Título: E agora, como viveremos? — A resposta cristã para os tempos de crise e calamidade moral
Comentarista: Geremias do Couto
Lição 3: A atuação maligna no movimento pós-moderno
Data: 16 de outubro de 2005
“E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1Jo 2.17).
Para termos uma fé invicta perante o mundo, precisamos não somente ter plena convicção no que cremos, mas também demonstrar que não pertencemos ao mundo, e que somos cidadãos do Reino de Deus.
Segunda — Mt 5.13-16
O mundo e o papel do crente
Terça — Rm 12.9-21
O mundo e os efeitos da presença do crente
Quarta — Jo 17.14-24
O mundo e a segurança do crente
Quinta — Mt 5.37
O mundo e a palavra do crente
Sexta — Tg 2.14-26
O mundo e a fé do crente
Sábado — Gl 1.3,4
O mundo e o livramento do crente
212, 477 e 581 da Harpa Cristã
1 João 2.15-17; 5.19.
1 João 2
15 — Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.
16 — Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.
17 — E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.
1 João 5
19 — Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno.
Professor, como você já sabe, a aprendizagem é um processo contínuo que depende do nível cognitivo do aluno. Isto significa que determinado conceito ou tema precisa ser apresentado ao nível da capacidade do aluno para apreender. Este processo envolve vários conhecimentos por parte do professor: psicologia da educação, ensino-aprendizagem, didática, comunicação e o próprio tema. Assuntos como o que estamos tratando, que envolvem filosofia, linguística, crítica à modernidade e teologia, possuem certo grau de dificuldade, por isso, o professor eficiente procurará adequar a lição ao nível cognitivo do aluno. Portanto, todas as decisões didáticas — seleção de conteúdo, organização de atividades de aprendizagem e procedimentos de avaliação — devem considerar a capacidade de cada aluno para assimilar o conteúdo.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Segundo as Sagradas Escrituras, todo o sistema mundano está no maligno (1Jo 5.19) e o deus deste século, o Diabo, cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho (2Co 4.4). Entretanto, as estratégias malignas têm se modificado de tempos em tempos e, especificamente no período pós-moderno, estão atreladas aos sistemas políticos, sociais, filosóficos e linguísticos.
A atuação maligna na pós-modernidade diferencia-se da forma violenta como os cristãos do período greco-romano foram perseguidos ou da atroz inquisição. As estratégias estão mais sutis, difíceis de serem detectadas e não pretendem aniquilar o cristianismo, mas impedir o seu avanço, atenuar a sua mensagem e enfraquecer a identidade cristã.
A mentira está disfarçada de verdade; a verdade está constantemente sob suspeita. Os valores morais bíblicos estão perdendo espaço para uma nova moralidade hedonista e egocêntrica. Contudo, não se trata de mera ação humana, mas de nova roupagem para velhos pecados sob a batuta da Antiga Serpente.
Professor, nesta lição, use um Quadro de Relações Múltiplas para explicar a lição à classe. Este recurso possibilita ao aluno compreender um conceito por meio de vários exemplos. A lição trata de diversos sistemas mundanos, porém, como estes se manifestam na política, religião, mídia (TV), ciência, filosofia e ética? O gráfico abaixo exemplifica algumas dessas manifestações. Reproduza-o conforme os meios de que você dispõe.
Incremente a exposição do recurso usando ilustrações, reportagens, pesquisas, exemplos extraídos da mídia eletrônica, etc.
INTRODUÇÃO
As duas primeiras lições visaram esclarecer as linhas gerais do pensamento e dos ensinos da presente sociedade pós-moderna e de suas funestas consequências para o cristão que venha adotar tal modo de pensar e agir. Como seguidores de Cristo, sabemos que, por trás dos ensinos filosóficos pós-modernos, existe uma atuação maligna de abrangência mundial. O Diabo opera no mundo, desde o princípio, e faz das pessoas que o seguem (1Jo 5.19) instrumentos de oposição aos propósitos de Deus. É o que estudaremos nesta lição.
