Título: A Igreja e a sua missão
Comentarista: Elienai Cabral
Lição 9: Aconselhamento cristão - A missão auxiliadora a Igreja
Data: 04 de Março de 2007
“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria” (Cl 3.16 - ARA).
O aconselhamento cristão, feito com sabedoria, é indispensável ao ministério da igreja local, a despeito de ser também um mandamento bíblico.
Segunda - Is 9.6
Jesus, Maravilhoso Conselheiro
Terça - Jo 14.16,26
O Espírito Santo, Conselheiro sempre presente
Quarta - Hb 3.13
O aconselhamento cristão deve ser mútuo e diário
Quinta - 1 Ts 5.11
Exortação e edificação mútua no aconselhamento cristão
Sexta - Rm 15.14
Bondade e conhecimento no aconselhamento cristão
Sábado - Tg 5.16
A oração da fé também sara a alma ferida
Colossenses 3.12-17.
12 - Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade,
13 - suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.
14 - E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição.
15 - E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos.
16 - A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração.
17 - E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.
Nunca a sociedade buscou tanto a ajuda de psicólogos, psicoterapeutas e psiquiatras, pois o nosso século trouxe problemas com os quais o homem ainda não aprendeu a lidar. Uma prova disso são os livros de auto-ajuda, que há um bom tempo figuram entre os mais vendidos. Os crentes também sofrem deste “mal do século” e, talvez, o trabalho de aconselhamento hoje seja um dos mais fundamentais para o fortalecimento da comunidade cristã. Muitas igrejas ainda encontram-se completamente despreparadas para tratar das pessoas com problemas sociais graves. Portanto, este é o momento em que a igreja deve se preparar na área do aconselhamento, porque muitos de seus membros têm se perdido por falta de direção e orientação bíblica.
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, Jesus é o nosso melhor referencial como conselheiro. A Bíblia o chama de Maravilhoso Conselheiro (Is 9.6) e, como tal, o ministério de aconselhamento de Jesus abrangeu todas as características abordadas nesta lição: admoestar, exortar, redargüir e repreender. Após o tópico I, apresente aos alunos o gráfico ilustrativo abaixo, a fim de confirmar o ministério do Maravilhoso Conselheiro.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Aconselhamento: Assistência destinada à solução de alguns problemas de ordem emocional, social ou espiritual.
O aconselhamento cristão é um preceito bíblico que tem como propósito ajudar e edificar os membros do Corpo de Cristo. É por meio do aconselhamento aplicado às igrejas e pela ministração mútua entre os cristãos, que somos admoestados a permanecer firmes na fé até a volta de nosso Senhor Jesus Cristo: “admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia” (Hb 10.25).
I. O ACONSELHAMENTO ESPIRITUAL
O Novo Testamento emprega diversas palavras que descrevem e definem a prática do aconselhamento espiritual. Vejamos:
1. Admoestar (v.16). A palavra “admoestar” significa aconselhar, advertir. Embora nesse texto ela apareça associada ao ensino, há muita diferença entre admoestar e ensinar. “Ensinar” ( didachē ) diz respeito ao ensino metódico das doutrinas bíblicas, enquanto que “admoestar” ( noutheteō ), refere-se aos conselhos, observações, exortações e advertências concernentes ao comportamento e à prática de vida do cristão. Enquanto o ensino visa ao intelecto, a admoestação objetiva os sentimentos e a vontade. É por isso que a Bíblia orienta-nos a cuidarmos uns dos outros, ensinando, instruindo e aconselhando com base nas Sagradas Escrituras (Rm 14.1-23; 15.1,2; Cl 6.1,2).
2. Exortar. Dentre os dons espirituais concedidos por Deus à igreja está o de exortar, no sentido de encorajar e fortalecer a vida espiritual dos crentes (Rm 12.8). O apóstolo Paulo certamente tinha esse dom, conforme Romanos 12.1 a 15.19.
A palavra “exortar”, como aparece no Novo Testamento, significa “encorajar”, “consolar”, “conclamar”. A exortação como aconselhamento, segundo trata essa lição, deve ser exercida por todos os crentes na igreja: “Exortai-vos uns aos outros todos os dias” (Hb 3.13; 1 Ts 5.11). Exortar, aqui, não quer dizer “censurar”, “repreender”, “ofender”, “magoar”, “machucar”, mas “confortar”, “encorajar”, “animar”. O termo original tem a mesma procedência do título e função do Espírito Santo, “o Consolador” ( Parákletōs ) (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7). Portanto, exortar é biblicamente uma prática da igreja cristã, mediante a qual os crentes são encorajados, consolados e exortados mutuamente a permanecerem fiéis ao Senhor Jesus Cristo (At 11.23; 2 Pe 1.12; 1 Ts 2.3; 3.2).
