Título: O Fruto do Espírito — A plenitude de Cristo na vida do crente
Comentarista: Antonio Gilberto
Lição 6: Paciência: O fruto da perseverança
Data: 6 de fevereiro de 2005
“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração” (Rm 12.12).
Paciência e perseverança são virtudes cristãs imprescindíveis aos que aguardam a volta de Cristo.
Segunda — 2Ts 1.4
A paciência dos crentes de Tessalônica
Terça — Rm 8.24,25
Aguardando com paciência sua completa salvação
Quarta — Tg 5.11
A paciência move a bondade e a piedade divinas
Quinta — 2Co 1.6
A paciência capacita o crente a suportar a tribulação
Sexta — Hb 6.13-15
A promessa de Deus é alcançada por meio da paciência
Sábado — Rm 15.4
A paciência é fortalecida com a leitura das Escrituras
Tiago 5.7-11.
7 — Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.
8 — Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima.
9 — Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta.
10 — Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.
11 — Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.
Professor, esta lição enseja reflexões sobre diversos temas relacionados à vida cristã: sofrimento, perdão, perseverança, fé, etc. Provavelmente alguns de seus alunos necessitam ouvir uma mensagem de conforto e esperança da parte de Deus. Ore ao Senhor para que o Espírito Santo conduza o ensino de acordo com as carências de sua classe. Quando Filipe perguntou ao eunuco se entendia o texto lido, este respondeu: “Como poderei entender, se alguém não me ensinar?”. O termo traduzido por ensino neste texto significa “conduzir ou guiar à compreensão”. Tal qual Filipe, que dirigido pelo Espírito, conduziu o eunuco à compreensão da passagem bíblica, devemos ser um instrumento singular nas mãos do Espírito.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
O texto da Leitura Bíblica é atribuído a Tiago, irmão de Jesus. Este discípulo de Cristo é conhecido pela tradição da comunidade cristã como “Tiago, o Justo”. Para Tiago, as tentações que provam a fé produzem “paciência” (1.3) e “maturidade espiritual” (1.4). Esta paciência é demonstrada no domínio da língua e da ira (1.25), na mansidão, no compromisso com a palavra (1.21), na fraternidade cristã (1.27), na prática da fé (2.14s), na santidade (4.8), na submissão a Deus (4.8); e por fim, na expectativa da vinda de Cristo (5.7). Tiago concordaria plenamente com Eclesiastes 7.8: “Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas; melhor é o longânimo do que o altivo de coração”. O sofrimento dos “irmãos” não perdurará; teve um início, contudo, o fim será muito melhor (5.8), tal qual a paciência e a perseverança de Jó (v.11). Portanto, é necessário ser paciente. No original, é possuir “ânimo longo” (Tg 5.7,8,10) ou ser “perseverante” ou “resistente” (Tg 5.11). De acordo com o original, o termo aflição (v.10) significa “suportar o mal pacientemente” e a mesma palavra traduzida em 2 Timóteo 4.5 por “sofre as aflições”, isto é, “suporte o mal”.
Distribua uma folha de papel e um lápis ou caneta para cada aluno. Eles deverão desenhar uma casa sem qualquer móvel ou acessório e uma lixeira ao seu lado. Quando todos terminarem os desenhos, peça-lhes para refletir por alguns minutos acerca do relacionamento das pessoas que moram com eles. Em seguida, deverão escrever os aspectos positivos desse relacionamento no desenho da casa, e os negativos, na lixeira. Para concluir, levante as seguintes questões: Você tem sido paciente com seu cônjuge? E com seus filhos? E com seus pais? Você permite que as tribulações da vida afetem seu relacionamento familiar? (Adaptado do livro Dinâmicas Criativas Para o Ensino Bíblico, CPAD).
INTRODUÇÃO
Ser paciente é difícil, principalmente, quando estamos na expectativa concernente a alguém ou alguma coisa. Afinal, esperamos que nossos desejos se realizem agora, e não de modo vago e num futuro incerto. O cristão cheio do Espírito deve aprender o segredo da paciência a fim de o caráter de Cristo ser formado nele. A paciência como fruto do Espírito leva à perseverança — permanecer firme na fé, persistir, mesmo que, humanamente, não haja mais nada a ser feito. Não estamos a falar, pois, de paciência humana, natural. Esta lição pretende ajudá-lo a descobrir a importância de ser paciente, e a cooperar com o Espírito Santo enquanto Ele produz este fruto em nós.
I. A PACIÊNCIA E OS ASPECTOS DA VIDA CRISTÃ
A palavra paciência, no original, associa as ideias de longanimidade e serenidade em dimensões divinas. Trata-se de aprender a esperar no Senhor sem perder a esperança, mesmo que ocorram falhas e insucessos. Esta virtude capacita o crente para exercer o domínio próprio diante das provações, ou seja, ele não se precipita em “acertar as contas” ou punir. Ao mesmo tempo, também resiste ao prolongamento de circunstâncias difíceis. É a perseverança ou a habilidade para suportar.
