Título: As Disciplinas da Vida Cristã — Trabalhando em busca de perfeição
Comentarista: Claudionor de Andrade
Lição 2: A minha alma te ama, ó Senhor
Data: 13 de Abril de 2008
“A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” (Sl 42.2).
O verdadeiro crente ama a Deus acima de tudo, porque Deus o amou com um amor eterno, concedendo-lhe a graça divina em seu Filho.
Segunda — Sl 42
O anseio da alma peregrina por Deus
Terça — Rm 5.1
Somente em Cristo podemos ter comunhão com Deus
Quarta — Gn 5.24
Andar com Deus e ter com Ele comunhão
Quinta — Ec 12.1
A falta de comunhão com Deus torna o homem vazio
Sexta — Jó 42.2
O Deus da nossa comunhão é soberano
Sábado — Sl 37
O cântico daquele que tem comunhão com Deus
Salmos 42.1-5.
1 — Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
2 — A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?
3 — As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?
4 — Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão; fui com eles à Casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.
5 — Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença.
Professor, a comunhão cristã possui dois lados: com os nossos irmãos e com a Trindade (1Jo 1.3; 4.20). Todavia, devemos dar a Deus a primazia em nossos relacionamentos. A comunhão com Deus deve estar acima de tudo e de todos. Portanto, seja disciplinado e devote sua vida primeiramente a Deus. Incentive os seus alunos para que façam o mesmo (Lc 10.27). Excelente aula!
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, o vocábulo comunhão, do grego koinōnia, não significa apenas “associação” ou “fraternidade”, mas “relacionamento íntimo”. Na Primeira Epístola de João encontramos a expressão “a nossa comunhão (koinōnia) é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo” (1.3). É preciso observar que o termo koinōnia não é usado no Evangelho de João, no entanto, o apóstolo prefere a palavra grega ginōskō, isto é, “conhecer”. Porém, o sentido não se refere ao conhecimento por vias intelectuais, mas à intimidade com a coisa conhecida, refletindo o sentido de koinōnia (Jo 15.15; 17.26). A comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo é o supremo bem que anela a alma do crente regenerado. Use o gráfico abaixo para ilustrar essa verdade.
COMUNHÃO CRISTÃ COM DEUS (1Jo 1.3)
MEIOS DE COMUNHÃO COM A TRINDADE
Pai (1Jo 1.6)
A Escritura (Sl 119.33-35)
Filho (1Co 1.9)
Adoração (At 16.25,26)
Espírito Santo (2Co 13.13; Fp 2.1)
Oração (Mt 6.9-13)
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Anelo: Aspiração ardente da alma pela presença benfazeja do Senhor.
Norman Snaith, comentando o Salmo 42, realça quão inefável é a comunhão que desfrutamos com o Senhor: “O homem que já experimentou a alegria da comunhão com Deus, não estará apático quanto às oportunidades de renovar, com Ele, a sua intimidade, quer em suas devoções particulares, quer nas adorações públicas. Esse homem simplesmente não consegue ficar longe de Deus. Sua alma sedenta haverá de o impelir sempre à presença do Pai Celeste”.
Assim também diria William Bates, escritor puritano do século XVII. Ao discorrer sobre a intimidade entre a nossa alma e o Supremo Ser, descreve ele a alegria que lhe ia na alma: “A comunhão com Deus é o princípio do céu”.
I. O QUE É A COMUNHÃO COM DEUS
Tem você sede de Deus? Anela por sua presença? Suspira por seus átrios? Anseia aprofundar com Ele a sua comunhão? Aliás, sabe você o que é, realmente, a comunhão com Deus?
1. Definição. A comunhão com Deus é a intimidade que o crente, mediante a obra redentora de Cristo e por intermédio da ação do Espírito Santo, desfruta com o Pai Celeste, e que o leva a usufruir de uma vida espiritual plena e abundante (Rm 5.1; 2Co 13.13).
Andar com Deus é o mais perfeito sinônimo de comunhão com o Pai Celeste. Tão profunda era a comunhão de Enoque com o Senhor, que o mesmo Senhor, um dia, o tomou para si (Gn 5.24). Andar com Deus significa, ainda, ter uma vida como a de Eliseu que, por onde quer que fosse, era de imediato reconhecido como homem de Deus (2Rs 4.9). Comunhão com Deus é ser chamado de amigo pelo próprio Deus (Is 41.8).
2. A comunhão com Deus é uma disciplina consoladora. Apesar de seus grandes e lancinantes sofrimentos, Jó sempre refugiava-se na comunhão com o seu Deus (Jó 19.25). Suas perdas eram grandes; aos olhos humanos, irreparáveis. Todavia, confiava ele nas providências de um Deus de quem era íntimo. Até parece que Willard Cantelon, autor de imortais devoções, inspirou-se na experiência de Jó, quando escreveu: “Posso suportar a perda de todas as coisas, exceto do toque de Deus na minha vida”.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A comunhão com Deus é a intimidade que o crente possui com o Pai, mediante a obra redentora de Cristo e da ação do Espírito Santo.