3. Repreender. Esta palavra aparece em 2 Timóteo 4.2, com o sentido de “censurar ou desaprovar uma ação repreensível”. No Antigo Testamento, o povo judeu é instado a “repreender o seu próximo”, a fim de mostrar-lhe o erro, e impedi-lo que continue pecando (Lv 19.17). Repreender um irmão com amor, prudência, e no momento oportuno, revela o desejo de vê-lo progredindo na fé, pois não sendo observado e confrontado pelo pecado cometido, poderá ser motivado a continuar pecando (Mt 18.15-17; 1 Co 5.1,2). Segundo o texto de 2 Timóteo 4.2, “redargüir”, “repreender” e “exortar” são pontos ou itens distintos no aconselhamento cristão. Vejamos:
a) Redargüir é falar, com determinada pessoa, a respeito de seu erro ou estado espiritual, até que fique convicta de sua situação, mesmo que não mude sua condição repreensível.
b) Repreender é censurar ou admoestar de forma severa. O faltoso é instado a reconhecer a gravidade de seu pecado e pedir perdão por tê-lo cometido.
c) Exortar é dar uma palavra de encorajamento e ânimo, com o propósito de o exortado continuar servindo ao Senhor Jesus.
Tudo isso deve ser feito com oração, amor e sabedoria de Deus, considerando o outro irmão como conservo na fé e membro do Corpo místico de Cristo (1 Co 12.12-27).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O aconselhamento é percebido no Novo Testamento através de três palavras: admoestar, exortar e repreender.
II. PROPÓSITOS DO ACONSELHAMENTO INTERPESSOAL
1. Para que o crente não seja endurecido pelo pecado (Hb 3.13). O capítulo 3 da Epístola aos Hebreus adverte que a incredulidade leva à dureza de coração (vv.7-10; 4.2), à desobediência (vv.10,16), à rebelião e à apostasia (vv.12-19). Sendo assim, somos orientados a exortar uns aos outros, todos os dias, a fim de não sermos endurecidos pelo pecado. Essa admoestação não é para envergonhar o faltoso, como explica a Palavra de Deus em 1 Coríntios 4.14, mas para adverti-lo “como filho amado”. Portanto, admoestar o crente que insiste na prática do pecado é tarefa de cada membro do Corpo de Cristo (Cl 3.16; Mt 18.15-17). Todavia, em certos casos, é necessário que a igreja local exerça a disciplina para expurgar o erro, e servir de exemplo aos outros (1 Co 5; 2 Tm 2.25,26; Mt 18.15-20).
2. Para que o crente permaneça firme no Senhor (At 11.23). Barnabé, o “Filho da Consolação” ou “Filho da Exortação” (At 4.36), admoestou os crentes de Antioquia a permanecerem fiéis ao Senhor com todo o coração. O mesmo fez o apóstolo Paulo quando enviou o jovem Timóteo à Tessalônica, a fim de fortalecer e encorajar aqueles crentes (1Ts 3.2). Judas, em sua pequena, mas instrutiva epístola, também exortou os santos a batalharem pela fé (v.3; 2Pe 1.12; 3.1). Embora o aconselhamento e a admoestação sejam de responsabilidade primeiramente dos obreiros do Senhor (1Ts 5.12; At 20.31; 1Ts 3.2), todos os crentes fiéis a Deus devem aconselhar e admoestar uns aos outros (1Ts 5.11; Hb 3.13).
3. Para firmar nossa filiação em Cristo (Hb 12.5-11). Segundo o escritor aos Hebreus, a exortação, correção e repreensão do "Maravilhoso Conselheiro" (Is 9.6) são um forte e eficaz testemunho de que somos “filhos de Deus” (vv.5,6). Pois, “que filho há a quem o pai não corrija?” (v.7). Somos corrigidos pelo Senhor para sermos “participantes de sua santidade” (v.10). Lembremos: o “Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho” (v.6).
4. Para reconciliação com o irmão (Mt 18.15-17). “Se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o” (v.15; Mt 5.24). Trata-se, na verdade de uma circunstância que pode ser resolvida com a exortação do ofendido ao ofensor. A dureza de coração deste último não deve impedir que o irmão ofendido continue buscando a reconciliação: “Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois” (v.16). Caso o faltoso mantenha sua posição inicial, a desavença ou ofensa deve ser comunicada à igreja: “E, se não as escutar, dize-o à igreja” (v.17a). Mas, se o transgressor não escutar a igreja, deve ser considerado ”como um gentio e publicano” (v.17b).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Objetivos do aconselhamento: impedir o crente de apostatar-se, ajudá-lo a permanecer firme e reconciliá-lo com seu irmão.
III. IGREJA, UM CORPO AJUSTADO (Ef 4.16)
1. O aconselhamento e a saúde do Corpo de Cristo (1 Co 12.26). A Bíblia enfatiza a unidade do Corpo de Cristo, usando como ilustração a perfeita ligação de todos os órgãos do corpo humano (Ef 4.16). O apóstolo refere-se à igreja como um corpo dinâmico que deve estar bem ajustado e harmonizado para crescer sem distorções. O aconselhamento bíblico interpessoal auxilia no ajuste das partes do corpo — a Igreja. Portanto, cuidar um do outro é também cuidar de si mesmo, pois essa prática promove o equilíbrio espiritual e geral do Corpo de Cristo (1 Co 12.26).
