Título: O Fruto do Espírito — A plenitude de Cristo na vida do crente
Comentarista: Antonio Gilberto
Lição 12: O Fruto e os dons do Espírito
Data: 20 de março de 2005
“A caridade nunca falha; mas, havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá” (1Co 13.8).
O fruto e os dons do Espírito capacitam o crente a realizar atos miraculosos para a glória de Deus e avanço do seu reino.
Segunda — 1Co 14.1
O fruto e os dons devem ser igualmente buscados
Terça — Rm 12.3
O fruto é conexo à fé que Deus reparte
Quarta — Mt 7.16
Pelo fruto conhece-se a árvore
Quinta — 1Co 1.7,8
O fruto tem a ver com o nosso ser e os dons com o fazer
Sexta — 1Co 12.4
Os dons são operações sobrenaturais do Espírito
Sábado — Gl 5.22
O fruto é gerado pelo Espírito e os dons comunicados por Ele
1 Coríntios 12.28-31; 13.1,2.
1 Coríntios 12
28 — E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.
29 — Porventura, são todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores de milagres?
30 — Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?
31 — Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente.
1 Coríntios 13
1 — Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 — E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, dentro do contexto pentecostal, os dons espirituais têm recebido muita atenção enquanto o fruto esporadicamente é abordado. A associação dos dois temas apresentados nesta lição exigirá conhecimento tanto de um quanto do outro. Evite teorias e posições infundadas sobre os dons e o fruto. Resguarde-se da supervalorização dos dons em detrimento do fruto, e vice-versa. É necessário o equilíbrio entre uma doutrina e outra para a completa maturidade dos fiéis. Ensine a classe não somente a cultivar o fruto, mas também a buscar os dons espirituais.
Nas páginas do Novo Testamento, diversos textos descrevem a maturidade cristã. Os dois principais vocábulos que traduzem o conceito de “maduro” ou “maturidade” dentro do contexto moral são: “perfeito”, assim traduzido nos textos de Mateus (5.48), de Coríntios (1Co 2.6), de Filipenses (3.15) e de Hebreus (6.1); e “adulto”, encontrado no texto de 1 Coríntios 14.20.
Essas duas palavras traduzem um termo no original que significa “completo”, “perfeito” ( teleios ), mas também “maduro” ou “plenamente desenvolvido”. Segundo a totalidade do Sermão do Monte, “perfeito” ou “maduro” é aquele que cumpre integralmente cada um dos mandamentos expostos por Cristo. Daí a razão porque “perfeito”, tem o sentido de “integridade” e “inteireza” nestas passagens, e não necessariamente “sem defeito” ou “sem pecado”.
Segundo a epístola aos Efésios, o cristão maduro ou o “varão perfeito” (4.13) é aquele que está crescendo “à medida da estatura completa de Cristo”, isto é, possui o caráter de Cristo desenvolvendo-se em sua vida. A meta do discípulo é identificar-se com o seu Mestre e assemelhar-se ao seu Pai (Mt 5.48).
Nesta lição, usaremos um Paralelo Lógico. Este recurso possibilita a comparação entre vários elementos e suas possíveis correspondências. Na lição, trabalhamos com três conceitos distintos que se entrelaçam seja por contraste, seja por complementação. Reproduza o gráfico abaixo no quadro-de-giz e preencha-o com os alunos.
INTRODUÇÃO
Certo jovem rico aproximou-se de Jesus e perguntou-lhe: “Que farei para herdar a vida eterna?” (Mc 10.17). Aquela indagação humana focalizava o fazer. Entretanto, o Mestre fez-lhe outra pergunta realçando o saber: “Tu sabes os mandamentos?”. “Sim”, respondeu o jovem. Mas por faltar-lhe o essencial, que está acima do fazer e do saber, o ser, o moço retirou-se contrariado e entristecido. É em tal contexto que devemos observar a relação entre o fruto e os dons do Espírito. O fruto está na dimensão do ser, enquanto os dons na esfera do fazer. A importância do fruto do Espírito em relação aos dons é evidente no fato de que entre os dons (1Co 12—14) está o fruto. Não há, pois, como o crente progredir no exercício dos dons sem o fruto!
Esta lição visa relacionar o fruto e os dons do Espírito no contexto bíblico do ministério cristão.
I. OS DIVERSOS RELACIONAMENTOS DO FRUTO
1. Os Dons e o Dom. Os dons do Espírito são dotações sobrenaturais, concedidas pelo Espírito Santo aos membros do Corpo de Cristo, para saber, agir, e falar de acordo com a graça de Deus (Rm 12.6-8; 1Co 12.8-10,28-30; Ef 4.7-16). São distintos do Dom do Espírito, a concessão do Santo Espírito como batismo àqueles que creem e esperam a promessa (At 2.1-4,38,39).
