Título: 1 Coríntios - Os problemas da Igreja e suas soluções
Comentarista: Antonio Gilberto
Lição 2: A superioridade da mensagem da cruz
Data: 12 de Abril de 2009
"Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus" (1Co 1.18).
A pregação evangélica eficaz é aquela que tem a cruz de Cristo como mensagem central e a autoridade e o poder do Espírito Santo como fundamentos.
Segunda - 1Co 1.18
A loucura e o poder da cruz de Cristo
Terça - Jo 19.19-20
A mensagem trilíngue da cruz
Quarta - 1Co 1.21
Salvos pela loucura da pregação de Cristo crucificado
Quinta - 1Co 1.23
O escândalo da mensagem da cruz de Cristo
Sexta - 1Co 2.4,5
A pregação do evangelho no poder do Espírito
Sábado - 1Co 2.14,15
O homem inconverso e as coisas do Espírito
1 Coríntios 2.1-10.
1 - E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.
2 - Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.
3 - E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
4 - A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder,
5 - para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
6 - Todavia, falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam;
7 - mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória;
8 - a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.
9 - Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam.
10 - Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.
Prezado professor, diante dos novos desafios e realidades da pregação evangélica em nosso país, o estudo desta lição é de inquestionável importância. Inicie sua aula perguntando aos alunos: "Qual a essência da mensagem cristã?" "A igreja brasileira está anunciando a genuína mensagem da cruz?". Estas perguntas suscitarão diferentes respostas, mas não fique preocupado! A lição fornece fundamentos bíblico e teológico para você responder a essas indagações. Lembre à classe que, um pregador sábio, segundo o Espírito, sempre será cristocêntrico, enquanto o sábio, segundo o mundo, pregará para agradar apenas aos homens. Boa aula!
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Professor, no Antigo Testamento o principal vocábulo para sabedoria é "chokmâ", e nas páginas do Novo Testamento é "sophia". Os dois termos são usados para descrever vários tipos de sabedoria. Assim, temos a "sabedoria" do ourives (Êx 31.3), a "sabedoria do orador" (1Co 2.4) etc. Todavia, o tópico II da lição coloca a sabedoria divina em oposição à humana. O teólogo Reginald Hoover, na obra "Comentário Bíblico: 1 e 2 Coríntios" (CPAD, 1999, p.24), fez um contraste entre essas duas sabedorias, como aparece abaixo. Use essa tabela para incrementar a lição.
CONTRASTE ENTRE A SABEDORIA HUMANA E A DIVINA
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Mensagem da Cruz: Refere-se à pregação cristocêntrica, centrada no evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.
No capítulo 2 da Primeira Epístola aos Coríntios, encontramos a essência da verdadeira pregação do evangelho de Cristo. Ali, Paulo destacou três verdades fundamentais sobre o assunto: o poder da mensagem da cruz através do pregador (vv.1-5); a insignificância da sabedoria humana na comunicação e recepção da mensagem cristã (vv.6-9), e o sublime efeito da revelação da cruz de Cristo no ouvinte (vv.10-16). Com base nestas verdades, podemos refletir: Qual é a genuína mensagem cristã, segundo a Bíblia? Nossos púlpitos e salas de aula estão realmente a serviço da verdade, segundo a Palavra de Deus, ou da mentira, soberba e ganância dos falsos profetas? Infelizmente, muitos destes têm livre curso em nossas igrejas sem que façamos quaisquer questionamentos.
Nesta lição estudaremos a natureza, o caráter e a supremacia da mensagem da cruz de Cristo.
I. A NATUREZA DA PREGAÇÃO BÍBLICA (2.1-5)
A despeito de sua vasta e polivalente cultura secular, e de sua grande erudição bíblica, Paulo era cheio do Espírito Santo (1Co 2.4,5; At 9.17). O apóstolo dos gentios ensinava e pregava com graça, unção e muita simplicidade, todavia, sem ser superficial. Como deve ser a pregação bíblica em nossos dias?
1. A genuína pregação bíblica deve ser centrada unicamente em Cristo e sua morte na cruz (v.2). Jesus é o princípio, o meio e o fim da pregação cristã. Não há como pregar o evangelho autenticamente sem falar de Cristo e sua morte na cruz. Mas, afinal, qual é o sentido da "cruz de Cristo" (1Co 1.17), da "palavra da cruz", ou da "mensagem da cruz" (vv.18,23)? Estaria o apóstolo Paulo falando do madeiro em si mesmo?
"Cruz" aqui é uma metonímia, ou seja, é um símbolo da obra redentora de Cristo, mediante sua morte substitutiva no Calvário. Não se trata de uma cruz qualquer, mas da "cruz de Cristo" (Jo 19.25; 1Co 1.17; Gl 6.12,14; Fp 3.18).
A palavra "cruz" evoca o indizível sofrimento de nosso Senhor, sua paixão e morte, e todas as bênçãos proporcionadas por seu sacrifício: a expiação, a redenção, a reconciliação, o perdão, e a remoção da maldição da lei (Rm 3.24,25; Gl 3.10-13; Ef 2.16; Cl 1.20; Hb 12.2).
