Título: Salvação e Justificação — Os pilares da vida cristã
Comentarista: Eliezer Lira
Lição 1: A Igreja de Roma
Data: 1 de Janeiro de 2006
“A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (Rm 1.7).
Independente das diferenças raciais e culturais entre seus membros, a Igreja continua a expandir-se até aos confins da terra a exemplo do que ocorria entre os crentes romanos.
Segunda — At 2.1-12
Uma igreja nascida no Pentecostes
Terça — Rm 18.4,17,20
Uma igreja na aflição
Quarta — Rm 16.5
Uma igreja evangelizadora
Quinta — Rm 1.7
Uma comunidade de santos
Sexta — Rm 12.18; 18.2
Uma igreja bem relacionada
Sábado — Rm 16.3,6,9,12
Uma igreja de cooperadores
Romanos 1.7-15; 16.3-7,16.
Romanos 1
7 - A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
8 - Primeiramente, dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.
9 - Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós,
10 - pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco.
11 - Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados,
12 - isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha.
13 - Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios.
14 - Eu sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.
15 - E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.
Romanos 16
3 - Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus,
4 - os quais pela minha vida expuseram a sua cabeça; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios.
5 - Saudai também a igreja que está em sua casa. Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias da Ásia em Cristo.
6 - Saudai a Maria, que trabalhou muito por nós.
7 - Saudai a Andrônico e a Júnia, meus parentes e meus companheiros na prisão, os quais se distinguiram entre os apóstolos e que foram antes de mim em Cristo.
16 - Saudai-vos uns aos outros com santo ósculo. As igrejas de Cristo vos saúdam.
Estimado professor, somos gratos ao Senhor Jesus Cristo pelo início de um novo ano. Alcançamos mais uma vitória com o início deste novo trimestre, onde estudaremos a Carta aos Romanos. Esta, segundo Lutero, é a principal composição literária do Novo Testamento. É a mais pura descrição dos ensinos dos Evangelhos. O impacto que as magistrais palavras desta carta causaram no “Cisne de Eisleben” fê-lo afixar, na capela de Wittemberg, as “noventa e cinco teses”. Outros estudiosos têm encontrado semelhante conforto e segurança salvífica ao estudar os temas doutrinários de Romanos: a justiça divina; a universalidade do pecado; a fé; a salvação; a justificação; a santificação; Adão e Cristo; a salvação de Israel; e o ministério cristão. Segundo Lutero, a Epístola aos Romanos é “tão valiosa que um cristão não só deveria saber de memória cada palavra, mas tê-la consigo diariamente, como o pão cotidiano de sua alma”.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
A Epístola de Romanos (1.1) foi escrita provavelmente em 57 d.C. na cidade de Corinto, pouco antes da visita do apóstolo à Jerusalém (Rm 15.25-29). Esta foi ditada pelo “Doutor dos Gentios” ao amanuense Tércio (Rm 16.22) e entregue a igreja em Roma por Febe, auxiliar da igreja de Cencréia, porto oriental de Corinto (Rm 16.1,2).
Roma, no tempo do Novo Testamento, era uma cidade imperial, cosmopolita com cerca de um milhão de habitantes. Tornou-se conhecida pela frouxidão moral e a relativização dos costumes. A cidade acolhia diversos grupos étnicos e religiosos, dos quais o judaísmo e os judeus eram um dos mais numerosos e importantes. A preocupação do império com a cultura, proselitismo e o fervor da religião judaica desencadeou, em 49 d.C, por meio de um decreto de Cláudio, a expulsão dos judeus de Roma (At 18.2).
A igreja que estava na capital do Império era mista, composta por cristãos de origem pagã (1.5,6,18-32), grega (Epêneto, Apeles, Trifena e Trifosa), judaica (Priscila, Áquila, Maria) e romana (Rufo, Júlia). Compunha-se também de pessoas provenientes das camadas pobres de Roma, sejam escravos ou livres (Amplíato, Asíncrito, Hermas, Nereu, cf. 16.1-23).
