LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

3º Trimestre de 2004

 

Título: Colossenses — A perseverança da Igreja na Palavra nestes dias difíceis e trabalhosos

Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima

 

 

Lição 10: O relacionamento do cristão

Data: 05 de Setembro de 2004

 

TEXTO ÁUREO

 

Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas ao vosso próprio marido, para que também, se algum não obedece à palavra, pelo procedimento de sua mulher seja ganho sem palavra(1Pe 3.1).

 

VERDADE PRÁTICA

 

O relacionamento do cristão, na família e no trabalho, deve subordinar-se aos princípios da ética cristã.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Tt 2.4

O amor das esposas

 

 

Terça — 1Co 11.11

A igualdade conjugal em Cristo

 

 

Quarta — Gl 3.28

A igualdade espiritual

 

 

Quinta — Ef 6.1

A obediência aos pais

 

 

Sexta — Ef 6.9

O tratamento aos servos

 

 

Sábado — Cl 3.25

Deus não faz acepção de pessoas

 

HINOS SUGERIDOS

 

298, 515 e 605 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Colossenses 3.18-25; 4.1.

 

Colossenses 3

18 — Vós, mulheres, estai sujeitas a vosso próprio marido, como convém no Senhor.

19 — Vós, maridos, amai a vossa mulher e não vos irriteis contra ela.

20 — Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor.

21 — Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo.

22 — Vós, servos, obedecei em tudo a vosso senhor segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus.

23 — E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens,

24 — sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.

25 — Mas quem fizer agravo receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas.

 

Colossenses 4

1 — Vós, senhores, fazei o que for de justiça e equidade a vossos servos, sabendo que também tendes um Senhor nos céus.

 

PONTO DE CONTATO

 

Normalmente, uma pessoa que teve dificuldades em submeter-se aos pais, terá grandes problemas para sujeitar-se a professores, pastores e qualquer outra autoridade. Se ela tem problemas para cumprir ordens, muito provavelmente não saberá dá-las. Os melhores líderes da História tinham prazer em servir. Portanto, se você almeja as grandes posições, sirva.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Discutir o relacionamento entre cônjuges e, pais e filhos.
  • Recordar os deveres dos senhores e empregados cristãos.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

Vivemos um período de relativismo exacerbado onde nunca é demais falar sobre ética nos relacionamentos. A sociedade que, há algum tempo atrás, presenciava uma inversão de valores, hoje, não os têm. Instituições básicas como casamento e família, as quais foram criadas e aprovadas por Deus, perderam completamente seu valor. Palavras como amor, respeito, obediência, fidelidade, submissão, honra, justiça, honestidade e equidade foram abolidas do cotidiano do ímpio, e, infelizmente de alguns crentes. Os princípios bíblicos são universais e devem ser observados com cuidado. O Diabo tem encontrado brechas nos relacionamentos interpessoais e aproveitado para destruir milhares de famílias. Para que isso não ocorra, é fundamental aprendermos sobre a arte de relacionar-se. Jesus nos deixou um ensino extremamente simples que sintetiza esse assunto: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mt 7.12).

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Divida a classe em três grupos. O grupo 1 discutirá o relacionamento entre os cônjuges; o grupo 2, a relação entre pais e filhos; e o grupo 3, entre senhores e servos. Eles deverão abordar direitos e deveres de ambas as partes. Dê cinco minutos para eles discutirem entre si. Depois reúna todos os alunos. Cada grupo deve escolher dois representantes para expor à turma sua opinião.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

O texto bíblico em estudo trata do relacionamento do cristão na família; entre marido e esposa, pais e filhos e das relações de trabalho; entre senhores e servos ou, na linguagem atual, patrões e empregados, chefes e subordinados, superiores e subalternos, líderes e liderados, etc. Hoje, há mais clareza quanto às normas e diretrizes a serem observadas em todos esses relacionamentos. Mas, no tempo em que a Epístola aos Colossenses foi escrita, o mundo era outro socialmente e a visão nesse sentido era muito estreita, tanto no meio da sociedade pagã, quanto na cristã. A Bíblia declara o fato, e a história comprova que à medida que o homem se afasta de Deus, as trevas espirituais aumentam e ele se embrutece (Rm 1.21-32).

