Título: E agora, como viveremos? — A resposta cristã para os tempos de crise e calamidade moral
Comentarista: Geremias do Couto
Lição 13: Como escapar dos males ideológicos dos últimos dias
Data: 25 de dezembro de 2005
“Por cuja causa padeço também, isto, mas não me envergonho, porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia” (2Tm 1.12).
O que nos garante escapar das insanas correntes ideológicas do pós-modernismo é o aprofundamento das nossas convicções através do conhecimento da Palavra e a firmeza inabalável da nossa fé em Cristo.
Segunda — Fp 1.7,15
Chamados para a defesa do Evangelho
Terça — 2Co 4.13
Chamados para falar acerca da nossa fé
Quarta — 1Pe 3.15
Chamados para expor a nossa esperança
Quinta — Ef 4.11-16
Chamados para o aperfeiçoamento
Sexta — 1Ts 5.23
Chamados para a vida de santidade
Sábado — 1Co 5.7,8
Chamados para o caminho da verdade
306, 322 e 600 da Harpa Cristã
2 Timóteo 1.6-12.
6 — Por este motivo, te lembro que desperte o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos.
7 — Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.
8 — Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus,
9 — que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos,
10 — e que é manifesta, agora, pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho,
11 — para o que fui constituído pregador e apóstolo, e doutor dos gentios;
12 — por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho, porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia.
Professor, pela graça do Senhor Jesus Cristo, chegamos ao final de mais um trimestre. Comentamos a respeito dos perigos da pós-modernidade e de como o cristão deve comportar-se na atual geração. Nesta última lição, ressaltaremos a necessidade de uma postura crítica em relação à atual sociedade e a importância do discernimento espiritual nesses tempos pós-modernos.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
O cristão deve fundamentar e enraizar a sua fé nas Sagradas Escrituras. Por diversas vezes, a Bíblia exorta o crente a estar “arraigado e fundado” no amor, na fé e no conhecimento de Cristo (Ef 3.17-19). A expressão “arraigado e fundado” significa literalmente “enraizado e alicerçado” — metáfora que designa a segurança e firmeza do crente em Cristo.
O crente fiel é comparado tanto a uma árvore frondosa, cujas raízes se estendem (Sl 1; Jr 17.7,8; Os 14.6), quanto a uma palmeira que cresce como o cedro no Líbano (Sl 92.12). As fortes e longas raízes das árvores preservam-nas durante as intempéries. Assim também o crente, “arraigado e fundado” na Rocha Inabalável, é preservado e sustentado pelo Senhor (1Co 3.11; Ef 2.20).
Contudo, é imprescindível o discernimento de espíritos no atual contexto pós-moderno. Visto que o crente santo e fervoroso aspira a algo eterno e incorruptível e rejeita a mediocridade espiritual tão comum nos últimos dias, é indispensável a este o discernimento espiritual.
Professor, nesta lição, estabeleça um paralelo entre a história dos quatros jovens judeus deportados à Babilônia (Daniel, Hananias, Misael e Azarias) e a igreja na atual sociedade. Discorra sobre os desafios defrontados pelos jovens hebreus. Por fim, comente que a fidelidade ao Senhor não implica alienação cultural, porquanto é possível ser fiel em um mundo pagão e secularizado. Este gráfico pode ser apresentado no tópico “Desenvolvendo uma visão apologética”.
INTRODUÇÃO
Com esta lição estamos vencendo mais uma etapa na busca do conhecimento da Palavra de Deus para a edificação de nossa fé. Estudamos, ao longo do trimestre, acerca do grande desafio que as danosas correntes de pensamento abrigadas sob o pós-modernismo representam para a vida cristã. Neste combate, tenhamos sempre em mente o v.7 da leitura bíblica da lição: “Deus não nos deu um espírito de temor, mas de fortaleza” (v.7), a fim de lutarmos com ousadia contra tudo quanto se opõe a Deus e escaparmos das sutilezas da vã filosofia, mantendo firmes a esperança de nossa vocação. Ver Cl 2.8.
I. APROFUNDANDO AS CONVICÇÕES CRISTÃS
1. O perigo da superficialidade. A melhor forma de não sermos presos pelas correntes do pós-modernismo é aprofundarmos nossas convicções cristãs, criarmos raízes, porquanto aqueles que se mantêm na superficialidade resvalam e caem. O vento tempestuoso não encontra nenhuma dificuldade para derrubar a árvore sem raízes. Daí, a gradação negativa no salmo primeiro, na advertência contra o ouvir o conselho dos ímpios, o deter-se no caminho dos pecadores e o assentar-se na roda dos escarnecedores. Essa linguagem é utilizada pelo salmista com o intuito de descrever a diferença entre os ímpios e os justos. Não se trata, aqui, da convivência profissional e respeitosa entre as pessoas, mas de participar deliberadamente de suas práticas mundanas e valorizar a sua vida pecaminosa. Quem assim procede tornar-se-á espiritualmente como a moinha, uma espécie de resíduo de cereal triturado, sem utilidade alguma, sendo espalhado pelo vento. Tais pessoas vão de um lado para o outro por lhes faltar a firmeza do evangelho (Ef 2.2).
