Título: Parábolas de Jesus — Advertências para os dias de hoje
Comentarista: Elienai Cabral
Lição 2: Compreendendo a mensagem do Reino de Deus
Data: 10 de abril de 2005
“Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos céus, mas a eles não lhes é dado” (Mt 13.11).
Na semeadura da Palavra de Deus, é de muita importância a qualidade da terra que recebe a divina semente.
Segunda — Mt 7.24-27
Dois tipos de ouvintes, sensato e insensato
Terça — Jo 4.40-42
Os samaritanos ouvem e creem na Palavra
Quarta — Jo 5.24
A recompensa de quem ouve e crê na Palavra
Quinta — Rm 10.17
A fé provém do ouvir a Palavra
Sexta — 1Ts 1.6
Devemos receber a Palavra com alegria
Sábado — Tg 1.19
O crente deve sempre estar pronto para ouvir
38, 132 e 306 da Harpa Cristã
Mateus 13.1-9.
1 — Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar.
2 — E a juntou-se muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando num barco, se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia.
3 — E falou-lhe de muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear.
4 — E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves e comeram-na;
5 — e outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda.
6 — Mas, vindo o sol, queimou-se e secou-se, porque não tinha raiz.
7 — E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na.
8 — E outra caiu em boa terra e deu fruto: um, a cem, outro, a sessenta, e outro, a trinta.
9 — Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.
Professor, segundo a Bíblia, a fé nasce no coração do pecador quando este ouve a Palavra de Deus, pois não se pode crer “naquele de quem não se ouviu” (Rm 10.14,17). Para que a fé nasça no coração do homem, é necessário que a Palavra de Deus seja-lhe comunicada com clareza. Nesta lição, os quatro tipos de solos que estudaremos, representam o modo como as pessoas respondem à pregação do Reino de Deus em seus corações. Tenha em mente que sempre haverá diferentes respostas aos seus ensinos, por isso, ore a fim que o Espírito Santo convença os seus alunos a respeito das verdades bíblicas que serão apresentadas durante esta aula (Jo 16.7-13).
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
A parábola do Semeador é a primeira dentre as sete proferidas por Jesus às margens da Galileia, e todas fazem parte do primeiro grupo de discursos feitos por Cristo, registrado em Mateus 13.1-58. Os objetivos do Mestre nestas exposições eram patentes: combater a oposição dos fariseus ao seu ministério e instruir seus discípulos concernente à natureza e ao crescimento do reino messiânico.
Nesta parábola, a semente que frutificou foi justamente a que caiu em “boa terra” (v.8). As demais, perderam-se à “beira do caminho” (v.4), “nos pedregais” (v.5), e entre os “espinhos” (v.7). Há pessoas que, mesmo entendendo a mensagem divina, não respondem positivamente à pregação do Evangelho (Rm 10.16), seja pela incredulidade e dureza de seu coração (Mc 16.14), ou pela ação do Maligno (2Co 4.4). Contudo, muitos ouvem e compreendem a mensagem do Reino de Deus, produzindo frutos espirituais. O ensino central desta parábola é que o Reino de Deus se manifesta a todos os homens, mas nem todos compreendem sua mensagem.
Professor, para esta lição, utilize como recurso um Gráfico Descritivo. Através dele você pode apresentar a seus alunos um resumo da interpretação de Mateus 13.18-23.
Distribua uma folha para cada aluno contendo apenas o nome dos quatro tipos de terrenos nas colunas correspondentes. À medida que a parábola for sendo interpretada, os alunos poderão preencher o restante das colunas.
INTRODUÇÃO
A parábola do Semeador relata com exatidão a humanidade através dos tempos. É interessante mencionar que o próprio Jesus, após narrá-la, revelou o significado desta para seus discípulos. Nesta parábola, Ele se volta para a vida agrícola de Israel com o objetivo de ilustrar os tipos de corações que recebem a semente da Palavra de Deus, tornando-a um dos mais edificantes e esclarecedores ensinos a respeito deste assunto.
