Título: O Fruto do Espírito — A plenitude de Cristo na vida do crente
Comentarista: Antonio Gilberto
Lição 2: Uma colheita abundante
Data: 09 de Janeiro de 2005
“Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus” (Cl 1.10).
A qualidade e a quantidade do fruto espiritual produzido pelo crente é proporcional à sua plena dependência do Espírito Santo.
Segunda — Jo 15.1-5
Os crentes são os ramos da Videira Verdadeira
Terça — Mt 7.16-20
O fruto do Espírito revela o caráter do crente
Quarta — Rm 8.5-9
A inclinação do Espírito é vida
Quinta — Rm 7.4
O fruto do Espírito é direcionado a Deus
Sexta — Hb 12.11
A disciplina cristã produz fruto
Sábado — Lc 3.8
Frutos que seguem a conversão
João 15.1-17.
1 — Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
2 — Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
3 — Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
4 — Estai em mim, e eu, em vos; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.
5 — Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer.
6 — Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
7 — Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.
8 — Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
9 — Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.
10 — Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.
11 — Tenho-vos dito isso para que minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa.
12 — O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
13 — Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
14 — Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
15 — Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.
16 — Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vos conceda.
17 — Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
Professor, é momento de refletirmos sobre o nosso relacionamento com Cristo. A inquietação da vida cotidiana tem reduzido os instantes que costumamos dedicar à comunhão diária com Jesus. Trabalho, estudo, trânsito, filas, televisão, internet, tudo coopera para a fragilidade dos relacionamentos familiares, religiosos e sociais. No entanto, nosso contato com Cristo não deve estar sujeito a qualquer um desses fatores. Reflita com os alunos acerca do tempo que eles tem dedicado ao Senhor no dia-a-dia.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
A alegoria da videira no capítulo 15 do Evangelho de João é uma das páginas sagradas mais contundentes sobre o relacionamento e a intimidade de Jesus com seus discípulos. Esta pérola poética não é superada nem mesmo pela oração sacerdotal do capítulo dezessete, todavia, complementada e sumariada no versículo 23: “Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade”. Na figura da videira, o Pai é o agricultor que zela pela frutificação do ramo, mas somente na intercessão de Cristo é que entendemos o seu cuidado para conosco. O poder gerador, criador e frutífero do Todo-Poderoso é comunicado ao crente que permanece em Cristo, portanto, é inadmissível um ramo improdutivo. O apóstolo dos gentios experimentou e confessou a excelência de ter o poder eficaz de Deus agindo em sua vida: “Para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia [operação], que opera em mim poderosamente [ dynamis ]” (Cl 1.29; 1Co 12.6). A glória pelo fruto gerado não pertence ao ramo, mas ao vivificador que lhe transmite vitalidade, a fim de que este tenha uma colheita abundante.
Professor, os recursos didáticos usados para enfatizar a mensagem e facilitar a aprendizagem são estratégias usadas desde a Antiguidade. No Antigo Testamento, Deus não apenas dava a mensagem aos profetas, mas também orientava-os quanto aos métodos que seriam empregados na transmissão do ensino. Muitas vezes, o próprio Deus usava recursos didáticos para falar com os profetas (Jr 1.11-14; 18). Em Teologia, chama-se ‘ações simbólicas’ ou ‘oráculos por ação’ os recursos e estratégias didáticas usadas pelo profeta para comunicar com ênfase a profecia bíblica (cf. Jr 13; Ez 24). Para esta lição, usaremos um recurso ousado, tal qual o dos profetas. Corte um galho de árvore que contenha folhas e flores, coloque-o em um vaso e leve-o para a sala de aula. Não diga nada aos alunos. Ministre a lição e, após concluí-la, caso algum aluno não pergunte, explique que esse galho de árvore representa a vida de qualquer crente que deseja estar na igreja (vaso), mas não está ligado à vida da videira. Ficará viçoso durante um período, mas não resistirá, pois nenhuma vida lhe é comunicada. Assim, todo crente, que não está em Cristo, não tem vida em si mesmo. Escreva isto em forma de bilhete para os alunos. Deixe o galho na sala até secar totalmente.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Seiva: Líquido contendo substâncias nutritivas que as raízes absorvem do seio da terra e que circula através dos vasos do vegetal.