I. O SISTEMA MUNDANO NO MEIO POLÍTICO
1. O papel dos formadores de opinião. Uma das estratégias do Inimigo é usar pessoas como formadoras de opinião. São pessoas que ocupam posições de influência, e que disseminam, com ares de verdade, tudo quanto interessa ao sistema mundano e assim motivam, convencem e persuadem os seus ouvintes e leitores. No próprio Éden, foi a serpente o canal que o Diabo utilizou para inocular no coração do homem o veneno do humanismo (Gn 3.1-7). A forma da linguagem satânica foi bem trabalhada para tentar desacreditar a ordem de Deus ao primeiro casal.
2. A influência dos que detêm o poder. Os formadores de opinião não agem sozinhos. Eles contam com a parceria de muitos participantes do mesmo sistema, dotados de condições para implementar as propostas das ideias ímpias que difundem. Por trás da torre de Babel, estava Ninrode (Gn 10.8-11; 11.1-6). Desenvolvendo o paganismo babilônico estava Nabucodonosor (Dn 3.1-27). Incitando o ódio ao povo judaico estava Hitler.
3. Sutilezas nas mudanças da legislação. Essas ideias iníquas, por sua vez, precisam encontrar, em muitos casos, respaldo na legislação vigente a fim de aparentar legalidade; ainda que sejam moralmente indefensáveis. Não foi assim com Sadraque, Mesaque e AbedeNego, os quais foram lançados na fornalha de fogo ardente por não se submeterem ao edito do rei (Dn 3.10-12)? A mesma situação não experimentou Daniel quando os seus opositores, por inveja, forçaram o rei Dario a assinar um decreto com o objetivo de atingir o profeta em sua adoração a Deus (Dn 6.1-9)? Foi também o caso da trama orquestrada para destruir o povo de Israel na época do rei Assuero mediante um perverso decreto forjado pelo mau Hamã (Et 3.8-15).
Assim funciona o sistema mundano em consideração. Ele conta com ideólogos para tornar palatáveis suas teses, atrai muitos dos que detêm o poder a fim de implementá-las e reúne emissários com o intuito de infiltrar nas malhas da legislação o respaldo jurídico às práticas reprováveis daí decorrentes.
II. O SISTEMA MUNDANO NO MEIO RELIGIOSO
1. A sutileza da tolerância religiosa. Afirmar, por outro lado, que o sistema mundano opera apenas no meio político seria uma visão restrita do assunto, pois ele atua também no ambiente religioso, como vimos na lição anterior. Há uma razão para isso: tentar preencher a necessidade espiritual inerente ao homem a fim de ganhar a sua simpatia, e, assim, demonstrar uma filosofia pós-modernista com sabor religioso.
O mundo denominado pós-moderno se caracteriza, portanto, por uma religião sincretista sob o velho e surrado argumento de que “todos os caminhos levam a Deus”. O pior é que o meio evangélico vem sendo contaminado por uma espécie de sincretismo. Este é manifesto através de linguagem mântrica e uso de objetos, aos quais são atribuídos significados espirituais. Estamos no mundo, como disse Jesus em sua oração sacerdotal, porém não somos dele; não podemos amá-lo, nem deixar que seus princípios religiosos deturpados pautem a nossa fé (v.15).
2. A premissa do Estado laico. Aqui o assunto é mais complexo. As constituições da maioria dos países ocidentais asseguram a separação entre a Religião e o Estado. Isto fica implícito na declaração de Jesus: “Daí, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Mt 22.21). Igreja e Estado trilham caminhos distintos e independentes, sem qualquer interferência institucional mútua.
O mal está no fato de se usar este princípio quando pretendem calar a voz da Igreja. Enquanto certas autoridades não se constrangem em expor publicamente a fé religiosa que professam (ou não professam), evangélicos que ousam, em seus cargos públicos, manifestar a sua fé e o seu compromisso com os princípios e ensinos do evangelho de Cristo logo são afrontados, acusados e denunciados sob a tese do Estado laico.
Ora, o Estado não é um ser que anda com as próprias pernas, ao contrário, depende dos que o governam. Ademais, os princípios de vida respaldados pelas Escrituras estão acima de qualquer laicidade; são universais. Todavia, quanto mais o Estado for materialista, melhor para a expansão da filosofia pós-modernista. É por aí que o mundo caminha (v.16). Sob a premissa do Estado laico, o sistema mundano amplia as suas esferas de atuação, buscando sufocar qualquer iniciativa de pôr Deus como o princípio, o meio e o fim de todas as coisas.
