Título: Vida santa até a volta de Cristo — Conselhos para uma vida vitoriosa
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 2: A defesa de um ministério frutífero
Data: 10 de Julho de 2005
“Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes” (1Ts 2.10).
O legítimo obreiro de Cristo vive o que prega, e prega o que vive, de tal forma, que a Igreja logo percebe sua integridade ministerial.
Segunda — At 16.22
Açoitados por amor de Cristo
Terça — At 16.25
Louvor na prisão
Quarta — At 16.26
Libertos para pregar
Quinta — Jo 15.16
Produzindo fruto para Deus
Sexta — 1Jo 4.6
Aquele que conhece a Deus
Sábado — 1Pe 5.2
Apascentando sem ganância
115, 132 e 378 da Harpa Cristã
1 Tessalonicenses 2.1-8.
1 — Porque vós mesmos, irmãos, bem sabeis que a nossa entrada para convosco não foi vã;
2 — mas, havendo primeiro padecido e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate.
3 — Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência;
4 — mas, como fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova o nosso coração.
5 — Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha.
6 — E não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros, ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados;
7 — antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos.
8 — Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evan-gelho de Deus, mas ainda a nossa própria alma; porquanto nos éreis muito queridos.
Professor, como foi a receptividade dos alunos ao tema deste trimestre? Eles apreciaram a exposição histórica e geográfica do contexto da epístola? Para que seus alunos continuem sendo motivados, permaneça utilizando o apoio didático visual a fim de incrementar o ensino das lições.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Paulo relembra aos cristãos tessalonicenses que a presença dele entre os irmãos não foi infrutífera (1.9), pelo contrário, os ultrajes e maus tratos que sofreu, tanto em Filipos quanto em Tessalônica, contribuíram para que o Evangelho fosse anunciado com mais ousadia (vv.1,2). Porém, sua intrepidez e persuasão não deveriam ser confundidas com as técnicas dos retóricos gregos, ou com os artifícios fraudulentos dos oradores itinerantes (vv.3,5). Estes eram gananciosos e tinham por objetivo extorquir dinheiro da comunidade. Paulo, entretanto, não era avarento (vv.5,6), e mesmo tendo direito como apóstolo a ser sustentado pela igreja, trabalhava “noite e dia” para não ser pesado aos irmãos (v.9; 2Ts 3.9; 1Co 9.1-14). Ele não buscava a glória dos homens, mas a de Deus (v.6). Por isso, foi “brando” e cheio de ternura com a igreja, do mesmo modo que a mãe com seu filho (vv.7,8).
Professor, nesta lição, utilize um quadro antitético entre Paulo e os sofistas. Este recurso didático oferece a oportunidade de apresentar um contraste entre dois personagens, a fim de ressaltar suas qualidades opostas. As diferenças entre Paulo e os sofistas estão implícitas na Leitura Bíblica e, por isso, devem ser destacadas para uma compreensão satisfatória da lição.
Com exceção da terceira coluna, reproduza o quadro abaixo no quadro-de-giz ou na cartolina — use giz ou hidrocor colorido. Distribua para os alunos uma folha contendo as três colunas e o título de cada uma delas. Os alunos deverão copiar as informações apresentadas, entretanto, na terceira coluna, cada um deverá se posicionar em relação aos dois comportamentos apresentados.
Utilize este recurso ao ensinar o tópico II.
INTRODUÇÃO
Paulo defende-se, agora, dos ataques do Diabo contra ele e seus companheiros de missão. É provável que alguns dos irmãos, alcançados pelo evangelho, tenham até acreditado nas insinuações malévolas contra os homens de Deus. A murmuração tem sido uma arma perigosa que age como um vírus, espalhando seu veneno em volta, às vezes de modo imperceptível. Que o Senhor nos ensine a não sermos contaminados pelos efeitos da murmuração.
I. DEFENDENDO O MINISTÉRIO
1. Uma entrada abençoada (2.1). Paulo tinha convicção de que o trabalho desenvolvido na capital da Macedônia fora realizado com muito amor e zelo. O apóstolo dirige-se aos novos crentes, na segunda pessoa do plural — “vós mesmos, irmãos” — a fim de lembrar-lhes o caráter de sua missão entre eles. E Paulo lhes diz que “a nossa entrada para convosco não foi vã”. Isto é, não foi infrutífera. Um ministério que dá frutos contribui para o engrandecimento do Reino de Deus. E Jesus nos chamou para sermos frutíferos (Jo 15.16).
2. Ousadia na pregação. Paulo afirma que ele e seus companheiros tornaram-se “ousados em nosso Deus” (2.2). As tribulações que o apóstolo experimentou, em Filipos (At 16.19-40), quando foi humilhado, espancado, e preso, juntamente com Silas, em lugar de lhes causar medo e temor, na jornada missionária, tiveram um efeito positivo em seu fervor na busca das almas perdidas. Ele e seus companheiros foram “agravados”; essa palavra tem o sentido, também, de “tratados com arrogância”, “ultrajados”. Mas o ânimo não arrefeceu. Eles tiveram “ousada confiança”.
