Título: As Disciplinas da Vida Cristã — Trabalhando em busca de perfeição
Comentarista: Claudionor de Andrade
Lição 4: A leitura devocional da Bíblia
Data: 27 de Abril de 2008
“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm 3.16,17).
A leitura da Bíblia é o nosso alimento cotidiano; não podemos passar sem ler e meditar na Palavra de Deus.
Segunda — 2Pe 1.20,21
A Bíblia é divinamente inspirada
Terça — Sl 19.7
A Bíblia é inerrante
Quarta — Mc 13.31
A Bíblia é infalível
Quinta — Is 8.20
A Bíblia é soberana
Sexta — Ap 22.18-21
A Bíblia é completa
Sábado — Sl 119.81
A Bíblia dá-nos a provisão de salvação
2 Pedro 1.16-21.
16 — Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade,
17 — porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido.
18 — E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo.
19 — E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração,
20 — sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação;
21 — porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
Professor, você já leu toda a Bíblia? Quanto tempo o prezado mestre reserva para a leitura das Sagradas Escrituras? Você sabia que em setenta e duas horas uma pessoa consegue ler toda a Bíblia? Se o professor reservar trinta minutos diários para a leitura da Palavra de Deus, em um ano terá dedicado cerca de 180hs de leitura devocional! O caro docente poderá ler a Escritura duas vezes em doze meses se dispuser de apenas meia hora por dia! Basta ser disciplinado. Incentive seus alunos a fazerem o mesmo!
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, ler não é apenas decodificar os signos de um texto, mas compreendê-lo. Assim como o eunuco, de Candace, muitos alunos lêem a Bíblia, mas não a compreendem (At 8.30-32). Há diversas formas de leitura da Bíblia: leitura devocional — o leitor busca o aperfeiçoamento espiritual e moral (leitor introspectivo); leitura exegética — o leitor quer entender a estrutura, contextos e objetivos do texto (leitor analítico); leitura didática — o leitor deseja saber as bases doutrinárias da Bíblia (leitor receptivo). No link abaixo há um arquivo que contém um Plano Anual de Leitura da Bíblia, encontrado na Bíblia de Estudo Pentecostal da CPAD.
Plano Anual de Leitura da Bíblia
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Leitura: Ato, efeito ou processo de compreender textos.
Neste domingo, veremos por que a leitura da Bíblia é-nos tão imprescindível e vital. Aliás, mais imprescindível do que o ar que respiramos e mais vital do que o pão que nos sustenta (Dt 8.3). Tem você a necessária disciplina para ler e estudar a Bíblia? Faz-se a Palavra de Deus parte de seu cotidiano? (Sl 119.97). Ou ela já se perdeu entre os livros de sua estante?
I. O QUE É A BÍBLIA
1. Definição. A definição mais simples, porém direta e forte, que encontramos das Escrituras Sagradas é esta: A Bíblia é a inspirada e inerrante Palavra de Deus. Infelizmente, nem todos os teólogos aceitam a ortodoxia deste conceito; alegam que, neste, há um desconcertante simplismo. Todavia, encontra-se esta definição isenta do erro dos liberais e livre das sutilezas dos neo-ortodoxos.
2. A posição liberal. Os liberais sustentam que a Bíblia apenas contém palavras de Deus, mas não é a Palavra de Deus. Outros liberais vão mais longe: asseveram que a Bíblia não é nem contém a Palavra de Deus; não passa de um livro qualquer.
3. A posição neo-ortodoxa. Já os neo-ortodoxos lecionam: a Bíblia torna-se a Palavra de Deus à medida que, alguém, ao lê-la, tem um encontro experimental com o Senhor Jesus. Todavia, quer o leitor da Bíblia curve-se quer não se curve ante os arcanos divinos, continuará a Bíblia a ser a Palavra de Deus.
4. A posição ortodoxa. Os ortodoxos, porém, com base nas Sagradas Escrituras, asseveramos que a Bíblia é, de fato, a Palavra de Deus. Ela não se limita a conter a Palavra de Deus; ela é a Palavra de Deus. Ela também não se torna a Palavra de Deus; ela é e sempre será a Palavra de Deus (2Tm 3.16).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A posição ortodoxa sustenta ser a Bíblia a inspirada e inerrante Palavra de Deus, conforme 2Tm 3.16. Porém, os liberais afirmam que ela apenas contém, e os neo-ortodoxos que se torna a Palavra de Deus.
II. AS GRANDES REIVINDICAÇÕES DA BÍBLIA
É de fundamental importância tenhamos sempre, no coração, as grandes reivindicações da Bíblia Sagrada: sua inspiração, inerrância, infalibilidade, soberania e completude.
