Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

 

 

1º Trimestre de 2009

 

Título: Livro de Josué — As conquistas e as promessas do povo de Deus

Comentarista: Elienai Cabral

 

 

Lição 4: Lições espirituais do pós-Jordão

Data: 25 de Janeiro de 2009

 

TEXTO ÁUREO

 

Disse mais o SENHOR a Josué: Hoje, revolvi de sobre vós o opróbrio do Egito; pelo que o nome daquele lugar se chamou Gilgal, até ao dia de hoje(Js 5.9).

 

VERDADE PRÁTICA

 

O Senhor nos ensina preciosas lições espirituais através das muitas experiências que nos faz passar com Ele.

 

LEITURA DIÁRIA

 

Segunda — Js 3.7,8

Deus confirma a liderança de Josué

 

 

Terça — Js 3.9-13

Deus revela ao povo as suas operações

 

 

Quarta — Js 3.10

Os povos canaanitas vencidos

 

 

Quinta — Js 4.1-9

Memoriais dos feitos milagrosos

 

 

Sexta — Js 5.29

Renovação da aliança abraâmica

 

 

Sábado — Js 5.13-15

O personagem teofânico

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Josué 4.1-3; 5.2,3,10-12.

 

Josué 4

1 — Sucedeu, pois, que, acabando todo o povo de passar o Jordão, falou o SENHOR a Josué, dizendo:

2 — Tomai do povo doze homens, de cada tribo um homem,

3 — e mandai-lhes, dizendo: tomai daqui, do meio do Jordão, do lugar do assento dos pés dos sacerdotes, doze pedras; e levai-as convosco à outra banda e depositai-as no alojamento em que haveis de passar esta noite.

 

Josué 5

2 — Naquele tempo, disse o SENHOR a Josué: Faze facas de pedra e torna a circuncidar os filhos de Israel.

3 — Então, Josué fez para si facas de pedra e circuncidou aos filhos de Israel em Gibeate-Haralote.

10 — Estando, pois, os filhos de Israel alojados em Gilgal, celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, nas campinas de Jericó.

11 — E comeram do trigo da terra, do ano antecedente, ao outro dia depois da Páscoa; pães asmos e espigas tostadas comeram no mesmo dia.

12 — E cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do trigo da terra, do ano antecedente, e os filhos de Israel não tiveram mais maná; é porém, no mesmo ano, comeram das novidades da terra de Canaã.

 

INTERAÇÃO

 

Caro professor e prezada professora, no estudo deste domingo os alunos devem extrair duas grandes lições: a necessidade de ensinarmos às gerações futuras as preciosas verdades da Palavra de Deus e, a submissão incondicional ao Senhor. Esses ensinos resumem o conteúdo prático desta lição. Portanto, estudem os conceitos históricos e doutrinários desta aula, mas não se esqueçam de aplicar essas preciosas lições à vida cotidiana dos alunos. Boa aula!

 

OBJETIVOS

 

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

  • Descrever os fatos históricos de Josué 4; 5.
  • Submeter-se à Palavra de Deus.
  • Cultivar a vida cristã exemplar.

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

 

Professor, a cultura é definida como o conjunto das crenças, dos comportamentos e dos valores morais e religiosos vividos e transmitidos coletivamente de uma geração à outra. Todavia, os valores, crenças e comportamentos transmitidos pela sociedade brasileira são opostos aos da Palavra de Deus. A Igreja, portanto, é uma “contracultura”, pois combate os (in) valores difundidos pelo mundo. Mas, quais os valores espirituais e morais que a Igreja tem transmitido às crianças, adolescentes, juvenis e jovens? A partir do texto de Ec 1.4: “Uma geração vai, e outra geração vem”, promova um debate orientado a respeito do discurso e da praxis da igreja. A Igreja vive o que prega? A igreja prega o que vive? Essas e outras perguntas promovem reflexões a cerca do comportamento do crente e da transmissão de valores às gerações futuras. Depois do debate, solicite aos alunos que façam uma breve dissertação a respeito do assunto.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Palavra Chave

Memorial: Qualquer objeto ou escrito que serve de lembrança para grandes feitos.