Há forte relação entre a paciência e os outros aspectos da vida cristã. A seguir, consideraremos algumas delas à luz das Escrituras.
1. Paciência e sofrimento. Ninguém chega ao fim desta vida sem uma boa dose de sofrimento. Isto faz parte de nossa aprendizagem (Sl 119.71). É a escola da vida. As provações podem ser comparadas ao trabalho de cães guardadores de ovelhas: mantê-las perto do pastor. As provações funcionam como disciplina do Pai divino e amoroso em prol de nossa santidade (Hb 12.7-11). Observemos as ilustrações seguintes:
a) O exemplo da planta. Uma planta nova, submetida a intensos ventos, desenvolve raízes fortes e profundas. Os vendavais desta vida contribuem para o cristão fundamentar-se em Cristo como estas raízes e ter um espírito submisso.
b) O exemplo da cruz. Muitos textos bíblicos nos revelam que o caminho rumo ao céu inclui uma cruz. O apóstolo Pedro afirma: “Porque para isto sois chamados, pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas” (1Pe 2.21).
2. Paciência e perseverança. Muitos tradutores da Bíblia alternam as palavras paciência e perseverança. Esta fala de capacidade destinada a superar obstáculos e manter-se fiel ao que se crê, na Palavra de Deus, independente da situação. Ao lermos Colossenses 1.9-11, aprendemos a perseverar com paciência na fé cristã.
3. Paciência, alegria e esperança. Em Romanos 5.3,4, constatamos a relação entre os seguintes termos: sofrimento, alegria, paciência e esperança. Estes versículos evidenciam o desenvolvimento e a maturidade cristã por meio do sofrimento e da paciência, conduzindo à esperança. Talvez, seja fácil esperar no momento em que as coisas caminham na normalidade; no entanto, quando os problemas persistem e mesmo se avolumam, nossa reação natural é desesperar-se e perder a fé. A paciência, como fruto do Espírito, não é a conformidade cega e funesta diante deste tipo de situação — é justamente o oposto: plena confiança no Senhor e no seu cuidado por nós.
4. Paciência e sabedoria. As palavras de Provérbios 14.29 declaram: “O longânimo é grande em entendimento, mas o de ânimo precipitado exalta a loucura”. O indivíduo paciente tentará compreender todos os lados do problema antes de tirar suas conclusões e fazer julgamentos. Esta característica ajuda os pais a educar os filhos sabiamente, promove a paz no corpo de Cristo e ajuda-nos em nossos apropriados relacionamentos interpessoais.
5. Paciência e paz. A paciência, como fruto espiritual, é um recurso poderoso para apaziguar uma situação (Pv 15.18). O homem paciente não será controlado por impulsos, nem pela raiva, ao contrário, demonstrará a paz de Deus em suas ações, palavras e relacionamentos.
6. Paciência e força. No mundo, a força está associada ao indivíduo fisicamente capaz, ou a alguém que está sendo fortemente vigiado ou protegido. Entretanto, na Bíblia, ser forte é ser longânimo (Pv 16.32).
7. Paciência e perdão. Para suportarmos e perdoarmos uns aos outros com amor, precisamos do fruto celeste da paciência (Cl 3.12,13). Jesus contou aos discípulos a história de um servo incompassivo e ingrato, o qual, depois de haver sido perdoado por seu credor, negou o perdão a um conservo seu (Mt 18.21-35). Diante disso, o senhor daquele homem entregou-o aos carrascos até que lhe pagasse toda a dívida. Depois, o Mestre acrescentou: “Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mt 18.35).
8. Fé acrescida de paciência. A fé é vital para o cristão, porquanto o justo viverá por meio dela. Todavia, ela tem de ser submetida a provas a fim de refinar-se, e a paciência ajuda-nos a resistir a este processo. A fé, a paciência e as promessas de Deus estão relacionadas na bela passagem de Hebreus 6.11,12.
II. O TRÍPLICE ASPECTO DA PACIÊNCIA
1. A Paciência de Deus. Se considerarmos a paciência sob o aspecto divino, talvez, compreenderemos melhor o seu valor como fruto do Espírito. Como constatamos em Gálatas 5.22, a paciência descreve a natureza e o caráter de Deus.
Assim Deus se descreveu a Moisés: “JEOVÁ, O SENHOR, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado” (Êx 34.6,7).
A descrição de Deus nestes versículos fala da longanimidade divina em seu relacionamento com o homem, que é tema constante ao longo das Escrituras. Ver Gn 6.1-12; Nm 14.18; Ne 9.17b,19-21a; 2Pe 3.9,15.