III. O SISTEMA MUNDANO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
1. A aniquilação dos valores morais nas programações. Como uma grande orquestra regida pelo Inimigo, o sistema mundano, que a Bíblia identifica como “século mau” (Gl 1.4), age também através dos meios de comunicação. Basta monitorar as programações para perceber quais são os (des) valores intensamente propagados pela mídia de maneira cada vez mais indecente, imoral, desavergonhada. Os formadores de opinião, que se moldam pela visão pós-modernista, estão sempre presentes nos espaços que lhes abre a imprensa a fim de insistir sistematicamente na mesma tecla: união entre pessoas do mesmo sexo, aborto, eutanásia, pesquisas com células-tronco embrionárias, clonagem humana, descriminação das drogas, libertinagem e tudo mais que se identifique com o sistema mundano (1Jo 2.15-17). Quem se posiciona clara e firmemente em contrário e os que boicotam esse tipo de mídia estão prestando um grande serviço ao Reino de Deus.
2. A indução consentida à desestruturação da família. O resultado dessa manipulação da mídia é a desestruturação e destruição da família nos moldes estabelecidos por Deus. Trata-se da mídia e seus aliados a serviço de Satanás. Sem a família biblicamente estabelecida, a sociedade se transforma num caos. A história é testemunha disso no mundo inteiro, em todas as civilizações.
IV. COMO VENCER OS MALES DO SISTEMA MUNDANO
1. Moldando-se ao caráter de Cristo. O que fazer diante do conflito entre o que cremos e o sistema mundano atuante no movimento do pós-modernismo? Podemos optar entre três caminhos:
a) Acomodação. É a concordância com o velho ditado: “deixa tudo como está para ver como é que fica”.
b) Assimilação. É quando, ao invés de influenciarmos, somos influenciados e assimilamos o destrutivo relativismo do pós-modernismo, isto é, adotamos os padrões pecaminosos que regem socialmente o mundo (vv.15,16).
c) Inconformação. Precisamos permanecer convictos e firmes na fé em Cristo, conscientes de que temos um papel a cumprir no Reino de Deus em obediência ao mandado do Senhor, conforme Mc 16.15-18 e Mt 28.18-20, ainda que venhamos a ser hostilizados (Jo 17.14-17).
2. Estimulando vocações cristãs para a vida pública. Assim como o sal adentra em todos os grãos contidos na panela e a luz alcança todas as frestas de um ambiente (Mt 5.13-16), é nosso dever também estimular as vocações cristãs realmente comprometidas com os valores do Reino, a fim de que os crentes ocupem espaços em todos os segmentos da sociedade.
Seja no magistério de nossas escolas ou universidades, seja nos meios de comunicação, seja em nossos parlamentos, seja na hierarquia de nossas forças militares, seja no operariado e funcionalismo em geral, seja em nosso judiciário, seja nos governos de nossos municípios, estados e país. Vamos estimular os nossos jovens a crescerem intelectualmente, em conjunto com o crescimento espiritual para que, guiados sobretudo pela Palavra de Deus, tornem-se agentes de transformação da sociedade em lugares estratégicos.
3. Mantendo os padrões bíblicos de vida e testemunho. Por fim, os padrões bíblicos precisam ser mantidos no nível de nossas escolhas pessoais. Cada decisão de um crente deve ser tomada sempre à luz dos princípios imutáveis da Palavra Deus. Que as nossas tarefas e atividades de cada dia sejam primeiramente submetidas à vontade de Deus, ao soberano Senhor da nossa vida, embora isso pareça vulgar para as mentes materialistas (v.17).
CONCLUSÃO
Muitos utilizam os sinais dos tempos como pretexto para justificar uma vida cristã apática e indiferente ao que está ocorrendo. “O mundo vai de mal a pior, não adianta fazer nada”, afirmam. Isto é omissão culposa. É verdade que não nos compete interferir na soberania divina. Deus está agindo através da história e vai conduzi-la até o final. Contudo, também é verdade, mediante repetidas referências nas Escrituras, que nos cabe reagir, no poder do Espírito que em nós habita, contra o avanço do mal no mundo.
