Título: A Igreja e a sua missão
Comentarista: Elienai Cabral
Lição 7: A missão ética da Igreja
Data: 18 de Fevereiro de 2007
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos nem à igreja de Deus” (1 Co 10.32).
O comportamento ético da Igreja perante o mundo deve ser um referencial de conduta para todas as instituições humanas existentes.
Segunda - Mt 5.20
O cristão e a justiça
Terça - Mt 5.21-30
A moralidade é tanto interna como externa
Quarta - Mt 7.1-5
O cristão e a ética no julgamento
Quinta - Mt 5.17-21
A ética cristã e os Dez Mandamentos
Sexta - Êx 21.12-16; 1 Sm 2.6
A ética cristã frente às questões da vida física
Sábado - Rm 13.1-7
A ética cristã e a política
Mateus 5.13-16,20; Lucas 14.34,35; 17.20,21.
Mateus 5
13 - Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
14 - Vós sois a luz do mundo: não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15 - Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos os que estão na casa.
16 - Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
20 - Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.
Lucas 14
34 - Bom é o sal, mas, se ele degenerar, com que se adubará?
35 - Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça.
Lucas 17
20 - E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes e disse: O Reino de Deus não vem com aparência exterior.
21 - Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós.
Certo professor, que se preocupava mais com as palavras do que com os seus atos, ministrava com toda a verbosidade que sua cultura e preparo possibilitava. No entanto, percebeu que um aluno, impaciente, aguardava uma oportunidade para interrogá-lo. Assim que o professor encerrou o tópico, o educando afirmou sem qualquer rodeio: "Professor, o que fazes não permite que eu ouça o que dizes!". Fictício ou não, o professor é responsável diante de seus aprendizes não apenas pelo que fala, mas também pelos seus atos.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, nesta lição, use como recurso didático uma técnica chamada de Pensamento Radiante. A proposta desta dinâmica é que os alunos criem idéias relativas à lição. Divida a classe em equipes, não mais do que três pessoas por grupo. Distribua a cada equipe uma folha de papel ofício duplo (ou equivalente) com a seguinte frase no centro: "A Missão Ética da Igreja". Instrua os alunos a fazerem um círculo no centro do papel onde já consta o título da lição. Do círculo central, devem desenhar 6 linhas em sentido vertical e, em cada uma delas, escrever uma palavra relacionada ao tema proposto. Das 6 palavras, escolherão uma e farão o mesmo, isto é, mais 6 linhas com palavras correspondentes. Na conclusão da atividade, ter-se-ão várias idéias referentes ao tema geral.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Ética: E a ciência que trata da conduta humana, dos direitos e deveres do homem na sociedade em que vive.
Nesta lição, estaremos estudando acerca da missão ética da Igreja consoante ao Estado, à família, e à própria comunidade cristã. De modo geral, a ética relaciona-se aos costumes ou práticas sociais de um povo. Na Igreja, a ética consiste nos conceitos que determinam o certo e o errado, de acordo com as Escrituras. A ética cristã tem por finalidade moldar a vida do crente dentro dos princípios que levam a um viver pleno de virtudes, valores morais e espirituais, segundo as Escrituras e a ação do Espírito Santo em nosso ser (2 Co 3.17,18; Gl 5.22,23).
I. A BASE ÉTICA DA IGREJA
A ética da Igreja baseia-se no caráter de Deus, segundo o que está revelado na Bíblia. No Antigo Testamento, estão os princípios divinos que norteiam o comportamento humano. Jesus confrontou o legalismo hipócrita dos escribas e fariseus quanto à Lei, a espiritualidade e a vida material. Ele objetivava destacar as normas éticas e morais do Antigo Testamento sob uma nova perspectiva, que é a continuação da revelação divina através do Novo Testamento.
1. Deus é um Ser pessoal e ético. A ética perfeita é inerente ao caráter de Deus. Ele não precisa, nem depende de regras, pois é a fonte da ética. Os vários nomes de Deus, expressos na Bíblia, revelam que o Altíssimo é perfeito em santidade por si mesmo. No princípio da criação, Ele se revelou como o Deus Criador, que existe por si mesmo, de eternidade em eternidade (Sl 90.2).