I. O SEMEADOR
No contexto da parábola em estudo, o semeador é o próprio Cristo. O texto diz: “O semeador saiu a semear” (v.3). Ler Mt 4.23; 9.35; Lc 8.1. Jesus foi, de modo incansável e exemplar, o primeiro semeador das Boas Novas. Depois de sua ascensão, o Espírito Santo foi enviado para lembrar aos discípulos as verdades espirituais ensinadas pelo Senhor, capacitá-los com poder do alto e impulsioná-los a, sem cessar, disseminá-las por todo o mundo (Jo 14.26). A missão evangelizadora dos discípulos de Cristo é evidenciada em dois textos dos Evangelhos (Mt 28.19,20 e Mc 16.20). O Espírito Santo é vital na semeadura da Palavra de Deus. Ele é quem inspira os semeadores a semear e a regar a semente depois de lançada no solo. A expressão “o vento assopra onde quer” (Jo 3.8) implica a ação do Espírito semeando a Palavra de Deus.
Todo crente em Cristo deve ser um dedicado e fervoroso semeador da sua Palavra. Fomos salvos para servir ao Senhor, e isso abrange com prioridade semear de todas as maneiras a boa semente, que é a Palavra de Deus. Nisso, devemos servir ao Senhor com amor, renúncia e dedicação (Sl 126.6).
II. A SEMENTE
A semente de que Jesus falou na parábola “é a palavra de Deus” (Lc 8.11). Em Mateus 13.19, é chamada “a palavra do Reino”, isto é, a palavra poderosa que rege o Reino de Deus. Em Marcos 4.14, é denominada “a palavra”, no sentido de inspirada, autêntica, inerrante, infalível, imutável, indivisível, única, ímpar, soberana, como somente a Escritura Sagrada o é. Ela é viva, eficaz e penetrante (Hb 4.12). “É o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).
Uma vez em nós enxertada, ela gera, como instrumento de Deus, nova vida e assim pode nos salvar (Tg 1.18,21). Ela identifica-se com Deus, assim como um homem de bem é identificado por sua palavra honrada e confiável. O Senhor Jesus é chamado o Verbo; a Palavra (Jo 1.1,14; Ap 19.11-13; 1Jo 1.1).
Aqueles que aceitam “a semente” (a Palavra, Cristo) recebem a vida eterna, porque Cristo é a própria vida (Jo 20.31; 11.25; 1Jo 5.12).
III. O TERRENO PARA O PLANTIO DA SEMENTE (Mt 13.4-8)
Jesus mencionou quatro tipos de terrenos nos quais a semente é semeada. Isso representa o coração das pessoas onde semeamos a Palavra de Deus. Jesus ensina nesta parábola que nem todos são igualmente receptivos à “boa semente”. Isso decorre da ação degenerante, deformadora e maligna do pecado no ser humano. Deus fez tudo bom no princípio (Gn 1.31; Ec 7.29). Hoje não há ninguém bom; só Deus é bom (Mt 19.17).
1. O terreno “ao pé do caminho” (vv.4,19). Esse tipo de terreno é comparado a que classe de ouvintes? Segundo o próprio Jesus, são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e não a entendem, nem se esforçam para compreendê-la (v.19).
Na realidade, são negligentes, não se preocupam com os assuntos espirituais, nem com o seu destino eterno. Recebem a mensagem da salvação pelos canais de comunicação do intelecto, todavia não permitem que esta desça ao coração; por isso, ela não germina. São muitas e maléficas as influências exteriores que se alojam no coração humano e prevalecem na vida das pessoas, deixando a semente exposta na superfície da terra. Isto permite que as nocivas “aves do céu” (Lc 8.5,12) venham e arrebatem a semente lançada no coração endurecido, obstinado e resistente ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
2. O terreno com pedregais (vv.5,6). Esse tipo de solo representa a pessoa que de início recebe bem a Palavra de Deus, porém não persevera na fé em Cristo. São cheios de entusiasmo puramente emocional. Todavia, os obstáculos e provações da vida os impedem de crescer e frutificar. Os tais até choram quando ouvem a Palavra, reconhecem suas necessidades, porém não conseguem desvencilhar-se das pedras de sua vida pessoal. A semente é aceita, contudo não cria raízes pelo fato de o crente não ter firmeza, nem perseverança. As pedras podem representar tropeços morais, vícios, pecados sedutores e maus hábitos. Algo muito deplorável neste tipo de terreno é que além dele ser raso, tem pedra por baixo. Há crentes que na superfície demonstram ser uma coisa, no entanto, interiormente são outra. “Aborreço a duplicidade”, diz a Escritura (Sl 119.113; Tg 1.8; 4.8).