2. As riquezas da profundidade. Ávida cristã profunda resulta em grandes riquezas espirituais e também em segurança para o crente contra as doutrinas estranhas e as vãs filosofias do pós-modernismo (Ef 4.11-16). No salmo mencionado, o justo é simbolizado pela viçosa árvore plantada junto aos ribeiros. Os benefícios disso são a profundidade das raízes, a capacidade de produzir frutos no tempo próprio e a seiva abundante que torna a árvore frondosa. Assim é o crente instruído nos ensinos das Escrituras nestes tempos de transigência e confusão doutrinária. Tal crente em nenhum momento fugirá de suas responsabilidades de participar das aflições do evangelho, imbuído da santa vocação para a qual foi chamado pelo Senhor (w.8-10). Quanto mais junto aos ribeiros das Escrituras, mais se aprofundarão as suas raízes, tornando-o capaz de resistir à força das ideologias contrárias aos princípios da Palavra de Deus (Mt 4.4; 1Co 1.4,5; 1Jo 4.1-6).
II. DISCERNINDO O QUE ESTÁ POR TRAS DO PÓS-MODERNISMO
1. A capacidade de discernir. A partir de convicções bíblicas adquiridas com o auxílio do Espírito Santo, o crente desenvolve a capacidade de discernir o falso ensino e as vãs filosofias que negam a verdade de Deus (1Co 2.14-16). Esta é uma necessidade vital porquanto muitas vezes o erro vem transvestido não só de religiosidade, mas aparenta ser também uma verdade bíblica. Vale lembrar, inclusive, que o Diabo na tentação de Cristo usou de meias-verdades, lançando mão da Palavra de Deus. A diferença é que para o Senhor, as Escrituras não eram mera fonte de pesquisas, mas o seu pão de cada dia (Mt 4.1-11).
2. A importância de discernir. Deus valoriza o discernimento espiritual ao alistá-lo entre os dons espirituais outorgados pelo Espírito Santo ao crente (1Co 12.7-11). Tem sido muito comum, sem cair no terreno da generalização, valorizar os dons de elocução — profecia, variedade de línguas e interpretação — em detrimento dos que operam no domínio do conhecimento. À medida que se aproxima o fim dos tempos, o dom de discernimento de espíritos precisa ser buscado com afinco, sobretudo pela liderança, a fim de que não venhamos a sucumbir diante das sutilezas de Satanás.
3. A necessidade de discernir. O discernimento espiritual é vital, mormente quando se trata de sua manifestação como um dom do Espírito, para identificar não só se o que está sendo dito é genuíno, mas também se as motivações e os meios estão corretos e se procedem de uma fonte legítima. Um caso exemplar foi o que Paulo enfrentou em Filipos. Em princípio, a mensagem daquela mulher com espírito de adivinhação nada tinha de equivocada. Paulo e Silas eram de fato servos do Deus Altíssimo. Contudo, as motivações eram erradas, pois tinham como propósito ganhá-los pela soberba, e a fonte da mensagem era o próprio Satanás (At 16.11-18). Assim, existem erros identificados com clareza, pois trazem em si mesmos a marca da contradição à Palavra de Deus. Há outros, no entanto, tão camuflados que não basta apenas o conhecimento bíblico e o discernimento natural. É preciso a manifestação do dom sobrenatural de discernir os espíritos.
III. DESENVOLVENDO UMA VISÃO APOLOGÉTICA
1. Conhecer para crer. Nestes tempos de pós-modernismo, o cristão, mais do que nunca, precisa aprofundar-se em apologética sagrada, isto é, na defesa biblicamente fundamentada e racional da fé cristã. Ver 1Pe 3.15; 2Co 7.1. Além destas duas passagens, o termo original equivalente à apologética (substantivo e verbo) aparece em dezesseis outras passagens do Novo Testamento. O apóstolo Paulo empregou o vocábulo não só quando fez a sua defesa diante dos tribunais de Roma (At 22.1; 25.16; 2Tm 4.16), ou na justificação de seu apostolado (1Co 9.3), mas também ao referir-se ao seu papel de defensor do evangelho (Fp 1.7,15). O mesmo fez o apóstolo Pedro, quando instou-nos a responder com mansidão àqueles que nos pedirem a razão de nossa esperança (1Pe 3.15).