Quando chamou a Abrão de Ur dos Caldeus, o Senhor se revelou de modo muito pessoal. A Moisés, Ele se revelou como Jeová, o Deus Eterno e Todo-Poderoso. Deus não está limitado à dimensão física como o homem. Na Bíblia, nos deparamos com expressões referentes ao Eterno que identificam seu caráter ético, por exemplo: "maus aos olhos de Deus" (Gn 38.7,10; Dt 6.18; 1Cr 2.3). Isso indica que o Senhor estava consciente das ações morais dos homens.
2. Atributos morais de Deus. São qualidades morais que revelam o caráter ético de Deus, tais como justiça, retidão, perfeição, santidade, misericórdia e amor. Sua justiça é um atributo moral que revela seu perfeito julgamento. A Igreja de Cristo apregoa a justiça, segundo a justiça de Deus, que se manifestou em Cristo, o qual cumpriu toda a justiça (Rm 1.17). Por isso, Cristo se tornou da parte de Deus sabedoria, justiça, santificação e redenção (1Co 1.30). A misericórdia de Deus é a expressão da sua justiça (Êx 34.6,7; Sl 145.8). Finalmente, aludimos ao infinito e eterno amor de Deus revelado à obra-prima da sua criação, o homem (Jr 31.3; 1Co 13.1-7).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A ética cristã está fundamentada na ética do Antigo e Novo Testamento, no caráter e nos santos atributos de Deus. O Senhor é o fundamento e princípio de toda justiça e verdade.
II. A DEMONSTRAÇÃO DA ÉTICA BÍBLICA PELA IGREJA
Nenhum sistema ético do mundo, mesmo o mais depurado, assemelha-se ao sistema que Jesus implantou, pois trata-se da ética como elemento do Reino dos céus, como vemos no Sermão da Montanha (Mt 5-7; Mc 1.15; 4.11).
1. Características do Reino de Deus (Mt 10.7). Não se trata de um reino físico ou político, mas de um reino espiritual, a saber, o predomínio de Deus sobre um povo por Ele redimido (Rm 14.17; 1 Co 4.20; 2 Ts 1.5). É o povo genuinamente cristão, remido por Cristo, que aceita as condições do reino de Deus e se esforça por viver em obediência à sua vontade. É, também, um reino invisível. Jesus declarou que o seu reino não se pode ver fisicamente, porque não vem com aparência exterior. O reino que Ele estava implantando situava-se a partir do coração dos seus discípulos (Lc 17.20,21). É um reino que se manifesta no ser humano, de dentro para fora. Por isso, as ações do homem salvo por Cristo são a expressão do Reino de Deus na sua presente manifestação através da Igreja de Cristo.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O Reino de Deus não é físico ou político, mas espiritual, invisível e interno no coração do homem.
III. A ÉTICA DA IGREJA EXEMPLIFICADA POR JESUS
1. A figura do sal (Mt 5.13; Lc 14.34,35). Jesus empregou muitas vezes a linguagem dos fatos cotidianos de sua época, quando ensinava as verdades morais e espirituais aos seus ouvintes. A figura do sal fala de preservação, gosto, sabor, equilíbrio e influência. A ética ilustrada pelo sal é, na verdade, a ética da pureza do comportamento cristão. O cristão deve ser santo em todas as formas de proceder, em meio a um mundo corrompido (1Pe 1.15,16). Num mundo sob o domínio do pecado, que perverte, degrada e destrói o ser humano, o cristão existe para dar testemunho da luz, que é Deus em sua vida, e evitar a deterioração total deste. No plano individual o crente deve, pelo poder do Espírito Santo, viver uma vida pura, sempre evitando o pecado, para assim influenciar positivamente as pessoas ao seu redor (Jo 17.11-13).
2. A figura da luz (Mt 5.14-16; Ef 5.8). Temos irradiado luz do céu para as pessoas ao nosso redor? A metáfora da luz fala da santidade de vida do crente perante o mundo. Nossa luz deve refletir o conteúdo do evangelho como testemunho para o mundo (2 Co 4.6), pois somos chamados "filhos da luz" (1Ts 5.5). Nossa luz não deve ficar escondida, mas deve estar sempre à vista, em lugar alto (Mt 5.15), com nossa vida e nossas obras testemunhando de Jesus (Mt 5.16). Palavras, atitudes, relacionamentos, e todo o nosso modo de viver na igreja, no emprego, no lar, devem refletir a luz que temos de Deus e projetar nossa ética comportamental.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A ética cristã foi exemplificada por Jesus mediante o emprego de dois elementos cotidianos: o sal e a luz. O sal ilustra o comportamento cristão, enquanto a luz, o testemunho do crente perante o mundo.
