Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

1º Trimestre de 2008

 

Título: Jesus Cristo — Verdadeiro homem, verdadeiro Deus

Comentarista: Esequias Soares

 

 

Lição 3: Jesus, verdadeiro Homem, verdadeiro Deus

Data: 20 de Janeiro de 2008

 

TEXTO ÁUREO

 

Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!(Rm 9.5).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Assim como é heresia negar a divindade de Cristo, também é heresia negar-lhe a humanidade. A natureza divina e a humana estão juntas na pessoa única de Jesus Cristo.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Is 9.6

Os cinco nomes do Messias

 

 

Terça — Jr 23.5,6

A divindade do Renovo de Davi

 

 

Quarta — 1Tm 2.5

Jesus é o verdadeiro homem

 

 

Quinta — Cl 2.9

Jesus é o verdadeiro Deus em toda a sua plenitude

 

 

Sexta — 1Jo 5.20

Jesus é o verdadeiro Deus e a vida eterna

 

 

Sábado — Mt 1.23

Jesus é o Deus em forma humana

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Romanos 1.1-7.

 

1 — Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus,

2 — o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras,

3 — acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne,

4 — declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos — Jesus Cristo, nosso Senhor,

5 — pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome,

6 — entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo.

7 — A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

 

INTERAÇÃO

 

Professor, nesta aula enfatize a verdade de que em Jesus havia duas naturezas: a divina e a humana. Porém, afirme aos alunos que essas duas naturezas não implicam duas personalidades ou pessoas. As naturezas divina e humana coexistem com suas diferenças, mantendo suas características peculiares em uma mesma pessoa. Assim, Jesus é perfeito em divindade e perfeito em humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Descrever as duas naturezas de Cristo.
  • Contestar as heresias cristológicas.
  • Explicar a união das duas naturezas.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor, o Novo Testamento assevera em diversos textos a humanidade de Jesus (Mt 1.18,20; 21.18; 26.37). Acerca dessa verdade não há qualquer dúvida seja entre os evangélicos seja entre os não-cristãos. Já a sua deidade é um tema muito debatido. Portanto, para ratificar a divindade do Senhor use como exemplo a expressão sagrada “Eu Sou” de Êx 3.15. Nenhum judeu em qualquer época a empregou referindo-se a si mesmo. Porém, Jesus a utilizou várias vezes para designar-se Deus, o eterno Eu Sou. Antes de ministrar a lição faça uma pesquisa a respeito do termo hebraico YHWH e de seu correspondente grego “Eu Sou”. Use a tabela abaixo a fim de que seus alunos comprovem o uso da expressão “Ego Eimi”, isto é, “Eu Sou”.

 

OITO DECLARAÇÕES DE JESUS ACERCA DA SUA DIVINDADE

Pão da Vida

“Eu sou o pão da vida” (Jo 6.35,48; 6.51; 12.46).


Luz do Mundo

“Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12).


Eu sou

“Eu sou” (Jo 8.18,23,24,28,58; 13.19).


A Porta

“Eu sou a porta” (Jo 10.7,9).


O Bom Pastor

“Eu sou o bom Pastor” (Jo 10.11,14)


A Ressurreição e a Vida

“Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11.25)


O Caminho, Verdade e Vida

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6)


Videira Verdadeira

“Eu sou a videira verdadeira” (Jo 15.1,5)


 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Palavra Chave

União Hipostática: Expressão teológica que descreve a perfeita união entre as naturezas divina e humana na Pessoa única de Jesus.

 

Esta lição fala das duas naturezas de Cristo: a humana e a divina. Jesus viveu entre nós, empregando as qualificações e características humanas, exceto o pecado. Como Deus, Ele manifestou todo o seu poder e glória. Ele é o Eterno e verdadeiro Deus, e ao mesmo tempo, verdadeiro e perfeito homem, algo desconhecido na raça humana devido à Queda no Éden.

 

I. A NATUREZA HUMANA DE JESUS

 

1. “Nasceu da descendência de Davi segundo a carne” (v.3). Essa expressão, usada amiúde por Paulo, revela a identificação de Jesus com a humanidade.

O apóstolo empregou o termo “carne” com esse mesmo sentido em Romanos 9.5. Era conveniente que Jesus viesse ao mundo como homem; se assim não fora, não poderia sofrer e, por conseguinte, ser o Salvador da humanidade (Hb 2.17). Além disso, a Bíblia mostra a humanidade de Jesus, inclusive sua linhagem (Sl 22.22; Fp 2.6-11; 1Tm 2.5; 2Tm 2.8). Sua genealogia encontra-se em Mateus 1.1-17 e Lucas 3.2-38.

2. Características humanas. Os Evangelhos revelam que Jesus possuía atributos próprios do ser humano.

Embora gerado por ato sobrenatural do Espírito Santo, o Mestre nascera de uma mulher (Mt 1.18,20; Lc 1.35) e teve irmãos e irmãs (Mt 12.47; 13.55-56). Sentiu sono, fome, sede e cansaço (Mt 21.18; Mc 4.38; Jo 4.6; 19.28). Sofreu, chorou, angustiou-se (Mt 26.37; Lc 19.41; Hb 13.12) e, por fim, passou pela agonia da morte.