 

Mesmo diante da milagrosa experiência da travessia do Jordão, o povo do Senhor precisava entender que a conquista da Terra Prometida estava apenas começando. Novas provações, embates e acontecimentos sobrenaturais marcariam a vida de cada israelita. Deus haveria de conceder-lhes novas e edificantes lições sobre seu caráter, objetivos e soberania.

 

I. LIÇÕES DO MEMORIAL DE PEDRAS (4.1-24)

 

1. Dois memoriais (Js 4.3-9). Seguindo a orientação divina, Josué ordenou que dois memoriais fossem erguidos com as pedras retiradas do Jordão: um “no alojamento” (v.3), e outro “no meio do Jordão” (v.9). A ordem do Senhor era a seguinte: doze homens, um de cada tribo, deveriam recolher doze pedras do Jordão, e com elas edificarem um memorial ao Senhor no acampamento. Essas pedras deveriam ser levadas para Gilgal (Js 4.21-23), lugar onde Israel habitara por algum tempo. Para o segundo memorial, Josué levantou também doze pedras no meio do Jordão, exatamente no lugar do assento dos pés dos sacerdotes que levavam a Arca do Concerto (v.9). Esses monumentos serviriam de sinal do poder de Deus entre eles. Toda vez que os israelitas os contemplassem, lembrar-se-iam da extraordinária obra operada pelo Senhor.

2. O propósito dos memoriais (Js 4.21). Aqueles monumentos tinham o propósito de lembrar às gerações futuras os feitos milagrosos do Senhor no Jordão: “Quando no futuro vossos filhos perguntarem a seus pais, dizendo: Que significam estas pedras? fareis saber a vossos filhos dizendo: Israel passou em seco este Jordão”. Deus sempre lembrou a Israel seus grandes livramentos (Êx 12.14; 13.9; 17.14; Dt 6.12). O esquecimento é comum ao ser humano. Facilmente esquecemo-nos das bênçãos que Deus bondosamente nos concede. Israel jamais poderia esquecer-se dos feitos sobrenaturais de Deus operados em seu favor. Sempre que aquele povo contemplasse aqueles memoriais de pedra, se lembraria dos poderosos atos do Senhor, libertando-os do Egito e fazendo-os passar a pés enxutos pelo Mar Vermelho e rio Jordão.

Com esta história aprendemos a lição do nosso dever de relatar às gerações futuras nossas valiosas experiências com Deus. Tudo que o Senhor tem feito em nossas vidas deve ser partilhado com os novos crentes. Devemos erigir nossos “monumentos espirituais”. Se não ensinarmos hoje a Palavra de Deus aos nossos jovens, amanhã assistiremos à degeneração da sociedade (vv.21-23). Precisamos conhecer bem e corretamente as doutrinas da Bíblia e ensiná-las por toda parte, a partir das crianças.

 

SINOPSE DO TÓPICO (I)

 

Os dois memoriais lembravam às gerações futuras os milagres do Senhor no Jordão.

 

II. LIÇÕES DE GILGAL (5.1-9)

 

A cidade de Gilgal ficava entre o Jordão e a cidade-fortaleza de Jericó. Foi ali que o povo de Israel acampou depois de cruzar o Jordão, e dali iniciou suas operações militares de conquista da Terra Prometida (Dt 3.18).

1. Gilgal, lugar da renovação do pacto (Js 5.1-9). Também foi nesta cidade que Josué renovara o pacto divino estabelecido com Abraão (Gn 17.23-27). Deus ordenara: "torna a circuncidar os filhos de Israel" (v.2). Como podemos ver, a conquista de Canaã estava intrinsecamente vinculada à obediência do povo a Josué. Deus já havia estabelecido com Abraão e seus descendentes um pacto de vitórias nas conquistas na Terra Prometida (Gn 15.17-21).

