LIÇÕES BÍBLICAS CPAD

JOVENS E ADULTOS

 

 

4º Trimestre de 2005

 

Título: E agora, como viveremos? — A resposta cristã para os tempos de crise e calamidade moral

Comentarista: Geremias do Couto

 

 

Lição 11: A secularização da Igreja

Data: 11 de dezembro de 2005

 

TEXTO ÁUREO

 

Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade(2Tm 2.19).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Viver em permanente vigilância é uma exigência bíblica a fim de que as sutilezas malignas da secularização não destruam a nossa fé.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — 1Jo 2.15-17

As consequências do amor ao mundo

 

 

Terça — Mt 7.21-23

As consequências da fé mercenária

 

 

Quarta — Mt 7.26,27

As consequências do falso fundamento

 

 

Quinta — Gl 5.19-21

As consequências da carnalidade

 

 

Sexta — Tg 1.12-15

As consequências de ceder ao pecado

 

 

Sábado — 1Ts 4.1-8

As consequências de viver sem Deus

 

HINOS SUGERIDOS

 

144, 306 e 375 da Harpa Cristã

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

2 Timóteo 2.14-21,23-26.

 

14 — Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.

15 — Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

16 — Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.

17 — E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto;

18 — os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.

19 — Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.

20 — Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra.

21 — De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra.

23 — E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas.

24 — E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;

25 — instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade

26 — e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja vontade estão presos.

 

PONTO DE CONTATO

 

Professor, após cumprimentar a classe, comente que o cenário religioso brasileiro está passando por profundas transformações. Atualmente podem ser detectados três fortes movimentos que convivem, disputam e dialogam entre si no contexto da religião brasileira: a explosão do fenômeno religioso, a desconfiança na instituição religiosa e a secularização da igreja. O primeiro é consequência da difusão do sagrado. O aumento das denominações evangélicas, das seitas, das religiões orientais e da ufologia mística comprova o fato. O sagrado está tão badalado que o cidadão comum não consegue diferençar a verdadeira religiosidade da falsa. O segundo movimento trata de uma resposta racionalista às contradições do fenômeno religioso. Os adeptos desse movimento argumentam que as pessoas acreditam mais nos cartomantes, nos duendes e nas benzedeiras do que nos cientistas. O terceiro consiste na vulgarização da fé, na dessacralização do sagrado e no uso da indústria cultural como veículo de propagação de um evangelho sem Cristo e um cristianismo sem a ética bíblica.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Definir os termos secularização e contextualização.
  • Explicar as causas da secularização.
  • Descrever como se combate a secularização.

 

SÍNTESE TEXTUAL

 

O secularismo atual é uma consequência do humanismo pós-moderno. O termo secularismo procede do latim “ saeculum ” e significa “pertencente a uma época”. Em sentido religioso, o vocábulo é empregado para designar o comportamento e o pensamento do mundo de nosso tempo, que são inversos ao sagrado ou espiritual. Portanto, “secular” representa o modo de viver deste mundo, aquilo que se opõe ou que não comunga com os interesses espirituais do Reino de Deus.

Na igreja, o secularismo transparece quando o sagrado começa a ceder ao profano. Nas igrejas secularizadas, o Calvário não é mais pregado, o sangue de Cristo é descartado, o sofrimento e a cruz de Cristo são rejeitados porque ofendem o gosto estético dos secularizados. A cruz é substituída pelo trono e a confissão de pecados, pela proclamação das bênçãos terrenas.

 

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

 

Professor, quem estuda o relacionamento da Igreja com Cristo, expresso no simbolismo do matrimônio, sabe que uma igreja secularizada é uma noiva infiel ao seu noivo (Ef 5.22-32). Portanto, nesta lição, ressalte as diferenças entre a Igreja Secularizada e a Noiva do Cordeiro. Divida a turma em três grupos e distribua uma folha de papel para cada um. Solicite que um grupo enumere algumas características da Igreja Secularizada; o outro, da Noiva do Cordeiro; e o terceiro proponha medidas que evitem a secularização na igreja.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

O grande desafio que a Igreja enfrenta, nestes dias que precedem a volta de Cristo, é a pressão e o engodo do secularismo sobre ela. A influência do mundanismo que se manifesta em forma de apelo, fascínio, mistura, prazer e imitação, resulta em perda dos valores e virtudes cristãs, no enfraquecimento e estagnação da Igreja. Nesse estado, a igreja torna-se uma mera organização eclesiástica, sem vida e sem o poder do Espírito Santo. Os fundamentos da fé se abalam e por fim desabam. Nos mais diferentes lugares, percebe-se a sutil e crescente infiltração do mundanismo na Igreja sob a forma de conceitos, comportamentos e práticas anticristãs.

Esta lição trata dessas manifestações cada vez mais evidentes, conhecidas como secularização ou mundanização da igreja. Entretanto, nada mais são do que um desvio da verdade, como advertiu Paulo a Timóteo sobre aqueles que contendem para perverter a fé dos ouvintes (v.14).