Mas, ressuscitou glorioso, poderoso e triunfante ao terceiro dia (1Co 15.3,4).

 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

 

Embora gerado pela ação sobrenatural do Espírito Santo, Jesus possuía todos os atributos humanos, exceto o pecado: sentiu sono, fome, sede e cansaço.

 

II. A NATUREZA DIVINA DE JESUS

 

1. Explícita na declaração “Filho de Deus” (v.4). A expressão “Filho de Deus”, conforme vimos na lição passada, é uma das revelações da divindade de Jesus (Jo 5.18, 10.33-36).

O Senhor Jesus declarou “ser um com o Pai”; isso significa ser o mesmo Deus e não a mesma pessoa (Jo 10.30).

A divindade de Cristo é ensinada em toda a Bíblia de maneira direta: “e o Verbo era Deus” (Jo 1.1), “este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo 5.20) e, também, através dos seus atributos divinos, tais como onipresença, onipotência, onisciência, eternidade entre outros (Mt 18.20; 28.18; Jo 21.17; Hb 13.8).

2. Explícita em seu ministério terreno. Jesus nunca disse “eu acho”, “eu penso”, “eu suponho”; jamais afirmou não poder resolver este ou aquele problema. Para o Mestre, não há impossível. Jesus não somente declarou ser Deus, mas revelou suas qualidades divinas, demonstrando seu poder sobre a natureza, o pecado, as enfermidades, o inferno, e a morte.

Os Evangelhos estão repletos de suas manifestações divinas e sobrenaturais (Lc 24.19; At 2.22) Claro exemplo disso é o fato de Jesus ter perdoado os pecados do paralítico de Cafarnaum (Lc 5.21,24) e, por diversas vezes, ter recebido adoração (Mt 8.2; 9.18; Jo 9.38). Ele afirmou ser o grande “Eu Sou”: “antes que Abraão existisse, eu sou” (Êx 3.14; Jo 8.58).

 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

 

A natureza divina de Jesus é comprovada pelo seu extraordinário ministério terreno, seus nomes e títulos, e por suas incontestáveis declarações explícitas.

 

III. PRINCIPAIS HERESIAS SOBRE AS NATUREZAS DE JESUS

 

1. Gnosticismo. Os gnósticos deram muito trabalho às igrejas dos tempos apostólicos. Seu pior período ocorreu em 135-160 d.C. Seus ensinamentos não passavam de enxertos das filosofias pagãs nas doutrinas cristãs mais importantes. Eles negavam o cristianismo histórico, afirmando que o Senhor Jesus jamais teve um corpo como o nosso. Segundo eles, o corpo de Cristo existia apenas aparentemente.

A Bíblia é incisiva: “O Verbo se fez carne” (Jo 1.14); “todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus” (1Jo 4.3). É bom lembrar que os escritos de João são do final do primeiro século e compostos na cidade de Éfeso, então capital da Ásia Menor, onde surgiu o gnosticismo.

2. Apolinarismo. Apolinário, bispo de Laodicéia, nasceu em 310 d.C. e morreu em 392. Ele afirmava que Jesus não tinha espírito humano porque, em sua encarnação, o “Logos” ocupou o lugar da alma. Afirmou ainda que, quem põe em Cristo sua confiança como homem, destitui-se de racionalidade e torna-se indigno de salvação. Essa doutrina contraria a ortodoxia bíblica, pois a Palavra de Deus afirma que o Senhor Jesus é o verdadeiro homem (1Tm 2.5). Em Hebreus 2.14,17,18; 4.15, as Escrituras declaram que a humanidade de Jesus é igual à nossa, exceto quanto ao pecado: “Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados”.

3. Monofisismo. Trata-se da falsa doutrina que afirma haver apenas uma única natureza em Cristo: só a divina ou divina e humana amalgamadas. Ou seja: mista. Assim, Jesus teria uma natureza híbrida; nem totalmente Deus nem totalmente homem. Todavia, a Bíblia ensina que o verdadeiro Deus veio ao mundo como um verdadeiro homem. Sendo homem, podia fazer a reconciliação pelos homens; sendo Deus, a sua reconciliação torna-se infinitamente valiosa.

 

SINOPSE DO TÓPICO (III)

 

O gnosticismo, apolinarismo e monofisismo são heresias históricas que se opuseram à doutrina das duas naturezas divinas de Cristo.

 

IV. A UNIÃO DAS DUAS NATUREZAS DE JESUS

 

1. O perfeito homem e o perfeito Deus. Convém ressaltar que Jesus não é metade Deus nem metade homem. Ele é o perfeito homem Jesus Cristo (1Tm 2.5), e o perfeito Deus, em toda a plenitude “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9).