No texto em estudo, Jesus usou a figura da videira e seus ramos para ilustrar o tipo de relação que deve existir entre Ele e o crente, a fim de que este produza fruto. Não há necessidade de ser um agricultor para constatar que o mais importante na videira é a qualidade do seu fruto. Isto pode ser observado nitidamente no ensino de Jesus sobre os ramos e a videira. Vejamos o que acontece no relacionamento entre eles.
I. A VIDEIRA E SEUS RAMOS
1. Os ramos que não produzem fruto são arrancados (Jo 15.2). O propósito do ramo é produzir fruto. Se isto não ocorre, o ramo perde sua valia, por isso o lavrador o tira. Um triste exemplo deste tipo de sentença é encontrado na história de Israel. Este povo foi designado para ser a videira de Deus, a fim de refletir o amor, a misericórdia, a bondade e a glória de Deus entre as nações. Mas fracassou, e veio o julgamento (Is 5.1-7; Rm 11.21).
2. Os ramos que não permanecem ligados à videira são lançados no fogo (Jo 15.6). O ramo, ao ser arrancado do tronco, começa a secar e a morrer, porquanto, ao afastá-lo da videira, o fluxo da seiva é imediatamente interrompido, ou seja, a ligação vital entre eles cessa, ocasionando a morte do ramo, recolhido e queimado depois.
Através da salvação, somos ligados a Jesus Cristo; isto abrange um compromisso pessoal e um relacionamento contínuo com aquEle que é a videira, e nós, os ramos (Jo 15.5). Estar em Cristo é comprometer-se com Ele e transformar-se em Sua imagem mediante a ação do Espírito Santo.
3. Os ramos que dão fruto são podados (Jo 15.2). O desejo do lavrador é que o fluxo da seiva seja transportado até aos ramos produtivos, e não aos estéreis e inúteis. A podadura do ramo é um processo indispensável porque objetiva produzir maior quantidade e melhor qualidade de fruto. A frase “limpa toda vara que dá fruto” se refere à santificação (2Ts 2.13), iniciada após o novo nascimento, e baseada na Palavra de Deus. É a forma pela qual o crente torna-se parecido com Cristo paulatinamente.
II. AS CONDIÇÕES PARA A FRUTIFICAÇÃO ESPIRITUAL
Ao examinarmos os ensinamentos registrados em João 15 acerca da frutificação espiritual, percebemos que há pelo menos três condições para uma abundante colheita:
1. A poda feita pelo Pai. Como estudamos anteriormente, a poda é necessária para a produção do fruto do Espírito. Depois de sermos salvos, o Espírito Santo nos convence de áreas em nossa vida que precisam progredir em santificação (1Ts 5.23; Hb 12.10-14; 2Co 7.1). Na vida do cristão, este processo é efetuado pelo Pai através de circunstâncias que resultam em amadurecimento e dependência de Deus.
2. A permanência em Cristo. Jesus usou o verbo permanecer quando descreveu a relação entre ele e seus seguidores. Ele asseverou: “Estai [permanecei] em mim, e eu, em vós” (Jo 15.4).
A primeira parte desta frase: “Estai [permanecei] em mim”, diz respeito à nossa posição em Cristo. Permanecer em Cristo refere-se a nossa unidade e comunhão com ele (Ef 2.6). Meditando na partícula em, chegamos à conclusão de que onde estamos é de grande significância. Devemos estar em Cristo, assim como o ramo permanece no tronco da videira. Este enxerto ou ligação do crente com Cristo é a base pela qual o cristão frutifica.
