Título: O Fruto do Espírito — A plenitude de Cristo na vida do crente
Comentarista: Antonio Gilberto
Lição 11: O Fruto do Espírito na vida de Jesus
Data: 13 de março de 20O5
“Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem, e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com Ele” (At 10.38).
Assim como o ramo depende da vida do tronco para produzir fruto, o crente em Cristo depende do Espírito Santo para isso.
Segunda — Jo 13.1
O amor de Cristo
Terça — Lc 10.21
A alegria de Cristo
Quarta — Jo 14.27
A paz de Cristo
Quinta — 1Tm 1.16
A longanimidade de Cristo
Sexta — 1Pe 2.3
A benignidade de Cristo
Sábado — Mt 11.29
A mansidão de Cristo
João 13.12-17.
12 — Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?
13 — Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou.
14 — Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros.
15 — Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
16 — Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.
17 — Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.
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Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
“Entendeis o que vos tenho feito?” (Jo 13.12). Quem é capaz de compreender os grandes paradoxos da encarnação do Verbo de Deus? Deus que se fez homem (Jo 1.14); o Rico que se manifestou pobre (2Co 8.9); o Senhor que tornou-se servo (Fp 2.6-7); o Filho de Deus se submetendo a tentação (Mt 4.6-7); o Criador sendo julgado pela criatura (Mt 26.57; 27.31); a Vida enfrentando a morte (Mt 27.32-56) e, por fim, o Mestre lavando, prostrado, os pés de seus discípulos (Jo 13.12-17). Não foi sem razão que o apóstolo exclamou: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos!” (Rm 11.33). As palavras de Jesus nos versículos treze a dezesseis sugerem que nem todos, ou quase todos os discípulos, não entenderam o ato do lava-pés, assim como não compreendemos os mistérios divinos envolvidos na encarnação. Nas palavras de Jesus, entretanto, o mistério é revelado e, o assombro de Paulo, converte-se em exemplo: “Porque eu vos dei o exemplo” (Jo 13.15). Modelo para ser imitado, padrão para ser vivido: “para que, como eu vos fiz, façais vós também”.
Professor, para esta lição, faremos um Quadro Interativo Devocional. Este recurso possibilita, através de um esquema gráfico, a interação com as qualidades de um personagem e sua comparação reflexiva com a de outro. Na lição, temos três palavras enfáticas: saber, fazer e ser. Estas se relacionam, em nosso recurso didático, ao que Cristo sabia, fazia e era. Solicite aos alunos que preencham as colunas correspondentes a Cristo e a eles. Em seguida, eles deverão confrontar seu próprio caráter com o de Cristo e refletir sobre a comparação feita. Abaixo temos uma ilustração impessoal, mas no exercício, o próprio aluno preencherá com suas palavras.
INTRODUÇÃO
Certa vez Jesus exortou os seus discípulos: “..Aprendei de mim...”. Ao contrário do que muitos ensinam, a ênfase do aprendizado não estava unicamente em seus ensinos, mas em seu caráter “...porque sou manso e humilde de coração...”. Jesus não somente ensinava, mas também fazia (At 1.1). Podemos até esquecer as palavras de um amigo, todavia, sempre nos lembraremos de suas ações. O caráter santo e perfeito de Cristo ensina tanto quanto suas palavras. Ele é o nosso modelo do que dizer, fazer, e acima de tudo, ser. “Eu vos dei o exemplo” (Jo 13.15).
Nesta lição, estudaremos o fruto do Espírito revelado nos ensinos, atos e relacionamentos de Jesus. Ele é a fonte e o modelo do ideal de caráter e santidade que Deus deseja implantar no crente por meio da ação do Espírito Santo.
I. A NATUREZA DO FRUTO NA PESSOA DE CRISTO
A manifestação do fruto do Espírito na pessoa de Cristo é diferente da operação do Espírito Santo no crente regenerado, “pois não lhe dá Deus o Espírito por medida” (Jo 3.34). Isso referente a Cristo.
1. O fruto do Espírito manifestou-se em Cristo perfeito. No crente isto se dá progressivamente. Jesus é o Santo Filho de Deus (Lc 1.35), que em tudo foi tentado, mas sem pecado (Hb 4.15; 1Jo 3.5). Ele é o Cordeiro imaculado (1Pe 1.19), o Justo (1Pe 3.18) cujos lábios falaram a verdade (1Pe 2.22). Em sua natureza humana, o Senhor dependia completamente do Espírito Santo a fim de executar a vontade do Pai e frutificar. Seu nascimento foi através do Espírito (Lc 1.35); na tentação, estava cheio do Espírito (Lc 4.1); foi ungido pelo Espírito (Lc 4.18); fazia a obra do Pai mediante o Espírito (Lc 7.20; Mt 12.28), e se alegrava no Espírito (Lc 10.21). Toda a sua vida terrena expressava um caráter santo e irrepreensível. Ver também Mt 12.17,18, sobre Jesus e o Espírito Santo.