2. O kenoticismo. A doutrina kenótica diz que Jesus não era Deus quando esteve aqui na Terra. Afirmam isso, por interpretarem erroneamente, em Fp 2.7, o termo “aniquilou-se”, ou “esvaziou-se”, concernente a Cristo. Esse “esvaziamento”, porém, não é de sua divindade, mas de sua glória. Jesus jamais “deixou no céu” a sua divindade para recuperá-la depois. É impossível a nós, seres frágeis, mortais e pecadores, encontrar nas Escrituras Sagradas a linha divisória entre a divindade e a humanidade de Jesus; trata-se de um mistério oculto aos seres humanos (1Tm 3.16; Rm 9.20; Jó 9.3-14).

 

SINOPSE DO TÓPICO (IV)

 

Ao contrário do que afirma o kenoticismo, as naturezas divina e humana de Jesus coexistem com suas diferenças, mantendo suas características peculiares na pessoa única de Jesus: Ele é perfeito em humanidade e deidade.

 

CONCLUSÃO

 

Assim como é herético negar a divindade de Cristo, da mesma forma o é negar a sua humanidade. Devemos reconhecer e defender a ortodoxia bíblica a respeito das duas naturezas de Jesus, pois, Ele é verdadeiro homem e verdadeiro Deus.

 

VOCABULÁRIO

 

Amalgamar: Reunir, misturar, mesclar.
Amiúde: Repetidas vezes; repetidamente; freqüentemente.
Enxerto: Aquilo que se insere ou coloca.
Sínodo: Assembléia de bispos do mundo inteiro.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

COHEN, A. C. Vida terrena de Jesus. 4.ed., RJ: CPAD, 2000.
SOARES, E. Manual de apologética cristã. RJ: CPAD, 2002.

 

EXERCÍCIOS

 

1. Cite três características humanas de Jesus.

R. Sofreu, chorou, angustiou-se (Hb 13.12; Lc 19.41; Mt 26.37).

 

2. Mencione um fato do ministério de Jesus que prova a sua divindade.

R. O fato de Jesus ter perdoado os pecados.

 

3. Descreva a heresia de Apolinário, bispo de Laodicéia.

R. Segundo Apolinário Jesus não tinha espírito humano porque, em sua encarnação, o “Logos” ocupou o lugar da alma.

 

4. O que ensinava o monofisismo?

R. Ensinava haver apenas uma natureza em Cristo: só a divina ou divina e humana amalgamadas.

 

5. Explique o erro do kenoticismo.

R. A doutrina kenótica diz que Jesus não era Deus quando esteve aqui na Terra.

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO

 

Subsídio Teológico

 

“EU SOU

A Bíblia diz que somente o Deus Jeová, de Israel, é ‘Eu Sou’ (Dt 32.39). O texto hebraico diz Ani Hu, ‘eu [sou] ele’, e aparece também em Isaías 41.4; 43.10; 46.4; 52.6. A Septuaginta traduziu essa expressão por ego eimi, ‘Eu sou’, a mesma usada em João 8.58. Mesmo o texto hebraico do Novo Testamento traduz João 8.58 por Ani Hu. O ‘Eu Sou’ de Êxodos 3.14 é ehyeh, em hebraico, Ehyeh Asher Ehyeh, ou seja, ‘eu sou o que sou’. A Septuaginta traduziu essa expressão por Ego Eimi ho On, ou seja, ‘Eu Sou o Ser’. Convém ainda salientar que o verbo ‘ser’ está desprovido de tempo, não encerrando, portanto, a idéia temporal. Com isso, Jesus está afirmando que é Eterno. O conceito de tempo nesse texto recai sobre a palavra prin, que se traduz por ‘antes’, e o acentuado contraste entre os verbos gregos ‘existisse’ (genesthai) e eu ‘sou’ (eimi) mostra que mesmo antes de Abraão existir Jesus já existia eternamente […]

Portanto, o nome ‘Jeová’ procede do verbo ‘ser’. A expressão ‘EU SOU O QUE SOU’ revela o caráter e a natureza de Deus como o Ser que tem existência própria, que é imutável e que causa todas as coisas, logo, o que existe por si mesmo: aquele que é, que era e o que há de vir, o Eterno. O Senhor Jesus tem esse mesmo atributo, porque Ele é Deus igual ao Pai”.

(SOARES, E. Manual de apologética cristã. RJ: CPAD, 2002, pp.104,105).

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14a). Com essas magistrais palavras o discípulo amado sintetizou o mistério da encarnação e das naturezas divina e humana coexistindo na pessoa única de Cristo. Jesus é Deus, o Verbo, mas também é homem, pois “se fez carne e habitou entre nós”. Quão profundo é o mistério da encarnação de Cristo Jesus! O Verbo, que, sem deixar de ser Deus, se fez homem (Fp 2.6,7); o Rico que se tornou pobre (2Co 8.9); o Santo que abraçou a maldição da cruz (Cl 3.13); o Rei que se manifestou como servo (Fp 2.7), o Exaltado que “humilhou-se a si mesmo” (Fp 2.8). Como podes viver enclausurado na pequenez dos teus problemas? Acaso não sabes que o nosso Senhor Jesus Cristo, “sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis” (2Co 8.9). Levanta-te! Ergue a cabeça, a graça de Jesus te sustenta!

 

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15)