Título: As verdades centrais da Fé Cristã
Comentarista: Claudionor Corrêa de Andrade
Lição 8: O pecado, a transgressão da Lei Divina
Data: 19 de Novembro de 2006
“Qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade, porque o pecado é iniqüidade” (1 Jo 3.4).
Só existe um antídoto eficaz contra o pecado: o sangue de Cristo Jesus derramado na cruz do Calvário.
Segunda - 1 Jo 3.8
O Diabo peca desde o princípio.
Terça - Tg 1.15
O pecado gera a morte.
Quarta - 1 Co 15.56
O aguilhão da morte é o pecado.
Quinta - Rm 6.23
O salário do pecado é a morte.
Sexta - Rm 6.14
O pecado não terá domínio sobre os que estão sob a graça.
Sábado - Jo 16.8
Somente o Espírito Santo pode convencer-nos do pecado.
1 João 3.1-7.
1 - Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a ele.
2 - Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.
3 - E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.
4 - Qualquer que comete o pecado também comete iniqüidade, porque o pecado é iniqüidade.
5 - E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado.
6 - Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.
7 - Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo.
Professor, a doutrina do pecado encontra-se claramente exposta em toda a Bíblia. O pecado não é apenas um coadjuvante na história da vida humana, mas, uma de suas personagens principais. A Bíblia, em nenhuma hipótese, lhe nega a força, a sutileza tentadora que, no interior do homem é uma inclinação para o mal, e no exterior, uma sedução para a prática das concupiscências da carne. Trata-se de uma luta renhida entre a carne e o Espírito: de um lado, a consciência e o dever de fazer o bem; de outro, a convicção de que o mal está sempre presente (Rm 7.21; Gl 5.17). O apóstolo Paulo foi incisivo ao tentar descrever esta angustiante batalha: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24).
Leia com seus alunos, Romanos 8.1-29, para que eles possam compreender o final glorioso desse drama encenado pelo homem, o pecado, o amor e a graça de Cristo.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
A doutrina do pecado, chamada de Hamartiologia, se ocupa do estudo da origem, natureza e universalidade do pecado, conforme as Escrituras. O termo procede de duas palavras gregas: hamartia , traduzida por “pecado”, em At 3.19 e 1Co 15.17, e logia , que significa em At 7.38 e Rm 3.2, “palavra”, “oráculo” ou “declaração”. Em sua origem, o pecado manifestou-se na criatura moral celeste, conforme Ez 28.1-19; Is 14.12-15; Jo 8.44; 1Jo 3.8,12. Mais tarde, Adão, como representante da raça humana, também sucumbiu diante do pecado, sujeitando todos os seus descendentes aos aguilhões do mal moral; tornando-o, portanto, universal a todas criaturas racionais, e afetando até mesmo a criação (Gn 3; Sl 14; Rm 1.18-32; 3.23; 5.12-21; Rm 8.20-23). A natureza do pecado é descrita mediante diversos vocábulos hebraicos e gregos designados pelas Escrituras: hattā’â — pecado; errar o alvo (Gn 4.7); pesha‘ — revolta contra o padrão; transgredir (Gn 50.17); anomia — pecado; sem lei (Rm 6.19); asebeia — impiedade; falta de reverência (Rm 1.18).
Professor, a Bíblia usa diversas palavras para descrever a natureza do pecado. Tanto no hebraico quanto no grego, os vocábulos são usados em textos que revelam a sutileza e a variedade de atos considerados pecados pela Escritura. O emprego de vários termos para descrever o pecado e a natureza do mesmo, revela não apenas a multiplicidade de pecados existentes, mas também a universalidade deles, pois mesmo àqueles que se consideram moral ou socialmente bons, cometem outros tipos de pecados, às vezes, tolerado pela sociedade, mas condenados pela Escritura. Portanto, usaremos como recurso para esta lição, uma tabela com alguns termos hebraicos e gregos que descrevem a natureza do pecado. Esta tabela pode ser usada no tópico I, subtópico 3: “Definição bíblica”.
INTRODUÇÃO
“O pecado não é um brinquedo — é um tirano”. A afirmação de J. Blanchard, além de explicitar a natureza do pecado, adverte-nos severamente: embora o pecado seja considerado um mero folguedo pelos que zombam de Deus e de sua Palavra, pode lançar-nos no inferno se não o vencermos pelo sangue de Cristo.