A Epístola aos Romanos está dividida em duas seções principais: doutrinas (1-11) e práticas cristãs (12-16). O vocábulo justiça e o tema Justiça de Deus (1.17) são dois inabaláveis fundamentos que sustentam toda estrutura doutrinária em Romanos.
De acordo com Romanos 15.20-29, o apóstolo Paulo planejava passar por três cidades: Jerusalém, Roma e Espanha. Na primeira, seu objetivo era levar uma oferta recolhida pelas igrejas gentílicas (15.27; At 20.16). Na segunda, tencionava fazer de Roma sua base operacional a fim de evangelizar o Ocidente, uma vez que considerava sua missão no Oriente cumprida (15.19,20 cf. At 19.21). Na terceira, Espanha, não há qualquer menção nas Escrituras de que tal empreendimento tenha se concretizado. Entretanto, o propósito de Paulo se justifica se considerarmos que a Espanha ficava localizada no extremo Ocidente do mundo civilizado. Ali estava reunido um grande número de intelectuais e líderes, o que possibilitava uma atmosfera favorável ao debate e apresentação do Evangelho.
A fim de esclarecer esses dados, faça uma síntese da preparação e viagem de Paulo a Roma como indicamos a seguir: At 18.1-3: Paulo se encontra com Áquila em Corinto por ocasião da expulsão dos judeus de Roma; At 23.11: O Senhor impele e encoraja Paulo a testemunhar em Roma; At 25.10-12: Paulo apela para que seja julgado em Roma (cf. 26.32); At 27-28: viagem de Paulo a Roma.
Com o auxílio de um mapa, faça um resumo dos principais locais da viagem a Roma a partir de Cesaréia: Mirra, Bons Portos, Malta, Siracusa, Régio, Putéoli e Roma. Conclua explicando que durante os dois anos em que esteve preso em Roma (At 28.16,30-31), Paulo pregou e ensinou o Evangelho, escrevendo nessa ocasião as Epístolas de Efésios, Colossenses, Filemom e Filipenses.
INTRODUÇÃO
No Dia de Pentecostes, quando os primeiros discípulos foram batizados no Espírito Santo, a cidade de Jerusalém achava-se repleta de judeus e prosélitos romanos, que testemunharam a gloriosa manifestação do poder de Deus (At 2.10). Neste dia memorável, militares e funcionários do governo romano, destacados na Palestina, foram salvos pelo Senhor, e ao retornarem à sua cidade, levavam a poderosa mensagem do evangelho (At 10.1,43-48; 2.10,41; 4.4; 5.14).
A igreja de Roma, por conseguinte, já existia quando Paulo escreveu esta carta (At 28.14,15).
Naquela igreja, surgiram dificuldades e dúvidas de natureza doutrinária. Alguns membros de origem gentílica abusavam da liberdade cristã com procedimentos que ofendiam os irmãos de origem judaica. A Epístola aos Romanos, a mais importante carta de Paulo, é a maior exposição da doutrina da salvação em toda a Bíblia. Pois responde a milenar pergunta: “Como pode o homem ser justo diante de Deus?” (Jó 9.2). Através desta epístola, o leitor é impelido a buscar e a conhecer qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus para sua vida (Rm 12.2).
I. A RAZÃO DA CARTA
O que motivou o apóstolo a escrever à igreja em Roma foi a exposição do Evangelho de Cristo. O tema da justificação pela fé predomina nos primeiros cinco capítulos.
Paulo estava no final de sua terceira viagem missionária, plantando igrejas nos grandes centros orientais do Império Romano: Éfeso, Corinto, Filipos etc., onde a Palavra do Senhor prosperava significativamente (At 19.11,20,26; Ap 1.4,11). O apóstolo já havia difundido o evangelho a partir de Jerusalém até as atuais Iugoslávia e Albânia (Rm 15.19).
Como já vimos, o evangelho estava bem difundido em Roma, onde o apóstolo menciona vários irmãos na fé (Rm 16.3-5). Agora Paulo, o incansável e corajoso homem de Deus, escreve aos crentes de Roma, manifestando o seu propósito de estar com eles (Rm 1.13,15; At 19.21).
