Título: As Doutrinas Bíblicas Pentecostais
Comentarista: Antonio Gilberto
Lição 11: Decência e ordem no culto ao Senhor
Data: 10 de Setembro de 2006
“Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal” (Ec 5.1).
O culto cristão celebra o glorioso nome do Senhor Jesus, anuncia o evangelho e preserva nos adoradores a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Segunda - Rm 12.1-8
O culto racional propicia a manifestação do Espírito Santo
Terça - Êx 12.24-27
O culto é uma celebração dos feitos do Senhor
Quarta - Lc 2.27
O crente indo para o culto
Quinta - 1Co 14.26
O culto deve edificar a todos
Sexta - Cl 3.16
Os elementos do culto pentecostal
Sábado - Ml 1.6-10
O culto rejeitado por Deus
1 Coríntios 14.26-33,39,40.
26 - Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27 - E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.
28 - Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
29 - E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
30 - Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31 - Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.
32 - E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.
33 - Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.
39 - Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar e não proibais falar línguas.
40 - Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.
Professor, depois que Vingren recebeu o batismo com o Espírito Santo na conferência em Chicago, retornou para a igreja da qual era pastor em Menominee, Michigan. Vingren começou a pregar a verdade pentecostal de que Jesus batiza com o Espírito Santo e com fogo. Alguns creram, outros duvidaram, mas alguns não desejaram aceitar a mensagem. O grupo que recusou a pregação, obrigou ao jovem pastor a deixar a congregação. Deixando-a, Gunnar dirigiu-se a igreja em South Bend, Indiana. Nessa igreja todos receberam a verdade e creram nela. Na primeira semana Jesus batizou dez pessoas com o Espírito Santo e com fogo e, naquele verão, vinte. Assim, afirma Vingren “Deus transformou a igreja batista de South Bend, em uma igreja pentecostal”.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
O termo “culto” tanto no Antigo (’ābad) quanto em o Novo Testamento (latreuō), significa “servir”, “serviço”, referindo-se ao “serviço sagrado oferecido a uma divindade” (Êx 20.5; Mt 3.10).
O culto de adoração a Deus é a mais sacra reunião da igreja, em gratidão ao Senhor por todas as bênçãos salvíficas (Sl 116.12,13). A pessoa principal do culto não é o pregador, o cantor, os conjuntos, os obreiros, mas o Senhor Jesus Cristo. A Ele toda glória! (Ap 15.3,4). Portanto, devemos prestar nosso culto a Deus com ordem e decência (1 Co 14.40). Evitando o formalismo do ritual, da liturgia seca e mecânica que impede a ação do Espírito, mas também, fugir da irracionalidade e do descomedimento, que escandaliza e impede a edificação coletiva (1 Co 14.26-40).
Professor, nesta lição utilize uma técnica de criatividade chamada de PMI (do inglês Plus, Minus, Interesting). Esta técnica consiste em pedir ao aluno para que identifique pontos positivos, negativos e interessantes de um determinado tema. Portanto, divida a classe em grupos, não mais do que três pessoas por equipe. A seguir, distribua uma folha de papel para cada grupo contendo a frase “A Liturgia da Igreja”. Abaixo dessa expressão escreva: (1) Pontos Positivos (2) Pontos Menos Interessantes (3) Pontos Mais Interessantes. Solicite aos alunos que reflitam a respeito da liturgia do culto e escrevam as características positivas, menos ou mais interessantes. Ao término, convide-os a apresentar o resultado de suas observações. Conclua a dinâmica comentando os propósitos e conteúdo da lição.
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a liturgia do culto a Deus. Liturgia é o conjunto dos elementos que compõem o culto cristão (At 2.42-47; 1Co 14.26-40; Cl 3.16). Embora seja possível liturgia sem culto, não há culto sem liturgia (Is 1.11-17; 29.13; Mt 15.7-9; 1Co 11.17-22). A liturgia, portanto, compreende diversas partes do culto: oração (At 12.12; 16.16); cânticos (1Co 14.26; Cl 3.16); leitura e exposição da Palavra de Deus (Rm 10.17; Hb 13.7); ofertas (1Co 16.1,2); manifestações e operações do Espírito Santo (1Co 14.26-32); e bênção apostólica (2Co 13.13; Nm 6.23-27).