 

I. O RELACIONAMENTO ENTRE OS CÔNJUGES

 

1. Deveres das mulheres (3.18). Colossenses é um dos livros da Bíblia que contém orientação basilar quanto ao relacionamento entre as mulheres cristãs e seus maridos, exortando-os quanto aos deveres conjugais. Existem outros livros do Novo Testamento que também tratam do mesmo assunto: Ef 5.22-33; 1Tm 2.8-15; Tt 2.3-5; 1Pe 3.1-7; 1Co 11.3-16.

Aqui vemos as mulheres cristãs sendo exortadas a submeterem-se a seus respectivos maridos, como convém no Senhor. Nos dias presentes, há grande rejeição no segmento feminino de muitas igrejas, quanto à atualidade dessa prescrição bíblica detalhada em Efésios 5.22-24 e 1 Coríntios 11.3. Evidentemente, essa obediência deve ser voluntária e subentende o amor do marido como explícito em Efésios 5.22. Quando recomendações bíblicas são desprezadas, as consciências virão sobre a igreja, o marido, a mulher, a família e a sociedade em geral. Quem quebra as leis de Deus, será quebrado também. Seus mandamentos não são pesados quando há amor (Jo 5.3).

2. Deveres dos maridos (3.19). O esposo cristão tem o dever de amar sua esposa a ponto de, se necessário, sofrer e até morrer por ela como Cristo sofreu e morreu pela igreja (Ef 5.25). O maior dos mandamentos é amar a Deus sobre todas as coisas; e o segundo, semelhante a esse, é amar o próximo como a si mesmo (Mt 22.37-40). Ninguém existe mais próximo do esposo do que sua esposa. E, sendo ela uma fiel cristã, deve ser alvo do amor sincero, leal e afetuoso do seu esposo crente em Jesus. Se o esposo amar a esposa menos do que lhe é ordenado por Cristo, incorre em transgressão ao segundo maior dos mandamentos. E, sem dúvida, sofrerá as consequências advindas desse desamor.

 

II. O RELACIONAMENTO ENTRE PAIS E FILHOS

 

1. Deveres dos filhos (3.20). Aqui está a orientação da Palavra de Deus para os filhos. Isto tem mais a ver com os filhos ainda dependentes dos pais, mas todo filho, não importa a sua condição, tem o dever de cumprir o 5º mandamento de honrar pai e mãe (Éx 20.12), ratificados no Novo Testamento, como em Efésios 6.1-3. Naturalmente, como em toda a comunidade cristã, existem problemas entre pais e filhos, e entre filhos e pais. O apóstolo diz aos filhos que eles devem obedecer a seus pais em tudo, ou seja, em todas as áreas da vida. É lógico, à luz da Bíblia, que os pais não devem exigir dos filhos o que não seja condizente com os princípios bíblicos (Ef 6.1-3). A obediência dos filhos aos pais é, como já vimos, um mandamento com promessa de vida abençoada (“te vá bem”), e de longevidade.

2. Deveres dos pais (3.21). Os pais são exortados a não irritarem os filhos. Ver também Ef 6.4. O termo irritar neste versículo, no original, tem sentido mais profundo e abrangente e envolve indignação, ira, rancor, ódio, revolta, recalque, ferida, ferir. Essa forma de agir não condiz com o caráter cristão. Os pais não devem ser apenas genitores. O genitor é aquele que gera. O pai é aquele que, além de gerar, ama, cuida, zela, instrui, educa, orienta e, acima de tudo, dá exemplo aos filhos.

