Título: Vida santa até a volta de Cristo — Conselhos para uma vida vitoriosa
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima
Lição 3: O árduo trabalho missionário
Data: 17 de Julho de 2005
“Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus” (1Ts 2.9).
A Bíblia afirma que o obreiro do Senhor é digno do seu sustento.
Segunda — At 20.35
Trabalhando para ajudar os outros
Terça — 1Co 4.12
Trabalhando com as próprias mãos
Quarta — 2Ts 3.8
Trabalhando noite e dia
Quinta — 2Ts 3.12
Trabalhando com sossego
Sexta — Jo 9.4
A noite vem quando ninguém pode trabalhar
Sábado — 1Co 9.12-14
O sustento dos obreiros do Senhor
65, 149 e 220 da Harpa Cristã
1 Tessalonicenses 2.9-12.
9 — Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus.
10 — Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes.
11 — Assim como bem sabeis de que modo vos exortávamos e consolávamos, a cada um de vós, como o pai a seus filhos,
12 — para que vos conduzísseis dignamente para com Deus, que vos chama para o seu reino e glória.
Professor, os recursos didáticos sugeridos têm por objetivo auxiliá-lo na explanação do conteúdo das lições. Eles permitem que o aluno assimile os temas abordados com maior clareza. Os recursos audiovisuais, por exemplo, são meios didáticos que estimulam a audição e a visão do aluno favorecendo a aprendizagem. Estes recursos realçam o que o aluno vê e ouve na sala de aula. É importante lembrar que: 30% do que aprendemos passa pela audição e 40% pela visão. Os dois juntos perfazem 70%. Se acrescentarmos uma atividade prática ao que o aluno ouviu e viu, a possibilidade dele aprender é de quase 100%. Portanto, verdades já conhecidas pelos alunos podem ser apresentadas de forma inovadora e criativa ao aliarmos os recursos audiovisuais a uma atividade prática.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Nos versículos 3 a 8, Paulo apresentou sua defesa ministerial tendo como fundamento o seu comportamento digno entre os cristãos tessalonicenses. Nos trechos de 9 a 12, descreve o árduo trabalho missionário entre eles, e relembra mais uma vez o cuidado apostólico mediante a figura paterna (vv.11,7). Esta referência afetuosa (v.11) é confirmada por dois termos encontrados no versículo 9 (trabalho e fadiga), que no original indicam extenuação física e psicológica: “trabalho árduo” ( kopos ) e “desgastante labor” ( mochthos ).
Paulo trabalhava tanto à noite quanto de dia na fabricação de tendas (At 18.3), a fim de não ser “pesado” a nenhum dos irmãos (2Co 11.27; 1Ts 3.10). Procurava não ser dispendioso às igrejas macedônicas que, embora fossem pobres, eram muito generosas (2Co 8.1,2). Todavia, enquanto esteve em Tessalônica, contava com o apoio financeiro da igreja de Filipos (Fp 4.15,16). Para Paulo, assim como o pai é o responsável pela sustentação e nutrição do filho e, não o contrário, era responsabilidade de seu ministério suprir à igreja macedônica, e não esta a ele (vv.7-9,11).
Professor, para que o conteúdo histórico da epístola e o itinerário seguido por Paulo e seus companheiros possam ser assimilados pelos alunos, propomos a elaboração de um diagrama que represente as cidades e os principais fatos relevantes à compreensão da lição. Esses dados são mais específicos a partir de Tessalônica, pois procuram demonstrar o percurso de Paulo e de seus companheiros nesta cidade. Leia as referências bíblicas para compreender adequadamente o gráfico. Preste atenção no trajeto seguido pelos companheiros de Paulo.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, meditaremos sobre como Paulo trabalhou arduamente a fim de prover o sustento para si e seus companheiros, bem como testemunhou de forma marcante acerca desse assunto, de acordo com o que está registrado nos vv.9,10 da Leitura Bíblica em Classe.