I. O CULTO PENTECOSTAL EM O NOVO TESTAMENTO
1. Na Igreja em Atos e nas Epístolas (At 2.1-4; Ef 5.19; Cl 3.16). A promessa da efusão do Espírito (Jl 2.28) cumpriu-se no dia de Pentecostes (At 2.16-18) quando, os que estavam reunidos, foram “cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.1-4). Essa experiência pentecostal repetiu-se em outras ocasiões: em Samaria (At 8.14-20); na vida de Paulo (At 9.17); na casa de Cornélio (At 10.44-48); e em Éfeso (At 19.1-7). Manifestações espirituais como essas foram acompanhadas do: falar em outras línguas (At 2.4; 19.6); poder (At 8.18,19); exultação a Deus (At 10.46); ousadia, poder e graça na pregação (At 4.31,33) e mensagens proféticas (At 19.6). O culto dos crentes primitivos que, nos primeiros dias da igreja em Jerusalém não se distinguia muito da liturgia judaica (At 3.1), passou a ser dinâmico, espontâneo e com manifestações periódicas dos dons concedidos pelo Espírito Santo (Rm 12.6-8; 1Co 12.4-11,28-31).
Portanto, a recomendação da Bíblia aos crentes pentecostais é: “Não vos embriagueis com vinho em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).
a) “Enchei-vos do Espírito”. O verbo traduzido por “enchei-vos” traz no original quatro lições importantes: é um imperativo — pois se trata de uma ordem; está no plural — por isso, aplica-se a todos os crentes; está na voz passiva — o que significa que a ação de estarmos cheios do Espírito é atribuição dEle; está no tempo presente contínuo — isto é, designa uma ação constante, contínua, perene. Portanto, pode ser traduzido como “Deixai-vos encher continuamente do Espírito”.
b) Enchendo-nos continuamente do Espírito para cultuar a Deus. Os crentes de Éfeso só poderiam continuar enchendo-se do Espírito, se já estivessem cheios dEle anteriormente. Na verdade, eles já haviam sido batizados com o Espírito, conforme At 19.1-7. Quando o crente é cheio e se mantém renovado pelo Espírito Santo, o culto cristão é caracterizado por: “salmos, e hinos, e cânticos espirituais”.
2. Na igreja em Corinto. Os cultos da igreja de Corinto eram notadamente pentecostais (1Co 12; 13; 14). Segundo o apóstolo Paulo, nenhum dom faltava a essa igreja (1Co 1.7). Todas as manifestações espirituais do Espírito Santo tinham lugar ali (1Co 12.4); as diversidades de ministérios do Senhor Jesus (1Co 12.5); e, as diversas operações do próprio Deus (1Co 12.6).
No entanto, a igreja estava envolvida em diversas dissensões e litígios (1Co 1.10; 6.1-11; 11.18), pecados morais graves (1Co 5), e desordem no culto de adoração a Deus (1Co 11.17-19). Outrossim, os crentes eram imaturos e carnais (1Co 3.1-4). A desordem era tal que o próprio culto tornou-se um entrave para o progresso espiritual dos crentes.
II. CAUSAS DA DESORDEM NO CULTO EM CORINTO
1. Dissensão ou partidarismo (1Co 11.18; 1.10-13; 3.4-6). “Ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões”. O termo “dissensões” empregado em 1Co 11.17 e 1.10 descreve a destruição da unidade cristã por meio da carnalidade. Em vez de gratidão a Deus, para promover a comunhão uns para com os outros e “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.3), os crentes reuniam-se para o culto com “espírito faccioso”.
2. Carnalidade (1Co 3.1-3). “Não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais” (v.1). Havia membros da igreja de Corinto guiados e cheios do Espírito Santo (1Co 1.4-9; Rm 8.14), mas muitos eram carnais (v.1). Carnal é o crente, ele ou ela, cuja vida não é regida pelo Espírito (Rm 8.5-8); que tem muita dificuldade de entender os assuntos espirituais (1Co 2.14) e, vive em contendas, difamações. A mente e a língua do carnal é malfazeja até durante o sono. Ver Rm 8.5; Gl 5.19-21; Pv 4.16. Esse tipo de crente é uma perturbação no culto de adoração a Deus.