2. O fruto do Espírito comprovado em Cristo não representa apenas a ausência do mal, mas também a expressão total do bem. Ele é perfeito, justo, sem mácula, impecável, mais sublime do que os céus (Hb 7.26). Em sua humanidade santa, Jesus não somente venceu o mal, mas também praticou o bem (At 10.38; Lc 6.9-10). No caso do cristão, não basta ele deixar de viver em pecado conhecido; ele precisa ao mesmo tempo praticar sempre o bem. Daí não haver ninguém justo aos olhos de Deus (Rm 3.10). Ver também Ec 7.20; Lc 18.19.
II. AS DUAS VIDEIRAS
1. A videira judaica. A alegoria de João 15 retoma a temática da frutificação espiritual de Israel (Is 5.1-7; Sl 80.8-19; Os 10.1). Esta nação tornou-se uma vide infrutífera. O Senhor havia plantado uma semente absolutamente pura, contudo, os longos verões tornaram a planta degenerada, improdutiva (Jr 2.21, Rm 10.21). O fruto revela a natureza e o estado da árvore. Por conseguinte, os ramos (a comunidade judaica) não produziriam um fruto distinto daquele comunicado pela seiva da videira: “Toda árvore má produz maus frutos” é a lei natural e espiritual segundo Jesus (Mt 7.17; Dt 32.32,33). Em condições naturais, e à parte de Cristo, o homem só origina obras da carne (Gl 5.19-21; Rm 7.18). Como Israel, se nos isolarmos de Deus, conceberemos apenas obras que contrariem a justiça e a santidade divina (Rm 8.7; 10.3).
2. A videira cristã. Na Antiga Aliança, enfatiza-se a relação do agricultor com a videira. Porém, o Novo Pacto ressalta a da videira com seus ramos. No primeiro, Deus, pelo seu amor, constitui Israel como nação. No segundo, Cristo, mediante sua graça, a Igreja (Ef 1.22,23). Agora a figura da videira não representa a nação judaica e a sua teocracia, nem simboliza uma instituição, mas a pessoa de Jesus Cristo.
III. AMOR — A FONTE DO FRUTO NA VIDA DE CRISTO
1. O amor, expressão divina. Esta virtude é a essência da vida cristã. É maior do que a fé, a esperança (1Co 13.13), e os dons espirituais (1Co 12.31; 13.8-10). Procede de Deus (1Jo 4.7), ou melhor, é a expressão do próprio Deus (1Jo 4.8). O amor divino é imensurável (Jo 3.16), demonstrado em Cristo (Rm 5.8) e está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5.5). Cristo é o amor encarnado, a própria personificação do amor perseverante, doador e sacrificai (Jo 1.14; 15.9-13; 13.1; 2Co 8.9). É o amor que tanto nos move a viver de acordo com o padrão divino quanto impulsiona para exercitar o amor (2Co 5.14). O cristão torna-se mais parecido com Cristo no amor do Espírito (Cl 1.8). Se o nosso amor é uma extensão do amor de Cristo, frutificaremos abundantemente em casa, no trabalho, na escola, na lavoura, na igreja — um fruto não apenas decente, mas também deiscente, isto é, que, ao atingir a maturidade, se abre, espalhando suas sementes sobre os campos.
2. O amor de Cristo e o fruto do Espírito. O amor é a chave de ouro para abrir a porta da frutificação espiritual. Exemplificado em 1 Coríntios 13, é o segredo para a existência, perenidade e evidência do fruto em sua plena manifestação no crente (Gl 5.22).