Nesta lição, estudaremos a doutrina do pecado: origem, natureza, conseqüências. Mostraremos ainda que, apesar de seu império, curva-se ele ante o sacrifício do Calvário.
I. O QUE É O PECADO
1. Definição etimológica. Tanto em hebraico como no grego, a palavra pecado traz esta conotação: errar o alvo. Veio o Todo-Poderoso e ordenou ao homem: “Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda” (Is 30.21). Mas o ser humano, ao desprezar a recomendação divina, pôs-se a trilhar a senda da rebelião, errando assim o alvo que lhe propusera o Criador: servi-lo na beleza de sua santidade.
2. Definição teológica. O pecado pode ser definido, teologicamente, como a transgressão deliberada e voluntária das leis estabelecidas por Deus.
3. Definição bíblica. Em 1 João 3.4, temos uma definição, embora pequena, essencial e completa: “O pecado é iniqüidade”.
II. A POSSIBILIDADE DO PECADO
1. O pecado de Satanás. Em 1 João 3.8, escreve João que o Diabo peca desde o início; ele jamais se firmou na verdade (Jo 8.44). Dotado de livre-arbítrio, o mais excelso e maravilhoso dos anjos, conhecido também como querubim ungido, envaideceu-se até que, em si, foi achada iniqüidade (Ez 28.15). Seu pecado é conhecido também como a “condenação do diabo” (1 Tm 3.6).
2. O livre-arbítrio do homem. Dotado de livre-arbítrio e menosprezando a recomendação divina, o homem apostatou-se contra o seu Criador, pensando que, assim, seria tão sábio e perfeito quando Deus. Todavia, ao invés da onisciência, veio a adquirir uma consciência culpada e envergonhada pelo pecado (Gn 3.9-11).
3. A tentação. Foram nossos primeiros genitores tentados pela concupiscência dos olhos, pela concupiscência da carne e pela soberba da vida (1Jo 2.16). Eva, vendo que o fruto da árvore era bom para se comer (concupiscência da carne), agradável aos olhos (concupiscência dos olhos) e desejável para dar entendimento (soberba da vida), o tomou, o comeu e ainda ofereceu ao seu marido (Gn 3.6). O ciclo da queda estava completo. O que era tentação torna-se, agora, transgressão da Lei de Deus.
4. O agente tentador. Por que Satanás tentou Adão e Eva? Por devotar-lhes intenso e implacável ódio. Assevera o Senhor Jesus que o Diabo é homicida desde o princípio (Jo 8.44). Tivera ele permissão, mataria o homem ali mesmo, no Éden. Como não pôde fazê-lo, induziu Adão a revoltar-se contra o Senhor. Nesta sanha, não mediu esforços para arruinar nossos pais. Usando a serpente para levar Eva ao pecado (2Co 11.3), ato contínuo, induziu a esta a instigar o homem à rebelião contra o Criador (1Tm 2.14). Leia com atenção Gênesis 3.
III. A UNIVERSALIDADE DO PECADO
1. Os gentios. Paulo enfoca a universalidade do pecado no mundo greco-romano, garantindo que a mais brilhante civilização da história era, na verdade, uma abominação contra o Senhor (Rm 1.23-27).
2. Os judeus. Em seguida, o apóstolo trata da apostasia dos judeus, mostrando estarem eles tão comprometidos com o pecado quanto os gentios (Rm 2.17-23).
3. A universalidade do pecado. No capítulo três, o apóstolo é obrigado a concluir: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Por conseguinte, não há nação, por mais adiantada ou por mais atrasada, que não possua uma clara noção de pecado.
IV. AS CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO
Vejamos, pois, as conseqüências do pecado.
1. No homem. Colocado por Deus no Éden para que o lavrasse, o homem não pode considerar o trabalho como se fora uma maldição. Devido ao pecado, porém, tornar-se-lhe-ia o trabalho mui penoso (Gn 3.17-19).
2. Na mulher. Por causa de sua desobediência, a mulher muito sofreria em sua mais sublime missão: dar à luz filhos (Gn 3.16).
3. Na natureza. Não fora o pecado, a natureza seria harmônica e benfazeja em todos os sentidos. Assevera Paulo que a criação geme em conseqüência da transgressão adâmica (Rm 8.20-22).
4. No relacionamento com Deus. Em conseqüência do pecado, foi o homem expulso do Éden e perdeu a comunhão que desfrutava com o Senhor (Is 59.2). Sem Cristo, não passamos de filhos da ira (Ef 2.3).