A circuncisão era uma cirurgia rude, que se fazia com todo homem israelita. Este pacto, além de cumprir certos propósitos higiênicos, éticos e morais, servia também para distinguir o povo de Israel das demais nações. Através da circuncisão, o israelita era separado exclusivamente para Deus. Semelhante a Israel, a Igreja de Cristo também é separada deste mundo, não pela circuncisão física, mas do coração, no espírito humano (Rm 2.29). Conforme Filipenses 3.3, a Igreja de Cristo traz a verdadeira circuncisão, pois serve a Deus no Espírito, gloria-se em Jesus e não confia na carne.

2. Gilgal, lugar de celebração (Js 5.10-12). A passagem pelo Jordão e a renovação do pacto abraâmico prepararam Israel para a celebração da Páscoa em Gilgal. Desde o êxodo, a Páscoa fora celebrada apenas duas vezes. A primeira ocorreu à noite no Egito, momentos antes da libertação de Israel (Êx 12.1-12), e a segunda, realizou-se no deserto do Sinai (Nm 9.1-5). A celebração da Páscoa em Gilgal se deu antes da conquista de Jericó. Esta festa era comemorada com uma solene ceia familiar, na qual o prato principal era um cordeiro assado (separado e morto para esta ocasião) com ervas amargas e pães asmos. Nesta ocasião, nas campinas de Jericó, Josué contou à nova geração os portentosos atos do Senhor ao libertar o seu povo do Egito, e inaugurou uma nova fase na vida e história de Israel através de uma nova comemoração pascal.

É por meio da Santa Ceia do Senhor que a Igreja também celebra a morte do Cordeiro de Deus (Jo 1.29). Neste ritual, o pão e o vinho são símbolos do corpo e do sangue de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a nossa Páscoa (1Co 5.7; 11.23-34).

3. Gilgal, um lugar de provisão (Js 5.11,12). Depois da circuncisão da nova geração israelita e da celebração da Páscoa, o povo comeu “do fruto da terra”. O maná diário, concedido pela bondade e misericórdia de Deus, agora não era mais necessário, pois Israel poderia comer do produto da fértil terra de Canaã, conforme a promessa de Deus (Êx 13.5). O Senhor sempre cumpre suas promessas! Ele concede a todo o crente submisso, toda provisão material e espiritual.

 

SINOPSE DO TÓPICO (II)

 

Gilgal é um lugar de renovação do pacto, de celebração e de provisão.

 

III. AS LIÇÕES DA VISÃO DE JOSUÉ (5.13-15)

 

Deus tem revelado sua vontade aos homens de “muitas maneiras” (Hb 1.1). No Antigo Testamento, os sonhos e as visões foram as formas mais comuns de sua manifestação. O Eterno manifestou-se a Josué na figura de um comandante dos exércitos do Senhor (v.14).

Estas manifestações divinas são denominadas “teofanias”. O termo procede do grego e significa “manifestação divina”.

1. Deus ainda fala por meio de visões. As manifestações teofânicas do Antigo Testamento não são modelos para a Igreja de hoje, pois temos a revelação da pessoa de Cristo nas Escrituras. Embora os anjos sejam “espíritos ministradores enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14), o cristão não deve viver à procura ou à espera de manifestações angélicas, mas pautar sua vida e chamada ministeriais na Palavra de Deus.

2. A importância da visão para Josué (Js 5.14,15). Foi por meio desta visão que o Senhor confirmou mais uma vez a liderança de Josué. A vitória contra os cananeus estava garantida, uma vez que o próprio Deus fazia-se presente entre as tropas israelitas por meio do “príncipe do exército de Israel”. Não eram as estratégias bélicas, ou a força dos valentes que garantiriam a vitória, mas aquEle que é forte e “poderoso na guerra” (Sl 24.8).

 

SINOPSE DO TÓPICO (III)

 

Aprendemos com a vida de Josué que Deus ainda fala por meio de visões, teofanias ou “manifestação divina”.

