primar: Notabilizar-se, distinguir-se, sobressair.

Indumentária: Traje, indumento, induto; vestuário.

Prevaricação: Ato ou efeito de agir ou proceder mal; incorrer em falta; errar.

Inerte: Que tem inércia; sem atividade, sem ação, letargia.

Alegação: Aquilo que se alega; argumento, arrazoado, prova.

Sorrateiro: Matreiro, manhoso, astuto.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

Transparência da Vida Cristã. Geremias do Couto, CPAD.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Qual o significado do termo “eleitos” para a Igreja?

R. Um povo especial, escolhido por Deus e com uma vocação celestial.

 

2. Quais as cinco peças do vestuário espiritual do crente mencionadas por Paulo em Cl 3.12?

R. Entranhas de misericórdia, benignidade, humildade, mansidão e longanimidade.

 

3. O que significa o termo “entranhas de misericórdia” no texto bíblico?

R. Isso alude a um coração profundamente compassivo como o de Jesus.

 

4. Se o crente tem queixa contra o outro, como deve proceder?

R. Suportá-lo e perdoá-lo.

 

5. Como o crente pode escapar das armadilhas falaciosas das seitas e heresias?

R. Através da Palavra de Deus habitando abundantemente em si.