II. A ALMA HUMANA ANSEIA PELOS ÁTRIOS DE DEUS
O ser humano não é o resultado de um processo evolutivo; é a plenitude de um ato criativo de Deus (Gn 1.26). Se fomos criados por Deus, nossa alma, logicamente, aflige-se por Deus; anseia por seus átrios. E só haveremos de descansar, quando em Deus repousarmos (Sl 42.11). E se nos alongarmos do Criador? O vazio passa a ser a única realidade de nosso ser.
1. O vazio humano. Billy Graham visitava, certa vez, uma universidade norte-americana, quando perguntou ao reitor: “Qual o maior problema que o senhor enfrenta com os seus alunos”. O educador respondeu-lhe: “Vazio. Há um vazio muito grande de Deus em seus corações”. Como preencher este vazio?
Buscando preencher o vazio de sua alma, vagueia o homem pelo álcool, transita pelas drogas e erra pelos devaneios da carne. Depois de toda essa busca, conclui: “Não tenho neles prazer” (Ec 12.1 — ARA). Mas o que aceita a Cristo, experimenta uma vida abundante e inefável (Jo 4.14).
2. A plenitude da comunhão divina. Sabia o salmista que somente em Deus encontramos a razão de nossa existência e a satisfação plena de nossa alma. Eis por que deixa emanar de seus lábios este lamento: “Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei. Ele é a salvação da minha face e Deus meu” (Sl 43.5).
John Bunyan, em O Peregrino, descreve a angústia da alma em sua jornada à Jerusalém Celeste. Quanto mais caminha, mais falta do Senhor vai sentindo até que, ao longe, avista a ditosa cidade, onde se encontra o amante de sua alma — Jesus Cristo.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Somente a presença de Deus no coração dos homens poderá preencher o vazio da alma humana.
III. O DEUS DE NOSSA COMUNHÃO
Afinal, por qual Deus anseia a nossa alma? Pelo Deus teologicamente correto que se acomoda a todas as religiões e credos? Ou pelo Deus único e verdadeiro que se revelou a si mesmo por intermédio de nosso Senhor?
1. O Deus onipotente. O Deus pelo qual suspira a nossa alma pode todas as coisas; para Ele inexiste o impossível (Gn 17.1; Lc 1.37). Entretanto, há um grupo de teólogos modernos que, menosprezando as Sagradas Escrituras, ensinam: Deus na verdade é poderoso, mas não pode ser considerado Todo-Poderoso. Assim eles argumentam: “Fora Ele realmente poderoso e tudo soubesse, certamente evitaria as tragédias que tanto infelicitam a humanidade”. Será que esses falsos doutores desconhecem a soberania de Deus? Se Ele permite determinados males, não nos cabe questionar-lhe as razões. De uma coisa, porém, estou certo: todos os seus atos são movidos pelo mais puro, elevado e sublime amor.
2. O Deus onisciente. O Deus, a quem tanto amamos, sabe todas as coisas; tudo lhe é patente. No Salmo 139, o salmista canta-lhe a onisciência, declarando que Ele nos conhece profundamente; esquadrinha nossos mais íntimos pensamentos, e não se surpreende com nenhuma de nossas ações.
Lecionam, porém, alguns dos sectários do Teísmo Aberto: “Deus, às vezes, é incapaz de penetrar nos recônditos de nosso livre-arbítrio, por ser-lhe este um mistério”. Ora, se por um lado aceitamos o livre-arbítrio; por outro, cremos na soberania divina; esta é inquestionável. E não será nenhuma “liberdade libertária” que haverá de impedir o nosso Deus de sondar as mentes e corações (Ap 2.23).
3. O Deus de amor. Se Deus é amor, por que nos sobrevêm aflições, dores e perdas? Ainda que não tivéssemos resposta alguma a essa pergunta, de uma coisa teríamos convicção: Ele é amor; somente um Deus que é o mesmo amor, poderia enviar o seu Unigênito para redimir-nos de nossos pecados (Jo 3.16; 1Jo 4.8). É por esse Deus que almejamos.
Quando aceitamos a Cristo, cientifica-nos Ele: a jornada ser-nos-á pontilhada de lutas e aflições, mas conosco estará até à consumação dos séculos (Jo 16.33). O Filho de Deus é bem claro quanto às aflições que nos aguardam: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). Se Ele nos amou com um amor eterno e sacrificial, por que deixaríamos nós de amá-lo? Oremos: “Cristo, tu sabes que, apesar de nossas imperfeições e falhas, nós te amamos”. Leia o Salmo 34, e repouse em cada promessa que você encontrar.
4. O Deus soberano. No epílogo de suas provações, confessa Jó: “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido” (Jó 42.2). Implicitamente, estava ele almejando aprofundar a sua comunhão com um Deus, cuja soberania é inquestionável. Este é o nosso Deus; por Ele nos desfalece a alma.
