Título: Heresias e Modismos — Combatendo os erros doutrinários
Comentarista: Esequias Soares
Lição 10: A Teologia da Prosperidade
Data: 4 de Junho de 2006
“Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?” (Mt 7.22).
Centrando sua mensagem na saúde física e no acúmulo de bens terrenos, os teólogos da prosperidade menosprezam a salvação em Cristo e os bens celestes.
Segunda - Jr 2.13
O perigo das cisternas rotas
Terça - Hb 4.12
O poder da Palavra é inigualável
Quarta - Pv 30.7-9
Nem riqueza e pobreza, mas a porção necessária
Quinta - 1Tm 8.9
Riqueza não é sinônimo de fidelidade
Sexta - 1Tm 5.23
Enfermidade nem sempre é marca de infidelidade
Sábado - 2Tm 3.14,15
Permanecer naquilo que aprendemos com Jesus
Mateus 7.15-23.
15 - Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.
16 - Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
17 - Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus.
18 - Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons.
19 - Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
20 - Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
21 - Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 - Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas?
23 - E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.
Professor, esta lição afeta um modismo presente na atual conjuntura pentecostal brasileira — a Teologia da Prosperidade oriunda da América do Norte. Muitas denominações de tradição pentecostal desenvolvem suas atividades evangelísticas fundamentadas na Teologia da Prosperidade, na Confissão Positiva ou na Palavra da Fé. A Teologia da Prosperidade, portanto, é um movimento que se alastra principalmente nas igrejas pentecostais. Oremos a Deus a fim de que o Corpo de Cristo vença essa avalanche de modismos doutrinários.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
O Movimento da Fé ou Movimento da Confissão Positiva, como atualmente conhecemos, surgiu na década de 40 nos Estados Unidos. A origem moderna do movimento remonta a Essek William Kenyon (1867-1948). Kenyon foi pastor de diversas igrejas na Nova Inglaterra e fundador do Instituto Bíblico de Dudley, Massachusetts. Em 1923, fundou a Figueroa Independent Baptist Church (Igreja Batista Independente de Figueroa) em Los Angeles. Além de escritor, Kenyon atuou como evangelista, sendo um dos pioneiros do evangelismo radiofônico. A teologia de Kenyon tem sua origem nas seitas metafísicas do Novo Pensamento (New Thought) e da Ciência Cristã. Os adeptos do Novo Pensamento crêem que o pensamento cria e modifica a nossa experiência no mundo — razão pela qual enfatizam o pensamento positivo, a auto-afirmação, a oração e a meditação.
O principal divulgador da teologia e pensamento de Kenyon é o pastor Kenneth Hagin, fundador do centro Rhema de Adestramento Bíblico, em Oklahoma.
Professor, para esta lição reproduza a Tabela Conceitual abaixo. Os dados a seguir, sintetizam as fontes doutrinárias do Movimento da Fé. Leia atentamente o “Subsídio Apologético”, pois esta seção complementa as informações omitidas na tabela. Utilize este recurso após o tópico “Histórico”.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Confissão: A fórmula da Confissão Positiva é: Diga; Faça; Receba; Conte.
A Confissão Positiva não é uma denominação ou seita, mas um movimento introduzido sutilmente entre as igrejas pentecostais, enfatizando o poder do crente em adquirir tudo o que quiser. É conhecida também como “Teologia da Prosperidade”, “Palavra da Fé” ou “Movimento da Fé”. As crenças e práticas desse movimento são aberrações carregadas de perigosas heresias.
I. HISTÓRICO
1. Sua origem. A Confissão Positiva é uma adaptação, com roupagem cristã, das idéias do hipnotizador e curandeiro Finéias Parkhurst Quimby (1802-1866). Os quimbistas criam no poder da mente, e negavam a existência da matéria, do sofrimento, do pecado e da enfermidade. Deles surgiram vários movimentos ocultistas como o Novo Pensamento, as seitas Ciência da Mente e Ciência Cristã, de Mary Baker Eddy. Seus promotores procuram se passar por cristãos evangélicos (v.15).
2. Principal fundador: Essek W. Kenyon. O movimento surgiu de forma gradual por meio de Essek William Kenyon (1867-1948). Kenyon, aproveitando-se dos conceitos de Mary B. Eddy, empenhou-se em pregar a salvação e a cura em Jesus Cristo. Dava ênfase aos textos bíblicos que falam de saúde e prosperidade, além de aplicar a técnica do poder do pensamento positivo. Kenyon, que pastoreou várias igrejas e fundou outras, não era pentecostal. Ele foi influenciado pelas seitas Ciência da Mente, Ciência Cristã e a Metafísica do Novo Pensamento. Hoje, é reconhecido como o Pai do movimento Confissão Positiva, tendo exercido forte influência sobre Kenneth Hagin.