Um paralelo entre Coríntios e Gálatas revela que Cristo, como personificação do amor de Deus, manifestava todo o fruto do Espírito. O fruto de Gálatas 5.22 é visto em 1 Coríntios 13.1-7:
a) Amor. Não busca o seu próprio interesse, não é egocêntrico (v.4; Jo 6.38).
b) Alegria. Não se alegra com a injustiça, mas com a verdade (v.6; Lc 10.21).
c) Paz. Não se exaspera, nem se irrita, mas é sereno, mesmo nas dificuldades (v.5; Jo 14.27).
d) Longanimidade. É paciente, tudo sofre e suporta (vv.3,4; Mt 26.41-45).
e) Benignidade e Bondade. É generoso, bondoso, sacrificai, benigno (vv.3,4; Mt 15.32).
f) Fé. Tudo crê; isto é, nunca desiste; confia em Deus e nos homens (v.7; Hb 3.1,2).
g) Mansidão. É manso, não é egoísta e nem soberbo (v.4; Mt 11.29).
h) Temperança. Não se porta com indecência, indelicadeza, impropriedade; possui domínio próprio (v.5; Mt 27.11-14).
O amor de Deus em nós reúne em si todas as virtudes indispensáveis para a frutificação espiritual. É o fruto na sua excelência!
CONCLUSÃO
As palavras, os atos, enfim, a pessoa de Jesus é o modelo ideal de conduta para a identidade do crente. O discípulo de Cristo deve revestir-se das qualidades santas e justas de seu Mestre (Ef 4.24), com a intenção de cumprir o propósito de Deus, isto é, ser uma extensão do caráter de Cristo em todos os aspectos de sua vida.
Imensurável: Que não pode ser medido; ilimitado: infinito.
Implantar: Arraigar; firmar; radicar; introduzir.
Perene: Duradouro; eterno; perpétuo.
Personificação: Modelo; exemplo; expressão.
Teocracia: Governo em que a autoridade dos reis de Israel
emanava diretamente de Deus.
LUCADO, Max. Momentos marcantes na vida de Jesus. CPAD, 2004.
1. Como se manifesta o fruto no crente?
R. Progressivamente.
2. Como se revela o fruto em Cristo?
R. Diferente da operação do Espírito no crente regenerado, pois Deus não lhe deu o Espírito por medida.
3. Qual é a natureza do fruto na pessoa de Cristo?
R. Perfeito e não representa apenas a ausência do mal, mas a expressão total do bem.
4. Que relação é enfatizada na Nova Aliança?
R. A da Videira com os seus ramos.
5. O que evidencia o paralelo entre Gálatas 5 e 1 Coríntios 13?
R. Que Cristo, como personificação do amor de Deus, manifestava todo o fruto do Espírito.
Subsídio Devocional
“Oh, Corinto. Vocês têm um problema em cada banco da igreja. Egoísmo territorial. Falta de vergonha moral. Negligência teológica. E imprudência generalizada. Será possível ajudar uma congregação desse tipo?
A solução é uma palavra grega de cinco letras: Á-G-A-P-E. Ágape . Paulo vislumbra um amor ágape .
Paulo poderia ter usado a palavra grega . Mas não está se referindo ao amor sexual. Ele poderia ter usado phileo , no entanto, mostra mais do que amizade. Ou poderia ter usado storge , um termo carinhoso para o amor familiar. Mas Paulo tem mais do que a paz doméstica em mente. Ele vislumbra um amor ágape .
O amor ágape se preocupa com os outros porque Deus se preocupou conosco. O amor ágape vai além dos sentimentos e dos bons votos. Por Deus ter nos amado primeiro, o amor ágape responde. Por Deus ter nos tratado com sua graça, o amor ágape perdoa o erro quando a ofensa é grande. Ágape oferece paciência quando o estresse é abundante e aumenta a bondade quando ela é escassa. Por quê? Porque Deus nos ofereceu ambas.
O amor ágape ‘tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta’ (1Co 13.7).
Este é o tipo de amor que Paulo prescreve para a igreja em Corinto. Não precisamos da mesma receita hoje? Nossos grupos também não brigam entre si? Não flertamos com quem não deveríamos? Às vezes não nos calamos quando deveríamos falar? E aqueles que encontram a liberdade não sofrem devido àqueles que não a tem? Um dia haverá uma comunidade onde todos se comportarão bem e ninguém reclamará. Mas não será deste lado do céu.
Até lá, o que faremos? Devemos argumentar. Devemos confrontar. Devemos ensinar. Mas acima de tudo, devemos amar.
Um amor assim não é fácil. Nem para você, nem para mim. Também não foi para Jesus. Você quer uma prova? Ouça as suas frustrações: ‘Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei ainda?’ (Mc 9.19).
Até o Filho de Deus teve que lidar com a questão da comida ruim. Saber que Jesus perguntava essas coisas nos tranquiliza. Mas saber como Ele mesmo respondeu nos transformará. ‘Até quando terei que suportá-los?’” (LUCADO, Max. Um amor que vale a pena. RJ: CPAD, 2003, p.127-9).