Título: E agora, como viveremos? — A resposta cristã para os tempos de crise e calamidade moral
Comentarista: Geremias do Couto
Lição 6: A teologia liberal
Data: 06 de novembro de 2005
“Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15).
A abolição dos fundamentos da fé, como os temos na Bíblia, implica a perda dos valores dessa preciosa fé, que é o único meio de acesso a Deus mediante a obra redentora de Cristo.
Segunda — Is 25.1
O fundamento divino produz firmeza
Terça — 1Co 3.10,11
O fundamento divino é imutável
Quarta — Ef 2.20
O fundamento divino é apostólico
Quinta — 1Tm 6.19
O fundamento divino para a vida eterna
Sexta — 2Tm 2.19
O fundamento divino possui um selo
Sábado — Hb 6.1
O fundamento divino aperfeiçoa o crente
259, 506 e 508 da Harpa Cristã
2 Timóteo 3.14-17; 2 Pedro 1.20,21.
2 Timóteo 3
14 — Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido.
15 — E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
16 — Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,
17 — para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.
2 Pedro 1
20 — sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação;
21 — porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
Prezado professor, o ministério docente não é mera repetição de informação. Informar não significa ensinar. Enquanto docente da ED, você tem uma tríplice missão: salvação, crescimento e serviço. Como educadores cristãos, a nossa missão pode ser traduzida da seguinte forma:
1. Compreender as situações difíceis e embaraçosas as quais o homem contemporâneo e a sociedade, na qual está inserido, têm enfrentado.
2. Analisar os desafios da pós-modernidade.
3. Saber interpretar as mensagens subliminares, sutis e malévolas transmitidas aos alunos, seja por meio da mídia, seja mediante o ensino acadêmico.
4. Examinar, à luz da Bíblia, essas informações na sala de aula, a fim de que os alunos possam adquirir capacidade autocrítica.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
O liberalismo teológico não é algo novo. Começou a florescer de forma sistematizada devido à influência do racionalismo de Descartes e Spinoza, nos séculos XVII e XVIII, que redundou no iluminismo. O liberalismo opunha-se ao racionalismo extremado do iluminismo. Segundo Michael D. Palmer, “o Iluminismo é um movimento filosófico do século XVIII, com ênfase no livre uso da razão, no método empírico da ciência e no questionamento das doutrinas e valores tradicionais”.
A teologia liberal opõe-se a teorias fixas sobre a inspiração das Escrituras, favorecendo o uso da crítica histórica. Não obstante a Bíblia ser escrita por homens, sua inspiração é plenamente divina. Cânon, quer dizer “medida exata”, ou seja, esta é uma palavra inspirada por Deus e cheia de autoridade.
Estamos vivendo uma época onde estão em evidência várias doutrinas contrárias à Palavra de Deus. É preciso estar atento! O liberalismo teológico tem se infiltrado na ortodoxia cristã de modo sorrateiro, com uma roupagem moderna e sutil, tendo aparência de verdade. A igreja do Senhor não pode abrir espaço ou brechas para o liberalismo, pois acabará perdendo sua autoridade, deixando de ser “sal e luz”. A história pode provar que aonde o liberalismo teológico chega, a Igreja perde a comunhão com o Pai. A Palavra de Deus alerta: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”.
Por meio desta lição, você terá uma oportunidade ímpar de conscientizar seus alunos de que o relativismo pós-moderno tem proporcionado o avanço da teologia liberal, que reúne as mais diferentes tendências. Então, explique o significado da palavra teologia (do gr. Theos “Deus” e logos “estudo”), que, é a ciência da religião e das coisas divinas. Para que seus alunos tenham uma melhor compreensão da teologia liberal, é imprescindível conhecer outras correntes ou tendências teológicas. Reproduza o quadro abaixo de acordo com os recursos de que você dispõe.
INTRODUÇÃO
Os falsos ensinos e o relativismo do movimento filosófico pós-modernista ensejam um ambiente extremamente propício para o avanço da teologia liberal, com suas muitas ramificações e tendências, cujo alvo principal é a perversão da santa fé evangélica. No Salmo 11.3, a palavra de Deus para Davi, assim se expressa: “Na verdade que já os fundamentos se transtornam: que pode fazer o justo?”.