Em primeiro lugar, isto implica o conhecimento da Palavra de Deus. Ninguém pode falar de algo que não conhece. Por conseguinte, o conhecimento da Palavra gera fé, que por sua vez produz convicções (Rm 10.16,17). Esta certeza levou Paulo a combater de forma articulada as heresias de sua época, a não temer a morte e a aguardar com alegria a bem-aventurada esperança à luz do que disse a Timóteo: “eu sei em quem tenho crido” (v.12). Conhecer para crer, eis a primeira necessidade do homem em relação a Deus (Os 6.3; Jo 8.32).
2. Crer para argumentar. Apenas o conhecimento bíblico como simples saber humano, qual banco de dados, não basta. Isso seria lidar com a teologia como se fosse unicamente mais um campo do saber humano. É preciso ir além, como demonstrou o apóstolo João na proclamação das boas-novas. O que ele anunciava não era uma simples probabilidade ou hipótese, pelo contrário, era o resultado de terem visto, ouvido e tocado na Palavra da vida (1Jo 1.1-4).
Quem argumenta motivado pelas suas convicções espirituais — em virtude de crer naquilo que expõe — difere daqueles que defendem uma causa na qual não acreditam. Falamos do que cremos — esse é o ponto de partida — e não cumprimos simplesmente um dever de ofício (2Co 4.13). O verdadeiro apologista da fé cristã possui como meta a preservação da ortodoxia bíblica ante os falsos ensinos, porque crê no que prega.
CONCLUSÃO
Diante da impiedade dos tempos chamados secularmente de pós-modernos, há uma luz do céu no caminho — a voz profética da Igreja. Através de seus pregadores e doutores, usando a linguagem de Paulo (v.11), ela faz soar em todos os cantos da Terra a verdade de Deus, cujo triunfo final está próximo, a fim de que os homens escapem, e depressa, das garras do pecado camuflado nas vãs filosofias desta era. Concluo citando as palavras mencionadas pelo apóstolo Paulo: “Cri, por isso, falei” (2Co 4.13).
Subsídio Bibliológico
“O Modelo Discernente de Daniel
[...] A cultura da Babilônia acentuava a beleza, a excelência, a inovação, a vaidade e a intemperança. Facilmente poderia ter seduzido um jovem religioso que caísse em seu regaço de luxúria. Contudo, Daniel criou uma contracultura consistente, que transcendeu a opulência babilônica. Num país de paganismo subjugante e atraente, o jovem israelita recusou firmemente a comida e os favores reais. Sua recusa era algo mais que o ascetismo de um purista. Era uma afirmação clara sobre coisas que realmente importavam — sua fé e herança hebraica.
Dois princípios chaves podem ser extraídos do exemplo de Daniel. Primeiro, ele estava firme em sua fé. Ele conhecia a lei de Deus intimamente. Depois de anos no cativeiro, Daniel e seus companheiros permaneceram solidamente fiéis à Palavra de Deus, não só quando a obediência deles significava correr contra a maré da cultura dominante, mas também quando significava que poderiam morrer por ela.
O segundo princípio, até mais digno de nota, era que Daniel viu e compreendeu a cultura babilônica com mais clareza do que a maioria iluminada dos seus contemporâneos babilônicos. Ele era um homem que possuía ‘o espírito dos deuses santos’, como a rainha, esposa de Belsazar, o descreveu. Era conhecido por estar cheio de ‘luz, e inteligência, e sabedoria’. Deus tinha dado a ele e a seus amigos conhecimento e inteligência em todo ramo da literatura e sabedoria; Daniel até entendia todos os tipos de visões e sonhos (Dn 1.17)” (PALMER, Michael D. (ed.) Panorama do pensamento cristão. RJ; CPAD, 2001, pp.404,405.)
Apologético: Que faz apologia, ou seja, discurso, tratado em defesa de alguém ou alguma coisa.
Ideologia: Sistema de ideias de um grupo dogmaticamente organizado.
Imbuir: Infundir; insinuar; incutir; impregnar.
Sucumbir: Não resistir; ceder; cair sob o peso de.
Transigência: Ato ou efeito de transigir; condescendência; tolerância.
PALMER, Michael D. (ed.). Panorama do pensamento cristão. CPAD, 2001.
1. Como escapar dos males ideológicos dos últimos dias?
R. Aprofundando nossas convicções cristãs; discernindo o que está por trás do pós-modernismo; e desenvolvendo uma visão apologética.
2. Quais são os resultados da vida cristã profunda?
R. Riquezas espirituais e segurança contra as doutrinas estranhas e as vãs filosofias do pós-modernismo.
3. Por que o discernimento espiritual é indispensável para o crente?
R. Para identificar não só se o que está sendo dito é genuíno, mas também se as motivações e os meios estão corretos e se procedem de uma fonte legítima.
4. O que significa apologética sagrada?
R. A defesa biblicamente fundamentada e racional da fé cristã.
5. Quais são os resultados que o conhecimento da Palavra pode gerar no crente?
R. Fé, que por sua vez produz convicções (Rm 10.16,17).