Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

3º Trimestre de 2007

 

Título: A busca do caráter cristão

Comentarista: Eliezer de Lira e Silva

 

 

Lição 5: José, um líder piedoso e temente a Deus

Data: 05 de Agosto de 2007

 

TEXTO ÁUREO

 

O alto caminho dos retos é desviar-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua alma(Pv 16.17).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Os passos de um homem bom são guiados pelo Senhor; e sua retidão será retribuída com bênçãos e prosperidade.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda - Pv 19.23

O temor do Senhor conduz à vida

 

 

Terça - Cl 3.12-14

Atributos indispensáveis ao caráter cristão

 

 

Quarta - Fp 4.8

O segredo de uma vida virtuosa

 

 

Quinta - 2Pe 1.5-7

Aspectos do genuíno caráter

 

 

Sexta - Sl 101.6,7

Retidão, um requisito necessário ao servo do Senhor

 

 

Sábado - 2Co 3.18

O caráter cristão transformado reflete a glória do Senhor

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Gênesis 39.7-9; 45.4,5.

 

Gênesis 39

7 - E aconteceu, depois destas coisas, que a mulher de seu senhor pôs os olhos em José e disse: Deita-te comigo.

8 - Porém ele recusou e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe do que há em casa comigo e entregou em minha mão tudo o que tem.

9 - Ninguém há maior do que eu nesta casa, e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto tu és sua mulher, como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus?

 

Gênesis 45

4 - E disse José a seus irmãos: Peço-vos, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então, disse ele: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.

5 - Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque, para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face.

 

INTERAÇÃO

 

Professor, qual elemento da vida de José é mais destacado atualmente? Pense... Isso mesmo, os sonhos (Gn 37.19,20). Fala-se muito dos sonhos de José e da capacidade que temos de realizar os nossos projetos. Porém, para que esses sonhos se concretizassem, José passou por várias vicissitudes. Quem está disposto a passar pelas mesmas agruras? Destaque que José venceu porque foi íntegro e temente a Deus. Vamos aclamar os sonhos de José, mas não nos esqueçamos de buscar a mesma integridade.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Distinguir os termos caráter e reputação.
  • Aplicar os princípios morais de José à sua vida.
  • Aspirar uma vida íntegra.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Assim como Jesus e o apóstolo Paulo ensinaram por meio de uma vida justa, você pode educar seus alunos através de seu exemplo (Jo 13.15; 1 Co 11.1). Seja um modelo de integridade e temor a Deus. Isto é o que se chama de “Educação pelo exemplo”. Algumas teorias de aprendizagem que descrevem modelos culturais na explicação do desenvolvimento humano costumam acentuar o papel do outro na mediação do conhecimento e na educação. Entre essas teorias, destacam-se a ecologia do desenvolvimento humano, de Bronfenbrenner, e a teoria sociocultural, de Vygotsky. Segundo eles, as pessoas aprendem em interação com as outras e com o ambiente em que vivem. Excetuando a natureza pecaminosa, o ambiente em que uma pessoa vive e os modelos de caráter com que se depara podem influenciar positiva ou negativamente o seu caráter. Portanto, seja você mesmo “uma carta conhecida e lida por todos os homens” (2 Co 3.2).

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Palavra Chave

Integridade: Virtude mediante a qual a pessoa e seus atos são irrepreensíveis, íntegros, honestos, incorruptíveis.

 

O testemunho da vida de José nos mostra a possibilidade de o homem manter-se, sob a graça divina, íntegro, independente da idade e das circunstâncias que o envolvam.

No convívio familiar, na casa de Potifar, na prisão, no palácio ou no reencontro com seus irmãos, José sempre evidenciou as virtudes próprias de um caráter forjado pela adversidade e perseverança no Senhor.

 

I. CONTEXTO FAMILIAR

 

1. Jacó, um pai perspicaz. José é descendente de um clã de patriarcas escolhido por Deus para iniciar a linhagem piedosa da qual nasceria o Messias (Gl 3.8,16,18). Jacó, seu pai, foi o terceiro na linha sucessória. Seu amor por Raquel (Gn 29.30) e a vida dissoluta de seus outros filhos (Gn 34.25,26; 35.22; 37.2), motivaram-no a amar mais a José (Gn 37.3; PV 28.7; 13.1). Assim, Jacó acabou incitando nos irmãos de José o ciúme e a ira (Gn 37.4,11,18). Para piorar a situação, o patriarca deu a José uma túnica especial e colocou-o como vigia de seus irmãos (Gn 37.3,14). Exemplo que não deve ser seguido! (ver Pv 3.12; 13.24; 19.18).

2. O caráter dos irmãos de José (Gn 35.23-26). José era o décimo primeiro filho de Jacó e o primeiro de Raquel, sua amada (Gn 49.22). Benjamim era o mais jovem de todos (Gn 49.27). Rubens, o primogênito, era instável, imoral e intempestivo (Gn 35.22; 49.4). Simeão e Levi eram violentos, cruéis e vingativos (Gn 34.25-29; 49.5,7). Porém, uma coisa tinham em comum: todos invejavam José e procuravam ocasião para matá-lo (Gn 37.11,18,20).