 

I. A SECULARIZAÇÃO NA IGREJA

 

1. O que é secularização. A secularização da igreja é o modo como esta vive, age e acomoda-se aos padrões do mundo. Daí, pervertem-se os ensinos bíblicos, abandona-se o que é santo, utiliza-se a fé com fins escusos e se adotam ideias contrárias à doutrina cristã. E, de repente, a santidade do espírito, alma e corpo não têm mais tanta importância; assim dizem os desviados secularistas: “o que importa na pessoa é o coração”.

A expressão “falatórios profanos”, da leitura bíblica em classe, identifica esse comportamento como fonte da impiedade no meio da Igreja (v.16). Pelo contexto da referida passagem, vê-se que os falsos mestres tinham pervertido a doutrina da ressurreição, como se esta fosse um fato já consumado (v.18), e não uma esperança que se concretizará no dia do arrebatamento da Igreja. Muitos se declaram cristãos, mas não são de Cristo (Mt 7.21-23; Fp 3.18,19). Isto é secularismo.

O secularismo torce ardilosamente a verdade de Deus e busca tornar a Igreja uma instituição corrompida e secularizada, adotando os costumes e modos de viver do mundo em todas as suas esferas: na família, no emprego, na escola, no lazer e em muitíssimas outras atividades e empreendimentos da massa humana.

 

II. AS CONSEQUÊNCIAS DA SECULARIZAÇÃO NA IGREJA

 

1. A perda de identidade. A primeira consequência da secularização da Igreja é a perda da identidade do crente, uma vez que a Igreja somos eu e você, resgatados que fomos por Cristo para sermos um povo peculiar. Como escrevi em meu livro, A Transparência da Vida Cristã: “Os emissários do Diabo transvestidos de bons religiosos seguem a mesma linha e não se furtam de usar linguagem astuciosa — ecumênica, para ser mais preciso — buscando defender a multiplicidade religiosa, a qual nada mais é do que a repetição da velha ideia de que todos os caminhos levam a Deus”. Nesse emaranhado, a identidade cristocêntrica é prejudicada (Mt 7.21-23).

2. Valorização da forma ao invés do conteúdo. Alegando “atividade cultural” e “folclórica”, há templos evangélicos em cujos pátios vê-se roda de capoeira e ensaio de bloco carnavalesco, enquanto no santuário, no chamado “louvorzão”, entram em cena os “trenzinhos” e outras abominações. A linguagem mântrica está sendo empregada pelos “animadores de culto” e até elementos do judaísmo aparecem em conjunto com a liturgia cristã. É a secularização do culto evangélico para agradar os que rejeitam os preceitos normativos de vida, revelados pelas Escrituras. Isto significa valorizar a forma em detrimento do conteúdo.

3. Inexistência de compromisso bíblico. É a terceira lastimável consequência. Enquanto a Reforma Protestante recolocou as Sagradas Escrituras no seu lugar de autoridade e honra, o secularismo na igreja faz da Palavra um mero acessório. A melhor pregação, hoje, em certos auditórios (o termo “igreja” está sendo evitado por eles), não é a expositiva, que prima pela exegese no desenvolvimento da mensagem da parte do Senhor. O que mais se ouve são frases de efeito, mas sem conteúdo para a alma. Podem causar até emoção, no entanto, não falam à razão e ao entendimento do ouvinte. Ver 1Co 14.20. São palavrórios incoerentes, a respeito dos quais a Bíblia nos adverte como nos versículos 14, 16, 17, 23 e 24 da lição de hoje. É pregação descartável. O certo é jogá-la fora. São muitos os que, nestes tempos de conformação da igreja com o mundo, de modernismo eclesiástico, de entrosamento da carne entre os crentes e de esfriamento espiritual, saem do culto decepcionados e clamando em espírito, “Aviva, ó SENHOR, a tua obra” (Hc 3.2). Esse avivamento espiritual deve começar por nós individualmente, como clamou Davi no Salmo 119.107: “Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua Palavra”.

 

III. O COMBATE A SECULARIZAÇÃO NA IGREJA

 

1. Pôr em prática o primado da Palavra. Primazia total da Palavra, em tudo, na igreja. Todos os crentes devem pelejar por isso. O texto bíblico da leitura em classe é incisivo: o obreiro precisa manejar bem a palavra da verdade (v.15). A expressão “manejar bem” é no original: cortar em linha reta; corretamente, no sentido de ensinar a verdade bíblica de forma direta e correta. A Palavra deve ser ministrada ao povo a tempo e fora de tempo (At 6.4; 8.25; 11.1; 12.24; 2Ts 3.1). Só a primazia da Palavra em tudo, e igualmente a sua valorização no púlpito, na congregação e na vida particular de cada um, pode conter o avanço da secularização da Igreja.

2. Priorizar e manter sempre o fundamento do evangelho. Não podemos perder de vista a grande verdade da fé: o fundamento do evangelho é inalterável. Paulo ressalta na segunda carta a Timóteo três características deste alicerce: a) o Senhor conhece os que são seus; b) aqueles que lhe pertencem confessam o nome de Cristo, e c) os servos fiéis apartam-se da iniquidade (2.19). Esses são considerados vasos de honra para a glória de Deus (vv.20,21). Todavia, mesmo aqueles que têm sido instrumentos para a desonra, descritos como vasos de madeira e de barro, são chamados ao arrependimento, a fim de que não sirvam mais ao mundo, desprendam-se dos laços do Diabo e voltem à verdade do evangelho (vv.24-26).