Naquela época, os inimigos do evangelho espalhavam informações falsas sobre o sustento e despesas de viagem daqueles primeiros missionários. Paulo sabia que os novos convertidos poderiam facilmente ser abalados com aquelas falsidades. Por isso, o apóstolo esforçou-se o máximo para desmentir aqueles infundados rumores, mediante seu exemplo de trabalho.
Muitos crentes sofrem espiritualmente em razão de falsas informações recebidas na sua “infância espiritual”. Essa era a preocupação de Paulo: “Como o pai a seus filhos” (1Ts 2.11).
Na igreja local, se o obreiro deseja que os novos convertidos sejam bem formados e bem nutridos da Palavra de Deus, terá de ser mãe e pai espirituais para eles. Ler 2Ts 3.7-12; 1Pe 5.3.
I. “TRABALHANDO NOITE E DIA”
1. Um árduo trabalho missionário (2.9). Paulo e seus companheiros não se deixaram abater pelas dificuldades surgidas. Tiveram que alternar o trabalho espiritual com o secular, para poderem se dedicar às atividades evangelísticas, sem depender dos irmãos.
a) “Trabalho e fadiga”. O sentido aqui no original é de trabalho árduo, fatigante. Hoje, os trabalhos da igreja que prosperam são realizados por homens de Deus que cheios do Espírito Santo se esforçam com amor e dedicação ao seu sagrado ministério. Os que ficam parados, seja por desânimo, falta de visão, ou de condições ministeriais, são os que veem a obra de Deus parar e sofrer. Esses são os que fazem os crentes gemerem, esperando uma mudança de situação.
b) “Trabalhando noite e dia”. Naquela ocasião, quando a igreja de Tessalônica estava nascendo, não bastava apenas cuidar das coisas espirituais. Era preciso trabalhar profissionalmente também à noite. “Dia e noite”, diz o texto bíblico. Não foi fácil! Todavia, Deus deu graça e a obra avançou pela mão de homens de fibra como aqueles! Isto é uma lição para os dias atuais, em que há obreiros usando certos métodos para conseguir dinheiro semelhantes aos dos charlatões, exploradores e mercantilistas. E os tais ainda dizem que tudo é para a obra do Senhor, quando, na realidade, visam os próprios bolsos (2Co 11.13; Fp 3.2).
2. Não sendo pesado a ninguém. Certamente, eles precisavam levantar cedo, antes do nascer do sol, e lutar pela sua manutenção até o início da noite. Paulo tinha o ofício de fazedor de tendas (At 18.3). Como deve ter sido difícil ensinar, pregar, discipular, e, ao mesmo tempo, trabalhar pelo próprio sustento e de seus amigos. São lições inspiradoras para nós nos dias de hoje.
Se você trabalha por necessidade, com sabedoria, bom senso e calma desde cedo até tarde do dia, e também à noite, e mesmo assim cuida da obra de Deus com zelo, saiba de uma coisa: você não está inovando.
3. O obreiro é digno do seu sustento. Paulo não estava a ensinar que o obreiro não pode, ou não deve, ser sustentado pela igreja local. Ensinando aos coríntios (1Co 9.6-18), ele disseque ninguém deve trabalhar, ou militar, “à sua própria custa” (v.7). Ao invocar o exemplo do ministério sacerdotal conclui: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (v.14). Na realidade, desde o Antigo Testamento, e através do Novo, a mensagem é a mesma: “digno é o obreiro do seu salário” (1Tm 5.18).
II. EVANGELIZANDO DE MODO IRREPREENSÍVEL
1. Conduta exemplar dos missionários. “Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, justa e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes” (2.10). Paulo e seus companheiros tinham uma vida irrepreensível diante da igreja e do mundo. Assim deve ser a conduta ética, moral, e espiritual dos obreiros do Senhor, bem como de todo crente.