Subsídio Devocional
Os Males da Mídia Televisual
Entretenimento e Consumismo. Na mídia, as notícias ocupam em média 10% do espaço de toda comunicação. Os comerciais ocupam em torno de 30% e os outros 60% são distribuídos entre novelas, filmes, esportes, shows, etc. Mediante as estatísticas, percebe-se que o propósito é mais entreter do que informar. Em relação ao consumo, destacam-se duas formas básicas de comunicação na propaganda: a comunicação informal e racional e a afetiva e inconsciente. A primeira é necessária para o funcionamento de nossa sociedade e constitui-se, por si mesma, a base do progresso e desenvolvimento. A segunda, no entanto, apela para dados subjetivos do indivíduo, tais como: o desejo de sucesso, de liberdade, de realização e de estima. A mídia explora esta segunda forma de consumo gerando uma competitividade entre os indivíduos, estabelecendo padrões estéticos ao associar um produto à imagem de uma pessoa famosa. Os telespectadores se tornaram meros consumidores e os programas apenas uma mercadoria de péssima qualidade.
Hedonismo. Na atual sociedade pós-moderna, o prazer constitui-se um fim em si mesmo, abrindo precedente para uma crise moral e ética, pois o homem postula-se como referencial de si mesmo. Como consequência, observamos o enfraquecimento dos valores familiares, a trivialização da sexualidade e a disseminação de um estilo de vida incoerente aos valores bíblicos e cristãos. A mídia é uma das principais responsáveis pelo hedonismo predominante nessa atual geração. A medida que ofusca a moral cristã, dita normas, hábitos, moda, padrões de comportamento e satisfação à sociedade. Para isso, utiliza-se das pessoas mais famosas do momento de acordo com seus interesses espúrios e anticristãos.
A família cristã deve estar atenta aos males causados pela mídia. É imprescindível substituir os momentos passados diante da televisão pelo diálogo, culto doméstico ou atividades recreativas e instrutivas entre os membros familiares, a fim de que sua família seja protegida dos ataques e influências malignas e consequentemente preservada. Não permita que a mídia ensine você e sua família a se vestir, comportar e ser. Valorize a moral, o comportamento e o caráter cristão pautados nas Escrituras.
Descriminar: Absolver de crime; inocentar; tirar a culpa.
Disseminar: Semear; difundir; propagar; espalhar.
Edito: Mandato; decreto; parte de uma lei.
Ideólogo: Aquele que cria ideologias; defensor de uma corrente de ideias.
Inerente: Que está por natureza inseparavelmente ligado a alguma coisa ou pessoa.
Laicidade: Qualidade do que vive no, ou é próprio do mundo, do século; secular (por oposição a eclesiástico).
Premissa: Princípio ou fato que serve de base para um raciocínio.
Reducionismo: Simplificação; perda do completo sentido de uma teoria.
Sincretismo: Sistema religioso e plural que defende a coexistência pacífica de ensinos, deuses, e filosofias religiosas que se contradizem.
HOLMES, Arthur F. Ética: As decisões morais a luz da Bíblia. CPAD, 2000.
1. Como o sistema mundano atua no meio político?
R. Usando os formadores de opinião, influenciando os que detêm o poder e empregando sutilezas para mudar a legislação de acordo com seus interesses.
2. Qual o papel dos formadores de opinião?
R. Disseminar, com ares de verdade, tudo quanto interessa ao sistema mundano e assim motivar, convencer e persuadir os seus ouvintes e leitores.
3. Qual a razão de o sistema mundano atuar no meio religioso?
R. Tentar preencher a necessidade espiritual inerente ao homem a fim de ganhar sua simpatia, e, assim, demonstrar uma filosofia pós-modernista com sabor religioso.
4. Como o sistema mundano atua nos meios de comunicação?
R. Aniquilando os valores morais nas programações e induzindo à desestruturação da família.
5. Como vencer os males do sistema mundano?
R. Moldando-se ao caráter de Cristo, estimulando vocações cristãs para a vida pública e mantendo os padrões bíblicos de vida e testemunho.