3. Principal divulgador: Kenneth Hagin. Nasceu em 1917 com problema de coração e ficou inválido durante 15 anos. Em 1933, converteu-se ao evangelho e, no ano seguinte, o Senhor Jesus o curou. A partir de então, começou a pregar. Ele recebeu o batismo no Espírito Santo em 1937. Estudando os escritos de Kenyon, divulgou-os em livros, cassetes e seminários, dando sempre ênfase à confissão positiva. Em 1974, fundou o Centro Rhema de Adestramento Bíblico, em Oklahoma.
II. FONTES DE AUTORIDADE
1. Revelação ou inspiração de seus líderes. Hagin fazia diferença entre as palavras gregas rhēma e logos, pois ambas significam “palavra”. Ainda hoje, os seguidores dessa crença afirmam que logos é a palavra de Deus escrita, a Bíblia; e rhēma, a palavra falada por Deus em revelação ou inspiração a uma pessoa em qualquer época. Desse modo, o crente pode repetir com fé qualquer promessa bíblica, aplicando a sua necessidade pessoal e exigir o seu cumprimento.
2. Confissão positiva do crente. Os adeptos da Confissão Positiva crêem ser a Bíblia a inerrante e inspirada Palavra de Deus, mas não a única, pois admitem que a palavra do crente tem a mesma autoridade. Para eles, as fontes de autoridade são: a Bíblia, as revelações de seus líderes e a palavra da fé. O crente deve declarar que já tem o que Deus prometeu nos textos bíblicos e, tal confissão, confirmar-se-á. A confissão negativa é reconhecer a presença das condições indesejáveis. Basta negar a existência da enfermidade e ela simplesmente deixará de existir. É a doutrina de Quimby, da Ciência Cristã e do Movimento Nova Era.
3. A autoridade para a vida do cristão. Atribuir tanta autoridade assim às palavras de uma pessoa extrapola os limites bíblicos. A emoção também caiu com a natureza humana e, por isso, a fé não pode ser fundamentada em experiências (Jr 17.9). As experiências pessoais são marcas importantes na vida dos pentecostais. Cremos em um Deus que se comunica com os seus filhos por sonhos, visões e profecias (At 2.17,18), mas essas experiências são para a edificação pessoal e não para estabelecer doutrinas. O cristianismo autêntico não deve ir além das Escrituras Sagradas (Is 8.20; 1Co 4.6). A Bíblia é a única autoridade para a vida do cristão.
III. RHĒMA E LOGOS
1. Termos sinônimos. O vocábulo rhēma aparece 68 vezes e, logos, 330 no texto grego do Novo Testamento. Como não existem sinônimos perfeitos, exatamente iguais, aqui também não é diferente. O termo rhēma significa “palavra, coisa”; enquanto em logos, os léxicos apresentam uma extensa variedade de significados como: “palavra, discurso, pregação, relato, etc”. Mas ambos os termos coincidem-se (Lc 9.44,45).
O conceito de rhēma e de logos, inventado por Hagin, não resiste à exegese bíblica. Não é verdade que haja a tal diferença entre as referidas palavras.
2. Termos usados para designar as Escrituras. Ambos os termos são igualmente usados para identificar as Escrituras Sagradas. Encontramos no texto grego do Antigo Testamento (Septuaginta) a expressão rhēma tou theou, “palavra de Deus” em Isaías 40.8. Nas páginas do Novo Testamento, a mesma passagem é citada pelo apóstolo Pedro (1Pe 1.25). Mas, encontramos também, logon tou theou, “palavra de Deus”, com o mesmo significado (Mc 7.13). Esses exemplos provam, por si só, que o conceito de Hagin é falacioso, sem base bíblica.
3. Falácias da Confissão Positiva. O conceito de confissão positiva e negativa é falso; não se confirma na Bíblia ou na prática da vida cristã. Deus é soberano; nós, os seus servos. Jesus ensinou-nos: “Seja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu” (Mt 6.10). Basta tão-somente esse versículo para reduzir a cinzas a insolência dos promotores da Confissão Positiva. A Bíblia ensina, ainda, que devemos confessar nossas culpas para sermos sarados (Tg 5.16), e isso, não parece ser confissão positiva.
IV. CRENÇAS E PRÁTICAS
1. Teologia. De maneira genérica, os adeptos da Confissão Positiva seguem uma linha ortodoxa no que tange aos pontos cardeais da fé cristã. Não se trata de uma seita, mas de um movimento que permeia as igrejas; daí a diversidade de ensinos entre seus adeptos. Sobre Deus, uns são unicistas; outros deificam o homem. Essa falta de padrão doutrinário existe, sobretudo, a respeito do Senhor Jesus e de sua obra. Os ensinos da Confissão Positiva, por conseguinte, são um desvio das doutrinas bíblicas apesar de sua aparência ortodoxa.