Sabemos que o caráter abrange tudo o que pensamos, falamos, fazemos, aprendemos e vivemos. Ele revela nossa completa identidade. Por isso, os pais devem primar pela boa formação de seus filhos, sendo exemplo de dedicação a Deus, amor, fé, oração e apego à Palavra.

 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

 

A família de José estava longe de tornar-se ideal. Havia rixas entre as mulheres de Jacó, invejas, homicídios e impurezas entre os filhos do patriarca.

 

II. A CONSOLIDAÇÃO DO CARÁTER DE JOSÉ

 

1. Integridade na casa dos pais. A família de Jacó passou por diversas crises: a) rixas entre as irmãs, Léia e Raquel (Gn 29.33; 30.1,8); b) injustiças (Gn 31.41) e intrigas financeiras (Gn 31.1); c) propensão à idolatria (Gn 31.34); d) traição, violência, imoralidade e invejas (Gn 34.25-30; 35.22; 37.11). Diante desse contexto, que tipo de caráter José poderia ter? Entretanto, ele é um exemplo de que é possível, com a graça divina, manter-se puro e íntegro, mesmo convivendo com pessoas de comportamento reprovável (Fp 2.15).

2. Resistindo à tentação na casa de Potifar. Os irmãos de José fizeram com que ele passasse por muitas adversidades: fora jogado numa cisterna vazia em Dota (Gn 37.17-24), vendido como escravo aos ismaelitas (Gn 39.25-28), e revendido a Potifar, comandante da guarda real egípcia (Gn 39.1). Vejamos como José se comportou diante das provações:

a) Um empregado humilde e abnegado. José era servo (Gn 39.1,2) e superintendente dos bens de Potifar (Gn 39.4-6). A Bíblia não diz quanto tempo ele exerceu esta função, mas afirma que Potifar sabia que o Senhor estava com ele e o fazia prosperar em tudo (Gn 39.3). Apesar de ser o agente da prosperidade de Potifar, José não tirou proveito disso. Ao contrário, permaneceu humilde e abnegado (Gn 39.4a).

b) Um servo piedoso e temente a Deus. A integridade e a piedade de José o identificavam como um homem de Deus. Ele era jovem e muito belo (Gn 39.6). Certa ocasião a mulher de Potifar o importunou para que se deitasse com ela (Gn 39.7,10; Pv 4.3-13). Porém, fortalecido pela graça e temor ao Senhor (Pv 14.27; 16.6; Is 8.13), José resistiu bravamente às investidas do Diabo (Gn 39.12; Pv 6.20-35). Ele não transigiu com o pecado, mas diante do mal recuou com determinação e sabedoria. Ali ficaram consignadas a pureza e a santidade do caráter do patriarca. É assim que deve agir todo o crente que sofre a tentação. Como José, o cristão necessita constantemente da graça de Deus para manter-se puro e santo, não se iludindo com os efêmeros e falsos prazeres do pecado, pois o “adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). A Bíblia nos admoesta: “Sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus” (Lv20.7; 1 Pe 1.15,16).

3. No cárcere, interpretando sonhos. Acusado injustamente, José foi preso por seu próprio senhor (Gn 39.20). Na cadeia, não demorou para que conquistasse a confiança do carcereiro-chefe (Gn 39.21,22). Este o colocou como responsável por todos os encarcerados, inclusive, pelos dois eunucos de Faraó, presos por transgredirem suas ordens. Ambos, copeiro e padeiro, tiveram um sonho, e José, por providência divina, deu-lhes a interpretação (Gn 40.9-19). Isso nos mostra que quando se tem um caráter puro e íntegro é possível continuar à disposição de Deus mesmo nas circunstâncias adversas. Do mesmo modo procederam Daniel, na cova dos leões (Dn 6.16-22); Sadraque, Mesaque e Abdenego, na fornalha (Dn 3.25); e Pedro na prisão (At 12.6,7). Todo homem que possui uma mensagem de Deus deve, com disposição e coragem, entregá-la como a recebeu (Jr 23.28-32), mesmo que isso implique prejuízos pessoais.

4. No palácio, aconselhando os poderosos. Ao interpretar o sonho de Faraó, José poderia engrandecer-se. Mas não o fez (Gn 41.39-41). Ele era humilde e soube esperar o tempo de Deus. A confiança no Senhor e o auto-domínio do patriarca estavam sendo provados! Uma pessoa impaciente pediria ao rei a liberdade, um cargo público, ou algum outro tipo de benesse. Entretanto, José foi longânimo, e Deus moveu o coração de Faraó para nomeá-lo como governador do Egito.

Diante de oportunidades atraentes e promissoras, evitemos tomar decisões precipitadas, dando lugar às emoções (Is 28.16). O melhor que temos a fazer é confiar integralmente na vontade soberana do Senhor. Certamente, José se contentaria apenas com sua liberdade, mas Deus fez por ele muito mais do que poderia pedir ou pensar (Ef 3.20).

