Título: Salvação e Justificação — Os pilares da vida cristã
Comentarista: Eliezer Lira
Lição 8: A eleição e o futuro de Israel
Data: 19 de Fevereiro de 2006
“Quanto a mim, este é o meu concerto com eles, diz o SENHOR: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se desviarão da tua boca, nem da boca da tua posteridade, nem da boca da posteridade da tua posteridade, diz o SENHOR desde agora e para todo o sempre” (Is 59.21).
Os desígnios de Deus em relação a Igreja não interferem em seu pacto com Israel.
Segunda - Gn 15.18
O Senhor é Deus de Aliança
Terça - 1Sm 12.22
Deus nunca desampara o seu povo
Quarta - 1Rs 8.56
A fidelidade da Palavra transpõe tempo e circunstâncias
Quinta - Ez 36.26
Israel será convertido
Sexta - Zc 12.10
A conversão de Israel é certa
Sábado - Ef 2.12-15
Em Cristo, judeus e gentios formam a geração eleita
Romanos 11.1-5,11,17,18,24-28,33.
1 - Digo, pois: porventura, rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum! Porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
2 - Deus não rejeitou seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo:
3 - SENHOR, mataram os teus profetas e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma?
4 - Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil varões, que não dobraram os joelhos diante de Baal.
5 - Assim, pois, também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça.
11 - Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação.
17 - E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira,
18 - não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.
24 - Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na própria oliveira!
25 - Porque não quero, irmãos, que ignoreis, este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.
26 - E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades.
27 - E este será o meu concerto com eles, quando eu tirar os seus pecados.
28 - Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas quanto à eleição, amados por causa dos pais.
33 - Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, são os seus caminhos!
Professor, leve para sala de aula algumas figuras e reportagens a respeito da nação de Israel. Com estas informações, elabore um quadro e exponha-o na sala. Antes de iniciar a aula, permita que os alunos observem o mesmo. Quando estes se assentarem para a ministração, faça a seguinte pergunta: “Qual o futuro de Israel?”. Dê uma pausa e espere a resposta dos alunos. A seguir, comente que a lição a ser estudada diz respeito à eleição e o futuro da nação de Israel.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
O texto da Leitura Bíblica está dividido em três tópicos: Deus não rejeitou o seu povo (vv.1-10); a queda de Israel é transitória (vv.11-24); o futuro glorioso de Israel (vv.25-32). Estes são sustentados por duas contestações presentes nos versículos 1 e 11.
Na sentença, “Deus não abandonou o seu povo”, o argumento é mantido por duas interrogações (vv.1,7). Na primeira, Paulo é enfático ao afirmar que a eleição do remanescente fiel, da qual ele faz parte, não se fundamenta na obra destes, mas na “eleição da graça” (v.5). Na segunda (v.7), discursa a respeito da descrença parcial da nação.
Na afirmação dos versículos 11-24, Paulo expõe que a queda de Israel não foi para a destruição da nação, mas para a plenitude da mesma. E, se na queda do povo judeu, os gentios foram salvos, quanto mais na sua restauração.
No último tópico, (vv.25-32), o apóstolo vaticina o futuro glorioso do povo judeu, realça o endurecimento de Israel e o propósito da eleição.
Peça aos alunos que consultem todas as referências bíblicas do primeiro tópico da lição (A Eleição de Israel). Depois, oriente para que relacionem os propósitos de Deus à chamada de Abraão. Conceda-lhes tempo para realizarem esta tarefa. Conclua a atividade reproduzindo o esquema abaixo no quadro-de-giz. Faça uma comparação do mesmo com os trabalhos apresentados.
INTRODUÇÃO
Deus prometeu abençoar os povos gentios por meio de Abraão e de sua descendência (Gl 3.8). A vinda do Messias, Jesus Cristo, é o principal cumprimento dessa promessa (Gl 3.16). Ele trouxe o evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego (Rm 1.16).
Embora os judeus tenham rejeitado a Cristo (Jo 1.11), o pacto de Deus para com Israel permanece: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm 11.29). Este é o tema que estudaremos nesta lição.
I. A ELEIÇÃO DE ISRAEL
Em sua soberania, quis Deus para Si um povo que o amasse em espírito e em verdade (Jo 4.24). Assim, resolveu, através de Abraão, fazer uma grande nação, com todas as características das demais: terra (Gn 15.7; 17.8), povo (Gn 12.2; 15.4,5; 17.1,2) e governo (Êx 19.6).