2. O Cristão e a Paciência. A paciência como fruto do Espírito no crente é essencial no relacionamento doméstico. O lar é um campo fértil para a produção deste fruto na família. É necessário revestir-se desta virtude para criar os filhos com amor e disciplina correta. O marido e a esposa precisam praticá-la um com o outro a fim de preservarem seu relacionamento amoroso.
Todos os aspectos da paciência divina: longanimidade, autocontrole, serenidade, tardio em irar-se, capacidade para suportar, perseverança e perdão, podem ser produzidos em nós pelo Espírito Santo, à proporção que somos chamados a exercê-los diariamente em nossos relacionamentos interpessoais. Aqui, a principal aplicação à nossa vida é recorrermos ao Espírito Santo sempre que nos depararmos com uma situação onde a prática desta virtude seja indispensável.
3. O Ministério e a Paciência. Este fruto é inestimável na vida e no trabalho do ministro do evangelho. É preciso abundante paciência em todo o seu preparo: oração, estudo da Bíblia, crescimento pessoal e profissional. A paciência também é imprescindível à liderança no trato com as pessoas. Paulo instruiu Timóteo acerca da necessidade de ministrar com paciência: “Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2Tm 4.1,2,5).
Em outras palavras, o trabalho do ministro — orar, ensinar, corrigir, repreender, exortar, incentivar e todos os outros deveres — deve ser realizado com toda a longanimidade, ou melhor, com toda a paciência. Sem o fruto do Espírito, isso é impraticável.
CONCLUSÃO
Normalmente ensinamos sobre “a paciência de Jó”. Este personagem bíblico sofreu por muito tempo, e esperou no Senhor, pacientemente, antes de serem restituídos sua saúde, família e bens. Moisés esteve quarenta anos aperfeiçoando este fruto a fim de desenvolver seu potencial para a obra do Senhor. Paulo esteve pacientemente no deserto por três anos, para entre outras coisas, desaprender o muito que ele sabia de errado, como ele mesmo confessa. Em Tiago 5.8, recebemos o seguinte conselho: “Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima”. O desenvolvimento da paciência no interior do crente é essencial para o seu amadurecimento espiritual (2Pe 1.5-8).
Expectativa: Espera; esperança; expectação.
Imprescindível: Indispensável; necessário; essencial.
Interpessoal: Que existe ou se efetua entre duas ou mais
pessoas.
Precipitar: Agir sem pensar: antecipar-se.
Em prol de: Em favor de; em proveito de.
VINE, E. W. (et al). Dicionário Vine:
O significado exegético das palavras do Antigo e do Novo
Testamento.
CPAD, 2002.
ANDERSON, Leith. Quando Deus diz não. CPAD, 2000.
1. Qual o significado da palavra paciência no original?
R. Associa as ideias de longanimidade e serenidade em dimensões divinas.
2. A paciência capacita o crente para quê?
R. Para exercer o domínio próprio diante das provações.
3. A paciência está associada a quais aspectos da vida cristã?
R. Sofrimento, perseverança, alegria, esperança, sabedoria, paz, força, perdão e fé.
4. Qual a aplicação da paciência no lar cristão?
R. Para criar os filhos com amor e disciplina e preservar o relacionamento amoroso dos cônjuges.
5. Qual o valor da paciência na vida do ministro do Evangelho?
R. Em sua vida devocional (oração e estudo da Bíblia), crescimento pessoal, profissional e no trato com as pessoas.
Subsídio Etimológico
“Paciência, hypomone , literalmente, ‘permanência em baixo de’ (formado de hypo , ‘em baixo de’, e meno , ‘ficar’), ‘paciência’. A paciência, que só desenvolve nas provas (Tg 1.2), pode ser passiva, ou seja, igual a ‘tolerância, resignação’, como: (a) nas provas em geral (Lc 21.19; Mt 24.13; Rm 12.12); (b) nas provas que sobrevêm ao serviço no Evangelho (2Co 6.4; 12.12; 2Tm 3.10); (c) sob castigo, que é a prova considerada a vir da mão de Deus, nosso Pai (Hb 12.7); (d) sob aflições imerecidas (1Pe 2.20); ou ativa, ou seja, igual a ‘persistência, perseverança’, como: (e) ao fazer o bem (Rm 2.7); (f) na produção de frutos (Lc 8.15); (g) no correr a corrida proposta (Hb 12.1).
A paciência aperfeiçoa o caráter cristão (Tg 1.4), e a participação na paciência de Jesus é, portanto, a condição na qual os crentes virão a ser admitidos a reinar com Ele (2Tm 2.12; Ap 1.9). Para esta paciência, os crentes são ‘corroborados em toda a fortaleza’ (Cl 1.11), ‘pelo Seu Espírito no homem interior’ (Ef 3.16)” [VINE, E. W. (et al). Dicionário Vine: O significado exegético das palavras do Antigo e do Novo Testamento. RJ: CPAD, 2002, p.842].