3. Intemperança (1Co 11.21). Na liturgia da igreja primitiva era comum a Ceia do Senhor ser precedida por uma festividade chamada de agápe ou festa do amor (2Pe 2.13; Jd v.12). No entanto, alguns crentes coríntios em vez de fortalecerem o amor e a unidade cristã antes da Ceia do Senhor, embriagavam-se. Os ricos comiam de tudo, enquanto os pobres padeciam de fome (v.21). Isso alguns faziam “para sua própria condenação” ou castigo (v.29). Esses cristãos cometiam o erro de transformar uma festa espiritual, o culto, em uma festa profana. Veja as conseqüências disso nos vv.30,31.
4. Ignorância concernente os dons espirituais (1Co 12.1; 14.26-33). A manifestação dos dons espirituais é “dada a cada um para o que for útil” (1Co 12.7). O propósito de Deus neles é a edificação, consolação, exortação, crescimento espiritual e aperfeiçoamento do Corpo de Cristo (1Co 14.3, 26; Ef 4.11-14; Rm 12.4-8). Mas, para que assim seja, é necessário que haja sabedoria, ordem e decência quanto ao uso dos mesmos (1Co 12.1; 14.40). O crente não é proibido de falar em línguas, nem o profeta de profetizar no culto (1Co 14.39), contanto que seja conforme a doutrina bíblica (1Co 14.12,19,26,39). A expressão-chave do ensino contido em 1Co 14.26-40 é: “Faça-se tudo para edificação”(v.26). “Edificação” quer dizer “construir como um processo”, ou seja, crescimento sólido, gradual, uniforme e constante na vida do crente. Os cristãos de Corinto ignoravam o propósito evangelístico e edificador do culto na vida espiritual do crente (1Co 14.23-25), pois exibiam vaidosamente seus dotes espirituais, provocando balburdia e dissensões (1Co 14.27-30).
CONCLUSÃO
A Bíblia recomenda que todos, pelo Espírito Santo, falem em línguas e profetizem (1Co 14.5), mas que também exerçam os dons espirituais com sabedoria, ordem e decência (1Co 14.26-33,37-40), afim de que o nome do Senhor seja glorificado (1Co 14.25), o incrédulo seja convertido (1Co 14.22-25) e a igreja edificada (1Co 14.26).
Expressão-chave: Frase principal da qual todas as outras
dependem.
Malfazejo: Fazer mal, causar dano.
Profano: Que não é religioso ou sagrado.
ANDRADE, C. C. Manual do Superintendente da Escola Dominical. RJ: CPAD, 2000.
1. O que é liturgia?
R. O conjunto dos elementos que compõem o culto cristão.
2. Quais as principais partes do culto cristão?
R. Oração; cânticos; exposição da Palavra de Deus; ofertas; bênção apostólica.
3. Depois do Pentecostes a experiência pentecostal repetiu-se em quais ocasiões?
R. Samaria; na vida de Paulo; na casa de Cornélio; em Éfeso.
4. Como era o culto na igreja de Corinto?
R. Era uma reunião pentecostal.
5. Cite quatro elementos que provocam desordem no culto?
R. Dissensões, carnalidade, intemperança e ignorância concernente os dons espirituais.
Subsídio Doutrinário
“Direção do Culto
Todos sabemos que o culto divino deve ser orientado pelo Espírito Santo, e consideraríamos uma temeridade se houvesse nestes escritos a pretensão de tomar para o homem prerrogativas que são exclusivas do Senhor. Cabe-nos, no entanto, dizer que o Espírito de Deus usa, para todos os atos que se praticam na igreja, o homem que se coloca à sua disposição. É maravilhoso notar que somos instrumentos do Espírito, e é do agrado do Senhor que seus servos estejam devidamente informados sobre qualquer procedimento nas atividades que a cada um têm sido conferidas.
A direção de um culto, cabe prioritariamente ao Espírito Santo, mas a participação humana é indispensável. O elemento humano na direção de um culto a Deus precisa estar primeiramente em sintonia com o Espírito Santo.
Dirigir um culto requer muita responsabilidade, porque, neste ato, se está trabalhando com matéria prima do Céu, alimento do Céu, que se distribui com os famintos espirituais. A meta de quem dirige um culto nunca pode ser a de cumprir um anseio humano nem de encontrar uma oportunidade para expor os frutos do eu e da vaidade, mas, sim, fazer tudo para glorificar o nome do Senhor” (OLIVEIRA, T. R. Manual de cerimônias. 22.ed., RJ: CPAD, 2005, pp.16-7).