Os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão (Sl 127.3). Também não se pode ignorar que há filhos irritantes, irreverentes, recalcitrantes e insanos, que por não terem temor de Deus, adotaram más companhias, deixaram-se vencer pelo pecado e por isso não sabem o que é obedecer ao Senhor e muito menos aos pais.

 

III. DEVERES DOS EMPREGADOS CRISTÃOS

 

1. Obedecer em tudo (3.22). Muito antes de surgirem as leis trabalhistas e empregatícias, a Bíblia já preceituava sobre os deveres e direitos da classe social dos empregados e trabalhadores. Outras partes do Novo Testamento também tratam disso, como 1Pe 2.18-25; Ef 6.5-8; 1Co 7.21-24. O cristianismo que Paulo pregava não era revolucionário pela força das armas. Ele tinha (e tem) o apoio e o suporte da Palavra de Deus, na inspiração do Espírito Santo. Jesus desapontou a todos de sua época, acostumados à pena de Talião quando disse que seus discípulos deveriam amar os inimigos (Mt 5.38,43-45). Essa foi a grande revolução cristã na esfera do social. É também o da Lei Áurea que Jesus apregoou em Mt 7.12.

2. Fazer como ao Senhor (3.25). Não é fácil ser um verdadeiro cristão e ao mesmo tempo estar sob o jugo de um chefe muitas vezes ímpio e mau; e ter que trabalhar “de todo o coração”, com diligência, boa produtividade, interesse e zelo. Ser exortado a fazer tudo “como ao Senhor e não aos homens”, só é possível se o crente desfrutar da “tão grande salvação” mencionada em Hebreus 2.3. A grande e poderosa salvação que Cristo trouxe ao mundo transforma o pecador e fá-lo superar tudo que se possa imaginar, inclusive no tocante às relações trabalhistas.

3. O galardão do Senhor (3.24). O servo do Senhor, que vive sob o governo de senhores humanos, deve ter em mente que “fazendo tudo como quem faz ao Senhor”, receberá dEle “o galardão da herança” (v.24). Ler também a passagem paralela de Efésios 6.5-8. Tal crente poderá não receber nenhum prêmio da parte do homem; poderá não ser reconhecido por seus patrões; poderá até não ser promovido em seu trabalho; mas, como servo de Deus, seguramente receberá o seu galardão, em recompensa por sua obediência à Palavra de Deus e sua fé.

4. Não há acepção de pessoas (3.25). O assunto em andamento ainda é o do servo, pois só em 4.1 Paulo dirige-se aos senhores ou patrões. O empregado, funcionário, trabalhador, ou servidor crente nunca deve agir com desonestidade, ou fazer agravo a seus senhores, pois, devem servir como a Cristo, e não aos homens, e também consciente de que está sob o olhar atento daquele que tudo vê.

 

IV. DEVERES DOS SENHORES CRISTÃOS (4.1)

 

1. Fazendo o que for de justiça. Este texto bíblico é de grande valor no tocante ao relacionamento entre senhor e servo. Ele exorta aos senhores cristãos que tratem seus servos, fazendo o que for de justiça, probidade, honestidade e retidão. Esse princípio deve ser aplicado aos lares e igrejas cristãs que têm empregados. O que a Bíblia diz aos senhores cristãos pode e deve ser aplicado aos atuais senhores e senhoras crentes e instituições cristãs para que façam “o que for de justiça” para com seus servos, empregados e assemelhados.

2. Fazendo o que for de equidade. Naqueles tempos, não havia leis trabalhistas que delimitassem os direitos e os deveres dos patrões, muito menos os dos servos. O “senhor” podia fazer o que bem quisesse com eles, pois eram considerados meras propriedades da casa. Porém, como cristãos, senhores e servos estamos debaixo da autoridade da lei maior, que é a Palavra de Deus.