5. O salário do pecado é a morte. Além de causar a morte espiritual, o pecado leva à morte física (Gn 2.17; Rm 6.23); e caso persista o homem em seus delitos, haverá de experimentar a segunda morte: o lago de fogo (Ap 21.8).
CONCLUSÃO
Na Bíblia, encontramos não poucos exemplos de homens que conheciam a Deus e com Ele andavam. No entanto, por falta de vigilância, acabaram por pecar contra o Senhor. Haja vista Davi. Tais exemplos nulificam o que João escreveu? De forma alguma. O que o apóstolo procura mostrar é que, na vida de quem ama a Deus, o pecado não é um hábito; é um lamentável e triste acidente. O versículo 6 poderia ser também assim traduzido: “O que nEle permanece, não vive na prática do pecado”.
Antídoto: Medicamento usado para frustrar a ação de um
veneno.
Asseverar: Afirmar com certeza, segurança; assegurar; dar como
certo; certificar; atestar.
Benfazejo: Que faz o bem; caritativo.
Hipótese: Suposição, conjetura; Suposição duvidosa, mas não
improvável, relativa a fenômenos naturais, pela qual se antecipa um
conhecimento, e que poderá ser posteriormente confirmada direta ou
indiretamente.
Nulificar: Anular; tornar nulo; invalidar.
Sanha: Ira, ódio, rancor, fúria.
LEITE FILHO, T. G. O homem em três tempos. RJ: CPAD, 1997.
BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. RJ: CPAD, 2005.
HORTON, S. M. Teologia Sistemática:
uma perspectiva pentecostal. RJ: CPAD, 1996.
OLIVEIRA, R. As grandes doutrinas da Bíblia. RJ: CPAD, 2003.
1. O que é o pecado de acordo com 1 Jo 3.4?
R. O pecado é iniqüidade.
2. Quais os três tipos de pecados mencionados em 1 Jo 2.16?
R. Concupiscência da carne, dos olhos e soberba da vida.
3. O que você entende por universalidade do pecado?
R. Que todos os homens são pecadores.
4. Quais as conseqüências do pecado?
R. Morte, trabalho penoso, multiplicação da dor no parto, etc.
5. Quem foi o agente tentador no Éden?
R. Satanás.
Subsídio Teológico
“Classes de Pecado
Diante do perdão de Deus, não podemos dizer que os pecados estão divididos em classes. No entanto, para nossa própria compreensão deles, podemos admitir que, assim como todos os edifícios e casas não são do mesmo tamanho, assim também os nossos pecados são de diferentes tipos.
1. Pecados de debilidade e de presunção. Pecados de debilidade são aqueles que têm a atenuante de serem produtos da precipitação no juízo, ou de pouca energia na vontade, apesar de revelarem corrupção e desordem. Os de presunção são os que resultam da premeditação e de uma vontade a serviço da injustiça (Sl 19.12,13; Is 5.18; Ml 7.2,3; Gl 3.1; Ef 4.14).
2. Pecados de comissão e de omissão. É comum a pessoa se preocupar mais em não fazer o mal do que em fazer o bem. No entanto, para Deus os dois pecados têm a mesma implicação. Observemos, no entanto, que, enquanto no Decálogo a maior parte das proibições começa com um não, no Novo Testamento a ênfase é a de fazer o bem: Jo 13.34,35; 15.17. Em Mateus 25.41-46, no grande julgamento, são mencionados cinco pecados de omissão.
3. Pecados sociais. O pecado é a infidelidade no cumprimento de nossas responsabilidades diante de Deus, e uma das que as Escrituras apresentam é a que se refere à prática da justiça e retidão entre os homens: Gn 39.9; Dt 24.15; 2 Rs 18.14; Êx 23.7. Também os profetas denunciavam a falta de justiça e a opressão que havia entre o povo, que significavam rebelião contra Deus.
4. Pecados contra o Espírito Santo. Em Mateus 12.32 e Lucas 12.10, temos referências ao pecado contra o Espírito Santo. É imperdoável porque não significa apenas falar contra o Espírito Santo (Hb 6.4-6; 10.26-29), mas também atribuir maliciosamente a poderes malignos o que é realizado pelo poder do Espírito Santo. É uma obstinada resistência à clara manifestação do Espírito da graça”.
(LEITE FILHO, T. G. O homem em três tempos. 3.ed., RJ: CPAD, 1997, p.114-5.)