A mensagem da cruz de Cristo aniquila qualquer discurso de sabedoria e filosofia humanas a respeito da salvação. Deus só tem compromisso com a "palavra da cruz", o "evangelho da vossa salvação" (Ef 1.13).
2. O verdadeiro sentido da Cruz aplicado à vida cristã. Aplicada à vida cristã, a cruz representa a renúncia total, voluntária e incondicional do crente a Cristo, para segui-lo fielmente até o fim (Mt 16.24; Lc 14.26,27,33; Rm 6.6; Gl 2.20).
3. A legítima pregação bíblica é poderosa em Deus (v.4). Aprendemos neste versículo que a comunicação da mensagem salvífica da cruz de Cristo, falada, escrita, contada, tocada, gravada, etc., na dependência do Espírito Santo, é poderosa e eficaz para realizar a obra de Deus. Apesar de a mensagem carecer de um mensageiro, o Senhor é quem tudo realiza. Neste texto, Paulo dá seu próprio testemunho acerca do poder da pregação da Palavra. Veja em outras passagens: At 19.11; Rm 15.19; 2Co 12.12.
Paulo esteve entre os coríntios em fraqueza, temor e tremor (v.3). É claro que fraqueza aqui conota total dependência de Deus. Esse estado conduz ao temor no sentido positivo (que é interior), e que pode conduzir ao tremor (que é exterior). Muitos não tremem diante do senhorio de Cristo porque não o temem. Essa falta de temor de Deus vem do engano e da auto-suficiência humanas. Contudo, a experiência de Paulo no serviço do Senhor (v.3) teve um abençoado desfecho (v.4). O Espírito Santo confirmou a exposição das Escrituras com sinais, maravilhas e conversões. Esses milagres sempre ocorrem quando Jesus Cristo crucificado é o tema central e prevalecente da mensagem (v.2).
4. A autêntica pregação bíblica gera fé (v.5). Romanos 10.17 afirma que a "fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus". Logo, a Palavra de Deus é a fonte que origina a fé salvadora (Jo 5.24; 20.31; At 4.4). Porém, para que a fé seja gerada no ouvinte da Palavra é necessário que a exposição do texto sagrado seja centrada unicamente na bendita pessoa de Jesus, o Salvador, "autor e consumador da fé" (Hb 12.2). Não pode haver genuína conversão sem a fé em Cristo e por Cristo (At 20.21; Rm 5.1,2; Ef 2.8). Lembremos que a fé evangélica, que vem pelo ouvir a Palavra de Deus, é diferente da mera e inútil persuasão intelectual.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A genuína pregação bíblica é cristocêntrica, poderosa em Deus e capaz de gerar fé nos ouvintes da Palavra de Deus.
II. CONTRASTES ENTRE A FALSA E A VERDADEIRA SABEDORIA (2.6-16)
Essa passagem destaca a excelência da sabedoria divina e as limitações e imperfeições da sabedoria humana. A linguagem da Escritura sobre a sabedoria de Deus nestes versículos é claramente espiritual: "oculta em mistério", "antes dos séculos" (v.7), "revelar pelo Espírito", "as profundezas de Deus" (v.10), etc. Estamos em terreno cujo raciocínio humano é inútil se não estiver alicerçado pelo Espírito e repleto das Sagradas Escrituras.
1. A sabedoria deste mundo (v.6). Esta expressão é de caráter negativo. Neste versículo, o termo "mundo", no original, equivale à presente era, mas também, por metonímia, o modo ímpio de viver do povo deste tempo. Em Tiago 3.15,16, a Bíblia fala da sabedoria deste mundo como sendo "terrena, animal e diabólica". O mesmo texto que alude a esta sabedoria afirma suas qualidades: "inveja, espírito faccioso, perturbação e toda obra perversa". Esta falsa sabedoria (v.6) predominava nos crentes neófitos que se congregavam na igreja de Corinto (1Co 3.1).
2. A sabedoria de Deus (vv.7-9). A sabedoria de Deus, embora superior à humana, é subestimada e preterida pelo crente carnal, além de ser ignorada pelo homem natural (v.14). Esta é a razão pela qual os cristãos e mestres carnais da igreja de Corinto não compreendiam o mistério da cruz - "escândalo" para os judeus e "loucura" para os gregos (1Co 1.23). Assim também, os incrédulos, sábios segundo a carne, rejeitam o evangelho por desconhecerem a sabedoria de Deus revelada na cruz de Cristo (2Co 3.14; 4.3-5). Todavia, a verdadeira sabedoria do Altíssimo é personalizada em Cristo (1Co 1.30). Assim sendo, a compreensão e assimilação da sabedoria divina não depende primariamente da capacidade e de processos humanos, mas da graça de Deus revelada em Cristo (v.12).