5. Diante de seus irmãos, no reencontro. O reencontro de José com seus irmãos se deu na época em que ele era o Governador do Egito. Para um homem sem o temor de Deus esse seria o momento ideal para destilar ódio, mágoas e tristezas. Todavia, com a graça de Deus e o poder do Espírito Santo, José rechaçou todos esses sentimentos negativos (Sl 4.4; Ef 4.26), interpretando as vicissitudes sofridas como parte do plano de Deus para sua vida. (Gn 45.7,8; 50.20.21). Naquele reencontro seus irmãos puderam constatar que Deus o havia lapidado totalmente. Lembranças? Certamente havia.

Mas José pode perdoá-los e demonstrar-lhes todo o seu amor, dispondo-se, inclusive, a cuidar deles (Gn 45.1-14). A tendência do homem é revidar o mal que recebe. Todavia, o cristão não pode agir desse jeito! (1 Ts 5.5). Jesus nos ensina a amar nossos inimigos (Lc 6.27).

 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

 

José convivera com os maus hábitos de seus irmãos e com as rixas entre as esposas de seu pai. Porém, manteve-se ilibado na casa de seus pais e durante todo o tempo em que viveu no Egito.

 

CONCLUSÃO

 

Em sua segunda carta, no capítulo 1 e versículos de cinco a sete, Pedro nos instrui acerca do caráter cristão: “Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, a temperança, e à temperança, a paciência, e à paciência, a piedade, e à piedade, o amor fraternal, e ao amor fraternal, a caridade”. Aqui o apóstolo nos ensina a sermos virtuosos, piedosos e bons. Isso é caráter. Coloquemo-nos, pois, diante de Deus para que nos transforme e nos molde segundo sua santa vontade.

 

VOCABULÁRIO

 

Dissoluto: Devasso, corrupto.
Íntegro: Perfeito; reto; inatacável.
Intempestivo: Inoportuno; súbito; imprevisto; falta de domínio próprio.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

LUTZER, E. W. Quem é você para julgar? RJ: CPAD, 2005.

 

EXERCÍCIOS

 

1. Porque Jacó amava mais a José do que a seus outros filhos?

R. Provavelmente pelo seu amor por Raquel (Gn 29.30); e pela vida dissoluta de seus outros filhos (Gn 34.25,26; 35.22; 37.2; Pv 28.7; 13.1).

 

2. O que abrange o caráter?

R. O caráter abrange tudo o que pensamos, falamos, fazemos, aprendemos e vivemos. Ele revela nossa completa identidade.

 

3. Qual exemplo a convivência de José com sua família deixa para o jovem cristão?

R. Deixa-nos o exemplo de que é possível, com a graça divina, manter-se puro e íntegro, mesmo convivendo com pessoas de comportamento reprovável (Fp 2.15).

 

4. Como José se comportou na casa de Potifar?

R. Como um empregado humilde e abnegado, e um servo piedoso e temente a Deus.

 

5. O que os irmãos de José puderam constatar quando ele revelou-se?

R. Puderam constatar que Deus o havia lapidado totalmente.

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO

 

“Integridade e Reputação

Integridade, segundo Cárter, é algo muito específico e requer três etapas: a) discernir o que é certo e o que é errado; b) agir baseado no que foi discernido, mesmo a custo pessoal; e c) dizer abertamente que a ação é feita com base no que a pessoa entendeu sobre o que é certo a partir do que é errado [...]

A palavra integridade é derivada da mesma raiz latina do vocábulo inteireza, isto é, ‘um número inteiro’. O vocábulo transmite o significado de totalidade, completude; somos pessoas inteiras, como números inteiros que não são divididos. E isto inclui a idéia de ‘a serenidade da pessoa que confia no conhecimento de que está vivendo justamente’. Warren Wiersbe graceja: ‘Deus quer fazer números inteiros; Satanás quer fazer frações’.

Há diferença entre caráter (integridade) e reputação. D. L. Moody disse que o caráter é o que o homem é na obscuridade. Infelizmente, nossa geração acha difícil distinguir caráter de reputação; esta é apenas o que parece importar em nossa geração indiferente. Todavia, o caráter é mais importante que a reputação. As pessoas podem prejudicar sua reputação, mas não podem prejudicar o seu caráter. Lemos em Provérbios: ‘A integridade dos retos os guia; mas, aos pérfidos, a sua mesma falsidade os destrói’ (Pv 11.3 - ARA).”.

(LUTZER, E. W. Quem é você para julgar? RJ: CPAD, 2005, p.236-7.)

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

Talvez você seja uma daquelas pessoas que lê as histórias dos heróis da fé e imagina como seria bom tornar-se governador de um grande império, como José. Mas poucas vezes perguntamos a nós mesmos se estaríamos dispostos a viver os mesmos dramas, a enfrentar os mesmos desafios, ou a sentir o mesmo azorrague cortando-nos a alma. A distância que percorremos entre os nossos sonhos e a concretização deles não é tão importante quanto como atravessamos essa senda. Alguns chegam com reputação, mas sem caráter. Outros, com caráter, mas sem reputação. Mas os que são íntegros e fiéis a Deus chegam com ambos. Em qual das três situações você se encontra?

 

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15)