II. O INÍCIO DA IGREJA EM ROMA
A igreja em Roma era muito expressiva. Por ocasião da epístola, já se estendera até Putéoli, o principal porto de Roma, numa distância de 200 quilômetros (At 28.13,14).
O modo como Paulo dirige-se aos irmãos em Roma mostra que ali havia uma igreja atuante bem antes da epístola ser escrita. Não há dados precisos dos primeiros anos do cristianismo em Roma, no entanto, pode-se inferir algo sobre o assunto em fontes literárias e arqueológicas confiáveis.
1. A comunidade judaica. Havia judeus em Roma já no segundo século a.C. Quando o imperador Pompeu, em 63 a.C, conquistou a Judéia, o número de judeus em Roma aumentou consideravelmente. Mas, por um decreto do imperador Tibério, os judeus de Roma foram expulsos da cidade, para logo em seguida retornarem em maior número. Em 49 d.C, o imperador Cláudio decreta uma nova expulsão de judeus da cidade — este fato é mencionado em At 18.2 — onde está dito que em Corinto, Paulo conheceu um certo judeu chamado Áquila, que havia recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua esposa, por ter o imperador Cláudio decretado a expulsão dos judeus da cidade. Tudo indica que Áquila e Priscila já eram cristãos antes do encontro com Paulo em Corinto. Talvez fossem membros da primeira igreja cristã em Roma.
Na capital do Império Romano, desenvolveu-se, no século primeiro, o maior centro judaico do mundo antigo. Havia 13 comunidades e sinagogas com elevado número de membros.
2. Judeus no dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma das sete festas sagradas de Israel. Estas prefiguravam eventos futuros na história da redenção efetuada por Cristo. O Novo Testamento confirma que elas eram profecias tipológicas da salvação (Cl 2.16,17; Hb 10.1).
Nos dias do Novo Testamento, judeus devotos, bem como gentios prosélitos de todas as partes do Império Romano, compareciam a Jerusalém para a celebração da Festa de Pentecostes (At 2.1,10; 20.16). É possível que alguns dos convertidos, quando da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tenham levado, num trabalho pioneiro, o Evangelho de Cristo a Roma (At 2.1,10,37-41).
Sendo Roma a capital do império, havia um fluxo constante de viajantes que se dirigiam de todas as partes para lá. O capítulo 16 de Romanos demonstra que muitos cristãos daquela congregação eram procedentes de outras regiões, especialmente da Ásia Menor.
Quando o testemunho cristão, repleto do poder do Espírito Santo, ressoou nas sinagogas em Roma, logo surgiram e multiplicaram-se igrejas na região, como acontecera em Damasco, Antioquia, Ásia Menor, Macedônia e Grécia. Multidões aceitaram a Cristo, conforme relata o evangelista Marcos: “E eles tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a Palavra com sinais que se seguiram. Amém” (Mc 16.20).
III. A IGREJA EM ROMA NA ÉPOCA DA CARTA DE PAULO
Paulo, ao escrever aos romanos por volta do ano 57 d.C, destacou a fé daqueles crentes, tanto no início da epístola como no seu final (1.12; 16.19). Eles tinham muita fé, e esta já era conhecida por todos (1.8).
1. Uma igreja heterogênea. A lista de saudações de Paulo (no capítulo 16) evidencia que a igreja em Roma tinha um caráter heterogêneo. Havia judeus (convertidos), gentios e escravos. A menção de Paulo a seus “parentes” pode referir-se a seus irmãos de raça — judeus, agora convertidos a Cristo (9.3,4). É bem provável que estes fossem cristãos que o apóstolo conhecera em outros lugares durante suas extensas e prolongadas viagens evangelísticas, pastorais e administrativas e que, na ocasião em que escreveu a carta, residissem em Roma.
