Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

3º Trimestre de 2007

 

Título: A busca do caráter cristão

Comentarista: Eliezer de Lira e Silva

 

 

Lição 8: Paulo, um missionário zeloso e autêntico

Data: 26 de Agosto de 2007

 

TEXTO ÁUREO

 

Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo(2 Co 11.2).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Os crentes, a exemplo do apóstolo Paulo, devem refletir na sociedade em que vivem o perfeito caráter de Cristo.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda - Ef 6.6

Servindo com autenticidade

 

 

Terça - Rm 10.2

O zelo sem entendimento é prejudicial

 

 

Quarta - Sl 69.7-9

Desprezado pelo zelo das coisas de Deus

 

 

Quinta - Sl 51.4

A autenticidade conduz o homem à confissão

 

 

Sexta - 2 Sm 12.7

Ministrando com autenticidade

 

 

Sábado - Jo 2.13-17; 8.46

Cristo - suprema autenticidade e zelo

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

2 Coríntios 11.2-6.

 

2 - Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo.

3 - Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo.

4 - Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis.

5 - Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos.

6 - E, se sou rude na palavra, não o sou, contudo, na ciência; mas já em tudo nos temos feito conhecer totalmente entre vós.

 

INTERAÇÃO

 

Professor, nesta lição, trataremos de um assunto muito oportuno e necessário - autenticidade e zelo como virtudes do cristão moderno. O personagem biografado é o apóstolo Paulo. Portanto, é necessário que você leia uma síntese da vida e obra de Paulo. Explique essas virtudes morais à classe de acordo com o contexto em que aparecem no ensino do apóstolo. Comente com os alunos a importância de sermos autênticos e zelosos diante de uma sociedade que prioriza a hipocrisia e repugna o zelo pelas verdades cristãs.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Sintetizar a biografia do apóstolo Paulo.
  • Descrever as características do zelo paulino.
  • Explicar os termos “zelo” e “autenticidade”.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor, nesta lição, não se esqueça de distinguir os termos autenticidade e zelo. É conveniente também que você relacione essas duas virtudes uma com a outra. Observe a explicação a seguir e reescreva as proposições até que você não tenha nenhuma dúvida a respeito da distinção e relação entre esses dois vocábulos. “Autenticidade é a qualidade daquele que é autêntico, verdadeiro ou fidedigno. O zelo é o ardor com que a pessoa se apega a uma missão ou coisa. Autenticidade diz respeito ao que a pessoa é; enquanto o zelo, às suas inclinações, escolhas e preferências. A primeira refere-se ao ser; a segunda, ao cuidado e apreço com que uma pessoa se dedica a uma causa, ou ao ardor com que defende uma idéia”.

 

COMENTÁRIO

 

introdução

 

Palavra Chave

Zeloso: Virtude mediante a qual o cristão demonstra esmero e apreço pelo que e justo e reto.

 

Paulo foi o apóstolo que mais recebeu revelações acerca das doutrinas cristãs. Seu amor, dedicação e zelo pela obra do Senhor são incontestáveis e admiráveis. O desprendimento desse incansável homem de Deus pela evangelização, resultou no acelerado crescimento da igreja primitiva. Paulo é um excelente exemplo de como Deus pode transformar e aperfeiçoar o caráter daquele que se entrega a Ele, sem reservas (Gl 1.14; Fp 3.4-7; 2 Co 12.9; 2 Tm 1.3).

 

I. BREVE BIOGRAFIA DE PAULO

 

1. Naturalidade. Paulo nasceu em Tarso, na Cilícia, costa sul da atual Turquia (At 9.11; 21.39; 22.3). Era descendente de uma família hebraica tradicional (2 Tm 1.3; Fp 3.5; 2 Co 11.22; Gl 1.14). Seu pai, um diligente fariseu, enviou-o ainda jovem à escola rabínica, a fim de que estudasse “aos pés de Gamaliel” (At 22.3). Embora gozasse da cidadania romana, a família de Paulo mesclava-sé à pomposa cultura greco-romana daqueles dias (Fp 3.5). Mais tarde, o privilégio de ter uma segunda cidadania, foi decisivamente útil ao apóstolo (At 22.26-29).