3. A permanência de Cristo em nós. A segunda parte da frase: “E eu [permanecerei] em vós” (Jo 15.4b) está relacionada a nossa semelhança com Cristo aqui na terra, isto é, à manifestação do perfeito caráter de Cristo em nós por intermédio do Espírito. É a santidade de Cristo refletindo-se através de nossa vida. Vejamos alguns exemplos:
a) O lavrador. Os lavradores compreendem a importância de ter uma abundante fonte de vida fluindo da videira até ao fruto.
b) O fruto. A qualidade do fruto é proporcional à quantidade de seiva recebida da videira e por ele conservada. Nossa natureza é transformada à medida que Cristo permanece em nós (2Co 3.17,18).
c) A seiva. É a seiva que conserva os ramos vivos e frutíferos. Da mesma maneira, é Cristo que nos sustenta, mediante a presença do Espírito Santo, e faz-nos viver de modo consistente e frutífero. A vida frutífera só é possível por meio desta relação: o cristão EM Cristo.
III. OS FATORES INDISPENSÁVEIS PARA UMA COLHEITA ABUNDANTE
As plantas frutíferas precisam ser apropriadamente cuidadas a fim de termos uma farta colheita. O mesmo princípio se aplica à vida espiritual. Depois de haver recebido o Espírito Santo como seu hóspede constante, é necessário o crente cooperar com Ele para que haja mais fruto. Vejamos alguns fatores indispensáveis a uma colheita abundante.
1. Cultivar a comunhão com Deus. Cultivar significa cuidar da planta, provendo as condições essenciais para o seu crescimento. Antes das primeiras flores aparecerem ou dos frutos serem vistos, há um longo provimento de zelo, carinho e atenção chamado de cultivo. Com o objetivo de alcançarmos um bom resultado, é indispensável cultivarmos a nossa relação com o Pai, pois, é Ele quem nos proporciona um bom desenvolvimento (1Co 1.9; 2Co 13.13; 1Jo 1.3).
2. Cultivar a comunhão com outros cristãos. Para o lavrador, é conveniente ter plantas agrupadas de acordo com o fruto que cada uma produz: as laranjeiras, os pés de milho, todos são plantados juntos, porquanto este procedimento facilita o cultivo e a colheita. Através da comunhão com outros crentes, encorajamos uns aos outros a viver de maneira santa. Os primeiros cristãos possuíam íntima comunhão entre si, fato que atraía as pessoas e conduzia a uma colheita diária de almas (At 2.46,47).
3. Aceite o ministério de líderes piedosos. Deus usa seus líderes para alimentar e nutrir seu povo. Efésios 4.11-13 enfatiza o propósito destes na igreja: edificar os servos do Senhor tendo em vista o amadurecimento deles. Paulo expressa a mesma verdade em 1 Coríntios 3.6, cujo tema são os diferentes papéis que ele e Apolo desempenharam no desenvolvimento dos coríntios: “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento”. Quando aceitamos e praticamos os ensinos bíblicos ministrados por líderes piedosos, somos conduzidos a um lugar mais fértil.
4. Exercite a vigilância e a defesa. Existem alguns perigos que ameaçam a vida do crente, por isso, ele precisa ter cuidado com tudo que possa ameaçar o seu pleno desenvolvimento espiritual: maus hábitos, atitudes e associações erradas, pensamentos destrutivos, desejos errôneos etc. Quando os israelitas entraram na Terra Prometida, receberam uma ordem para destruir as nações que ali viviam, todavia, desobedeceram-na. Por seguinte, foram seduzidos pelos maus caminhos desses povos (Sl 106.34-36). Como os espinhos que Jesus descreveu na Parábola do Semeador (Lc 8.14), o secularismo pode sufocar a Palavra de Deus e impedir que tornemo-nos crentes frutíferos.
CONCLUSÃO
O fruto do Espírito é composto de diversas virtudes, mas é único; não pode ser separado porque é um produto final. Podemos resumi-lo na palavra amor, pois, o amor é a dimensão unificadora do fruto espiritual. Na próxima lição, examinaremos o significado espiritual da palavra amor. Meu desejo é que o Senhor o abençoe no transcurso deste estudo.
Enxerto: Inserir ou introduzir uma parte viva dum vegetal em
outro vegetal.