2. Os Dons e o Fruto. O fruto do Espírito é uma graça extraordinária comunicada ao crente por meio do Consolador a fim de que ele tenha uma semelhante qualidade moral e a integridade de Cristo. (Ef 4.24; 1Co 1.30). É a expressão do caráter de Cristo no crente. Os dons espirituais, contudo, são outorgas especiais de poder divino com o intuito de realizarmos a obra do Senhor (1Co 12 — 14). Nem os dons devem ser exercidos sem o fruto, nem este deve ser valorizado a ponto de se extinguir aqueles (1Co 13.3; 14.1; 1Ts 5.19-20).
3. Fruto, Dons e Dom do Espírito. O fruto e os dons espirituais distinguem-se quanto à obra do Espírito Santo. Estes estão condicionados ao batismo com o Espírito Santo, enquanto o fruto, à presença dominante do Espírito no crente (At 10.45-47; 11.16,17; Jo 14.16,17; Rm 8.9). O Dom do Espírito é uma experiência sobrenatural que capacita o crente a servir a Deus com renúncia, graça e poder (At 1.8). A habitação do Espírito no crente é uma realidade imediata à regeneração e, portanto, algo contínuo e que deve ser crescente. Mediante esta habitação do Espírito, o caráter do novo convertido é transformado segundo a estatura de Cristo (2Co 3.18; Ef 4.13).
II. O FRUTO E OS DONS NAS EPÍSTOLAS PAULINAS
Apesar de o fruto e os dons procederem da mesma fonte, são distintos e interdependentes. Uma leitura simples dos textos referentes aos dons do Espírito não é suficiente para notar-se o modo como a Bíblia os relaciona ao fruto. Observemos as recomendações bíblicas em três de suas epístolas:
1. A Primeira Epístola aos Coríntios 12, 13, 14. No que se refere ao fruto e aos dons, estes três capítulos estão intimamente ligados. No capítulo 12.31, o crente é admoestado a procurar os dons com zelo, no entanto, neste mesmo texto, mostra-se “um caminho ainda mais excelente”, o amor (13.8-13). Em 14.10, o mesmo ensino bíblico continua. Os dons precisam estar associados ao fruto, e vice-versa, para abrir caminho ao progresso espiritual da Igreja. O crente que possui os dons, mas não tem o fruto dá mau testemunho, torna-se orgulhoso e os dois cessam em sua vida (1Co 14).
2. A Epístola aos Romanos 12. Este capítulo inicia-se com uma frase em tom exortativo: “Rogo-vos, pois, irmãos pela compaixão de Deus” (v.1). Logo a seguir, a Bíblia previne contra a supervalorização dos dons espirituais em detrimento do fruto (vv.3-8). A partir do versículo nove, a Palavra orienta os crentes a praticarem o amor, a alegria, a esperança, a bondade, a paciência, a benignidade, a paz, e a humildade. Que exerçamos os dons, sem, contudo, esquecermo-nos do fruto.
3. A Epístola aos Efésios 4. Este capítulo destaca os dons ministeriais e seus propósitos nos versículos 11-14, entretanto, os versículos 2-6 tratam de um tema comum: o fruto do Espírito (mansidão, longanimidade, amor, paz, esperança, etc). Após a descrição dos dons, o tema do fruto novamente é retomado no versículo 15: “seguindo a verdade em caridade [amor]”.
4. Propósitos dos dons e do fruto. Os textos bíblicos acima aludidos levam-nos aos propósitos dos dons e do fruto:
a) Os dons habilitam a servir com poder, enquanto o fruto capacita a ser como Cristo. É na prática o testemunho vivencial e experiencial do crente como “sal da terra” e “luz do mundo”.
b) Os dons são capacidades que vêm do alto, ao passo que o fruto é gerado no interior do crente.
c) Os dons são variados, porém o fruto é único com nove características singulares.
d) Os dons acompanham o batismo com o Espírito Santo, o fruto inicia-se com o novo nascimento.
III. OS DONS, O FRUTO E A MATURIDADE CRISTÃ
1. Maturidade cristã. É tanto um estado quanto uma qualidade daquele que alcançou, através da graça de Cristo, o pleno desenvolvimento espiritual, moral, afetivo e social. Este amadurecimento não se adquire com o exercício dos dons ou mesmo pelo tempo de conversão. É possível praticar os dons e ser ainda menino (1Co 14.20), ignorante (1Co 12.1) e carnal (1Co 3.1). Ver mais sobre a maturidade em 1Co 13.11. Fazer parte de uma igreja há vários anos também não significa maturidade cristã (Hb 5.12).
2. O cristão espiritualmente maduro. Segundo Efésios, este crente cresce “à medida da estatura completa de Cristo”, isto é, o caráter de Jesus desenvolve-se progressivamente em sua vida. O crente menino é carnal, está rodeado de invejas, contendas e dissensões (1Co 3.1-3). Além disso, negligencia o estudo das Escrituras (Hb 5.11-6.2).