 

CONCLUSÃO

 

Nesta lição, aprendemos que a vitória dos israelitas estava condicionada à obediência ao Senhor e à sua Palavra. Deus não apenas cumpriu as promessas que lhes fez no passado, mas assegurou-lhes novas vitórias no futuro. Se formos submissos ao Senhor e a sua Palavra, teremos as mesmas garantias, promessas e vitórias.

 

VOCABULÁRIO

 

Erigir: Erguer, levantar.

Memorial: Escrito ou coisa que serve de memória a um grande feito.

Portentoso: Maravilhoso, prodigioso, assombroso.

Teofania: Manifestação que Deus faz de si mesmo.

 

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

 

BOYER, O. Pequena Enciclopédia Bíblica. RJ: CPAD, 2008.

HAMILTON, V. Manual do Pentateuco. RJ: CPAD, 2006.

 

EXERCÍCIOS

 

1. Qual o propósito dos memoriais?

R. Lembrar às gerações futuras os milagres do Senhor no Jordão.

 

2. Comente a lição ensinada com os memoriais.

R. A necessidade de relatar às gerações futuras as valiosas experiências com Deus.

 

3. Descreva duas características de Gilgal.

R. Gilgal é um lugar de renovação do pacto, de celebração e de provisão.

 

4. Dê o significado do termo "teofania".

R. Manifestação divina.

 

5. Cite duas lições das visões de Josué.

R. Deus fala por meio de visões e o cristão não deve viver à procura de manifestações angélicas.

 

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO

 

Subsídio Bibliológico

 

“Memorial (Js 4.7)

Josué comemora a miraculosa separação das águas do rio Jordão ao levantar um monte de 12 pedras tiradas do leito do rio (4.1-5). O ‘memorial’ (heb. zikkaron) é um testemunho, um símbolo visível a capacitar as gerações futuras para perceberem a maravilha realizada por Deus ao trazer Israel à Terra Prometida (vv.6-9).

O zikkaron ‘memorial’ ou ‘lembrança’ é um dos mais poderosos conceitos religiosos do AT. Ele é aplicado a esse monte de pedras, mas também à própria Festa da Páscoa. Assim, um ‘memorial’ é qualquer item simbólico, ou evento, intencionados a ajudar o povo de Deus a identificar-se com uma obra divina em seu favor. O monte de pedras ajudaria futuras gerações a entender que Deus separou as águas do Jordão para elas, assim como fizera a essa primeira. A ceia da Páscoa os ajudaria a sentir a maravilhosa redenção, como Ele os salvou da morte assim como os primogênitos israelitas do Egito. Nós, cristãos, temos um zikkaron também instituído quando Jesus disse: ‘Este é o Meu corpo’. Quando participamos da Santa Ceia do Senhor, estamos presentes na crucificação: identificamo-nos com o sacrifício de Cristo, e clamamos para nós mesmos os benefícios da salvação”.

(RICHARDS, L. O. Guia do Leitor da Bíblia. RJ: CPAD, p.147).

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

Os patriarcas hebreus deixaram marcas inamovíveis na história de Israel. Abraão, Isaque e Jacó eram construtores de altares. Não deixaram cidades e casas edificadas, pois viviam em tendas. Não construíram sistemas fluviais, pois cavavam poços. Não construíram templos, pois edificavam altares ao El Shadday, o Deus Todo-Poderoso. Viviam em tendas porque eram peregrinos. Cavavam poços porque eram transeuntes. Construíam altares porque eram adoradores. Não encontramos na história de Israel construções do arquiteto Abraão, mas altares do crente Abraão. Pouco se fala de Jacó, o poceiro, e muito de Israel, o “príncipe que luta com Deus”. As gerações futuras não herdaram grandes templos edificados pelos patriarcas, mas poderosos exemplos de fé, temor e submissão ao Senhor. Seus feitos materiais foram apagados pelo tempo, todavia, os valores e as lições espirituais que viveram permanecem altissonantes. Deixemos, pois, às gerações futuras, marcos espirituais.

 

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15)