2. Sua formação e conversão. Paulo fora educado segundo os princípios dos fariseus (Fp 3.5; At 22.3). O farisaísmo era uma seita ligada ao judaísmo que valorizava a obediência à lei e a prática dos ritos judaicos. Paulo era um religioso contumaz! (Fp 3.6) Ele mesmo afirmava que em sua nação, excedia em judaísmo a muitos de sua idade, sendo extremamente zeloso das tradições de seus pais (Gl 1.14).

Em razão desse zelo, o apóstolo, que nessa época chamava-se Saulo, empreendeu uma longa viagem com o intuito de perseguir os discípulos de Jesus (At 9.1,2). Porém, quando ia em direção a Damasco, foi surpreendido pelo próprio Senhor (At 9.3-8). Esse fato marcou o fim de sua paixão religiosa, e deu início ao seu chamado missionário (At 22.4-10; Gl 1.1 3-1 5; Fl 3.7; 1 Tm 1.13,14).

 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

 

Paulo fora ensinado nas tradições mais conservadoras do judaísmo. Possuía dupla cidadania e uma excelente formação intelectual. Embora perseguidor do Cristianismo, converteu-se milagrosamente ao Evangelho.

 

II. O ZELO APOSTÓLICO DE PAULO

 

1. O zelo de Paulo pelo trabalho das mulheres cristãs de Éfeso (1 Tm 2.9-15). Ao contrario do que se pensa, a exortação de Paulo ao comportamento das mulheres da igreja de Éfeso, expressa sua compreensão, simpatia e zelo por elas. Tal atitude deve ser entendida com vistas à cultura, ao local e às circunstâncias envolvidas. Naquela comunidade havia mulheres praticantes de ensinamentos supersticiosos (1 Tm 4.7; 5.11,12; 2 Tm 3.6,7). Por isso, deveriam ser proibidas de ensinar na igreja (1 Tm 2.12).

No judaísmo, as mulheres eram privadas da educação religiosa. Agora, no cristianismo, Paulo recomenda que sejam instruídas na fé (1 Tm 2.11). O apóstolo sempre valorizou o trabalho das mulheres que o auxiliavam no ministério (1 Tm 1.5; Rm 16.1-7,12,15; Fp 4.2,3 ver At 18.18). Esse respeito e zelo por elas, certamente, fundamenta-se no exemplo de algumas abnegadas mulheres do Antigo Testamento: Rute, Abigail, Ester, Débora, entre outras.

2. O zelo de Paulo pela ordem na igreja. Paulo deixara Tito na igreja de Creta para que cuidasse das questões éticas e administrativas da comunidade. A situação era tão grave que o apóstolo precisou escrever uma carta àquele jovem pastor falando da urgente necessidade de se manter a ordem na igreja. Tais instruções são suficientes para equipar qualquer pessoa que pretenda engajar-se no ministério pastoral.

Se os conselhos de Paulo a Tito fossem observados por todas as igrejas, não haveria tantos problemas na condução do rebanho do Senhor. Não haveria tantos escândalos pela má conduta dos que se dizem chamados para o ministério, mas infelizmente, não são qualificados.

Paulo nos assevera, nos versículos 5 a 9 do primeiro capítulo de Tito, que a verdadeira Igreja de Cristo não subsiste sem obreiros irrepreensíveis em todas as áreas da vida.

Segundo sua orientação, Tito deveria ser enérgico com os que perturbavam o bom andamento do trabalho. Os insubordinados e inconsequentes teriam de ser severamente admoestados (Tt 1.10-14).

