Título: Salvação e Justificação — Os pilares da vida cristã
Comentarista: Eliezer Lira
Lição 2: A corrupção da Humanidade
Data: 8 de Janeiro de 2006
“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça” (Rm 1.18).
O homem incrédulo vive distanciado de Deus e privado de sua santidade. Por isso, tem prazer no pecado.
Segunda — Jo 3.18
A causa da condenação
Terça — Ez 18.20
O pecado gera morte
Quarta — 1Co 6.9,10
Os injustos não herdarão o Reino
Quinta — Lv 18.22
Homossexualismo é abominação ao Senhor
Sexta — Rm 3.5,6
A ira de Deus é justa
Sábado — Sl 45.7
Deus não pactua com a injustiça e a impiedade
Romanos 1.20,21,25-27,32.
20 — Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
21 — porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
25 — pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!
26 — Pelo que Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
27 — E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
32 — Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.
O Novo Testamento possui 27 livros, destes, 21 são do gênero epistolar. Treze são de autoria do apóstolo Paulo: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo, Tito e Filemom.
Romanos, embora apareça como a primeira carta no conjunto das epístolas, foi escrita depois de Gálatas, Tessalonicenses e Coríntios. É a mais extensa das epístolas, com 433 versículos distribuídos em 16 capítulos. O mérito da carta não reside apenas nesse fato, mas em ser a mais teológica dentre as epístolas paulinas. No entanto, não devemos limitar a carta aos Romanos apenas a esta característica, pois a mesma também se ocupa da praticidade da vida cristã. Se, por um lado, o tema teológico da justiça de Deus em 1.16,17 transformou a vida de Lutero, de outro, a exortação prática de 13.13, a vida de Agostinho. E, por essa mesma razão, professor, seus alunos podem ser transformados durante esse trimestre.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Paulo inicia o tema da justificação no capítulo 1.18 e só o conclui em 4.25. Logo, o texto da Leitura Bíblica em Classe faz parte de um amplo contexto que inclui: a necessidade da justificação (1.18-20), o meio da justificação (3.21-31) e, os exemplos da justificação (4.1-25).
O tema central dos quatro primeiros capítulos de Romanos é a revelação da justiça salvífica de Deus (1.18 a 4.25). A fim de provar a universalidade do pecado (3.9-20,23) e a necessidade de justificação (3.22), Paulo apresenta o juízo divino sobre os pagãos (1.18-32) e judeus (2.1-3.20). Do capítulo 3.21 a 4.25, o apóstolo discursa sobre a atuação da justiça salvífica de Deus em Cristo, a fim de justificar a todos os homens (3.24-26). No capítulo 4, a justiça de Deus é demonstrada por meio da vida de Abraão. Este patriarca ao ser justificado pela fé (4.1-12) tornou-se exemplo dos que pela fé são justificados (4.16-25).
O primeiro capítulo da Carta aos Romanos possui sete parágrafos: 1-7; 8-15; 16-17; 18-23; 24-25; 26-27; 28-32, nos quais são apresentados o tema da obra (vv.16,17) e a depravação universal dos gentios (vv.18-32).
Professor, as epístolas paulinas foram importantes recursos para o fortalecimento da igreja e instrução dos crentes. Algumas cartas foram endereçadas a cidades, enquanto outras, a pessoas. A fim de ampliar o conhecimento do aluno a respeito da formação das epístolas, divida-as em: Epístolas endereçadas a cidades (Roma, Corinto, Galácia, Éfeso, Filipos, Colossos, Tessalônica) e, a pessoas (Timóteo, Tito e Filemom). Ao apresentar à classe as cidades as quais Paulo endereçou as epístolas, procure fazê-lo em ordem cronológica: Gálatas (49 d.C), Coríntios (55-56 d.C), Romanos (57 d.C), Efésios e Colossenses (62 d.C), Filipenses (62/63 d.C). Observe que os mapas referente às viagens missionárias de Paulo não incluem a cidade de Colossos, cerca de 160 km a leste de Éfeso. Embora todos os habitantes da Ásia tenham ouvido o evangelho (At 19.10), é provável que Paulo não tenha visitado Colossos (Cl 2.1); sendo Epafras, o possível fundador desta igreja (Cl 1.7; 4.12,13). Use o mapa para ilustrar e fortalecer a argumentação acima. Este recurso pode ser usado como introdução à lição.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Revelação Natural: Conceito bíblico que descreve a revelação de Deus na criação. A natureza revela a existência do Criador (Sl 19).
A Bíblia descreve a situação miserável do homem sem Deus, denominando-a de “charco de lodo” (Sl 40.2). Entretanto, ao denunciar os pecados tanto dos gentios quanto dos judeus (Rm caps. 1—3), as Escrituras revelam também um escape: se o homem receber a Cristo como seu Salvador, ver-se-á livre das conseqüências eternas do pecado. Somente Ele pode justificar-nos diante de Deus.