Nesses dias de ataques constantes à Palavra da Verdade (Ef 1.13; Cl 1.5; 2Tm 2.15; Tg 1.18), mais e mais os nossos apologistas cristãos e defensores da fé, tais quais nos primeiros séculos da história da Igreja, devem levantar com ousadia suas vozes para reafirmar os postulados da nossa santíssima fé em Cristo, seguindo o exemplo do apóstolo Paulo, que assim escreveu: “...sabendo que fui posto para defesa do evangelho” (Fp 1.16).
O propósito desta lição é também a defesa do evangelho contra os néscios da atualidade que foram enganados pelo “espírito de mentira” (1Rs 22.22; 1Tm 4.1,2).
I. PRESSUPOSTOS DA TEOLOGIA LIBERAL
1. A Bíblia como livro mitológico. Para os cristãos nascidos de novo, mediante a fé em nosso Senhor Jesus Cristo (Ef 2.8; Rm 1.16), a Bíblia Sagrada é a base de sustentação da fé. Contudo, quanto à Bíblia Sagrada, os mentores da teologia liberal, que se diz cristã, a) deixam claro que ela não é a revelação de Deus ao homem; b) não reconhecem a sua inspiração divina, colocando-a no mesmo nível de qualquer outro livro religioso, e c) não admitem a fé cristã, segundo o evangelho, como o único meio de acesso ao Pai mediante a obra vicária de Cristo no Calvário.
Uma das heresias da teologia liberal é tratar a Bíblia como um livro mitológico. Eles consideram as narrativas bíblicas, inclusive a da Criação de todas as coisas, como mitos, fábulas, apenas contendo alguma verdade moral e não fatos literais, verídicos, insuspeitos e históricos. É como se fossem fruto da imaginação de alguém.
As sagradas letras que Timóteo aprendeu, na sua infância, não eram mitos, mas a verdade divina, fidedigna e salvífica (2Tm 3.14,15). A fidelidade, a autenticidade, a unidade, a precisão e a inerrância da Bíblia como a Palavra de Deus são perfeitas e assombrosas. Comparar, por exemplo, Is 7.14; 9.6 com Mt 1.22,23; Lc 7.20-22.
2. A negação dos milagres bíblicos. Outro pressuposto da teologia liberal é negar a autenticidade dos milagres bíblicos, como se seus promotores tivessem permissão para se intrometerem nas coisas de Deus. Quem é o homem para assim fazer? Ver Sl 104.29. Os teólogos modernistas, juntamente com seus estudantes e admiradores, rejeitam os feitos sobrenaturais de Deus por não terem fé em Deus e de Deus; negam a própria Bíblia e até o Criador. Quanto a nós, tranquila e alegremente, cremos que Deus existe e criou o Universo, com seus inumeráveis sistemas funcionando numa sintonia lógica e perfeita que nenhum homem jamais poderia conceber. Além disso, Ele sustenta o Universo criado e interfere no mesmo produzindo os eventos sobrenaturais e miraculosos descritos na Bíblia.
Os milagres divinos, tal como registrados nas Escrituras, cumprem os desígnios de Deus através da história e são o testemunho eloquente e revelador de que nada acontece por acaso, evidenciando ao mesmo tempo a soberania divina como um dos infinitos atributos do Criador. Tudo obedece ao seu querer e aos seus propósitos (Sl 119.91), inclusive o universo humano (Mt 10.29,30).
3. A crença no Jesus histórico. A teologia liberal também não crê no propósito redentor e expiador da obra de Cristo concernente ao homem perdido que está vivendo no pecado, sem Deus, sem salvação.
Esses tais teólogos não aceitam a realidade do nascimento virginal de Cristo, mas aceitam em parte o que chamam de Jesus histórico (como se Deus, o soberano Senhor de todos e de tudo, dependesse da opinião do homem, que por Ele foi criado e que dEle depende em tudo, como vemos em At 17). Na verdade, trata-se de uma falsa teologia, uma vez que os principais pilares das verdades bíblicas da fé cristã são retirados.