3. O zelo de Paulo pelos jovens obreiros. Mesmo preso, Paulo nunca deixou de preocupar-se com seus jovens colaboradores. Timóteo é o melhor exemplo (2 Tm 2.1-8,15,16,22,23; 3.14; 4.2,5,6,11; Cl 4.10). Ao saber da situação das igrejas da Ásia, Paulo escreveu-lhe uma segunda carta a fim de orientá-lo quanto à condução do rebanho do Senhor.

Paulo era entusiasta e extremamente zeloso pela obra de Deus. Suas convicções sobre o evangelho eram tão profundas que nem a iminente morte lhe importava diante da grandeza do Reino de Deus.

4. O zelo de Paulo pelas vítimas de um naufrágio (At 27). Não obstante estar preso, Paulo demonstrou profundo amor por todos os que estavam a bordo do navio que naufragara junto à ilha de Malta. Preocupou-se com a sobrevivência e o bem-estar de todos os passageiros e tripulantes. Inclusive, com a alimentação de cada um (At 27.34-36 cf. 1 Co 13.5).

 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

 

Paulo era um apóstolo zeloso e preocupado com os jovens obreiros. Ele zelava pela moral das mulheres cristãs, pela preservação da ordem na igreja e pelas almas perdidas.

 

III. A AUTENTICIDADE DE PAULO

 

1. Autenticidade na conduta. O modo como Paulo dirigiu-se aos tessalonicenses demonstra sua autenticidade de caráter. Sua linguagem e afirmações pessoais denotam a ausência de cobiça, vaidade ou interesses espúrios (1 Ts 2.5,6). A despeito de sua missão apostólica ser um legado divino (Dt 25.4; 1 Co 9.1-14), Paulo nunca quis usufruir dos privilégios que essa função poderia lhe proporcionar (1 Co 9.15-27).

Não encontramos em o Novo Testamento qualquer atitude ou expressão que macule o caráter de Paulo, ou enfraqueça seu vigoroso ministério. Ao contrário, o próprio apóstolo fez questão de apontar suas fraquezas e temores (1 Co 2.1-5; 1 Co 12.7-10). Era autêntico, pois falava do que realmente vivia. Reconhecendo suas limitações, jamais perdeu a autoridade apostólica.

2. Autenticidade nas convicções (Gl 2.7-14). Certa ocasião, o apóstolo Pedro, com receio dos judaizantes (v.12), afastou-se dos cristãos gentios com quem vinha mantendo estreita comunhão (vv.12,13,14). É claro que essa atitude não condizia com o que pensava, pois havia recebido do Senhor uma revelação especial sobre o plano de Deus para os gentios. Isso fez com que Paulo o repreendesse energicamente.

Em nenhum momento o “apóstolo dos gentios” deixou de ser autêntico e obediente ao seu chamado (vv.11,14). Sua atitude demonstrou a integridade e coragem de quem não se omite quando os valores do evangelho são vilipendiados (v.13).

Temos em Paulo um bom exemplo da necessidade de sermos autênticos em todos os nossos relacionamentos. Leia Pv 27.5,6; 28.23 e 2 Pe 3.15,16.

 

SINOPSE DO TÓPICO (III)

 

Paulo foi um cristão autêntico em tudo o que fez, viveu e falou.

 

CONCLUSÃO

 

A Bíblia ensina que as pessoas são mais valiosas que os bens materiais. Por isso, os obreiros devem investir seu tempo e forças no pastoreio do rebanho de Deus. O zelo e a preocupação de Paulo pelos seus companheiros de ministério e pela conversão dos pecadores demonstram-nos o quanto os amava e os valorizava acima da própria vida. Além disso, a vida de Paulo ensina-nos que o comportamento cristão deve estar sempre em sintonia com suas convicções cristãs.

 

VOCABULÁRIO

 

Autêntico: Que se pode dar fé; fidedigno; verdadeiro, real.
Espúrio: Não genuíno; modificado, falsificado; ilegítimo, ilegal.
Inconsequente: Imprudente; aquele que age sem pensar.
Proporcionar: Oferecer-se, apresentar-se; favorecer.
Vilipendiar: Tratar com vilipêndio; ter ou considerar como vil; desprezar; repelir.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

PFEIFFER, C. F. Dicionário bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006.