O crente “terreno raso” nos ensina que muitos aceitam a verdade, entretanto não permanecem firmes, nem se aprofundam na fé, na comunhão com Deus. Notemos no versículo seis que a planta “queimou-se e secou-se” não somente devido ao calor do sol, mas também “porque não tinha raiz”.
3. O terreno cheio de espinhos (v.7). Diz o texto: “e outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na”. A semente fora bem plantada, porém o terreno havia sido abandonado por seu dono, tal qual o terreno de Pv 24.30-32. As ervas daninhas e os espinhos multiplicaram-se e sufocaram a planta, tornando-a improdutiva. Esses “espinhos” são as preocupações causadas pelo mundo, as cobranças da sociedade ímpia, os prazeres ilusórios da vida e o engano do acúmulo de riquezas materiais (Mt 13.22; Mc 4.19; Lc 8.14).
Nessas riquezas há espinhos que traspassam seus donos “com muitas dores” (1Tm 6.10). A possessão de riqueza sem temor de Deus tem provocado sofrimento e sufocado a vida espiritual de muitos crentes, os quais ficam sem tempo para a oração, o estudo da Bíblia e o serviço do Senhor em geral. Assim, o terreno “cheio de espinhos” mostra-nos que muitos crentes permanecem na fé, contudo não são consagrados ao Senhor.
4. O terreno da boa terra (v.8). A “boa terra” acolhe bem a semente porque é macia, funda, limpa, úmida e apropriada. Nela, a semente, como diz o profeta, “tornará a lançar raízes para baixo e dará fruto para cima” (Is 37.31). As pessoas simbolizadas por este tipo de terreno ouvem e entendem a Palavra. Esta não volta vazia; sempre prospera (Is 55.11). Em 2Tm 3.15-17 e no Salmo 119, encontramos inúmeras bênçãos para aqueles que buscam e amam a Palavra de Deus. Nesta mesma parábola em Lucas 8.15, Jesus aludiu a este coração como “honesto e bom”. Este último terreno ainda nos mostra que mesmo entre os crentes dedicados há diferente frutificação espiritual (vv.8,23). Um grão produziu cem, outro, sessenta, e outro, trinta. Que poder maravilhoso há na Palavra do Deus vivo, quando ela encontra um terreno propício!
CONCLUSÃO
Na parábola do Semeador, o Senhor Jesus nos ensina uma grande e permanente lição: É nosso dever prioritário, como seus servos, semear a Palavra de Deus utilizando todos os meios, “a tempo e fora de tempo”, como está dito em 2Tm 4.2. Somente assim teremos um ministério abençoado, pois Deus dá semente a quem semeia (2Co 9.10). Vemos ainda na parábola que apesar dos terrenos serem variados, a semente é uma só, ou seja, eles é que precisam mudar em relação a esta, e não o contrário. É urgente a evangelização mundial, por intermédio da pregação e do ensino da Palavra.
Subsídio Devocional
“A Semente à beira do caminho
Conforme explicação dada pelo próprio Mestre, e Filho do Lavrador, a semente é a Palavra de Deus; o solo, os nossos corações. Os ouvintes de Jesus entendiam bem de solo, pois o relevo de seu país era bastante variado: dispunham de grandes extensões férteis, mas também lidavam com terrenos rasos e rochosos. Contudo, não conhecessem, talvez, o próprio coração. Você conhece o seu? Que tipo de solo é você? De que modo você tem recebido a pregação da Palavra?