Fazer o que fosse “de equidade” equivalia a dizer que os senhores deveriam dar o mesmo tratamento a todos os servos, fossem homens ou mulheres, jovens ou adultos. Na passagem paralela de Efésios 6, ao doutrinar sobre o relacionamento entre senhor e servo, a Palavra diz (v.9): “E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não há acepção de pessoas”. Isso é equidade.

 

CONCLUSÃO

 

Temos na Bíblia, no livro aos Colossenses, importantes ensinos para a família, para o lar e para as relações entre patrões e servos, ou empregados. Esses ensinos devem ser seguidos pelas igrejas, hoje, visto que os princípios cristãos são universais, e devem ser observados com cuidado, pois para Deus “não há acepção de pessoas” (Ef 6.9).

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Devocional

 

“Os direitos humanos reduzem-se, em essência, ao direito de ser tratado como pessoa. Mas em que consistem? Quais são os direitos humanos e como podemos identificá-los? Importa saber o que é em essência uma pessoa. John Locke listou três direitos naturais, e iniciamos por eles: vida, liberdade e propriedade. Cada um destes, ele considerou essencial à existência. O direito à vida, obviamente é pré-requisito para os demais. O direito à liberdade diz respeito à autodeterminação de alguém dotado da capacidade de deliberação e livre escolha. O direito de propriedade preocupa-se com que o fruto do trabalho de alguém satisfaça suas necessidades básicas e garanta-lhe uma qualidade de vida humana. Deus nos dotou destes direitos quando nos fez como somos. Mas em cada caso o direito em questão é limitado pelos direitos dos outros. Eles são também pessoas humanas e possuem iguais direitos.

Poder-se-ia acrescentar outros direitos humanos? O direito de procura da felicidade foi incluído na Declaração da Independência Americana, mas isso depende de como definimos a felicidade. Se a consideramos apenas como prazer ou deleite, e concedemos-lhe conotação hedonística, então a compreendemos mal. Felicidade, no sentido clássico, é simplesmente o ‘bem-estar’, a satisfação não somente das necessidades econômicas, como sugere o ‘direito de propriedade’ de Locke, mas também das psicológicas e outras necessidades genuinamente humanas. Sugere uma qualidade de vida marcadamente humana. Nesse caso, devemos incluir o direito a qualquer coisa necessária à vida: liberdade de informação, de associação, de religião etc. Também devemos nos opor aos abusos praticados contra os direitos humanos, seja na Rússia, na América Latina, ou nos Estados Unidos.

Tomás de Aquino ensinava que a propriedade deve ser usada em benefício de todos. A preocupação deve evitar os dois extremos, isso é, a prosperidade ilimitada e a pobreza absoluta. ‘Nesse sentido, nosso trabalho e nossa propriedade devem servir tanto a nós mesmos como aos outros’” (ÉticaAs Decisões Morais à luz da Bíblia. Arthur F. Holmes, CPAD).

 

GLOSSÁRIO

 

Recalque: A exclusão, do campo da consciência, de certas ideias, sentimentos e desejos, que o indivíduo não quisera admitir, e que, no entanto, continuam a fazer parte da vida psíquica, suscitando, não raro, graves distúrbios.

Recalcitrante: Que recalcitra; obstinado, teimoso.

Probidade: Qualidade de probo; integridade de caráter; honradez, dignidade.

Equidade: Disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

Disciplinas do Homem Cristão. Richard Kent Hughes, CPAD.

ÉticaAs Decisões Morais à luz da Bíblia. Arthur F. Holmes, CPAD.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Como deve ser a sujeição da mulher ao marido?

R. Como convém no Senhor.

 

2. Qual a recomendação de Paulo aos maridos?

R. Amem sua esposa como Cristo amou a Igreja.

 

3. Porque os filhos devem obedecer aos pais?

R. Porque isto é agradável ao Senhor.

 

4. Por que os pais não devem irritar os filhos?

R. Para que não percam o ânimo.

 

5. Como deve ser o tratamento dos senhores cristãos aos seus servos?

R. Com justiça e equidade.