Por conseguinte, não podemos aceitar os falsos mestres e teólogos que, torcendo as Escrituras Sagradas, emprestam a Satanás uma soberania que pertence exclusivamente a Deus. Refiro-me àqueles que dizem, por exemplo, que, para Cristo salvar um pecador, é-lhe necessária a permissão do Diabo. Ora, Cristo jamais foi constrangido a negociar com Satanás; sua missão é clara. Veio Ele para destruir as obras do Maligno, e foi exatamente isso que fez na cruz do Calvário (1Jo 3.8). Nada devemos ao Adversário. Adoremos, pois a Cristo. Mantenhamos com Ele a mais doce e meiga das comunhões. Por esse Deus maravilhoso, anseia a nossa alma.
Cante, agora, com toda a sua alma, o hino 145 da Harpa Cristã.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O único e verdadeiro Deus pelo qual o ser do crente anela é o Senhor onisciente, onipresente, de amor e soberano.
CONCLUSÃO
Em suas Confissões, demonstra Agostinho um profundo e incontido anseio por Deus. Abrindo o coração, suspira: “Quem me dera descansar em ti! Quem me dera viesses ao meu coração e que o embriagasses, para que eu me esqueça de minhas maldades e me abrace contigo, meu único bem”. O que evidencia esse anelo? Fomos criados por Deus, e por Deus ansiamos.
Sua alma tem sede de Deus? Se não o amarmos de todo o coração, jamais poderemos ser contados entre os seus filhos. Amar a Deus é a essência de nossa vida devocional.
Alongar: Pôr distante; afastar, apartar.
Benfazejo: Que faz o bem.
Emanar: Elevar-se voando, evolar, exalar-se.
Inefável: Que não se pode exprimir por palavras;
indizível.
Lancinante: Que lancina ou golpeia.
DANIEL, S. Como vencer a frustração espiritual. RJ:
CPAD, 2006.
WILKERSON, D. Faminto por mais de Jesus. 4.ed., RJ:
CPAD, 1997.
WHITE, J. E. Abraçando o Deus misterioso. RJ: CPAD,
2007.
1. Explique o significado da expressão “comunhão com Deus”.
R. A comunhão com Deus é a intimidade que o crente possui com o Pai, mediante a obra redentora de Cristo e pelo Espírito Santo.
2. Qual o mais perfeito sinônimo para comunhão com Deus?
R. Andar com Deus.
3. O que acontece quando nos alongamos do Criador?
R. O vazio passa a ser a única realidade de nosso ser.
4. Por que não podemos aceitar o Teísmo Aberto?
R. (Livre) Porque o Deus ensinado por essa teoria é limitado, sendo, segundo dizem, incapaz de conhecer profundamente o homem.
5. Como Jó descreveu a soberania de Deus?
R. “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido” (Jó 42.2).
Subsídio Devocional
“Princípios para uma espiritualidade sadia
Além da necessidade de termos uma vida de oração, estudarmos a Palavra de Deus e reservarmos todos os dias um tempo para buscar ao Senhor e adorá-lo em espírito e em verdade, acredito ser indispensável observarmos os seguintes pontos para a implementação do equilíbrio espiritual.
1) Espiritualidade sadia só é possível se somos guiados pelo Espírito Santo (Rm 8.1,14).
2) Não há espiritualidade sadia dissociada da Palavra de Deus. Ela é a nossa única regra de fé e prática. Por isso, o discurso pode arrepiar você, provocar frenesi, fazer chover, etc, mas se os princípios de vida espiritual chocam-se com a Palavra de Deus, sua espiritualidade é qualquer coisa, menos sadia (Sl 1; 119.107; Mt 7.24-27; Jo 17.17).
3) Uma espiritualidade sadia se apóia em Cristo, nosso Alvo, Autor e Consumador da nossa fé (Fp 3.12-16; Hb 12.1-3) não em ícones humanos. Grandes homens só são exemplos enquanto seguirem a Cristo (1Co 11.1; Gl 1.8,9).
4) Espiritualidade sadia não é definida por estatísticas grandiosas. Se fosse assim, o islamismo, que cresce avassaladoramente em todo o mundo, seria padrão de espiritualidade sadia. A verdadeira espiritualidade é caracterizada pelo fruto do Espírito, obras de justiça, segundo o Evangelho de Cristo (Mt 7.21-23) […]”.
(DANIEL, S. Como vencer a frustração espiritual. RJ: CPAD, 2006, p.175).
“A minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo” (Sl 84.2). O verdadeiro anelo da alma do crente regenerado é Deus! O Senhor é o supremo bem pelo qual anseia o cristão. O intelecto do cientista deseja o conhecimento (Ec 1.2,18), mas o espírito a Deus (Sl 111.10). A natureza pecaminosa do hedonista aspira o prazer (Ec 2.1), porém sua alma clama pelo Deus Vivo (Sl 84.2). A engenhosidade dos construtores almeja novas invenções (Ec 2.4), todavia, seu espírito anseia por ser coluna no templo de Deus (Ap 3.12). Enfim, não há proveito nas grandes conquistas e realizações humanas, tudo é “vaidade e aflição de espírito” (Ec 4.16). O fim último é: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem” (Ec 12.13). Portanto, amemos ao Senhor de todo nosso entendimento e alma.
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15)