No Israel antigo, os fazendeiros protegiam suas vinhas e jardins, cercando-os com sebes ou muros de pedra (Is 5.5). Entretanto, era difícil cercar grandes plantações; o custo não compensaria. Assim, os campos de trigo ou cevada não tinham cercas nem muros, e eram cortados por trilhas e estradas. Esses caminhos, de tanto serem pisados por pessoas e animais, tornavam-se chão batido, endurecido.
Em seu método um tanto primitivo de plantar, o lavrador fazia, ao mesmo tempo, a aradura e o plantio. Enquanto passava o arado puxado por uma junta de bois, ou de jumentos, ia também espalhando as sementes, que levava num cesto. Desse modo, as sementes misturavam-se ao solo revolvido, fofo e arejado. O problema é que o vento, que ajudava a espalhá-las, também as soprava para as trilhas de terra socada e enrijecida, onde, sem qualquer possibilidade de penetração, ficavam expostas aos olhos ávidos das aves, que imediatamente ajuntavam-se para devorá-las [...]. Alguns corações têm se tornado tão duros quanto o chão batido de um atalho no campo. Já não têm sensibilidade para as coisas espirituais; a mensagem divina já não pode penetrar-lhes o caráter empedernido. Alguns tornaram-se assim porque, dispondo de facilidades, concentraram-se nos prazeres terrenos, preferindo não dar ouvidos às coisas de Deus. Outros, depois de passar por sofrimentos prolongados, perderam a esperança e a fé; tornaram-se amargurados e incrédulos; deliberadamente, fecham o coração à Palavra. E há aqueles que abrigaram tantas crenças e doutrinas errôneas, e estas foram, aos poucos, sedimentando-se no solo de suas almas, a ponto de deixá-las secas e duras. A semente do evangelho cai sobre estas, mas sequer tem tempo de germinar, porque, qual ave agourenta, Satanás logo a arrebata.
Que tipo de prazeres têm lhe transitado pelas trilhas do coração? Que crenças falsas, que filosofias vãs, que influências maléficas vêm-lhe palmilhado os caminhos interiores?
Acaso o seu coração acha-se já tão calcificado, que não mais reage aos impulsos do Espírito santo?
A pregação da Palavra não mais afeta você? Rogue ao Senhor da seara que passe em seu coração o arado do Espírito, capaz de revolver o solo mais empedernido, e convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8).
Ou, quem sabe, você precise do arado da tristeza que produz arrependimento, capaz de quebrar os torrões da indiferença e do descaso (2Co 7.9,10); indiferença para com o pecado, e descaso para com a justiça e o juízo” (ANDRADE, Marta Doreto de. Quando o amado desce ao jardim. RJ:CPAD, 2004, pp.174,175.)
Ascensão: Ato de ascender; subida; elevação.
Desvencilhar: Soltar; desatar; desprender.
Inerrante: Propriedade pela qual a Bíblia é isenta de qualquer erro em suas afirmações.
Maléfico: Que atrai ou pratica o mal; malévolo; mal.
Nocivo: Que prejudica ou causa dano.
Obstinado: Teimoso; persistente; firme.
Verbo: Termo que descreve Jesus como a Palavra de Deus Encarnada.
ANDRADE, Marta Doreto de. Quando o amado desce ao jardim. CPAD, 2004.
1. Na parábola em estudo, quem é o semeador?
R. O próprio Cristo.
2. Que a semente representa?
R. A Palavra de Deus.
3. Quais são os tipos de terreno?
R. “Ao pé do caminho”; “em pedregais”; “entre espinhos” e “boa terra”.
4. Que representam os espinhos que sufocam a semente?
R. São as preocupações causadas pelo mundo, as cobranças da sociedade ímpia, os prazeres ilusórios da vida e o engano do acúmulo de riquezas materiais.
5. Quais as características das pessoas representadas pela “boa terra”?
R. Ouvem, entendem a Palavra de Deus e possuem um coração honesto e bom.