3. A sabedoria de Deus revelada pelo Espírito (vv.10-16). Nesta passagem, o Espírito Santo é citado várias vezes nas suas infinitas operações no ser humano: a) Por Ele Deus revela sua sabedoria. Revelar tem a ver com o desconhecido. Isso também denota o atributo da onisciência do Espírito Santo como Deus (v.10a); b) Ele é o que perscruta as coisas profundas de Deus (v.10b); c) Ele conhece os pensamentos de Deus (v.11b); d) Ele procede diretamente de Deus (v.12a); e) Ele ensina a sabedoria de Deus (v.13); f) Ele é o Espírito de Deus (v.14). O Espírito habita no crente (1Co 3.16) e no íntimo do crente revela a Cristo; daí, o crente ter a "mente de Cristo" (v.16). O homem espiritual, isto é, possuído e regido pelo Espírito Santo, "discerne bem tudo" (v.15). Em resumo, no capítulo 2, é dito do agir do Espírito Santo que: a) Ele operou com demonstração e poder (v.4); b) Ele revela o desconhecido (v.10); c) Ele conhece tudo (v.10); d) Ele sabe perfeitamente as coisas de Deus (v.11); f) Ele ensina mediante palavras: a Palavra de Deus (v.13).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A sabedoria divina é oposta à sabedoria humana. A primeira procede do Espírito, a segunda do Diabo. A divina é cristocêntrica, a mundana é terrena, animal e diabólica.
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição que a mensagem da cruz de Cristo supera toda capacidade humana em palavra e sabedoria, em todos os tempos, lugares e assuntos. Nossa fé não está fundamentada na eloquência humana, mas no poder de Deus revelado através da Pessoa e Obra vicária de nosso Senhor Jesus. Devemos, pois, ter ampla, perene e profunda comunhão com o Espírito Santo, a fim de que possamos compreender o mistério de Deus: "Cristo em vós, esperança da glória" (Cl 1.27).
Conotar: Sentido figurado; translato.
Metonímia: Ocorre quando uma palavra é substituída por outra diferente, mas que têm estreita relação com a primeira.
Neófito: Indivíduo recentemente convertido ao cristianismo.
Preterir: Deixar de parte; desprezar; rejeitar.
HOOVER, T. R. Comentário Bíblico: 1 e 2 Coríntios. RJ: CPAD, 1999.
HORTON, S. M. I e II Coríntios. RJ: CPAD, 2003.
1. Cite três características da autêntica pregação cristã.
R. A genuína pregação bíblica é cristocêntrica, poderosa em Deus e capaz de gerar fé.
2. Explique o sentido cristão da palavra "cruz".
R. Representa a renúncia total, voluntária e incondicional do crente a Cristo.
3. Descreva em poucas palavras a pregação cristã hoje.
R. Resposta Pessoal.
4. Como a Escritura classifica a sabedoria do mundo?
R. Terrena, animal e diabólica.
5. Cite duas ações do Espírito em 1Co 2.10-16.
R. Revelar e ensinar a sabedoria de Deus, etc.
Subsídio Doutrinário
"A pregação da cruz (1Co 1.17,18,23; 2.1,4,5)
Esses versículos nos mostram que a pregação do Evangelho e a sabedoria humana são mutuamente exclusivas! A morte de Cristo e a proclamação dessa morte pareciam totalmente absurdas aos gentios. Mas, se Paulo tentasse tornar mais atrativa sua pregação por meio do uso de palavras de sabedoria e eloquência humanas, estaria atraindo os ouvintes a si, e era isso mesmo que desejava evitar. Ele queria tornar seus ouvintes seguidores de Jesus Cristo, e não de líderes humanos. A pregação da cruz tem por objetivo conduzir homens e mulheres a Jesus (Jo 12.32). Se por meio de eloquência natural e da sabedoria humana os ouvintes se sentem mais atraídos ao pregador que ao próprio Cristo, a cruz é anulada (1.17).
Os gregos da antiguidade se vangloriavam por sua sabedoria. Naturalmente, não é pecado buscar a verdade e a sabedoria. É pecado, contudo, acreditar que os seres humanos podem chegar até Deus e saber o que é bom mediante a sua própria sabedoria.
Paulo usa linguagem forte em 1.27,28. As coisas loucas do mundo irão envergonhar os sábios e as coisas fracas do mundo irão envergonhar os fortes".
(HOOVER, T. R. Comentário Bíblico: 1 e 2 Coríntios. RJ: CPAD, 1999, pp.25-26).
Em 1Co 2.1, Paulo dirige-se aos mestres e paroleiros itinerantes que usavam o raciocínio, a sublimidade de palavras, e a lógica da filosofia para persuadir os homens. Os doutores judeus e filósofos gregos em Corinto tentavam, sem sucesso, compreender e explicar o mistério da "cruz de Cristo" através da sabedoria humana. Todavia, quanto mais estudavam, menos compreendiam (1Co 1.20-22). Lembremos que a Bíblia não se opõe ao estudo e à pesquisa de sua mensagem (Jo 5.39), muito menos ao uso legítimo do conhecimento para compreendê-la. Porém, os recursos retóricos da filosofia dos gregos e o misticismo dos judeus daquela cidade, eram incapazes de explicar o mistério de Deus revelado na cruz de Cristo (vv.6-8; ver 1Co 1.20-22). A sabedoria humana, à parte da ação do Espírito, é incapaz de compreender os santos mistérios divinos.
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. (2Tm 2.15)