1) A inspiração da Bíblia. Já que a Bíblia é a Palavra de Deus, sua inspiração não é comum nem vulgar; é singular e única, porquanto inspirada pelo Espírito Santo. As Escrituras mesmas reconhecem sua divina inspiração (2Tm 3.16; 2Pe 1.21).
2) A inerrância da Bíblia. Inspirada divinamente, há que se concluir: a Bíblia acha-se, em termos absolutos e infinitos, isenta de erros. Nela, não encontramos a mínima inexatidão quer histórica, quer geográfica, seja teológica seja doutrinária (Sl 19.7; 119.140).
3) A infalibilidade da Bíblia. A Bíblia não é apenas inerrante; é também infalível. Tudo o que o Senhor prometeu-nos, em sua Palavra, cumpre-se absolutamente. Entretanto, há teólogos que alegam defender a infalibilidade da Bíblia, mas lhe rejeitam a inerrância. Ora, como podemos considerar algo infalível se é errante? Sua errância, por acaso, não virá a contraditar-lhe, inevitavelmente, a infalibilidade?
Quanto a nós, reafirmamos: tanto a inerrância quanto a infalibilidade da Bíblia são incontestáveis (Dt 18.22; 1Sm 3.19; Mc 13.31; At 1.3).
4) A soberania da Bíblia. Evangélicos e herdeiros da Reforma Protestante, confessamos ser a Bíblia a autoridade suprema em matéria de fé e prática (Is 8.20; 30.21; 1Co 14.37). Isto significa que encontra-se a Bíblia acima das tradições e primados humanos; ela é a inquestionável e absoluta Palavra de Deus.
5) Completude da Bíblia. O Apocalipse encerrou, definitiva e irrecorrivelmente, o cânon da Bíblia Sagrada; nenhuma subtração, ou adição, está autorizada à Palavra de Deus (Ap 22.18-21). Portanto, não se admite quaisquer escrituras, profecias, sonhos ou visões que, arrogando-se palavra de Deus, reivindique autoridade semelhante ou superior a Bíblia.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A inspiração, inerrância, infalibilidade, soberania e completude são as principais reivindicações da Bíblia a respeito de sua singularidade e procedência divina.
III. COMO LER A BÍBLIA
Afirmou com muita precisão o teólogo Martin Anstey “A qualificação mais importante exigida do leitor da Bíblia não é a erudição, mas sim a rendição; não a perícia, mas a disposição de ser guiado pelo Espírito de Deus”. Estudemos, pois, a Palavra de Deus, conscientes de que o Senhor continua a falar-nos hoje como outrora falava a Israel e à Igreja Primitiva. Devemos, por conseguinte:
1. Amar a Bíblia. Nossa primeira atitude em relação à Bíblia é amá-la como a inspirada Palavra de Deus. Declara o salmista todo o seu amor às Escrituras: “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia” (Sl 119.97).
2. Ter fome da Bíblia. Se tivermos fome pela Bíblia, haveremos de lê-la todos os dias. Se é penoso passar sem o pão de cada dia, como privar-se do alimento que nos vem diretamente do Espírito de Deus — as Sagradas Escrituras? O profeta Ezequiel, tão logo encontra a Palavra de Deus, come-a (Ez 3.3).
3. Guardar a Bíblia no coração. Ao cantar as belezas da Palavra de Deus, o salmista confessa ternamente: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11). Os leitores periféricos da Bíblia lêem-na, mas dela se esquecem. Não assim o suave cantor de Israel; mesmo fechando-a depois de seu devocional, abria-a em seu coração.
4. Falar continuamente das grandezas singulares da Bíblia. Eis o que Moisés prescreve aos filhos de Israel, a fim de que estes jamais venham a se esquecer dos mandamentos do Senhor: “Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas” (Dt 6.6-9).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O cristão piedoso deve ler a Bíblia com amor, apetite, disposição para guardá-la e interesse em comunicar suas singulares grandezas.
IV. OS EFEITOS DA BÍBLIA EM NOSSA VIDA
Quanto mais lermos a Bíblia, mais sábios nos tornaremos. Ela orienta-nos em todos os nossos caminhos; consola-nos quando nenhum consolo humano é possível; mostra-nos a estrada do Calvário e leva-nos ao lar celestial.
1. A Bíblia dá-nos sabedoria. “Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre comigo” (Sl 119.98 — ARA).
2. A Bíblia dá-nos a orientação segura. “Tu és a minha rocha e a minha fortaleza; […] guia-me e encaminha-me” (Sl 31.3).
3. A Bíblia dá-nos o necessário consolo. “Isto é a minha consolação na minha angústia, porque a tua palavra me vivificou” (Sl 119.50).