2. Sua marca. As marcas distintivas do movimento são: a prosperidade e a pregação restrita aos pobres e enfermos, oferecendo-lhes riquezas e saúde. No entanto, deixa de lado o essencial: a salvação. A mensagem dos profetas da prosperidade pode fazer sentido nos países ricos onde as oportunidades são mais amplas, mas, nas regiões pobres do planeta, são irrelevantes. Isso é mais uma prova de que se trata de um evangelho humano, contrário à Bíblia, pois o evangelho de Jesus Cristo é para todos os seres humanos em todas as épocas (Mt 28.19,20; Tt 2.11).
3. A salvação. Em vez de trazer riquezas materiais aos pobres e saúde aos enfermos, o propósito principal da vinda de Jesus ao mundo foi salvar os pecadores (1 Tm 1.15), muito embora o seu ministério tenha sido coroado de êxito no campo da cura divina e da libertação (At 10.38). O que esses pregadores fazem não passa de espetáculo, contrariando o verdadeiro propósito do evangelho. Não foi essa a mensagem pregada pelos apóstolos. Paulo afirma haver se contentado com a abundância e com a escassez (Fp 4.11-13).
CONCLUSÃO
Devemos combater os abusos e aberrações doutrinárias desses pregadores. Tomemos cuidado, porém, para não sermos levados ao ceticismo e ao indiferentismo religioso. Religião sem o sobrenatural é mera filosofia. Temos promessas de Deus. Aliás, a história, desde os tempos bíblicos, registra inúmeros testemunhos sobre sinais, prodígios e maravilhas (Mc 16.20). Mas os tais pregadores, a começar pela origem de sua teologia, estão fora do padrão bíblico.
Deificar: Divinizar; incluir com o número dos deuses.
Falácia: Engano; discurso ardiloso ou fraudulento.
Septuaginta: Versão grega do Antigo Testamento hebraico
preparado por um grupo de setenta e dois eruditos, em Alexandria, no
terceiro século antes de Cristo. Também conhecida pela abreviação LXX.
Foi a Bíblia conhecida no tempo dos apóstolos.
HANEGRAAFF, H. Cristianismo em crise. 4.ed., RJ: CPAD, 2004.
1. Quais os outros nomes da Confissão Positiva?
R. Teologia da Prosperidade; Palavra da Fé; Movimento da Fé.
2. Quais as seitas que tiveram a mesma origem da Confissão Positiva?
R. O Novo Pensamento; Ciências da Mente e Ciência Cristã.
3. Qual a única autoridade para a vida do cristão?
R. A Bíblia.
4. Quais exemplos bíblicos provam que o conceito de Hagin é falacioso?
R. Mt 6.10; Tg 5.16.
5. Qual a marca distintiva da Confissão Positiva?
R. Prosperidade e a pregação restrita aos pobres e enfermos.
Subsídio Apologético
“A Fórmula da Fé
Na Teologia da Fé, a fé é uma força. Ela é a substância da qual o Universo foi feito e também a força que faz funcionar as leis do mundo espiritual. Mas como fazer que essas leis funcionem para você? Por meio de fórmulas que, segundo eles, não somente fazem funcionar as leis do mundo espiritual, mas também serve de causa à ação do Espírito Santo em favor do indivíduo. Isto significa que Deus é deslocado para uma posição de mero mensageiro que responde cegamente ao aceno e à chamada de fórmulas proferidas pelos fiéis.
a) As fórmulas de fé. As fórmulas de fé são o nome do jogo. Esse é o motivo pelo qual o Movimento da Fé também tem sido chamado de Movimento da Confissão Positiva. A doutrina da Fé ensina que as confissões servem para dar efeito à fórmula da fé, fazendo com que a lei espiritual funcione em favor de quem as pronuncia. As confissões positivas ativam o lado positivo da força; e as confissões negativas ativam o seu lado negativo. A partir de uma perspectiva prática, pode-se dizer que a lei espiritual (que rege todas as coisas na esfera da eternidade) é a força derradeira do Universo. No livro chamado Two Kinds of Faith (Dois Tipos de Fé), E. W. Kenyon insiste que é a nossa confissão que nos governa.
b) A fórmula. [...] A fórmula é simples: 1º) ‘Diga a coisa. Positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo. De acordo com o que o indivíduo disser é que ele receberá’. 2º) ‘Faça a coisa. Seus atos derrotam-no ou lhe dão vitória’. 3º) ‘Receba a coisa. Compete a nós a conexão com o ‘dínamo do céu’. A fé é o pino da tomada — basta conectá-lo’. 4º) ‘Conte a coisa a fim de que outros também possam crer’” (HANEGRAAFF, H. Cristianismo em crise. 4.ed., RJ: CPAD, 2004, pp.79,81).