Ora, como chegar a Deus sem aceitar sua revelação como está na Bíblia? Como invocá-lo sem que se aceitem todos os seus atributos, inclusive as suas intervenções sobrenaturais na história? Como crer que Ele é galardoador dos que o buscam, se não for através de Jesus como o Filho de Deus, divino em sua essência e humano (mas sem pecado) em sua miraculosa concepção física, e que se ofereceu como o único e perfeito sacrifício em favor do homem para salvá-lo? Por outro lado, se esses pilares da sã doutrina são mitos, então o apóstolo Paulo se equivocou ao lembrar a Timóteo que a sua salvação dependia da sua fé no Senhor (v.15).
II. A DEFESA DA TEOLOGIA ORTODOXA
1. O desenvolvimento da teologia liberal. As ideias, deduções e princípios teológicos liberais, humanistas e corrompidos tiveram seu início na primeira parte do século XIX. Possuíam como objetivo a racionalização da fé sob a influência do movimento filosófico e igualmente humanista denominado iluminismo. Foi uma tentativa de adaptar a fé cristã às correntes do pensamento moderno à parte de Deus.
Mas a verdadeira teologia bíblica proveniente da doutrina do Senhor não perdeu o seu espaço. Ao contrário, ela continua firme e crescente através do empenho de homens comprometidos com Deus e com a defesa da fé mediante a exposição correta e ungida das Escrituras. Ainda há, em nossos dias, cristãos que, graças a Deus, procedem como a mãe e a avó de Timóteo, inculcando nos mais jovens os verdadeiros fundamentos da fé cristã (vv.14,15; 2Tm 1.3-5), os quais, por sua vez, só podem ser compreendidos mediante o correto conhecimento e observância da Bíblia.
2. A inspiração e a inerrância da Bíblia. Assim, ao contrário da teologia liberal, reafirmamos como verdade teológica a inspiração divina e completa da Bíblia (2Tm 3.16; 2Pe 1.21). Ela foi produzida pela vontade expressa de Deus para tornar-se conhecida entre os homens e encerra em si mesma toda a autoridade como revelação divina. Apesar de ter sido escrita ao longo de 1600 anos, por cerca de 40 escritores, muitos dos quais não se conheceram e viveram em épocas distantes entre si, nenhum outro livro é capaz de comparar-se à Bíblia em autoridade, coerência, harmonia, unidade e atualidade. Só há uma explicação para isso: o “sopro” de Deus — a inspiração única e especial — na mente de seus escritores através da atuação poderosa do Espírito Santo.
Reafirmamos também a inerrância da Bíblia Sagrada. Ela não contém erros, nem qualquer contradição. As verdades do Antigo Testamento se completam no Novo Testamento e os possíveis pontos obscuros ou não bem compreendidos, como escreveu Antonio Gilberto em seu Manual da Escola Dominical, publicado pela CPAD, podem ser fruto de má tradução, má compreensão, interpretação equivocada ou falta de conhecimento. Convém ressaltar, inclusive, que na Bíblia não há lugar para interpretações particulares, distintas, como deixou claro o apóstolo Pedro (v.20). Se alguma interpretação pessoal estiver destoando do pensamento geral da ortodoxia bíblica, o leitor deve seguir a recomendação de um grande erudito bíblico: acenda a luz de advertência — você pode estar errado; jamais o Espírito Santo. Ver 1Co 2.4-16.
3. O papel dos apologistas cristãos. Aqui entra um ponto extremamente vital para a defesa da fé: os apologistas cristãos. Foram eles que, nos primeiros séculos da história da Igreja, através de formulações teológicas devidamente procedentes e fundamentadas, preservaram intactos os ensinos apostólicos diante das heresias que surgiram no cenário dos primeiros séculos do Cristianismo, e compendiaram e documentaram a chamada ortodoxia bíblica. É bíblico fazer a defesa da fé. Paulo assim se posicionou (Fp 1.16) e o apóstolo Pedro recomendou preparo para explicar as razões de nossa esperança cristã (1Pe 3.13-15). Ler também Jd vv. 3,4; 2Tm 4.7b.