 

EXERCÍCIOS

 

1. Comente a respeito da família de Paulo.

R. (Livre). Paulo era descendente de uma família hebraica tradicional, e seu pai um fariseu com cidadania romana.

 

2. Descreva a formação e conversão de Paulo.

R. Paulo fora educado aos pés de Gamaliel segundo os princípios dos fariseus. Quando perseguia os cristãos, foi surpreendido pelo Senhor, convertendo-se a Cristo.

 

3. O que motivou o apóstolo Paulo a proibir que as mulheres ensinassem na igreja?

R. Os ensinos supersticiosos das mulheres daquela comunidade (1 Tm 4.7; 5.11,12; 2 Tm 3.6,7).

 

4. O que denotava a linguagem e afirmações de Paulo aos tessalonicenses?

R. A ausência de cobiça, vaidade ou interesses espúrios.

 

5. O que a atitude de Paulo em Gálatas 2.7-14 demonstrou?

R. Demonstrou integridade e a coragem de quem não se omite quando os valores do evangelho são vilipendiados (v.13).

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO

 

Subsídio Teológico

 

“Zelo

No uso do grego clássico, zelos denotava ‘a capacidade ou estado de comprometimento passional com uma pessoa ou causa’, assim como um nobre impulso em direção ao desenvolvimento do caráter, ou como algo oposto à paixão venenosa da inveja.

No grego koine, o termo possui tanto um sentido bom - ‘ardor, devoção’ -, quanto mau - ‘desconfiança, inveja’. No AT Deus declara que Ele mesmo manifesta o ardor, a devoção ou a desconfiança (heb. qin'a) por parte de seu povo (Is 9.7; 37.32; 42.1 3; 59.1 7; 63.1 5). De maneira semelhante, Paulo escreve que sentia zelo pelos crentes de Corinto, ‘um zelo de Deus’ (theou zelo, 2 Co 11.2). Alguns outros usos do termo zelo no NT trazem à mente a preocupação amorosa ou o cuidado com certos indivíduos do AT, na questão relacionada a manter a honra de Deus e fazer sua vontade (Nm 25.6-13; 2 Sm 21.2; 1 Rs 19.10,14; Sl 119.139). Os discípulos, pensando em Salmos 69.9, viram um paralelo na purificação do Templo realizada pelo Senhor Jesus (Jo 2.17). O zelo dos judeus em relação aos cristãos era uma atitude equivocada ou até mesmo invejosa (At 5.17; 13.45). O próprio Paulo sentia-se culpado por ter sido ‘extremamente zeloso’ das tradições de seus pais, um zelo equivocado (Gl 1.14; Fp 3.6). No entanto, o apóstolo elogiou os judeus pelo zelo que demonstravam para com Deus (Rm 10.2; At 22.3)”.

(PFEIFFER, C. F. Dicionário bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006, p. 2039.)

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

O zelo comedido é indispensável aos obreiros do Reino de Deus. Porém, o zelo exagerado pelas tradições humanas foi um entrave ao evangelho no coração de Paulo (Fp 3.6), assim como ainda é para muitas pessoas presas pelos tentáculos de uma religião sem vida. Antes de sua conversão, Paulo estava apegado aos ditames do judaísmo. Seu zelo, embora parecesse lícito, era extremado e sem entendimento (Rm 10.2). Todavia, quando a luz do Evangelho brilhou em sua alma, o zelo excessivo transformou-se em amor desmedido. O zelo apostólico recebera a têmpera necessária para preservar a pureza doutrinária. Seu zelo era um mandato divino: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (2 Co 11.2). Aqui está o verdadeiro propósito do zelo cristão - preservar a Noiva de Cristo pura.

 

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15)