I. A IRA DE DEUS CONTRA O MAL
1. A ira divina. É totalmente diversa da ira humana, que está sempre atrelada à vingança, à hostilidade e ao ódio. Ela, diferente da humana, opera a justiça de Deus (Tg 1.20). A ira divina é perfeita e santa e acha-se relacionada ao seu amor.
A idéia de um Deus irado transtorna e revolta a natureza humana caída, uma vez que o descrente, via de regra, fala e age como se fosse melhor do que Deus. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento enfatizam à justa ira de Deus (Sl 78.40-58; 90.7-9; Is 9.19; Jr 7.17-20; Jo 3.36; Rm 9.22; Ef 5.6; Cl 3.5,6; Ap 6.16,17).
2. Um Deus perfeito. Os atributos de Deus revelam não somente a sua natureza, mas também expressam a sua perfeição. Deus tanto ama a justiça como aborrece a impiedade (Sl 45.7; Hb 1.9).
A ira do Todo-Poderoso é a única resposta coerente que um Deus santo poderia oferecer ao pecado e à maldade da raça humana. A santidade divina não tolera o pecado.
3. A revelação da ira divina na cruz. Ocorreu no momento em que Deus fez recair sobre seu próprio Filho, na cruz, o pecado do mundo, a fim de justificar-nos diante dEle (2 Co 5.21; Gl 3.13; Is 53.6,12; Rm 8.3). Era a única forma de Deus mostrar a sua justiça e justificar o pecador (Rm 3.26).
II. A REVELAÇÃO DE DEUS
Desde a criação do mundo, Deus tem-se revelado ao homem de várias maneiras, sendo a Bíblia a sua revelação completa para toda a humanidade.
1. Através da natureza. A revelação de Deus é claramente visível a toda criatura através da criação (Sl 19.1; Rm 1.20). O homem não regenerado vive sem esperança e sem Deus no mundo (Ef 2.12), porque ignora e despreza o conhecimento natural de Deus. Todo ser humano pode compreender a realidade de Deus, observando com reverência, simplicidade e reflexão as coisas por Ele criadas. Embora esta “revelação natura” transmita um conhecimento de Deus apenas como Criador, mediante este mesmo conhecimento, os homens tornam-se inescusáveis diante de Deus.
2. Atributos divinos revelados. Tanto o infinito e eterno poder de Deus quanto a sua divindade podem ser percebidos por meio das coisas visíveis que Ele criou. A magnitude da criação e o modo como o Criador a dinamiza e sustenta demonstram, claramente, o seu infinito e eterno poder. A chuva, as colheitas segundo as estações do ano e o farto sustento (At 14.17) evidenciam a natureza divina — sua bondade e sua graça. Assim, a existência, o provimento e a perfeição de Deus têm sido manifestos na criação, para que as suas criaturas o adorem na beleza de sua santidade. Ler o Salmo 104; 150.6.
III. O HOMEM ESCRAVIZADO PELO PECADO
1. Não glorifica a Deus (Rm 1.21). Esta é a causa que mais evidencia o estado de corrupção humana: a recusa do homem em glorificar a Deus. Tal homem faz de si o seu próprio deus (Gn 3.5; Ez 28.2). Se toda a criação glorifica ao Senhor, por que o homem é o único que se recusa? (Sl 148.7-13).
O homem sem Deus exalta e cultua o seu próprio eu. Ele só pensa em si e tudo faz por atender às suas próprias concupiscências. É a corrupção total da pessoa pelo egoísmo, resultando na oposição consciente e aberta contra o próprio Deus. O egoísmo humano é sinônimo de rebeldia; é uma atitude semelhante à de Satanás (Ez 28.2,15-18). Consideremos também isto: geralmente todo pecado procede do egoísmo (meu bem-estar, minha reputação, o que eu quero, meu direito, meu poder...).
2. Não dá graças a Deus (Rm 1.21). Ser grato a Deus é reconhecer que tudo provém dEle (Tg 1.17; Sl 34.1); é uma atitude de confiança nAquele que nos supre todas as necessidades (Sl 103). Quando não damos graças a Deus, depreciamos e rejeitamos a providência divina em nossa vida.
3. Rejeita a sabedoria (Rm 1.22). Não há verdadeira sabedoria fora de Deus (Sl 111.10; Pv 2.6). A filosofia deste mundo leva à perversão moral (Cl 2.8). Quem rejeita a Deus está longe dEle e vive em trevas, com a mente escravizada pelo pecado, sem qualquer vislumbre de luz (Jo 3.19,20). Desprezar a Deus e a sua lei é coisa de néscio (Sl 14.1). Pois os valores espirituais, procedentes de Deus, acham-se fora da percepção meramente humana; não há qualquer esperança do homem natural apropriar-se da verdade divina (Sl 14.2,3; Rm 3.11-18).