 

CONCLUSÃO

 

Obreiros em geral, pastores, dirigentes, líderes da Igreja, e todos os crentes: fechemos as portas à maléfica e traiçoeira secularização. Priorizemos o primado da Palavra na Igreja. Estejamos vigilantes contra as sutilezas malignas que tentam introduzir-se no meio dos fiéis e valorizemos os princípios bíblicos em nossa vida como uma forma de conter o mundanismo.

 

AUXÍLIOS SUPLEMENTARES

 

Subsídio Histórico

 

História e Secularização

Embora o termo “secularização” seja empregado em diversos sentidos, interessa-nos duas abordagens específicas. A primeira, de caráter histórico e cultural, é iniciada no final do século XIX e início do século XX quando a sociedade exige a ruptura definitiva com a instituição eclesiástica. Era um movimento de ruptura em prol da emancipação da cultura, política e filosofia da tutela da religião cristã. Alguns filósofos chamaram esse período de “desencanto do mundo”. Nesse contexto, a secularização era entendida como um rompimento entre a sociedade e a igreja, entre o secular e o sagrado. Estava, portanto, reafirmado o distanciamento entre o Estado e a Igreja.

A segunda abordagem está relacionada ao movimento dos Cristãos Alemães, fundado na Turíngia em 1927. A fim de secularizar a igreja e popularizar o cristianismo na Alemanha, a Igreja Evangélica Alemã aliou-se ao nacional-socialismo (nazismo), vindo apoiar Adolf Hitler em sua ascensão ao poder em 30 de janeiro de 1933. Nesse período, as suásticas compartilhavam do altar ao lado da cruz, e os cristãos seculares viam Hitler como um profeta restaurador do cristianismo e da religiosidade dos alemães. Os cânticos cristãos faziam referências ao “Chanceler (Hitler) que vela pela Alemanha, noite e dia, sempre a pensar em nós”. Um dos líderes do movimento, Dr. Reinhold Krause, propôs a eliminação do Antigo Testamento, da moral judaica e a exclusão dos ensinos do rabino Paulo do Novo Testamento, pois não estavam de acordo com os novos padrões culturais e políticos da época. Contudo, um dos opositores ao nazismo e ao movimento iniciado pela Igreja Evangélica Alemã, pastor Dietrich Bonhoelfer, antes de ser enforcado, exortou as igrejas a não se renderem aos ídolos do mundo moderno.

Nesta conjuntura, podemos entender a “secularização” como um movimento cristão que procurava cristianizar a sociedade mediante a união entre a igreja e o Estado, valendo-se, para isto, dos princípios éticos e morais da sociedade. Enquanto o movimento do século XIX procurava afastar a igreja do Estado, a Igreja Alemã tencionava incorporar o Estado à religião, todavia, seguindo os fundamentos da sociedade ao invés dos preceitos e princípios bíblicos.

 

GLOSSÁRIO

 

Identidade Cristã: A identidade cristã é um conjunto de caracteres próprios e exclusivos fundamentados nas Escrituras e nos bons costumes que identificam o cristão como discípulo de Cristo e fiel membro da comunidade dos santos (Gl 5.22).

Identidade Cristocêntrica: Conjunto de caracteres fundamentados no caráter de Cristo que identificam o cristão como fiel discípulo de Jesus.

Linguagem mântrica: No hinduísmo, refere-se às fórmulas encantatórias que buscam, por meio da invocação, materializar uma divindade. No texto, corresponde às expressões, chavões, e linguagens de teor psicológico e espiritual que procuram emocionar a audiência e colocá-la em estado de transe.

Palavrório: Conjunto de palavras com pouco ou nenhum nexo e importância; palavreado.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

LUTZER, Erwin E. Cristo entre outros deuses: uma defesa da fé cristã numa era de tolerância. CPAD, 2000.

 

QUESTIONÁRIO

 

1. Qual o grande desafio enfrentado pela Igreja nestes últimos dias?

R. É a pressão e o engodo do secularismo sobre a igreja.

 

2. O que é a secularização da igreja?

R. A secularização da igreja é o modo como esta vive, age e acomoda-se aos padrões do mundo.

 

3. Quais as consequências da secularização na igreja?

R. Perda da identidade; valorização da forma ao invés do conteúdo; inexistência de compromisso bíblico.

 

4. Como podemos combater a secularização na igreja?

R. Pondo em prática o primado da Palavra: priorizando e mantendo o fundamento do evangelho.

 

5. Mencione as três características do evangelho apontadas por Paulo que selam o fundamento de Deus (2Tm 2.19).

R. a) O Senhor conhece os que são seus; b) aqueles que lhe pertencem confessam o nome de Cristo; c) os servos fiéis apartam-se da iniquidade.