Paulatinamente: Feito aos poucos; continuamente;
vagarosamente.
Poda: Corte de ramos das plantas.
Proporcional à: Conforme a; segundo a.
HOLLOMAN, Henry. O poder da santificação. CPAD, 2003.
CIDACO, José Armando S. Um grito peia santidade. CPAD, 1999.
1. O que acontece com o ramo que não produz fruto?
R. É arrancado.
2. Quais os ramos que são lançados no fogo?
R. Os que não permanecem ligados à videira.
3. O que é feito com o ramo que dá fruto?
R. É podado para que dê mais fruto.
4. Quais são as três condições para a frutificação espiritual?
R. A poda feita pelo Pai; a permanência em Cristo; a permanência de Cristo em nós.
5. Quais são os fatores essenciais a uma colheita abundante?
R. Cultivar a comunhão com Deus e com outros cristãos, aceitar o ministério de líderes piedosos e exercitar a vigilância e defesa.
Subsídio Teológico
“Os cristãos estão unidos com Cristo através de dois relacionamentos espirituais: eles estão em Cristo e Cristo habita neles (‘Vós, em mim, e eu, em vós’, Jo 14.20). Nossa posição em Cristo é permanente e nos dá inúmeras bênçãos espirituais que promovem nossa santificação. Cada crente, por exemplo, é uma nova criatura em Cristo, o que o capacita a levar uma vida transformada (2Co 5.17). O relacionamento Cristo em nós significa sua residência permanente no crente (Cl 1.27). A essência da santificação cristã é experimentar a presença pessoal de Cristo, ‘Cristo vive em mim’, Gl 2.20. Os cristãos podem manifestar Cristo em suas vidas somente porque Ele reside neles (Fp 1.20,21). A santificação sempre trabalha de dentro para fora. Através de nossa união com Cristo, sua vida espiritual nos preenche, permeia nossas vidas e se mostra através de nós (Gl 2.20), de modo que ‘a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos’ (2Co 4.10). Compreender que temos uma nova vida através da união com Cristo nos ajuda a evitar duas ideias falsas. A primeira delas é que nossa união espiritual com Cristo é uma união morta. Em segundo lugar, que nossa conexão espiritual com Cristo é uma união estática. Em vez disso, ela é uma união dinâmica, na qual a vida espiritual de Cristo flui através de nós. Cristo é semelhante à videira e sua vida é como a seiva que aviva, fortifica e nos nutre como seus ramos (Jo 15.1-8).
Em segundo lugar, nossa conexão espiritual com Cristo não é uma união estática, mas uma comunhão ativa que experimentamos quando estamos nEle. Estando em Cristo e recebendo vida dEle, os crentes têm uma vida frutífera, alegre e preenchida pela oração (Jó 15.5,7,11).
Os crentes são espiritualmente ligados a Cristo e uns aos outros em seu corpo espiritual. Este elo espiritual é tão real e completo como a união de nossos membros físicos com nosso corpo humano: ‘Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros’ (Rm 12.5).
Praticamos nossa união espiritual com os outros crentes através dos relacionamentos interpessoais e da ministração feita aos outros no Corpo de Cristo.
Somos colocados ‘em Cristo’ através da habitação permanente do Espírito Santo, de modo que somos para sempre unidos com Cristo e com os outros membros de seu Corpo (Jo 14.16,17; 1Co 6.19; 12.12,13,27). Pelo fato de estarmos ‘em Cristo’ e Cristo estar em nós, nada pode nos separar do amor de Deus em Cristo (Rm 8.38,39). Assim, nossa união com Cristo através do Espírito nos dá ‘segurança para a eternidade’.
Segurança eterna livra os cristãos da preocupação quanto a manterem sua salvação, o que faz com que eles possam buscar plenamente a santificação e o serviço. Podemos viver para Cristo mostrando-lhe amor e gratidão, pois temos salvação eterna nEle” (HOLLOMAN, Henry. O poder da santificação. RJ: CPAD, 2003, pp.29,30).