2. Duas dimensões do aconselhamento na igreja. A primeira é vertical, pois tem a finalidade de reconciliar o aconselhado com Deus (2 Co 5.18,19; Ef 2.16; Rm 5.1). Nesta fase, mostramos que os problemas resultam da nossa incapacidade de agir dentro dos princípios de Deus. Na segunda, horizontal, tratamos dos problemas por meio do aconselhamento cristão e bíblico. Abrir o coração e confessar os pecados para alguém devidamente preparado traz solução e bênção (Tg 5.16; Pv 28.13; Sl 32.1-6).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O aconselhamento possui duas dimensões: com Deus e os irmãos.
CONCLUSÃO
Devemos exercer o aconselhamento bíblico interpessoal como uma prática que desenvolve a espiritualidade cristã, a edificação individual e coletiva do Corpo de Cristo — a Igreja.
Expurgar: Limpar-se, corrigir-se, apurar-se.
Interpessoal: Que existe ou se efetua entre duas os mais
pessoas.
ANDRADE, C. Manual do conselheiro cristão. RJ: CPAD, 2006.
1. O que é aconselhamento cristão?
R. É um preceito bíblico que visa ajudar e edificar os membros do Corpo de Cristo.
2. Mencione a diferença entre admoestar e ensinar.
R. Admoestar refere-se aos conselhos, exortações, advertências, etc. Ensinar diz respeito ao ensino metódico das Escrituras.
3. Explique o significado dos termos redargüir, repreender e exortar.
R. Redargüir é falar com determinada pessoa a respeito do seu erro ou estado espiritual; repreender é censurar ou admoestar de forma severa, e, exortar é dar uma palavra de encorajamento e ânimo.
4. Cite os propósitos do aconselhamento interpessoal.
R. Impedir que o crente seja endurecido pelo pecado, auxiliá-lo a permanecer firme e reconciliá-lo com o irmão.
5. Quais são as duas dimensões do aconselhamento na igreja?
R. Vertical, que tem a finalidade de reconciliar o aconselhado com Deus e horizontal, que trata de uma confissão a alguém devidamente preparado.
Subsídio Teológico
“Aconselhamento Bíblico
Quando os pastores, através da Palavra de Deus, dão os conselhos de Deus, eles oferecem algo que ajuda não só espiritualmente, mas também emocional e mentalmente. [...]
Os conselheiros pastorais não podem tirar as aflições da vida das pessoas, mas podem ajudá-las a tirar lições do sofrimento que passam. Ao entenderem a necessidade de serem sensíveis e compassivos, os pastores procuram meios de ajudar as pessoas a crescer através das experiências negativas da vida. [...]
Pessoas precisam de pessoas para encorajá-las na fé. Se os ministros procuram ajudar as pessoas que estão em necessidade, o maior bem que podemos fazer por elas, depois de ouvir e demonstrar compreensão, é apresentá-las a Jesus Cristo.[...]
Pessoas que tenham sofrido experiências abusivas obtêm consolo de nosso Deus compassivo e ajudam outras pessoas que foram abusadas. Através das lembranças, as pessoas se tornam mais sensíveis aos seus semelhantes e os alcançam.[...]
Pessoas são preciosas, qualquer que seja seu pecado ou problema, elas têm valor aos olhos de Deus. Deus as ama e as criou para a sua glória. Nós, do ministério, não podemos deter-nos a examinar o comportamento das pessoas, devemos ver o quanto o Senhor quer ajudar cada indivíduo”.
(COODALL, W. I. O que é aconselhamento bíblico? In: O pastor pentecostal. RJ: CPAD, 2005, pp.562-568).
Dependendo do relacionamento que você, professor, tiver com seus alunos, poderá ser procurado para aconselhá-los. Portanto, tenha em mente alguns princípios bíblicos para fazê-lo: sabedoria (capacidade de saber utilizar o conhecimento de modo eficiente ou de fazer escolhas certas), ética (conjunto de regras de conduta válidas para determinado grupo ou pessoa), empatia (o colocar-se no lugar do outro), vida devocional de oração e Palavra de Deus. Para que você obtenha sucesso nessa área é indispensável os princípios mencionados anteriormente, porquanto como aconselhar alguém sem a sabedoria necessária para ouvir e ministrar a palavra certa, ou sem o compromisso em guardar aquilo que será dito, ou se não houver em você a sensibilidade de sentir o que o outro está sentindo. Além disso, como ministrar aconselhamento se não tivermos uma vida regada de oração e fundamentada na Bíblia, donde procedem os melhores conselhos. Portanto, mesmo que esta não seja sua área de atuação na igreja, em virtude de sua função formadora e educadora, esta lição será imprescindível à sua prática.