Quando há engano, mentira, trapaça, mistificação, falsidade, mais cedo ou mais tarde, tudo virá à tona, pois “nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido” (Lc 12.2). Viver de forma irrepreensível diante de Deus e dos homens deve ser a prioridade de todo crente que espera a vinda de Jesus (1Ts 5.23).
a) O crente deve ser santo (v.10). Do contrário, ele não verá a Cristo (Hb 12.14). Santidade é condição indispensável a quem se diz crente e deseja ir para o céu, ao encontro do Senhor Jesus. Assevera-nos a infalível Palavra de Deus: “como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1.15,16). Graças a Deus porque sempre tivemos obreiros que, agindo com fidelidade, passaram à eternidade, deixando-nos um maravilhoso testemunho. Eles foram fiéis ao Senhor, à doutrina, à igreja, à sua família e aos irmãos na fé. Que jamais venhamos a agir com leviandade. Jesus está às portas.
b) O crente deve ser justo (v.10). Na Bíblia, justiça é a santidade visível, demonstrada diante do próximo. Temos nas Escrituras exemplos de homens justos, segundo o padrão de Deus, como Jó (Jó 1.1).
E não foi só em Tessalônica que o padrão de conduta de Paulo foi exposto. Na igreja de Corinto, Paulo observou o mesmo padrão de conduta (2Co 7.2). “Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós” (2Ts 3.7). Essa justiça era irmã gêmea da santidade que os missionários demonstravam em seu viver.
c) O crente deve ter uma vida irrepreensível (v.10). Isso só é possível na vida do crente através do poder redentor, libertador e purificador do sangue de Jesus mediante a fé. Paulo tinha uma vida correta; não dava lugar à repreensão, censura, ou à críticas pertinentes. Pelo tom das palavras do apóstolo, sentia-se ofendido pelas acusações injustas lançadas sobre si e seus companheiros. Ele afirmou certa ocasião: “até ao dia de hoje tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência” (At 23.1). No capítulo 5 da Primeira Epístola aos Tessalonicenses, ele exorta os crentes a serem irrepreensíveis: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23). Não é somente o espírito e a alma do crente, partes invisíveis, que devem ser conservados irrepreensíveis, mas igualmente seu corpo físico, visível.
Há crentes que, quanto ao espírito e a alma, ninguém pode duvidar que pertencem a Deus, entretanto... em relação ao corpo, não se pode dizer o mesmo (1Co 6.13,19,20).
III. “COMO UM PAI A SEUS FILHOS”
1. Um pai que exorta a seus filhos (2.11,12). Paulo, embora líder do rebanho, não tinha a postura de um “superior”, mas a de um verdadeiro “pai” para com seus “filhos” na fé. Ele, porém, não agia como certos “pais modernos” que, para não serem tachados de retrógrados, deixam os filhos fazerem o que bem entendem. O pai que não corrige os filhos não é pai.
2. Cuidando de “cada um”. O obreiro do Senhor deve exortar, ensinar e discipular individualmente seus filhos na fé. É o caso do professor de Escola Dominical. O exemplo de Paulo deve ser seguido principalmente hoje, ocasião em que o crescimento numérico das igrejas nem sempre acompanha o seu crescimento qualitativo. Esse cuidado especial deve perdurar em relação a cada pessoa que aceita a Cristo como Salvador. Dizia certo pregador: “Temos muita obstetrícia, e pouca pediatria”. Nascem muitos crentes, no entanto, muitos deles morrem por falta de cuidados especiais em sua “infância espiritual”.
CONCLUSÃO
Paulo não se preocupava só com as ovelhas já crescidas do rebanho. Mas demonstrava um zelo especial para com cada um dos que aceitavam a Cristo. Que Deus nos ajude a ter em cada igreja local um trabalho sério de discipulado, a fim de que possamos ver Cristo formado em nossos irmãos (Gl 4.19). A Escola Dominical de cada igreja deve estar ativa neste serviço, sabendo que os primeiros passos da vida cristã são de valor inestimável para todos os demais que se seguirão na vida do crente.
Subsídio Teológico
“Paulo trabalha ‘noite e dia’ (v.9) a fim de nutrir os tessalonicenses no Evangelho. [...] Em outro contexto da defesa, novamente usando a metáfora dos cuidados paternos, ele escreve: ‘Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar’ (2Co 12.15).