3. A prudência no ministério. A prudente ousadia de Paulo é um exemplo para os obreiros do Senhor nos dias presentes. Aos filipenses, ele disse que “o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.20,21). Ele era ousado, mas também prudente. Jesus ensinou a não entrar em confronto com os adversários (Mt 10.23). Paulo agia com sabedoria e prudência (At 14.6). Certo obreiro, julgando-se forte, atacou os incrédulos numa cruzada e teve de sair escondido para não ser morto. Isso não é ousadia. É atrevimento. Ousadia é a ação prudente em prol da causa do Senhor.
II. NÃO AGRADANDO A HOMENS (2.3,4)
1. Pregando sem engano. Paulo disse que sua exortação não foi com “engano”, “imundícia”, ou “fraudulência” (2.3). Era comum, na época em que a carta de Paulo aos tessalonicenses foi escrita, haver certo tipo de pregadores itinerantes chamados sofistas. Eram pregadores de sofismas (do gr. sóphisma , “sutileza de sofista”, pelo lat. sophisma ); pregavam com má-fé, “argumentos falsos”, engano, logro, ou tapeação. É preciso cuidado com os “lobos” vestidos de “ovelhas”, que andam a enganar os crentes incautos, sob a capa de “muito espirituais”.
2. Exortando os crentes. Paulo fora acusado pelos inimigos. Talvez tenham criticado suas exortações sinceras. No versículo em análise, ele diz que a sua “exortação não foi com engano”, ou com sofisma. O apóstolo exortou os irmãos através da mensagem do evangelho, mostrando-lhes as verdades desconhecidas para eles; tornou conhecido para os novos crentes o “mistério de Deus — Cristo” (Cl 2.2). E essa exortação, diz o apóstolo, não foi com “engano” (do gr. plane ), “erro”, “ilusão”, ou “desvio”. Ele era um zeloso servo de Deus que levava a mensagem de modo claro e fiel, obedecendo à revelação que recebera do Senhor. Aliás, era esse o cuidado dos demais apóstolos (1Jo 4.6; 2Pe 1.16).
3. Pregando com pureza. A pregação de Paulo não foi com “imundícia”, ou “corrupção”, “nem com fraudulência”. E muitos, incrédulos ou crentes, imaginavam que os missionários não passavam de mais um grupo de tapeadores, que queriam somente aproveitar-se da boa fé dos ouvintes, a fim de, inclusive, obter dinheiro através da pregação do evangelho. Daí, ter Paulo se referido à “fraudulência” (Rm 1.24 e 2Co 12.21; Ef 4.19). Hoje, em pleno século XXI. Há muitos falsos obreiros que se aproveitam dos fiéis para obter ganho financeiro. Um dos requisitos recomendados por Paulo a quem deseja ser bispo é: ser obreiro “não cobiçoso de torpe ganância” (1Tm 3.3). No mesmo espírito, Pedro escreveu que o obreiro deve apascentar o rebanho do Senhor “tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância” (1Pe 5.2).
III. NÃO BUSCANDO A “GLÓRIA DOS HOMENS”
1. O perigo da lisonja. Paulo disse que ele e seus companheiros não buscavam a “glória dos homens”, nem deles próprios, “nem de outros” (2.6). Há quem busque glória para si. Há pessoas que são movidas a elogios, ou mesmo por lisonja, que é sinônimo de bajulação. Isso é perigoso para o ministério pastoral e para qualquer servo ou serva de Deus. Se, de um lado, o lisonjeiro se compraz em “agradar” a quem deseja enganar (e há pessoas que são movidas a lisonjas, e buscam “a glória”, isto é, o louvor, o elogio dos homens) por outro, o bajulador, na verdade, busca seus interesses egoístas. Esse tipo de pregador não aceita convite para falar a pequenos auditórios. Só se sentem bem se estiverem diante de plateias numerosas para ouvir os aplausos das palmas, e até os “glórias a Deus”.
2. Não sendo pesado aos irmãos. Paulo defendeu a si e aos outros missionários, afirmando que não buscavam “glória dos homens”, nem dos crentes, nem “de outros”. Não era do seu feitio moral buscar o louvor dos homens, nem sua glória. Ele mesmo disse aos coríntios que tudo o que fizessem o fizessem para a glória de Deus (1Co 10.31). E acrescenta que, “como apóstolos de Cristo”, ele e os outros missionários poderiam ser “pesados” aos tessalonicenses (2.9). Contudo, nunca se aproveitaram dos irmãos, buscando ganhos financeiros. Em tempo algum os exploraram. O apóstolo jamais foi rico. Sempre viveu sem ambições materiais. Era homem humilde e resignado (Fp 4.12). Em lugar de buscar a glória dos homens, em termos de contribuição em dinheiro, ele afirmou que “o meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (Fp 4.19).