Deus constituiu um povo para que fosse a sua testemunha às nações (Gn 12.2-4; 22.18; At 13.46,47). Uma nação eleita por meio da qual pudesse enviar o Salvador do mundo (Gn 3.15; Jo 4.22) e confiar a Palavra, a fim de que esta fosse preservada para todos os povos em todas as gerações (Rm 9.4,5).
1. A chamada de Abraão. Deus celebrou com Abraão uma aliança eterna (Gn 12.1-3; 15.12-21), concedendo-lhe a honra de ser o pai de todos os crentes (Is 51.1,2; Gl 3.8; Lc 19.8-10). A Bíblia afirma que o patriarca guardou fielmente os preceitos e leis divinas (Gn 26.5). Sendo ele amigo de Deus, recebeu a visita do Senhor durante as suas peregrinações (Gn 15.1; 18.1; Tg 2.23).
A disposição de Deus em apresentar-se de forma especial a Abraão retrata a importância da eleição do povo de Israel. Mas isto exigia confiança na Palavra de Deus (Gn 15.1-6; 18.10-14) e obediência à ordem divina, para que o patriarca deixasse a terra de sua parentela (Gn 12.4), passando a viver na Terra da Promessa de maneira reta e justa (Gn 17.1,2).
2. O descaso de Israel. Israel, como nação eleita e separada pelo Senhor, não foi zeloso e fiel em cumprir o mandato que recebera de Deus. Por essa razão, os profetas condenaram-lhe a ingratidão e a deslealdade (Jr 16.10-12).
Os israelitas, apesar do clamor dos profetas, acabaram por repudiar suas obrigações em relação à aliança divina (Êx 19.5,6; 32.1-25).
Os profetas não hesitaram em ministrar o imutável amor de Deus para com Israel, objetivando levar os fiéis a cumprirem os propósitos divinos (Jr 31.3; Os 11.1-4). Os que aceitavam voluntariamente as condições da aliança usufruíam dos benefícios divinos (Dt 5.1-3; 30.11-20).
3. O pacto divino não foi anulado. Na Epístola aos Gálatas, Paulo demonstra que a igreja cristã teve sua origem na vocação de Abraão (Gl 3.6-9). O vínculo pactual entre Deus e Israel permanece. Logo, tanto para os gentios como para Israel, o único caminho para a salvação é a fé em Cristo (Gl 3.11-29).
No capítulo 10 de Romanos, Paulo explica, minuciosamente, que a salvação não depende das obras, mas da fé em Cristo (Gl 3.8,9). Deus, em sua vontade soberana, franqueou a salvação a todos os homens: “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Jl 2.32 cf. At 2.21; 10.34-36).
Por conseguinte, não basta apenas o chamado de Deus para que o ser humano seja salvo; é necessário que este responda positivamente à vocação divina (Rm 10.10-17).
II. DEUS NÃO REJEITOU SEU POVO
Deus rejeitou o seu povo? Paulo responde a esta pergunta com uma negação contundente. Apesar de toda a incredulidade e apostasia de Israel, havia um remanescente fiel que, à semelhança dos sete mil que não dobraram os seus joelhos diante de Baal no tempo de Elias, conservava piedosa e firmemente os termos da aliança. Desse remanescente, o próprio Paulo fazia parte, bem como os israelitas que aceitam a fé em Cristo: “Digo, pois: porventura, rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum! Porque também eu sou israelita, da descendência de Benjamim” (Rm 11.1).
1. Um plano especial de Deus. Ao falar sobre o endurecimento de Israel, Paulo continua mostrando o propósito de Deus em relação ao seu povo. Embora os israelitas hajam tropeçado e caído, não se pode dizer que esta queda impedirá a concretização dos propósitos de Deus concernentes ao seu povo: “Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação” (11.11,17,18,24,33).
2. A graça divina. A conversão de judeus na época de Paulo não era produto das obras da lei, mas fruto da graça divina recebida mediante a fé (cf. Rm 3.28; Ef 2.8,9).
Aqueles que rejeitam a graça de Deus, sejam eles judeus, sejam gentios, não alcançarão a salvação em Jesus (Rm 9.31-33; Ef 2.8,9).
3. Um Deus misericordioso. Acerca da salvação de Israel, Paulo mostra a inter-relação entre judeus e gentios (Rm 10.11,12,19-21; 11.11,12,15).
A queda de Israel trouxe a redenção para os gentios (Rm 9.25,26; 11.7-12,23-26). Por outro lado, a misericórdia divina, demonstrada a estes, trará a compaixão de Deus aos filhos de Abraão (Rm 11.30,31; 9.27).
Devemos entender que o endurecimento de Israel é temporário: “até que a plenitude dos gentios haja entrado” (v.25 cf. Is 59.20,21).