CONCLUSÃO
A Igreja de Cristo na Terra deve expressar, no seu comportamento, a ética que Cristo viveu e ensinou em relação à vida particular, à família, ao uso do dinheiro, às responsabilidades civis e ao comportamento social.
Aludir: Fazer alusão; referir-se; mencionar.
Deterioração: Ato ou efeito de deteriorar(-se); dano, ruína,
degeneração.
Metáfora: Figura que muda o sentido literal para o figurado.
COLSON, C.; PEARCEY, N. O cristão na cultura de hoje. RJ: CPAD,
2006.
HOLMES, A. F. Ética: as decisões morais à luz da Bíblia. RJ:
CPAD, 2000.
PALMER, M. D. (ed.). Panorama do pensamento cristão. RJ: CPAD,
2001.
PEARCEY, N. A verdade absoluta. RJ: CPAD, 2006.
1. O que revelam os nomes de Deus expressos na Bíblia?
R. O que Deus é por si mesmo.
2. O que são os atributos morais de Deus?
R. São suas qualidades morais que demonstram o seu caráter ético.
3. Quais as duas características do Reino de Deus?
R. Espiritual e invisível.
4. O que representa a ética ilustrada pelo "sal"?
R. A ética do comportamento cristão.
5. O que representa a metáfora da luz?
R. O testemunho cristão perante o mundo.
Subsídio Teológico
“Aceitando o Desafio
Os indivíduos não só devem tomar a decisão de ter uma fé ativa, mas a Igreja, como corpo coletivo, tem de tomar esta mesma decisão. Quando o programa de trabalho é estabelecido pela cultura popular prevalecente, a Igreja não tem a influência que deveria ter. A Igreja é a Igreja e não a cultura popular. Sua praxis deve permanecer fiel ao seu caráter.
A igreja permanece fiel ao seu caráter ao preservar sua distinguibilidade. Ela não faz nenhum favor à sociedade adaptando-se à cultura popular prevalecente, porque falha em sua tarefa justamente no ponto em que deixa de ser ela mesma. Como Hauerwas argumenta com exatidão: ‘A Igreja não tem uma ética social, mas é uma ética social, [...] na medida em que é uma comunidade que pode ser claramente distinta do mundo. Pois o mundo não é uma comunidade e não tem tal história, visto que está baseado na pressuposição de que os seres humanos, e não Deus, governam a história’.
Quando a Igreja adota uma ética moral formada pela cultura popular prevalecente, está negando sua natureza. Antes, a Igreja tem de expressar a ética social que já encarna; tem de transmitir a história de Cristo, uma história que continuamente causa impacto nas relações sociais dos seres humanos.
A igreja deve ser ela mesma pelo bem da humanidade. É o papel da Igreja servir e transformar a sociedade e suas instituições. Para realizar esta tarefa, a igreja deve ser a Igreja e não se assimilar com a cultura popular prevalecente. Só um Cristianismo que não se envergonha de ser ele mesmo pode fazer isto”.
(JOHNS, C. B.; WHITE, V. W. A ética de ser: caráter, comunidade, praxis. In: PALMER, M. D. (ed.) Panorama do pensamento cristão. RJ: CPAD, 2001, p.314).
Não devemos desassociar o que somos do que fazemos. Entretanto, não é o que faço que determina o que sou, mas o que sou define o que faço. Jesus disse que o fruto revela a natureza da árvore (Mt 12.33). Portanto, a essência de uma pessoa é conhecida pelas suas obras (Lc 6.44; Pv 20.11). Logo, estar ou ser cristão envolve uma conduta condizente com as palavras que ensinamos e cremos. Ética e discurso são dimensões indissociáveis da vida cristã. A conduta exemplar do cristão em seu relacionamento eclesiástico, doméstico, social e profissional fala mais alto do que um extenso sermão domingueiro. O que dizemos precisa ser confirmado pelo que fazemos. Somente assim seremos imitadores de Cristo. O crente não chega à maturidade cristã enquanto não for capaz de imitar a Jesus em seus atos e palavras. Precisamos estar sempre com um pé no Sinai e outro no monte das Oliveiras, para que sintamos a seriedade com que Deus escreveu os Dez Mandamentos e, Cristo, o Sermão da Montanha.