CONCLUSÃO
A violência e a depravação moral estão no mundo desde que o homem rejeitou o seu Criador, entregando-se ao orgulho, altivez, arrogância, egoísmo, rebeldia, etc. Só a graça de Deus pode redimir o homem caído (Tt 2.11,12). A mensagem da graça, porém, faz-se ouvir em todo o mundo: “Quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida” (Ap 22.17). Eis o convite final de Deus para a salvação.
Inescusável: Que não se pode escusar ou dispensar;
Indispensável; Indesculpável.
Magnitude: Grandeza, importância.
Percepção: Faculdade de perceber; que se pode perceber.
BALL, C. F. A vida e os tempos do apóstolo Paulo. CPAD,
1998.
BENTHO, E. C. A família no Antigo Testamento:
Hermenêutica histórico-sociológica. CPAD, 2005.
ELWELL, W. A. (ed.). Manual bíblico do estudante:
um guia para o melhor livro do mundo. CPAD, 1997.
1. Como podemos compreender a ira de Deus em relação ao pecado?
R. Ela é a única resposta coerente que um Deus santo poderia oferecer ao pecado, pois a santidade divina não tolera o pecado.
2. De que modo Deus se revela ao homem?
R. Através da Bíblia sua revelação completa, da natureza e de seus atributos.
3. Quais as características do homem escravizado pelo pecado?
R. Não glorifica a Deus (Rm 1.21); não dá graças a Deus (Rm 1.21); e rejeita a sabedoria (Rm 1.22).
4. Qual a situação do homem sem Deus?
R. Está em trevas, com a mente escravizada pelo pecado, sem qualquer vislumbre de luz.
5. De que forma pode o homem alcançar a salvação?
R. Recebendo pela fé a Cristo como seu Salvador.
Subsídio Histórico
“A Prostituição Sagrada em Roma
No calendário romano, havia festas exclusivas para homenagear os deuses da fecundidade. As prostitutas seculares e cultuais eram as protagonistas das festividades. Vinte e três de abril era o período das Vinalia, comemorações nas quais se rendiam culto a Júpiter e a Vénus Ericina, conhecida como a ‘deusa das prostitutas’. No templo desta deusa, próximo à porta da Colina, reuniam-se todas as prostitutas romanas e os rufiões para adorá-la, comprar e vender prostitutas. Durante os dias de 28 de abril a 3 de maio, a deusa Flora era homenageada e sua festa oficial era conhecida pelo nome de Florália. Nestas reuniões, todas as prostitutas cultuavam a deusa vestindo-se com roupas coloridas que representavam as flores do campo e, no templo, realizava-se a herogamia, seguida de relações sexuais que extrapolavam os limites templários, invadindo as ruas e lugarejos. No entanto, entre os romanos, ainda se destacavam as festas da Bonadéia, cuja tradição remonta à história de um incesto entre Fauno e sua filha (Bonadéia), que foi morta por não satisfazer os desejos incestuosos do pai. Estas comemorações eram ritos de fertilidade, nos quais, por meio das relações sexuais entre e com as sacerdotisas, a fecundidade geral era estimulada. Os Lupercais, ou rituais de purificação e de fecundidade, eram esperados por todos os rufiões da cidade. Nesta festa, todo tipo de diversão duvidosa e indecente era praticado. Os Lares, que eram os deuses da fecundidade encarregados de proteger as residências e as encruzilhadas, eram ornados com flores na primavera e no verão. Os flâmines e flamínicas, isto é, os casais de sacerdotes sagrados dos divos e divas, comandavam todo o ritual orgiástico das festividades romanas. E o que dizer das Sartunalia, festas em honra ao deus Saturno, celebrado durante sete dias no mês de dezembro, em que escravos e prostitutas realizavam toda espécie de orgias e excessos sexuais? E do culto a Príapo, da lascívia e luxúria, cultuado no Helesponto, Mísia e em Roma?
No período do apóstolo Paulo e dos primeiros pais da Igreja, muitos desses rituais não se realizaram com menos intensidade. [...] Sabemos que os missionários cristãos enfrentaram reminiscências dessa cultura pagã em diversos momentos de suas viagens missionárias (At 14.11-18; 19.23-40). Certas recomendações paulinas tratam dos problemas relacionados aos cultos e sacrifícios pagãos (1 Co 8). Provavelmente, Romanos 1.20-32 seja uma explícita referência aos costumes sexuais pagãos em Roma. Muitos cristãos procedentes do mundo helênico possuíam nomes dos deuses da fertilidade, tais como: Febe, ou seja, ‘a brilhante’, que era o sobrenome da deusa Ártemis; Ártemas, isto é, ‘dom de Ártemis’ (Tt 3.12). Os exemplos seguem por quase todas as epístolas neotestamentárias.” (BENTHO, E. C. A família no Antigo Testamento: Hermenêutica histórico-sociológica. RJ: CPAD, 2005.)