Esse é o caráter do ministério de Paulo. Preocupa-se de que nada deponha contra sua eficiência, inclusive que não seja classificado como preguiçoso. O grau dessa preocupação é ilustrado quando muitos anos mais tarde Paulo se encontraria com os presbíteros de Éfeso, e relataria que seu ministério estava livre de qualquer cobiça, e que ele mesmo trabalhou arduamente com suas próprias mãos (provavelmente no negócio de fabricação de tendas; veja At 18.3) para suprir as necessidades de seu grupo ministerial (20.33,34).
Podemos contrastar as atitudes de Paulo com a dos apóstolos quando escolheram sete diáconos porque não queriam ‘deixar a Palavra de Deus e servir às mesas’ (At 6.2-4). Entretanto, não concluímos que Paulo seja mais nobre nesta questão do que os outros apóstolos, e deveríamos notar que a natureza precisa de sua ocupação diária (e noturna) não é detalhada por Lucas. Não registra esses incidentes para promover a liderança que trabalha na obra em tempo integral, garantindo-lhe algum tipo de pagamento, mas com a única intenção de mostrar a divisão do trabalho no ministério da igreja primitiva. A respeito dos líderes da igreja, Paulo pode dizer que estes são merecedores de seus salários (1Tm 5.18), porém optou por trabalhar para sua própria manutenção tanto quanto possível. Contudo, mesmo em Tessalônica recebeu apoio, pelo qual mostrou-se extremamente grato (Fp 4.16). Talvez a formação de Paulo esteja muito mais relacionada ao trabalho com as próprias mãos, pois se esperava que até mesmo os rabinos tivessem o seu próprio negócio: ‘Não havia professores remunerados na Palestina’ (Morris, 80).
A história do modelo de liderança de Paulo ressoa através dos séculos, e pode ser claramente ouvida por todos os que são chamados para as posições de liderança, quer sejam remuneradas ou não. Deve-se esperar que o ministério demande muita força de vontade, seja um trabalho árduo e exija muito daqueles que nele trabalham. Aqueles que sinceramente cuidam de pessoas e honram a chamada de Deus serão considerados imitadores da dedicação de Paulo.
O versículo 10 nos leva a um exemplo profundo do esforço sincero e amoroso dedicado aos tessalonicenses. Geralmente, de maneira ousada, Paulo declara que tanto Deus quanto os tessalonicenses são testemunhas da natureza impecável de seu trabalho entre eles.
Continuando sua defesa, ele passa ao aspecto paternal de seu cuidado (vv.11,12). Nunca procurou exercer a autoridade de um apóstolo reivindicando um tratamento especial, nem foi um poderoso negociante. A autoridade que realmente exerceu foi a de um pai que tinha em mente o bem-estar de seus filhos” (ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (eds.). Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. RJ: CPAD, 2003, pp.1374,1375).
Árduo: Espinhoso, áspero; trabalhoso, custoso.
Charlatão: Explorador da boa-fé do público; impostor, embusteiro, trapaceiro.
Infundado: Que não tem fundamento, alicerce, base, ou motivo; sem razão de ser.
Inovar: Introduzir novidade em.
Leviandade: Qualidade do que julga ou procede irrefletidamente; precipitado, imprudente.
Retrógrado: Que recua ou anda para trás; que é contrário ao progresso.
ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (eds.). Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. CPAD, 2003.
CANCEL, Kenneth O.; HENDRICKS, Howard G. Manual de ensino para o educador cristão. CPAD, 1999.
1. O que Paulo, Silas e Timóteo fizeram para não depender dos irmãos de Tessalônica?
R. Alternaram o trabalho espiritual com o secular.
2. Qual era a profissão de Paulo?
R. Fazedor de tendas.
3. Como deve ser a conduta ética, moral e espiritual dos obreiros do Senhor?
R. Irrepreensível diante da igreja e do mundo.
4. Que diz a Bíblia sobre o sustento pastoral?
R. “Digno é o obreiro do seu salário” (1Tm 5.18).
5. Como Paulo exortava os irmãos?
R. Como um pai a seus filhos.