III. O FUTURO GLORIOSO DE ISRAEL
O retorno de Israel ao Senhor é certo (Zc 12.7-10; Rm 11.26). Paulo recorre às profecias para confirmar a declaração de que todo o Israel será salvo (Rm 11.26,27; cf. Is 59.20,21). Isto ocorrerá quando se “completar o tempo dos gentios” no final da Grande Tribulação (Jr 30.7; Ez 20.34-38; Jo 19.37).
Israel verá a Jesus como o Messias e se arrependerá por havê-lo rejeitado (Jo 1.11; Lc 13.34). Nesse período, os israelitas, como ramos naturais, serão enxertados na própria oliveira, que é Cristo. E, assim, os descendentes de Abraão receberão novamente a plenitude das bênçãos divinas (Zc 2.10).
A revelação do plano divino da salvação levou o apóstolo a adorar a Deus. Paulo reconhece o controle providencial de Deus na história da salvação e da justificação através de Cristo (Rm 10.33-36).
CONCLUSÃO
Portanto, quanto à eleição, a aliança divina concernente a Israel é imutável. Deus, em sua soberania, escolheu a Israel dentre todos os povos e fez-lhe promessas por meio de seus patriarcas: Abraão, Isaque e Jacó (Gn 12.1-3; 15.1-21; 17.1-22).
Da mesma maneira que Deus cumpriu e cumprirá suas promessas a Israel, assim também tem feito e o fará com a sua Igreja.
Emular: Rivalizar ou competir com; disputar preferência.
Enxertar: Introduzir; inserir. Introduzir uma parte viva de um
vegetal em outro.
Hesitar: Estar ou ficar indeciso, incerto.
Minúcia: Coisa muito pequena; insignificante; pormenor.
Remanescente: Restante; que sobrou ou restou.
Repudiar: Rejeitar, abandonar, desamparar.
Usufruir: Desfrutar; colher os frutos.
1. Qual o plano inicial de Deus em relação a Israel?
R. Construir um povo para que fosse a sua testemunha às nações. Uma nação eleita por meio da qual pudesse enviar o Salvador do mundo e confiar a Palavra, a fim de que esta fosse preservada para todos os povos em todas as nações.
2. A incredulidade de Israel anulou os termos da aliança que Deus estabeleceu com os patriarcas?
R. De modo nenhum!
3. A salvação da Igreja anulará os concertos entre Deus e Israel?
R. Não. A eleição, a aliança divina concernente a Israel é imutável.
4. O que é o remanescente fiel?
R. Aqueles que semelhante aos sete mil não dobraram os seus joelhos diante de Baal no tempo de Elias, mas conservava piedosa e firmemente os termos da aliança.
5. Quando Israel se converterá?
R. Isto ocorrerá quando “se completar o tempo dos gentios” no final da Grande Tribulação (Jr 30.7; Ez 20.34-38).
“A Doutrina da Salvação em relação a Israel
Os capítulos 9, 10 e 11 formam um parêntese dentro da seqüência doutrinária, quando o apóstolo Paulo confronta a ‘sorte de Israel’ no plano da salvação. Esses capítulos formam uma trilogia especial.
a) O capítulo 9 trata da soberania divina para com Israel, focalizando a eleição da nação israelita como ‘povo escolhido de Deus’ e girando em torno do passado. O capítulo 10 trata da responsabilidade humana de Israel e focaliza a sua rejeição no presente. O capítulo 11 apresenta a bênção salvadora para Israel, como resultado da misericórdia de Deus.
b) No capítulo 9, as promessas de Deus são para os fiéis, mediante a fé nEle, e não a conformidade exterior à lei. No capítulo 10, Paulo destaca que é impossível escapar da culpa do pecado. Portanto, recusar a obra expiatória de Jesus é transgressão total e indesculpável. No capítulo 11, a salvação provida por Deus através de Jesus, seu Filho, é privilégio de judeus e gentios.
c) [...] No capítulo 9, ele mostra que Deus em sua eterna soberania tinha total liberdade de rejeitar Israel, mas só o fez porque Israel rejeitou o plano divino. No capítulo 10, Paulo mostra que, uma vez que os judeus rejeitaram o novo plano divino, não tinham condições de questionarem a rejeição da parte de Deus. Já no capítulo 11, a rejeição tem um sentido parcial e temporal, visto que os propósitos divinos não se limitam a um mero julgamento exterior, mas são propósitos mais profundos e espirituais” (CABRAL, E. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. RJ: CPAD, 2003, pp.103,104,118).