Áquila e Priscila, queridos irmãos, amigos e colaboradores de Paulo, foram obrigados a deixar Roma anteriormente. Mas, agora, estavam de volta, e sua casa era um dos locais de reunião da igreja (era prática comum na igreja primitiva a reunião nas casas dos próprios cristãos).
2. Uma igreja respeitada. Os crentes de Roma eram fiéis e dedicados seguidores de Cristo, segundo o evangelho (Rm 1.8,12; 6.17; 7.4; 15.14; 16.19). Conforme se lê em Rm 15.24, Paulo, por ocasião da epístola, contava com a assistência daqueles irmãos para a realização de uma obra missionária na Espanha. Em Romanos 16.16, Paulo transmite uma saudação das demais igrejas dirigida exclusivamente à igreja de Roma.
CONCLUSÃO
A igreja em Roma deixou exemplos de santidade, fé e visão evangelística de homens e mulheres capacitados para o santo serviço que, se seguidos, fortalecerão a Igreja atual. É um padrão a ser fielmente observado por todos aqueles que oram e lutam pela expansão do Reino de Deus.
Heterogenia: De diferentes raças.
ANDRADE, C. Geografia Bíblica. CPAD, 2001.
BALL, C. A vida e os tempos do apóstolo Paulo. CPAD, 1998.
CABRAL, E. Romanos:
O Evangelho da Justiça de Deus. CPAD, 2003.
CPAD. Coleção de Mapas, vol.II, formato 57,5 x 57,5 cm —
vertical.
1. Por que a Epístola de Paulo aos Romanos foi escrita?
R. O que motivou Paulo a escrever à igreja em Roma foi a exposição do Evangelho de Cristo.
2. Quando foi escrita a epístola?
R. Foi escrita provavelmente em 57 d.C. na cidade de Corinto.
3. Quando foi fundada a igreja em Roma?
R. É possível que alguns dos convertidos, quando da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, tenham levado o Evangelho de Cristo a Roma (At 21.10).
4. O que era a festa de Pentecostes?
R. Era uma das sete festas sagradas de Israel.
5. O que temos a aprender com os irmãos de Roma?
R. Exemplos de santidade, fé e visão evangelística de homens e mulheres capacitados para o santo serviço que, se seguidos, fortalecerão a Igreja atual.
Subsídio Teológico
“O Plano da Carta aos Romanos
Paulo destaca alguns aspectos principais na carta aos Romanos. A doutrina da salvação é apresentada dentro de 4 itens essenciais: o teológico (1.18-5.11); o antropológico (5.12-8.39); o histórico (9.1-11.36) e o ético (12.1-15.33). Esse plano alcança toda a obra e contém verdades incontestáveis e irremovíveis.
1. Na esfera Teológica (1.18-5.11). Paulo apresenta a condição perdida dos homens, sem a mínima possibilidade de salvação por méritos próprios. Logo depois, Cristo é a solução, visto que, por meio de sua morte, todos podem ser justificados da condenação. O pecador é justificado mediante a obra expiatória de Cristo Jesus.
2. Na esfera Antropológica (5.12-8.39). Nestes textos a vida assume nova perspectiva. A ilustração do primeiro e segundo Adão coloca o crente de frente a uma nova realidade espiritual. O primeiro Adão foi vencido pelo pecado, mas o segundo o venceu por todos os homens. Em Cristo, o homem assume um novo regime de vida sob a orientação do Espírito Santo.
3. Na esfera Histórica (9.1-11.36). Paulo destaca a questão da rejeição de Israel ao plano divino. A doutrina da salvação é apresentada de forma explícita. Um grupo de judeus cristãos, ainda amarrado às exigências da religião judaica, queria impor sobre os gentios convertidos os mesmos requisitos exigidos pela lei mosaica. Entretanto, Paulo apresentou a obra salvadora de Cristo com sentido universal, extensiva a todos os homens.
4. Na esfera Ética (12.1-15.33). Paulo apresenta algumas implicações do Evangelho para a vida diária. Responsabilidades éticas para com a igreja, a família e a vida material são colocadas em destaque” (CABRAL, E. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 7.ed., RJ: CPAD, 2003, p.17).