Não é diferente nos dias atuais. Diante de tantas correntes de pensamento humano e diabólico, em meio à proliferação de tantas heresias e, sobretudo, tendo em vista a teologia liberal, é a hora e a vez de os apologistas cristãos assumirem com mais ousadia seu papel de preservar intacta a doutrina bíblica tal qual recebemos da Igreja Apostólica, e mostrar as razões pelas quais vale a pena crer em toda a Bíblia como a Palavra de Deus.
CONCLUSÃO
Por fim, cabe seguir a orientação do apóstolo Paulo (2Tm 2.25,26) para que possamos instruir com mansidão aos resistentes, a fim de conhecerem a verdade, tornarem a despertar e a desprenderem-se dos laços do Diabo, o qual deturpa as Escrituras para tentar aprisionar o homem (Mt 4.1-11).
Subsídio Teológico
“O liberalismo teológico não é uma religião ou uma organização ideológica possuidora de templos, funcionários ou sociedade. Ele é, simplesmente, uma tendência de ajustar o Cristianismo aos conceitos da Alta Crítica da Bíblia, da ciência e das filosofias modernas. Esta tendência apresenta-se hoje sob diversos outros títulos, como modernismo, racionalismo, nova teologia etc. Os fundamentos históricos dessa tendência remontam, de acordo com a maioria dos autores, ao ano de 1753, quando Jean Astruc (1684-1766), francês incrédulo e professor de medicina em Paris, publicou anonimamente, em Bruxelas, em francês, o livro ‘Conjecturas Sobre as Memórias Originais que Parece Terem Sido Usadas por Moisés na Composição do Gênesis’. Nesse livro, Astruc, que foi médico do rei da Polônia e de Luís XV, da França, duvida da origem mosaica dos cinco primeiros livros do Antigo Testamento e aventa a hipótese de existirem duas fontes literárias — javista e eloísta — partindo-se dos nomes usados para se referirem a Deus. Antes dessa data, muito raramente alguém ousava criticar assim a Palavra de Deus, lançando dúvidas sobre sua historicidade tradicionalmente aceita.
A entrada do liberalismo no Brasil remonta ao segundo decênio deste século, quando a Imprensa Metodista editou Pontos Principais da Fé Cristã, livro que nega a doutrina da expiação. As primeiras vítimas da teologia liberal em nossa pátria, segundo o falecido reverendo Raphael Camacho, apareceram por volta de 1930; na Faculdade Evangélica de Teologia, no Rio de Janeiro. Muitos livros adotados nesse estabelecimento de ensino religioso eram modernistas, como também eram quase todos os professores (...)” (ALMEIDA, Abraão de. Teologia Contemporânea. RJ: CPAD, 2002, pp.111,123).
Apologista: Admirador e defensor da fé cristã.
Mitológico: O conjunto dos mitos (ideias falsas, sem correspondente na realidade) próprios de um povo, de uma civilização, de uma religião.
Inerrância: Propriedade pela qual a Bíblia é isenta de erro e infalível.
Teologia Liberal: Movimento que não crê nos eventos sobrenaturais da Bíblia. Nele não há lugar para os milagres e a divindade de Jesus.
ALMEIDA, Abraão de. Teologia contemporânea. CPAD, 2002.
ANDRADE, Claudionor C. de. Dicionário teológico. CPAD, 2003.
PALMER, Michael D. Panorama do pensamento cristão. CPAD, 2001.
1. Cite os pressupostos da teologia liberal.
R. A Bíblia como livro mitológico; a negação dos milagres bíblicos; e a crença no Jesus histórico.
2. Quanto à Bíblia Sagrada, o que afirmam os teólogos liberais?
R. A Bíblia não é a revelação de Deus, nem é de inspiração divina; não admitem a fé cristã segundo o evangelho.
3. Explique os ensinos da falsa teologia referentes à crença no Jesus histórico.
R. A crença no Jesus histórico é um enfoque humanístico que ignora as narrativas dos evangelhos a respeito da divindade de Cristo, e admite apenas a identidade e as palavras de Jesus como um homem da história.
4. De que maneira podemos refutar a teologia liberal?
R. Reafirmando a doutrina da inspiração e inerrância da Bíblia, e preservando intacta a doutrina bíblica tal qual a recebemos da Igreja Apostólica.
5. Qual o papel dos apologistas cristãos?
R. Defender e preservar a doutrina bíblica.