3. Alcançando a maturidade cristã. Através dos ministérios da igreja, do desenvolvimento do fruto do Espírito (Ef 4.7-16; Gl 5.22), da leitura das Escrituras (2Tm 3.16) e das recomendações encontradas em 1Ts 5.16-23, o crente atinge o seu objetivo — a maturidade cristã.
CONCLUSÃO
O jovem rico julgava que conhecimento e boas obras eram suficientes para adquirir a vida eterna. Às vezes, pensamos que o saber e o fazer bastam para Deus. Assim como Jesus amou e desafiou aquele jovem, também Ele nos ama (Mc 10.21) e encoraja-nos: “Se queres ser perfeito (teleios)...” (Mt 19.21).
Se almejamos ser maduros ou completos, precisamos ir além de doações materiais. É necessário que nos comportemos como Cristo, e dediquemo-nos aos outros (Jo 15.13; 2Co 8.9). Sendo assim, seremos conforme Cristo.
Concessão: Ação de conceder; permissão; consentimento;
licença.
Dotação: Ato de atribuir algum dom a alguém.
Extinguir: Apagar; anular; revogar.
SANTOS, Ismael dos. A caminho da maturidade. CPAD, 1995.
RUGHES, R. Kent. Disciplinas do homem cristão. CPAD, 2004.
1. O que são os dons do Espírito?
R. São dotações sobrenaturais, concedidas pelo Espírito Santo aos membros do Corpo de Cristo para saber, agir, e falar de acordo com a graça de Deus.
2. Como distinguimos os dons e o fruto quanto à obra do Espírito?
R. Os dons estão condicionados ao batismo com o Espírito Santo, enquanto o fruto, à presença dominante do Espírito no crente.
3. O que é o Dom do Espírito?
R. É uma experiência sobrenatural que capacita o crente a servir a Deus com renúncia, graça e poder.
4. Cite dois propósitos dos dons espirituais.
R. Os dons habilitam a falar e agir com poder.
5. O que é maturidade cristã?
R. É tanto um estado quanto uma qualidade daquele que alcançou, através da graça de Cristo, o pleno desenvolvimento espiritual, moral, afetivo e social.
Subsídio Devocional
“Você jamais crescerá sem a intervenção dos céus. É a norma divina para se manter inviolável à dependência da criatura perante o seu criador. Vida madura é vida sobrenatural. A essência da verdadeira espiritualidade reside no fato de que o próprio Deus está interessado em conceder-nos o crescimento. Cabe-nos, porém, preencher certas condições que demonstram nossa voluntária submissão aos preceitos básicos de seu governo. Sob que motivos pode ser anulada nossa maturidade? Quais são os obstáculos potenciais? Que tipos de empecilhos podem surgir ao longo do processo de maturação espiritual? Se você conseguir responder tais perguntas, desobstruindo o acesso rumo à estabilidade na fé, nada o deterá nesta ascendente jornada. [...] O preço da maturidade está na rejeição de conceitos e práticas que venham a projetar o domínio do pecado sobre nós (Rm 6.14). Abster-se de coisas e atos que entristecem ao Senhor, é requisito básico da dieta espiritual. Onde deixamos nossa bandeira de oposição ao mal? [...] Maturidade não é uma virtude que surge abrupta e repentinamente. Não se pode alcançá-la da noite para o dia. Não existe um ‘toque de mágica’ capaz de nos transformar de anões espirituais em gigantes da fé.
Reconhecemos que crescer implica um esforço titânico numa escala também titânica. Há um processo gradativo para se chegar à presença de Deus. Isto exige determinação. É o triunfo da fé persistente sobre nossa negligente natureza. Esta tomada de posição deixa claro que o progresso espiritual é, prioritariamente, um ato de invasão. É inútil supor que o crescimento virá a nós subitamente. Temos de persegui-lo até conquistar o direito de posse. Cada passo que você der neste território, trará consigo nova oportunidade de ascendência espiritual.
Para quem faz sua opção por Cristo, mas permanece distante das verdades fundamentais do Evangelho, sem responsabilidades definidas quanto aos ditames de se tomar a cruz, negar-se a si mesmo e seguir a Cristo bem de perto, resta um inglório fim: seu caminho não prosperará. Que diremos então? Ê mais que óbvio que Deus dará um crescimento na proporção exata de nossa disposição de avançar.
Por que é que alguns cristãos continuam bebês espirituais, enquanto outros avançam na direção da maturidade? [...] Todavia, quando lemos em Mateus 5.6, descobrimos o segredo do gigantismo espiritual: ‘Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos’. Jesus revelou que o segredo do crescimento espiritual está no apetite voraz pela Palavra de Deus. Os que satisfazem esse apetite, alimentando-se da Palavra e comungando com Cristo, já usufruem de real maturidade espiritual; já se fazem gigantes na fé” (SANTOS, Ismael dos. A caminho da maturidade. RJ: CPAD, 1995. pp.17,19,22-24).