4. A Bíblia dá-nos a provisão de salvação. “Desfalece-me a alma, aguardando a tua salvação; porém espero na tua palavra” (Sl 119.81 — ARA).
5. A Bíblia leva-nos ao lar celeste. No encerramento do cânon sagrado, somos revigorados com a viva esperança de, um dia, virmos a tomar posse da Cidade Santa (Ap 22.18-20).
SINOPSE DO TÓPICO (IV)
A leitura diária da Bíblia proporciona ao crente: sabedoria, orientação, consolo, provisão de salvação e o conduz ao lar celeste.
CONCLUSÃO
Tem você lido regularmente a Bíblia? Ela é o seu consolo? Ou não passa a Palavra de Deus de um simples acessório em sua estante? É hora de nos voltarmos, com mais empenho e amorosa dedicação, ao Livro de Deus.
Arcano: Segredo, mistério, inerrante: Que não pode
errar; infalível.
Irrecorrível: De que não se pode recorrer.
Periférico: Relativo à periferia; superficial.
Simplismo: Vício de raciocínio que consiste em
desprezar elementos necessários da solução.
BENTHO, E. C.
Hermenêutica fácil e descomplicada. 6.ed., RJ: CPAD,
2007.
HODGE, K. A mente renovada por Deus. RJ: CPAD,
2002.
OLIVEIRA, R. Como ler e interpretar a Bíblia. 12.ed.,
RJ: CPAD, 2006.
1. Defina a Bíblia de acordo com a lição.
R. A Bíblia é a inspirada e inerrante Palavra de Deus.
2. Qual a diferença entre a posição liberal, neo-ortodoxa e ortodoxa da Bíblia?
R. A posição ortodoxa sustenta ser a Bíblia a inspirada e inerrante Palavra de Deus, conforme 2Tm 3.16. Porém, os liberais afirmam que ela apenas contém, e os neo-ortodoxos que se torna a Palavra de Deus.
3. Cite cinco palavras que descrevem as reivindicações da Bíblia.
R. Inspiração, inerrância, infalibilidade, soberania e completude.
4. Descreva dois métodos de leitura da Bíblia.
R. Ler a Bíblia com amor e disposição para guardá-la.
5. Cite três efeitos da leitura diária da Bíblia.
R. Sabedoria, orientação e consolo.
Subsídio Devocional
“O que é a meditação bíblica?
O verdadeiro objetivo da meditação bíblica não é ajudar ninguém a fugir da angústia de um divórcio, ou do dissabor de uma doença grave, escondendo-se em um mundo fantasioso. Pelo contrário, a verdadeira meditação nos ajuda a aplicar a verdade bíblica a circunstâncias difíceis ou estressantes.
Algumas palavras descrevem a meditação cristã da Escritura: refletir, ponderar e até ruminar. Assim como a vaca primeiro engole a comida para mais tarde regurgitá-la e mastigá-la outra vez; também o crente, em seu momento de reflexão, alimenta a memória com a Palavra de Deus e depois a traz de volta a seu consciente, quantas vezes forem necessárias. Cada nova ‘mastigação’ produz ainda mais nutrientes para o sustento da vida espiritual.
A meditação, portanto, nada mais é que o processo de revolver a verdade bíblica na mente sem parar, de forma a obtermos maior revelação do seu significado e certificarmo-nos de que a aplicamos a nossas vidas diárias. J. I. Packer certa vez disse que ‘meditar é despertar a mente, repensar e demorar-se sobre um assunto, aplicar a si próprio tudo que se sabe sobre a obra, os caminhos, os propósitos e as promessas de Deus’”.
(HODGE, K. A mente renovada por Deus. RJ: CPAD, 2002, pp.85,86).
“Alegrar-me-ei em teus mandamentos, que eu amo” (Sl 119.47). Em um outro belo e piedoso verso o salmista prorrompe: “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia” (v.97). As igrejas de todo o Brasil costumam organizar gincanas, sorteios e usar estratégias de marketing para atrair cada vez mais alunos para a Escola Bíblica Dominical. Não há qualquer problema nesses métodos. Porém, nenhuma dessas estratégias seria necessária se cada crente amasse ardentemente as Escrituras, assim como o salmista. O que deve incitar o crente à Escola Dominical é o incomensurável amor pela Palavra de Deus. Que todos os crentes exclamem como o poeta: “Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca… Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o ouro, e ainda mais do que o ouro fino” (vv.103,127).
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15)