IV. “COMO AMA QUE CRIA OS SEUS FILHOS”
1. Brandos como uma mãe. Diz o apóstolo: “antes, fomos brandos entre vós, como a ama que cria seus filhos” (2.7). Na visão de Paulo, o obreiro, ou o ministro, deve ter o comportamento de uma ama, que age como uma mãe. Existe a ama-de-leite, que cria os filhos alheios, alimentando-os com o próprio seio. No versículo que comentamos (2.7), ele se compara à “ama que cria seus filhos”, ou seja, extrapola o conceito de ama, que cuida dos filhos de outros, e tem em mente a ama que cuida de seus próprios filhos.
2. A afeição do pastor (2.8). Paulo chama os tessalonicenses de “muito queridos”. Ele e seus companheiros eram “tão afeiçoados” para com os novos convertidos. Essa deve ser uma característica do obreiro que tem de fato amor pelas almas que se convertem. Hoje, há obreiros que só querem ver as mãos levantadas na hora do apelo. São ávidos por números de decisões, no entanto, não têm interesse em dar assistência aos que aceitam o evangelho. A razão pela qual Paulo e os missionários tratavam tão bem os irmãos era porque os consideravam “muito queridos”.
CONCLUSÃO
O ministério de Paulo foi frutífero e aprovado por Deus. Em Tessalônica, mesmo tendo passado menos de um mês, deixou uma igreja bem doutrinada através do ensino e da exortação sadia. O adversário levantou murmuradores para acusar o apóstolo e seus companheiros, porém não tiveram êxito, pois a Palavra da Verdade suplantou os argumentos da mentira e da calúnia.
Subsídio Teológico
“Depois de mostrar que a prova de sua sinceridade era a disposição de arriscar o seu bem-estar para o bem deles, Paulo muda o discurso para as alegações específicas. [...] No versículo 3, o apóstolo explana que não seria considerado culpado de ‘erro’, ‘motivos impuros’, ou ‘trapaça’. Não seria confundido com os mercenários ou ambulantes daquele tempo.
1) Paulo repudia a noção de que seu Evangelho fosse um ‘engano’ ( plane ). Essa palavra pode ser traduzida como ‘fraude’, mas o contexto sugere a conotação de ‘erro’, uma vez que a fraude intencional é compreendida pela última das três palavras na lista de Paulo. Os judeus que desejavam que Paulo caísse em descrédito estavam argumentando que, a despeito da sua sinceridade, sua mensagem era falsa.
2) A próxima alegação não focaliza sua mensagem, mas seus motivos, que eram discutidos por serem considerados mistos ou ‘impuros’. Assim, a disputa aqui é quanto à integridade de Paulo. A palavra akatharsia (motivos impuros) pode também ser traduzida como ‘imundícia’, dando a conotação de impureza sexual [...].
No entanto, os motivos de Paulo são corretos. Sua autoestima é saudável e é alimentada pelo gozo e pela profunda convicção que o Espírito Santo propicia.
3) A última questão refutada por Paulo refere-se às acusações de ter sido de alguma maneira um enganador. A palavra grega dolos pode remeter à ideia de ‘isca’, no mesmo sentido de pescaria. Se esta foi a intenção aqui, Paulo está sendo retratado pelos seus opositores como alguém que atrai ou captura o inocente ou incauto” (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (eds.). Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. RJ: CPAD, 2003, pp.1372,1373).
Ávido: Que deseja ardentemente; ansioso, sôfrego.
Feitio: Modo, maneira, jeito.
Imperceptível: Que não se percebe, que não se pode distinguir; não perceptível.
Incauto: Não cauteloso; imprudente.
Logro: Engano propositado contra alguém; artifício ou manobra ardilosa para iludir.
ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (eds.). Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. CPAD, 2003.
TULER, Marcos. Recursos didáticos para a Escola Dominical. CPAD, 2003.
1. Qual o efeito das tribulações de Paulo em Filipos?
R. Tiveram um efeito positivo em seu fervor na busca das almas perdidas.
2. Qual o significado do termo “ousadia”, conforme a lição?
R. Ousadia é a ação prudente em prol da causa do Senhor.
3. Que disse Paulo acerca de sua exortação?
R. Que não foi com “engano”, “imundícia” ou “fraudulência”.
4. O que Paulo não buscou entre os tessalonicenses?
R. A “glória dos homens”, deles próprios e “de outros”.
5. A quem Paulo comparou seu comportamento junto aos tessalonicenses?
R. A uma ama que cria seus filhos.